26 de julho de 2006

Desculpa de aleijado é...

"Que me importa que a mula manque, eu quero é rosetar!"
Não entendeu? Clique aqui.

Lula diz que, sem reforma, novos escândalos surgirão

"Precisamos mexer nessa ferida chamada política brasileira", diz petista no Nordeste
Presidente atribui casos de corrupção à deformação do sistema, mas não detalha que medidas efetivas iria tomar em um 2º mandato
por PEDRO DIAS LEITE e FÁBIO GUIBU
_____A poucos meses do final de seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, defendeu ontem em Olinda (PE) uma reforma política como o único meio de acabar com os escândalos de corrupção no Brasil.
_____O petista disse que, se nada for feito, os casos vão se repetir. "Nós precisamos mexer nessa ferida chamada política brasileira", afirmou. Foi no mandato de Lula que vieram à tona os escândalos do mensalão e dos sanguessugas. Ontem, o presidente atribuiu essas crises basicamente aos problemas do sistema político.
_____"Não pensem que o erro de cada um é individual ou partidário. O que acontece são os acúmulos de deformações que vêm da estrutura política do nosso país", afirmou a uma platéia de cerca de 300 pessoas, entre políticos e intelectuais, que estavam reunidos para discutir propostas de sua candidatura para o Nordeste.
_____"Ou nós temos a coragem de mudar isso com uma certa profundidade ou nós, daqui a 20 anos, estaremos amargando as mesmas coisas que estamos lamentando hoje", concluiu.
_____
O presidente não aprofundou sua proposta, mas disse que a reforma que pretende fazer caso reeleito "passa pelas organizações das estruturas partidárias deste país", o que incluiria "desde a mudança no regimento interno" do Congresso "até a discussão de mandato de pessoas, até a existência ou não de partidos-laranja e partidos de verdade". (grifos meus)
_____Os escândalos de corrupção e seu uso político pela oposição têm surgido com freqüência nas falas de Lula. Anteontem, em seu primeiro comício na campanha pela reeleição, ele disse aos adversários que "meçam suas línguas", porque vai responder no mesmo tom.
_____Lula aproveitou para criticar o Legislativo. "Não podemos permitir que se repita no Congresso Nacional o que aconteceu com o Orçamento do ano passado, quando ficou demonstrada pouca seriedade com o Brasil e muita vocação para prejudicar o governo, sem saber que por trás do governo estavam prejudicando o povo", afirmou, sobre o atraso para aprovar a proposta de Orçamento da União.
(Folha de São Paulo, 24/VII/06, p. A4).
P.S.: Será que eu não entendi bem e na verdade ele quer acabar com os “partidos de verdade”?
P.P.S.: Quero ver o Lula fazer a Heloísa Helena medir a língua... Ele vai precisar voltar uns bons anos na carreira para poder responder no mesmo tom.
P.P.P.S.: Reveja o título da reportagem da Folha. Não parece que é promessa de campanha do Lula? “A corrupção vai continuar, companheiros! Novos escândalos surgirão.”.

20 de julho de 2006

Dublagem assassina

______O nome do ser humano aí ao lado é Nilson Mourão, deputado federal do Acre, pelo PT. Resolvi colocar a foto (e o e-mail) dele neste blog para citar o projeto de lei 6741/2006 que o Sr. Mourão propôs. Citando:

“Dispõe sobre a obrigatoriedade de dublagem, em língua portuguesa, de obras cinematográficas produzidas em idioma estrangeiro e apresentadas em salas comerciais de exibição pública em todo o território nacional.”

_____O Congresso Nacional decreta:
_____Art. 1º É obrigatória a dublagem em Língua Portuguesa das obras cinematográficas produzidas em idioma estrangeiro para apresentação nas salas ou espaços comerciais de exibição pública em todo o território nacional.
(...)
_____Art. 3º Toda e qualquer obra cinematográfica produzida em idioma estrangeiro só poderá ser veiculada ou transmitida em salas ou espaços comerciais de exibição pública se estiver dublada em Língua Portuguesa. (grifos meus)

_____

Olhem! Os filmes poderão ser transmitidos se estiverem dublados. Filmes no original estão proibidos. Imaginem se o Sr. Mourão, proibindo um tipo de exibição, não sente falta da época em que a censura no Brasil era oficial. Que gracinha.

_____Contudo, tenham calma, continuando a ler o projeto de lei 6741/2006, o deputado justifica o motivo da sua ensandecida atitude.


JUSTIFICAÇÃO

_____As deficiências de leitura dos estudantes brasileiros, denunciadas pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB, realizado pelo Ministério da Educação, e os índices altíssimos de analfabetismo funcional constituem um dos motivos que impede a democratização do cinema como alternativa de entretenimento e de cultura para a maioria da população brasileira.
_____As obras cinematográficas estrangeiras são veiculadas nas salas comerciais de exibição em outros idiomas, com legendas em português, o que impede sua compreensão pelos milhares de brasileiros que infelizmente não dominam a habilidade de leitura.
_____A legislação em vigor que estabelece os princípios gerais da Política Nacional do Cinema determina como um dos objetivos da Agência Nacional do Cinema – ANCINE, órgão de fomento, regulação e fiscalização da indústria cinematográfica, o de estimular a universalização do acesso às obras cinematográficas, não apenas as nacionais (art. 6º, inciso VII da MP n.º 2.228-1, de 6 de setembro de 2001).
_____Em defesa da democratização do cinema para a população brasileira, peço aos meus Ilustres Pares o decisivo apoio para a aprovação do Projeto de Lei que ora apresento a esta Casa.

Se o Sr. Mourão não conseguiu entender minha crítica, posso grava-la em uma fita para que ele possa ouvi-la.

P.S.: Só espero que não escolham a Preta Gil para fazer todas as dublagens se essa lei passar.

P.P.S.: Ainda bem que ele também lembrou de falar do preço dos ingressos para que o cinema seja viável a todos os brasileiros.

19 de julho de 2006

... e o mar vai virar sertão.

Para Lembo, SP repete Canudos, por Cláudia Collucci
_____O governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), afirmou ontem que a segunda onda de violência desencadeada pelo PCC “arrefeceu”, mas não descartou a ocorrência de novos ataques no futuro próximo. Na visão de Lembo, São Paulo está repetindo “uma guerra de Canudos”. “Eles [o PCC] atacam e recuam, utilizando de ondas humanas extremamente frágeis economicamente.”
(Folha de São Paulo, 16/VII/2006, p. C1).

P.S.: Não entendeu? Clique aqui ou aqui, faça o download d’Os Sertões, de Euclides da Cunha, e leia! (Pode pular a primeira parte que é um saco).
P.P.S.: Não vai ser ótimo quando a “reportagem local” da Folha pedir a ajuda de algum historiador para não falar muitas bobagens nas suas “notinhas históricas”? Nem tenho coragem de colocar o texto aqui, mas pode olhar se quiser. “Conselheiro... pregava a volta da monarquia.”. Ai, ai...
P.P.P.S.: E eu jurava que o controle era total.
_____
Fontes: O jornal impresso Folha de São Paulo (parte do texto colocado na internet foi modificado) e o site Domínio Público (ótimo para se fazer bons downloads literários de graça). O fundo da charge é de Rogério Cassimiro/Folha Imagem.

7 de julho de 2006

Fala que eu... Vale mesmo a pena escutar?

_____É mais fácil encontrar uma virgem em um bordel (mesmo se for em um do livro do Gabriel García Márquez) do que uma boa dublagem de um filme com atores de carne e osso. Todas as sátiras já feitas de atores mexendo a boca em momentos diferentes das falas não conseguem ficar tão mal feitas quanto as horríveis dublagens de verdade. Sem contar o tanto que se perde com as más traduções.
_____Acabei me tornando uma pessoa completamente implicante com os filmes sem os diálogos na língua original. Entretanto, costumo ser mais maleável com dublagem de desenhos/animações (até perdôo as adaptações nas traduções). Como não são atores de verdade na tela, é possível que (assim como os escolhidos para dublarem as personagens no original) os atores/dubladores escolhidos para dublarem aqui no Brasil façam um bom trabalho. Claro que existem alguns absurdos que merecem ser citados, como A Terra Encantada de Gaya (Back to Gaya, de Lenard Fritz Krawinkel e Holger Tappe), que foi dublada pelo pessoal do Pânico e ficou pior do que extração de dente.
_____O Cri Crítico, colunista fictício do Guia do Estado de São Paulo, escreveu sobre o tema na semana passada.

Dublagem invasora

Já recebi e-mails de gente reclamando que não lançaram nos cinemas nenhuma cópia dublada de ‘King Kong’. Síndrome de televisão. Eu também adorava perceber que o sujeito que dublava o Arnold Schwarzenegger era o mesmo que fazia a voz do MacGyver. E concordo que a voz do “nosso” Homer Simpson é mais divertida que a do original americano. Mas, no cinema, dispenso a “versão brasileira”. E fico de cara amarrada ao saber que, das 60 cópias do desenho Carros na cidade, apenas quatro – quatro! – serão com legendas. Ou seja, você tem de garimpar a programação se quiser ouvir o bom e velho Paul Newman dublando um dos personagens. A menos que prefira a voz de Daniel Filho. Entendo que lancem cópias em português, só não entendo o porquê de dar preferência a um produto de menor qualidade.
(Guia, 30/VI/06, p. 54).

_____Sou obrigado a concordar que é um absurdo só quatro salas exibirem o filme no original (apesar de me agradar a alternativa de colocar para as últimas sessões, normalmente com mais adultos do que crianças, as sessões legendadas). Mas, tenho de discordar do Cri Crítico ao ouvir que a dublagem nacional é, sem dúvida, um “produto de menor qualidade” perante a – também dublagem – norte americana.
Pobres criancinhas com suas sessões vespertinas...
P.S.: Lasquei o pau em duas dublagens nacionais e ainda fico defendendo a existência delas... Isso que é acreditar nos profissionais tupiniquins.
P.P.S.: Não vai ser maravilhoso quando as pessoas da Livraria Cultura e da Fnac aprenderem a acentuar o nome do Gabriel García Márquez?

4 de julho de 2006

Dá pra ser mais grosso?

_____Depois de ter visto algumas vezes a nova propaganda do Jornal da Tarde acabei me sentindo obrigado a comentar. Para quem não viu, é algo simples. O básico é o seguinte: duas pessoas estão conversando. Uma delas fica enrolando, até a outra dizer: “Dá pra ser mais JT?”. Então, a primeira simplifica tudo o que estava falando em duas ou três palavras.
_____A mensagem do reclame é simples (bem JT), mas...

E ainda pagam a equipe de propaganda...

P.S.: Pelo menos é um modo de justificar os freqüentes erros de português do jornal.
P.P.S.: Talvez a equipe de propaganda do JT não consiga ler o Estadão.
P.P.P.S.: Já que o assunto é reclame, vale lembrar de outro comercial: "Dá, dá, dah...".

P.P.P.P.S.: Como disse certa vez a maravilhosa Clarice Lispector, “Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas.”. É... vou calar minha boca.

3 de julho de 2006

Sabendo torcer

Papa será imparcial em jogo entre Itália e Alemanha, diz secretário
O apartamento do papa Benedict 16 permaneceu com as luzes acesas durante a partida em que a Alemanha venceu a Argentina na semana passada.

Questionado se o papa torcerá pela seleção anfitriã, de seu país de origem, no jogo da semifinal contra a Itália, o secretário do Vaticano afirmou nesta segunda-feira que o Papa será "imparcial".

Monsignor Georg Ganswein afirmou em entrevista a jornais italianos que o papa não tem preferência por nenhuma seleção da Copa.

"O papa sempre foi imparcial e seu coração baterá pela Alemanha e pela Itália igualmente", informou o Gazzetta dello Sport.

Em outubro do ano passado, o papa havia comunicado ao presidente do Comitê Organizador do Mundial Franz Beckenbauer que assistiria às partidas "mais importantes" do torneio.
(Uol Esporte - 03/VII/06)


P.S.: Aposto que o Zico teve um torcedor a mais enquanto esteve no torneio.

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Fontes: Uol Esporte e parte de uma montagem que já foi usada aqui feita por Antonio Tabet (Kibe Loco).

2 de julho de 2006

Descanse em paz (parte III)

Participe da festa conosco e vá para uma sala de cinema descente.

P.S.: Não deixe de torcer para que fechem as outras duas horríveis salas do Shopping Paulista!
P.P.S.: Se você acha que tudo são boas notícias, choramingue com as pedras o recente fechamento de algumas salas melhores que São Paulo tinha: leia “Descanse em paz” partes I e II.

Uns e outros...

“Newsweek” elogia Fernando Meirelles
"Por direito, Fernando Meirelles devia estar se achando. Desde 2004, quando “Cidade de Deus”, seu filme sobre drogas e durões passado em uma favela do Rio de Janeiro, chegou às telas internacionais, o diretor brasileiro foi coberto de glórias. Com seu filme seguinte, “O jardineiro fiel” (2005), ele acumulou oito indicações ao Oscar e uma estatueta (Rachel Weisz, melhor atriz coadjuvante). E todo mundo sabe qual é a primeira coisa que diretores estrangeiros celebrados fazem quando são escolhidos pelo destino: mudar-se para Hollywood, certo? Não Meirelles. Em vez disso, o ex-diretor publicitário de São Paulo disse não para uma fila de produtores importantes para assumir uma série de antigos projetos pessoais em seu país."

_____Em sua edição online, a revista americana “Newsweek” entrevista Fernando Meirelles e elogia sua atitude pé-no-chão. Bacana. Mas é meio tolinha essa história de que o sonho de todo diretor estrangeiro é se mudar para Hollywood.
_____Contra essa idéia, Meirelles propõe o seguinte: “Os novos diretores internacionais não devem cortar suas raízes com seus países. É aí que mora sua força. Qualquer pessoa pode aprender onde colocar a câmera e como editar. O que realmente faz diferença é seu ponto de vista.” Para finalizar, ele cita a velha frase Leon Tolstói: “Se queres ser universal, canta a tua aldeia.”
_____Pode-se gostar ou não dos filmes de Meirelles. Mas ninguém pode dizer que o sujeito se deslumbrou com fama.

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Fonte: no mínimo.