30 de dezembro de 2007

Termine o ano com o pé direito...

... e, depois, o esquerdo e, então, o direito e assim por diante... Em outras palavras: termine o ano caminhando bastante!

_____Pelo visto, esse é o desejo dos organizadores do “Réveillon na Paulista”.

_____Eu estava passando hoje à tarde em frente da estação Trianon-Masp do metrô, quando vi a seguinte faixa:

Faixa de fim de ano

_____Nada contra, para fazerem uma festa popular, fecharem a Paulista, um lugar que, teoricamente, toda a cidade tem um acesso mais fácil. Nada contra, também, fecharem a estação Trianon-Masp para evitar a bagunça perto das escadarias do metrô. Porém, se você vai dizer para alguém descer em outra estação que não a Trianon-Masp para ir à festa, indique a Brigadeiro ou a Consolação, mandar alguém para as Clínicas ou para o Paraíso é querer que o infeliz caminhe bem mais por motivo algum. Podem conferir:

Mapa dos metrôs

P.S.: Fica como extra o belo céu de Sampa ao fundo na hora em que eu tirei a foto.

28 de dezembro de 2007

Política, assassinato e poesia

_____Resolvi escrever esta postagem para falar de uma família de ricos proprietários de terra, com forte influência política no país e diversas acusações de corrupção ligadas a eles. Não, não estou falando de alguma “importante” família de coronéis do nordeste brasileiro, mas, sim, da família Bhutto, do Paquistão. Benazir Bhutto, ex-premiê do Paquistão, foi assassinada na última quinta-feira e creio que o fato não merece passar em branco.

_____Como não sou um grande fã de Benazir mesmo entendendo sua importância para o Paquistão, escolho, para evitar que nada se fale, disponibilizar um poema de sua sobrinha (e adversária ideológica) Fatima Bhutto. Atualmente, simpatizo bastante com Fatima, pois, além de escrever melhor que um proeminente coronel ligado à política brasileira, até agora ela não é muito ligada a desmandos políticos.

_____Como não encontrei nenhum poema de Fatima Bhutto traduzido, vou disponibilizar o poema “Hear me” no original e, em seguida, minha tradução dele para o português.

Hear me

Hear me. Hear me

whisper to the sky.

I never got to say

Goodbye.


I call so

Loudly. Hear me.

Beyond the rain, the clouds.


I need to tell you

I miss you. I cannot bear

To call like this

Without reply.


Answer me by just

Saying goodbye.

*****
Ouça-me
Ouça-me. Ouça-me
para o céu sussurrar.
Eu nunca comecei a falar
Adeus.

Eu apelo assim
Ruidosamente. Ouça-me.
Para além da chuva, das nuvens.

Eu preciso dizer a você
que eu perdi você. Não posso suportar
Chamar assim
Sem resposta.

Responda-me apenas para
Dizer adeus.

P.S.: Provavelmente existem opções melhores para traduzir alguns dos versos do poema; qualquer sugestão é muito bem vinda.

26 de dezembro de 2007

Sem talento para Papai Noel

John Lennon e Forrest Gump
_____Lembram da cartinha de natal que eu peguei nos correios para enviar para uma criança, como se eu fosse o Papai Noel?

_____Pois bem, meu plano inicial era deixá-la em uma agência dos correios na sexta-feira, dia 21. Comprei o presente, embrulhei, escrevi uma carta de resposta assinando Papai Noel e, então, fui procurar o endereço do garoto para colocar no envelope. Descobri que, como eu havia pegado a carta em um correio próximo à minha casa, o garoto também morava perto, bem perto. Resultado: resolvi entregar, eu mesmo, o presente. Quanta falta de noção...

_____Na manhã do dia 25, pego o presente e vou para a casa do garoto. Apesar de ser em uma rua próxima, eu nunca havia lá. Ao chegar à rua, procuro o número e encontro uma casa de portão baixo com a janela aberta. Achando que eu era um cara muito esperto e provando não ter nenhum bom senso, resolvi pular o portão e colocar o presente dentro da janela.

_____Pulei o portão e comecei a caminhar em direção a janela em uma pose digna da Pantera Cor-de-rosa tentando se esconder. Quando chego perto da janela, ouço uma voz de criança me perguntando o que eu estou fazendo. Olho para trás e vejo, na porta, um garoto com cara de choro.

_____Fiquei com uma cara de idiota digna de dar inveja no Forrest Gump e, com um sorriso amarelo, entreguei o presente para o garoto dizendo meio sem jeito: “É... bem... umcaradevermelhomemandouentregaristoaqui.”.

_____Com a boca aberta, o garoto segurou o pacote, entrou e fechou a porta.

_____Saí de lá com a certeza de que estraguei algumas ilusões natalinas... Ano que vem eu deixo o carteiro entregar.


P.S.: Aproveito para deixar meus agradecimentos aos atenciosos leitores Cíntia e Enio - as sugestões de vocês ajudaram bastante.

24 de dezembro de 2007

Sabedoria natalina

_____Acho as festas de fim de ano muito gostosas. Elas sempre são uma desculpa para que minha família nuclear se reúna e, tanto no natal quanto na virada de ano, a reunião começa por volta das 22h da véspera até que todos resolvem dormir e continua por volta das 11h até quase às 18h do dia de festa. Nesse meio tempo, uns saem com os namorados, outros vão encontrar algum parente ou amigo, mas sempre voltam. No fim das contas essas festas são marcadas por diversos momentos em que todos ficam em volta da mesa conversando em uma imensa bagunça. Gosto de ver sempre o início dos encontros e a virada à meia-noite.

_____Meu namoro começou em outubro de 2005 e, dois meses depois, começamos a conversar se passaríamos ou não as festas de fim de ano juntos. Minha sogra, tendo ouvido nós dois conversarmos sobre isso disse que deveríamos ficar com a minha família, que ela não ligava para essas coisas, que preferia dormir cedo e assim por diante. Sem nenhuma dificuldade, então, a decisão foi tomada.

_____Na véspera do natal daquele ano, entretanto, quando passei na casa da minha namorada para buscá-la, minha sogra falou para ficarmos um pouco com ela para conversar, comer... Fiquei para, pouco tempo depois, perceber que havia caído em uma armadilha. Ela arrumou todas as desculpas possíveis para que não saíssemos de lá antes da meia-noite. “Fiquem só até escurecer de verdade.”; “Nossa, tá claro ainda. A lua aparece mesmo cedo.”; “Esperem que eu coloquei um bolo no forno e ele logo ficará pronto.”; “O bolo fica mais gostoso quando frio. Daqui um minutinho vocês comem.”; “Vamos fazer um partidinha de baralho.”; “Você ganhou por sorte, exijo revanche!”. E assim por toda a noite.

_____Em dezembro de 2006, ela disse que deveríamos ficar com a minha família, pois ela pretendia viajar na véspera e passar o natal no interior com umas amigas. Combinamos de ficar com ela até a hora em que ela fosse viajar. Bonzinho que sou, até levei a bagagem dela para o carro no dia 24. E alguém acha que isso adiantou a viagem dela? Que nada! Já que combinamos que ficaríamos até a hora dela ir embora, ela só arredou pé de São Paulo quase as duas da manhã.

_____No almoço de hoje, véspera de natal, ela perguntou se eu e minha namorada não iríamos para minha casa passar a virada com a minha família. Respondi que não, que o nosso plano é ficar com ela até a hora de dormir.

_____– Nem serei companhia para vocês. Vou dormir cedo hoje. – respondeu ela com certo desdém.

_____Prontamente respondi que não havia problema, que eu estou mesmo cansado e que eu e minha namorada vamos dormir aqui mesmo na casa dela. Não sei se o resultado será o esperado, mas são 20h e ela já está de pijama. Esperem só ela dormir...

*****

_____Crônicas à parte, fica registrado o meu desejo de feliz natal para todos os leitores.

23 de dezembro de 2007

Quando o diretor estraga o próprio filme

_____Qualquer um sabe que os filmes de ficção, normalmente, não retratam a realidade. Porém, uma das melhores coisas que ocorre quando se assiste a um filme é ter a ilusão de que aquilo está acontecendo, é esquecer por duas horas que existe qualquer coisa no mundo além daquela história que está sendo contada. Esse é exatamente o motivo para o cinema ser tão especial: as cadeiras são confortáveis e só apontam para a tela, o som é alto, a tela enorme, as luzes apagadas e muitos outros elementos que fazem de tudo para que a experiência de assistir àquela história seja ótima, para que você viaje com o filme.

_____O problema é que quebrar o encanto do filme não é tão difícil assim. Por exemplo, algum imbecil pode deixar o celular ligado no meio da sessão e o aparelho tocar bem no meio daquela cena tensa em que não havia trilha sonora, nem mesmo fala das personagens. Pronto, aquele barulho fez com que você se desconcentrasse do filme e você não pode experimentar a gostosa sensação de tomar um susto por causa do assassino que apareceu ou suspirar pelo sorriso lindo que a amada do herói deu a ele.

_____Só que imbecis que deixam o celular ligado e coisas do tipo sempre aparecem. Existem tantos idiotas no mundo que, se eles voassem, o céu viveria nublado. O cinema e o filme pouco podem fazer para impedir que essa gente mal educada venha a estragar a viajem alheia. No entanto, os filmes têm a obrigação de não estragarem eles próprios a ilusão de quem está assistindo.

_____Imagine você, feliz e contente, assistindo no cinema o filme O Gladiador, de Ridley Scott. Após algum tempo, você já se identificou com algumas personagens, já entorta a cara para o imperador Commodus (o vilão do filme), já torce entusiasmado com as batalhas, já acha perfeitamente normal todas aquelas imagens sobre o Império Romano.

_____Então, começa uma batalha no Coliseu. Alguns gladiadores, a pé, enfrentam outros lutadores que estão dentro de bigas. A cena é emocionante, você se empolga. De repente, você arregala bem os olhos para ver uma mulher ser cortada em duas e fica com a estranha sensação de que viu algo estranho. Dentro da biga, além do lutador com uma armadura da Antigüidade, você acha que viu um cara de preto, usando uma bota com solado de borracha.

Técnico na biga

Olhe para a esquerda com atenção.

_____Achando que foi apenas uma ilusão de ótica, você continua assistindo ao filme. Uma biga, então, tomba e, claramente, você percebe um cilindro de gás. Logo vem à sua cabeça que não são os pares de cavalos que puxavam as bigas do filme, se aquele cara de preto que você viu dirige a biga, se tem um cara daquele em cada biga, como devem ser interessantes os mecanismos daquelas bigas (provavelmente movidas a gás), como será que elas funcionam?... Pronto. Acabou a ilusão. Você não está mais completamente entretido com o filme. Você deixou de pensar só nas personagens, na estória e a mágica foi quebrada. E culpa é de quem? Do diretor.

Biga movida à gás

O tanque de gás tem uma tonalidade azulada. É mais fácil de ver do que o erro anterior.

_____Ao produzir um filme de ficção, o diretor tem de fazer de tudo para que o filme fique redondinho. Para que o público se empolgue e não pense em outra coisa que não a história daquelas personagens. Se erros como esses acontecem e o público se desconcentra, a magia acaba.

*****

_____Semana passada fui ao cinema assistir a animação Bee Movie – A História de uma Abelha, de Steve Hickner e Simon J. Smith. Meu objetivo principal era rever Jerry Seinfeld, de quem sou fã desde que o conheci em seu seriado. Porém, nem a voz esganiçada de Seinfeld desesperado e sua falta de talento para interpretar algo que não seja ele mesmo foram capazes de fazer alguma magia existir com aquele filme.

_____As imagens são legais, a trilha sonora gostosinha e as piadas divertidas. Só que, assim como é bem difícil você entrar em um filme sobre a Roma Antiga ao ver uma biga com um tanque de gás para se mover, dificulta bastante aproveitar uma história sobre abelhas que comete as maiores barbaridades ao falar sobre polinização. E eu não estou sendo chato e citando pequenos errinhos, que passam bem rapidamente pela tela, como fiz ao usar O Gladiador como exemplo introdutório. A polinização das plantas é um dos temas principais do filme e bobagens como “sem abelhas não existe polinização nenhuma” são repetidas durante mais da metade do filme, o que incomoda e desconcentra qualquer platéia que já passou pelas aulas de ciências da terceira série.

_____Sinceramente, eu acho que eu iria me divertir bem mais se eu tivesse ficado só com os trailers do filme:



P.S.: Procurando sobre erros em filmes, conheci o site Falha Nossa.com que reúne um monte de momentos em que algo sai imperfeito durante as filmagens. Apesar do site não ser tão criterioso assim, é bem interessante para quem gosta do tema.

P.P.S.: Para quem acha que as fotos que eu coloquei com os erros dO Gladiador são forjadas, pode assistir o trecho do filme com calma neste vídeo do You Tube. Os erros aparecem aos 2’38” (para o técnico de preto com calçado contemporâneo) e aos 2’50” (para o cilindro de gás na biga caída).


21 de dezembro de 2007

A burocracia também polui e aumenta o trânsito?

_____Estou ansioso a esperar minha diretora terminar as atas da reunião de final de ano de um dos colégios em que trabalho. Após ficar grande parte da tarde “discutindo” com os outros professores se tal aluno deve ou não passar com o “auxílio” do conselho de classe, agora tenho de aturar a onipresente burocracia pedagógica para assinar as atas do que foi decidido na reunião.

_____Que eu não sou muito ligado à burocracia não é nenhuma novidade. Porém, hoje estou ansioso para sair, pois pretendo participar da minha primeira bicicletada. A bicicletada, para quem não conhece, é uma reunião de ciclistas e afins com o objetivo de “divulgar a bicicleta como um meio de transporte, criar condições favoráveis para o uso deste veículo e tornar mais ecológicos e sustentáveis os sistemas de transporte de pessoas, principalmente no meio urbano.”. Mais informações podem ser encontradas no próprio site do movimento.

_____Já demonstrei aqui que eu acredito piamente que certas ações, como escrever, por exemplo, podem fazer grande diferença para resolver problemas que existem no mundo. Outra ação que pode valer muito à pena para resolver os problemas absurdos que assolam São Paulo, a cidade em que vivo, e o resto do mundo é andar de bicicleta. Diminuir a poluição, o trânsito, aumentar o contato entre as pessoas e, portanto, tornar a cidade mais humana são apenas algumas das vantagens que se pode conseguir quando se anda de bicicleta.

_____São 18h50min. Se eu for liberado até as 19 horas, sei que consigo chegar a tempo à Praça do Ciclista (fim da Av. Paulista) para participar da bicicletada às 19h30min – quando começa o passeio (bicicleta não fica parada no trânsito). A burocracia normal costuma prejudicar bastante a natureza. Só espero eu que a burocracia pedagógica não seja um entrave tão grande que acabe me impedindo de, hoje, ajudar um pouco.


18 de dezembro de 2007

Cartinha de natal

_____Como eu já havia anunciado, resolvi participar da campanha dos correios e “adotar” uma cartinha enviada para o Papai Noel. Eu só não imaginava que iria me divertir tanto com isso.

_____Hoje fui buscar uma carta. O autor é um menino engraçadíssimo e achei que valia a pena compartilhar a carta com vocês. Vou reproduzi-la:

Papai Noel este ano fui obediente e passei de ano e também tirei boas notas.

Papai Noel já faz 3 anos que eu mando carta, mas o senhor nunca me deu presente. Por quê?

Eu tenho oito anos e o meu pedido de natal é um mini game do Homem-Aranha que vem com radinho, mas se não tiver o que vem com radinho trás o que tem relógio. Só que na minha casa não tem chaminé, mas tem área aberta, então você entra por ela e deixa o meu presente. Um beijo e feliz natal e boas festas.

_____Fiz algumas pequenas correções na carta para facilitar a leitura, mas, se alguém quiser lê-la no original, divirta-se com a foto abaixo.

Cartinha de natal

*****

_____Sexta-feira eu vou colocar o presente do garoto no correio, junto com uma carta do “Papai Noel”. Meu único problema é que estou acostumado a escrever textos, como meus leitores bem devem saber, sérios, agressivos ou que tentam ser engraçados. Ainda não sei como responder sem uma piada o motivo para o Papai Noel não ter respondido as cartas anteriores do menino. Aceito sugestões.

P.S.: Se alguém ficou curioso sobre o presente, é só clicar aqui para conhecê-lo.

P.P.S.: Não estou brincando, não. Quero sugestões de como responder a cartinha. Caso contrário eu vou dizer que em um dos anos eu não pude entregar o presente dele porque o carteiro morreu congelado lá no Pólo Norte e eu só descobri o corpo na páscoa. Aí, como já era tarde e os coelhinhos não gostam de concorrência...

16 de dezembro de 2007

Petit gâteau fast food

Petit gâteau
- Saia para caminhar pela Avenida Paulista com sua namorada e apenas dez reais no bolso;

- Entre em um McDonald’s para comprar uma guloseima qualquer antes de continuar o passeio;

- Espere sua namorada decidir qual doce do vastíssimo cardápio ela deseja degustar;

- Procure ignorar a cara de “anda logo” que a caixa faz para sua indecisa namorada;

- Compre uma simples casquinha de sorvete de creme;

- Depois de pegar a casquinha, descubra que uma das torrenciais chuvas de verão paulistanas começou a cair lá fora;

- Evite olhar para a porta para não ver o vendedor de guarda-chuvas fazer cara de “vou tomar dinheiro de mais um otário”;

- Desça até o McCafé à procura de um lugar para sentar;

- Aviste um pedaço de brownie na vitrina da bomboniere;

- Compre o brownie e peça para a atendente esquentá-lo no forninho do local;

- Ignore a cara de “por que esse doido está me pedindo isso?” da moça;

- Chegando à mesa, vire o sorvete de creme que sua namorada ficou segurando por cima do brownie.

_____Pronto. Você já pode se deliciar, tranqüilamente, com o seu petit gâteau à moda de Ronald McDonald – caso consiga ignorar a cara de “que meleca é essa?” das pessoas que passam por perto.

P.S.: Duvido que meu petit gâteau entre no roteiro gastronômico da Lucia Malla e também estou ciente que minha receita não é tão boa quanto a que o Gustavo Weber detalhou em uma postagem do Inagaki. Mas, caso alguém tenha vontade de conhecer mais sobre o assunto, eu sempre posso dar uma mãozinha.

P.P.S.: O título desta postagem foi escolhido como um pequeno presente ao grande Idelber.

14 de dezembro de 2007

Capitalismo sincero

_____Eu estava passando no mercado antes de ir para o trabalho e acabei vendo a seguinte propaganda nas caixas de sorvetes que estavam no congelador:

Kibon Karo

Kibon Karo

_____Sinceramente, eu nem sei o preço do produto, mas tenho que admitir que eu nunca pensei que o capitalismo algum dia chegaria a ser tão sincero assim (e, é claro, é uma delícia poder contar piadinhas bobas vez por outra).

P.S.: Apesar de todas as discussões que tem rolado entre os blogs, esta postagem, obviamente, NÃO é patrocinada.

12 de dezembro de 2007

Ato obsceno no banheiro

_____Tirei a foto abaixo hoje, antes de ir ao cinema do Shopping Frei Caneca.

O crime da obscenidade

_____Fizeram uma nova lei idiota obrigando os shoppings a colocarem placas em banheiros (tal qual a lei idiota sobre as placas nas portas dos elevadores) e eu não estou sabendo? Ou são os banheiros do Frei Caneca que andam tão interessantes assim?

10 de dezembro de 2007

Dançando e ajudando

_____Li outro dia uma postagem do Inagaki sobre uma campanha dos correios para presentear algumas crianças que mandam cartinhas para o Papai Noel. O objetivo da campanha é bem interessante (o texto do Ina, como sempre, também) e o resultado é que resolvi ser mais um a participar. Entretanto, esse não vai ser o meu único ato de caridade no fim deste ano.

_____As academias de dança de salão de São Paulo se reúnem todo ano em um evento chamado “Quem dança alimenta criança” e eu estarei trabalhando (leia: dançando) neste evento. A entrada para o baile (que se realizará na noite de hoje, a partir das 20h, no Salão Social do Clube Círculo Militar de São Paulo*) é de três quilos de alimentos não perecíveis que serão utilizados na montagem de cestas básicas e doadas a entidades filantrópicas.

_____Quem quiser participar não deve perder a chance. O primeiro motivo é mais do que óbvio: ajudar a evitar que algumas crianças passem fome. O segundo é porque o baile costuma ser divertido e o salão do Círculo Militar é ótimo para se dançar. O terceiro é assistir a ótimas apresentações de dança no meio do evento. Por último, se você é mulher, você deve aparecer para dançar, coisa que as mulheres normalmente adoram fazer. Se você é homem, outro bom motivo para aparecer é aproveitar para conhecer mulheres, pois, caso algum homem não saiba, eventos de dança de salão costumam ter mais mulheres por metro quadrado do que bar de lésbicas.


__________

* Rua Abílio Soares, 1.589, perto do Parque do Ibirapuera.

8 de dezembro de 2007

É proibido proibir (parte II)

_____Lembram da postagem que fiz antes de ontem, mostrando um botão do elevador do meu prédio com o aviso de “interditado” e dizendo que o aviso fazia com que eu ficasse com a maior vontade de apertar o botão? Lembram?

_____Pois bem, pelo visto, não fui só eu que fiquei com vontade. Creio que muita gente não só quis apertar o botão, como, também, matou a vontade. Devem ter apertado tanto o botão que tiveram que arrumar um modo de evitar isso. Comparem a foto da postagem anterior com a que eu tirei ontem e notem o detalhe da proteção no botão para impedir que algum engraçadinho matasse a vontade de apertar.

Interditado II

__________

Postagem feita em homenagem ao Enio que, com o seu comentário, fez com que eu risse da minha própria piada.

7 de dezembro de 2007

Respondendo aos meus leitores

_____Meu artigo do dia 26 de novembro (“Propagandas e mentiras”) causou algumas reações em meus leitores que, acredito, merecem respostas.

_____Uma amiga minha disse que eu era muito exagerado e peguei muito pesado ao atacar a propaganda do Ford EccoSport. Pearl, uma leitora muito querida deste blog, até brincou sobre o assunto nos comentários. Após falar um pouco sobre a Anne Frank, Pearl disse, jocosamente: “Quanto à publicidade, alguém acredita nela?”. Pois bem, minha resposta às duas mocinhas, é: não exagerei não, pois, por mais triste que pareça, muita gente acredita na publicidade sim.

_____Eu poderia falar agora sobre Paul Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, e a famosa frase atribuída a ele: “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Entretanto, vou preferir citar um trecho de um maravilhoso artigo de Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa, publicado na revista Carta Capital, que já indiquei aqui em outra oportunidade:

Assim como os antigos sacrificavam colheitas, gado e até os filhos a ídolos e ícones aos quais seus sacerdotes atribuíam poderes imensos e uma profundidade insondável, a humanidade da era industrial sacrifica tempo, espaço, riquezas naturais e, às vezes, as próprias vidas a essas máquinas às quais os publicitários atribuem virtudes igualmente mágicas. Até as guerras empalidecem ante as estatísticas do trânsito, sem que isso inspire tanto horror quanto seria de esperar. Trata-se de sacrifícios humanos socialmente aceitos.

_____É uma pena, mas os problemas que os carros causam realmente se tornaram sacrifícios humanos socialmente aceitos. Ou, alguém acha que propagandas como estas (cliquem nos links), não levam alguns imbecis cabeças-ocas a atitudes como as do vídeo abaixo?

*****

_____O Chantinon, do blog Caos Urbanus, além de fazer alguns comentários interessantes, perguntou: “Já parou para pensar que até a Anne Frank pode ser um personagem criado?”. Achei que, também, valia uma resposta pública.

_____A pergunta se Anne Frank realmente existiu ou não já foi feita por diversos pesquisadores. O prefácio da minha edição da BestBolso deixa o assunto (e a solução) bem claros:

Quando morreu, em 1980, Otto Frank [, pai de Anne,] deixou os manuscritos da filha para o Instituto Estatal Holandês para Documentação de Guerra, em Amsterdã. Como se questionava a autenticidade da publicação, o Instituto para Documentação de Guerra mandou fazer uma profunda investigação. Assim que foi considerado autentico, sem qualquer sombra de dúvida, publicou-se o diário na íntegra, juntamente com os resultados de um estudo exaustivo. The critical edition contém (...) artigos sobre o passado da família Frank, as circunstâncias relativas à sua prisão e deportação e o exame da caligrafia de Anne, do documento e dos materiais usados. (p.8)

_____Quem se interessou e quiser conhecer mais sobre o assunto, é só procurar o livro The Diary of Anne Frank: The Critical Edition, de preferência, as edições posteriores a 2001.

_____E se alguém quiser conhecer uma pesquisa para ver como se faz para descobrir quem é o autor de um texto, a minha preferida é a do livro Cocanha: a História de um país imaginário, de Hilário Franco Jr.. É um estudo maravilhoso e deixa bem claro para o leitor como se faz uma pesquisa realmente séria.

6 de dezembro de 2007

É proibido proibir

Interditado
_____Podem falar o que quiserem, mas apertar o botão do elevador para o térreo tornou-se algo quase que irresistível...

4 de dezembro de 2007

Resultado

_____Anunciei que eu iria dançar no dia 1º de dezembro, mostrei parte do figurino de uma das coreografias, mas faltou mostrar uma dança de verdade... comigo. Alguém gravou uma das coreografias que dancei e achei que valia a pena mostrar. Aproveitem.

_____Para quem se interessou, o estilo de dança da coreografia é o lindy hop, uma das vertentes do swing, e a música é da banda Big Bad Voodoo Daddy.

P.S.: Obviamente, eu não vou contar quem sou no vídeo (tiro proveito da imagem pequena).

3 de dezembro de 2007

O autor é aquele ali

_____Em julho deste ano fui ao lançamento dos livros do Alex Castro e do Luiz Biajoni respectivamente o Liberal Libertário Libertino – Crônicas e o Virgínia Berlim (uma experiência). Quem comprasse os dois no dia, ganhava um pequeno desconto e os livros saiam por 45 reais. Saquei uma nota de cinqüenta e o vendedor me ofereceu como “troco” o livro Outros tiros – Contos e mentiras, de Matos Mangusto, que custava R$ 5,00 (li alguns trechos, depois, e odiei... acho que valia mais a pena oferecer o troco em balas). Olhei para o livro e respondi que preferia outro. Apontei, então, para Os melhores (e alguns dos piores) textos de Branco Leone, de Albano Martins Ribeiro.

_____Fazia tempo que eu queria comprar o livro do Branco Leone. Eu já havia lido trechos, visto diversas resenhas elogiosas, rido de monte com a propaganda. Só não havia comprado o livro porque sou completamente desorganizado com dinheiro. Não tenho talão de cheque, não sei minhas senhas para acessar minha conta pelo computador e odeio ir a bancos. Os poucos objetos que comprei virtualmente (todos foram livros), eu comprei com o cartão da minha mãe (peço o cartão emprestado, compro o que preciso e pago com dinheiro para ela na mesma hora). Aquela oportunidade, portanto, era ótima. Eu poderia comprar o livro sem nenhum entrave.

_____Apontei, como eu estava dizendo, para o livro do Branco e disse que preferia aquele como “troco”. Ele custava R$ 15,00 e, portanto, peguei mais uma nota de dez para pagar pelos três livros. Mesmo vendo que eu havia sacado mais dinheiro, o vendedor me olhou com uma cara de ódio que não entendi naquele momento. Peguei os livros e fui para uma mesa (o lançamento foi em um bar da Vila Madalena).

_____Feliz e contente fui pegando os autógrafos do Alex e do Bia e, no meio das conversas, descobri que o cara que estava na mesinha de venda de livros era o próprio Albano Martins (o Branco Leone). Foi aí que eu descobri o motivo para a cara de ódio do vendedor. Por mais que o Branco brincasse, na propaganda, que o livro era ótimo para ser rasgado, ele não ficava muito feliz que tratassem o livro dele como troco.

_____Morto de vergonha, fui até o Branco pedir desculpas por não tê-lo reconhecido. Disse que fazia tempo que eu queria comprar o livro dele, que eu lia freqüentemente o seu blog e se ele poderia autografar Os melhores (e alguns dos piores) para mim. Com a maior cara de descrente, o Sr. Albano pegou uma caneta e autografou (talvez um pouco no automático).

Autógrafo do Branco

_____Li a maioria dos contos do Branco com minha namorada e nos divertimos bastante (os textos são uma graça). Hoje à noite, portanto, ela, de muito bom grado, concordou em me acompanhar ao bar Genial, na Vila Madalena, para o lançamento do novo livro do Sr. Albano Martins. A nova obra é um livro de contos chamado Incompletos.

Capa do livro Incompletos

_____Pode apostar que dessa vez eu vou reconhecer o autor. Só espero que ele sorria um pouco mais ao autografar o meu exemplar...

P.S.: Não é só o Branco que vai lançar seu livro hoje no Genial. O Donizetti, do blog Hedonismos, vai lançar Meias vermelhas e histórias inteiras e João Peçanha vai lançar Satie manda lembranças. Vamos ver o que mais este final de mês me permite comprar (eu sei que dezembro acabou de começar, mas até o dia 10, para minha conta bancária, é final de mês).

P.P.S.: Também como literatura independente (todos os livros citados até agora nesta postagem são independentes), no dia 6, Valter Ferraz vai lançar o seu Capão, outras histórias e, no dia 10, Olivia Maia vai lançar Operação P-2.

P.P.P.S.: Fora de Sampa, no dia 7, João Varella e Cecilia Arbolave vão lançar o Curitibocas – Diálogos urbanos. Dá para conhecer mais sobre o projeto com o vídeo de propaganda ou, principalmente, pelo blog do livro que conta, entre outras coisas, toda a novela necessária para conseguir publicar a obra.

1 de dezembro de 2007

Na moda

_____Como eu anunciei em outra postagem, hoje irei me apresentar na festa de final de ano da academia da dança em que trabalho. Para falar a verdade, vou me apresentar daqui a pouco. Dêem só uma olhada na calça que irei usar na coreografia de forró.

Calça

30 de novembro de 2007

Videoclipe: "Classe média"

_____Já citei, mais de uma vez, aqui no Incautos do ontem, o cantor Max Gonzaga, sucesso na internet graças à música “Classe média”.

_____Hoje descobri que a revista Carta Capital pediu para que fosse feito um vídeo animado da música. O clipe é produção da Ioiô Filmes e ficou tosquíssimo e, por isso mesmo, muito divertido. Aproveitem.


28 de novembro de 2007

Meu futuro?

_____Acho que nenhum leitor sabe, por isso informo: o meu quarto é bem pequeno. Creio que muitos leitores sabem, mesmo assim informo: adoro ler.

_____Sendo assim, tenho pouco espaço e muitos livros (alguns adquiridos na época em que eu ganhava melhor e comprava mais livros; outros que ganhei de presente; muitos, conseguidos de parentes que morreram ou queriam se livrar dos livros; diversos que juntei durante a infância e adolescência, quando compravam para mim). Resultado: os livros ficam amontoados de uma maneira que não me agrada. O pior de tudo é saber que eles são os objetos mais bem tratados do meu quarto. Outro dia eu expulsei do armário um monte de roupas que ocupavam uma prateleira porque um vizinho morreu e a filha dele resolveu jogar a pequena biblioteca dele no lixo (as roupas, hoje, estão amassadas com outras roupas). Dêem uma olhada numa foto de uma das extremidades do meu quarto:

Canto do quarto

_____Alguns leitores sabem que tenho lido A insustentável leveza do ser, de Milan Kundera, e tenho adorado. Estou me identificando com cada página e lendo cada vez com mais medo que o livro termine. Hoje li que Tereza, uma das personagens, entrou no apartamento de um amante pela primeira vez.

_____Todo o apartamento consistia numa só peça dividida em duas por uma cortina estendida a dois metros da porta para dar a ilusão de uma entrada; aí, havia uma mesa com um fogareiro, e uma geladeira pequena. Entretanto, ela viu diante de si o retângulo vertical da janela na extremidade de um cômodo estreito e comprido; de um lado, havia uma estante, do outro um divã e uma única poltrona.

_____“Minha casa é muito simples”, disse o engenheiro. “Espero que você não tenha se decepcionado.”

_____“Não, absolutamente”, disse Tereza, os olhos fixos na parede inteiramente coberta de estantes repletas de livros. O homem não tinha sequer uma mesa digna desse nome, mas tinha centenas de livros. (Quarta parte: “A alma e o corpo”. Capítulo 16)

_____Adoraria ter uma estante e poder catalogar meus livros de maneira descente, mas não po$$o fazer isso por agora. No entanto, do modo que sou desorganizado e só dou prioridade para certas coisas, não duvido que, em um futuro bem próximo, eu more em um lugar que não tenha “sequer uma mesa digna desse nome, mas [tenha] centenas de livros.”. Que bom.

26 de novembro de 2007

Propagandas e mentiras

_____Para quem não sabe, Anne Frank foi uma garota judia que, entre 1942 e 1944, ficou escondida do exército nazista em uma casa, com sua família e alguns conhecidos. Tendo muito pouco o que fazer trancada durante tanto tempo, Anne escreveu um diário interessantíssimo. Quem já leu o Diário de Anne Frank, deve se lembrar que a cada dia que ela relatava o que estava acontecendo no seu cotidiano, ela acabava por escrever bastante. Porém, existem algumas exceções. No dia 18 de março de 1943, ela pegou seu diário (no qual ela escrevia como se trocasse cartas com uma garota chamada Kitty) para escrever simplesmente “Minha querida Kitty, a Turquia entrou na guerra. Grande empolgação. Esperamos ansiosamente os noticiários pelo rádio.”.

_____Lindo. Qualquer um escondido do exército alemão ficaria feliz de imaginar mais um país a lutar contra os nazistas. Porém, no dia seguinte, Anne pega seu diário novamente e começa escrevendo o seguinte:

Querida Kitty,

_____Em menos de uma hora, a alegria foi substituída pela decepção. A Turquia ainda não entrou na guerra. Foi somente um ministro falando que a Turquia abandonaria sua neutralidade dentro de pouco tempo. O vendedor de jornais da praça Dam gritava “A Turquia entra ao lado da Inglaterra!”, e os jornais eram arrancados de suas mãos. Foi assim que ouvimos falar daquele boato animador.

_____Algum publicitário porco ou sanguessuga do tipo pode ter achado a iniciativa do vendedor de jornais para conseguir vender mais bem interessante, porém, para ser sincero, manipular assim a vida humana e o sentimento das pessoas para mim nada mais é do que a mais escrota das atitudes.

_____Por isso, aproveito a propaganda do novo Ford EcoSport e o texto da Anne Frank para lembrar o quanto é fácil ser enganado pela publicidade e o quanto é infinitamente nojento quem faz algo do tipo. “No meu mundo... fumaça é algodão”... Ah, vai, poupe-me!
ecosport_lie_buy

25 de novembro de 2007

Swing

_____Voltei faz pouco de uma casa de swing com uns amigos meus (para quem não me conhece, estou falando de swing estilo de dança; o swing é utilizado para dançar rock antigo, jazz, algumas músicas pops e afins). Vale dizer, o lugar de que acabei de voltar é uma casa maravilhosa (e hiper-temática) para quem gosta de rock dos anos 50 e 60; chama-se The Clock Rock Bar e eu recomendo fortemente.

_____Como estou muito cansado, mas contente pela noite divertida, deixo um vídeo do meu amigo Kiko (que estava no passeio) dançando lindy hop (um estilo de swing). Também deixo indicado um vídeo do Alex Tan, professor de lindy hop lá nos Estados Unidos e que veio aqui pesquisar ritmos latinos para adaptá-lo à sua dança (ele também estava na casa conosco). Espero que vocês aproveitem.


P.S.: Quem quiser me ver dançar, dia 1º de dezembro eu irei me apresentar aqui em Sampa. É só escrever que eu dou mais detalhes. Mas, já aviso, eu odeio palco.

22 de novembro de 2007

Marketing de guerrilha?

_____Tenho que admitir que, dessa vez, uma propaganda realmente me pegou desprevenido. Eu não esperava encontrar uma propaganda de sabão em pó dentro de um biscoito da sorte chinês.
Propaganda no biscoito

20 de novembro de 2007

Decepcionado?

_____Eu gostaria de saber se o programa que eu gosto de assistir* errou ou não.

Após abrir celular, homem se fere em explosão em posto

[Frentista] abriu o celular ao descarregar um caminhão-tanque. Suspeita-se que gases liberados pelo combustível tenham entrado em contato com faísca do celular. (Capa do jornal Folha de São Paulo, 20/XI/2007)


__________

* MythBusters (o primeiro episódio a testar o mito de que celulares podem ou não explodir em postos de gosolina foi o 2º episódio oficial da primeira temporada, exibido pela primeira vez em 3/X/2003).

19 de novembro de 2007

O sambista feio

_____Depois de uns dias quentes, saio de casa de bermuda e camiseta verde-limão achando que, assim, não passarei tanto calor. Como saí em cima da hora para um compromisso, não pude voltar para o meu apartamento (no nono andar) assim que percebi o meu erro e, mesmo passando frio, fui para o ponto de ônibus.

_____Fiz o que tinha de fazer e, então, aproveitando que eu estava perto da casa da minha avó, fui choramingar dizendo que eu estava com frio. Ela me emprestou um terno do meu avô. Fiquei ridículo, mas quentinho. Podem conferir pela foto abaixo.

Terno

_____Aquecido e, portanto, feliz (sabe, quem nem a paródia do passarinho na merda?), ao invés de voltar para casa, liguei para minha namorada e fomos para o cinema assistir Noel – Poeta da Vila, de Ricardo Van Steen. O filme não é perfeito e, mesmo tendo interpretações e montagem um pouco mais toscas, segue aquele mesmo caminho básico que as últimas biografias de astros da música têm seguido (se você não sabe do que estou falando, assista Ray e Johnny & June). Porém, gostando de samba como gosto, acabei me divertindo.

_____Quando a sessão terminou, enquanto os letreiros subiam, um samba gostoso de autoria de Noel Rosa tocava e a sala esvaziava, peguei minha namorada e fui dançar uma gafieira* no canto da sala, perto da tela. Dançamos nos divertindo até o letreiro terminar. Assim que acabou um velhinho desceu as escadas e foi nos cumprimentar, aproveitando para perguntar se nós éramos contratados para fazer aquela performance. Dissemos que não, sorrindo, e fomos embora.

_____Após sair da sala uma dúvida me acometeu. O velhinho pensou que nossa dança era uma performance porque um dos primeiros sambas do Noel foi o “Com que roupa?” e eu estava com um terno horrível, parecendo um malandro da década de trinta, ou porque eu sou tão feio quanto o compositor?

Noel Rosa

P.S.: Quem quiser conhecer o site oficial do filme, existem algumas músicas em mp3 bem interessantes para download.

___________

* Samba de gafieira: estilo de dança utilizado para se interpretar estilos musicais ligados ao samba.

17 de novembro de 2007

“Arte”

_____Mesmo sabendo que outro dia eu elogiei alguns artistas atípicos, não tenho dúvidas, assim como o Inagaki, que muitos “artistas” são apenas embusteiros. Sendo assim, creio que a charge abaixo, da Chiquinha, é muito bem vinda por aqui.
Bienal do Mercosul

16 de novembro de 2007

Repetitivo

Bem estacionado III
_____“Nossa... depois que esse maldito blogueiro conseguiu uma câmera, ele se tornou irritantemente repetitivo. É a terceira vez que ele posta carros estacionados em cima da calçada, na mesma rua de um bairro residencial!”.

_____Querem minha opinião? Repetitivos são os mal-educados dos motoristas que continuam estacionando no local dos pedestres e os inúteis dos funcionários da CET que não multam esses imbecis. Se eu, que passo pela rua da foto somente uma vez por semana, consigo, em três semanas consecutivas, tirar fotos de carros em cima da calçada, como é que nenhum funcionário da CET também conseguiu ver um absurdo como esse?

P.S.: As outras duas vezes, caso alguém queira ver, estão nestes links.

P.P.S.: Se algum leitor atento notou, o carro da foto é o mesmo da semana passada. Podem conferir pelo céu para ver que a foto foi tirada em outro dia.

P.P.P.S.: Para ninguém falar uma bobagem do tipo “Isso só acontece no Brasil.”, dêem uma olhada no primeiro mundo.

14 de novembro de 2007

Feriado é para descansar?

_____Para um professor que também é dançarino o final do ano nunca é uma época muito calma. Para ser mais exato, costuma ser um inferno. De um lado, provas e trabalhos para corrigir, diários para preencher, alunos desesperados, aulas particulares, um planejamento mais detalhado para poder concluir a matéria em um ponto interessante, etc.. Do outro, montagem das coreografias de final de ano, treinos, apresentações, convites para dançar em festas e coisas do tipo.

_____Mas, não tem problema, o Senhor Marechal Manuel Deodoro da Fonseca devia estar pensando mesmo em mim quando resolveu proclamar a república em novembro. Novembro, bem pertinho do fim do ano para que eu pudesse gozar de um feriado para colocar algumas coisas em dia ou mesmo descansar. Certo?

_____Que nada! Normalmente nos feriados de fim de ano acontecem os treinos das coreografias. Mas, tudo bem, treino nenhum vai durar mais do que umas 3, 4 horas, certo? Certo.

_____É... Acho, então, que vou poder aproveitar mesmo um tanto do feriado.

_____Quando eu, ingenuamente, pensava que poderia aproveitar o feriado para colocar algo em dia ou descansar, descubro que resolveram organizar no feriado uma tal de “Balada literária” aqui em Sampa. E o pior, com uma programação interessantíssima (podem conferir). Que absurdo! Acabaram com o meu descanso no feriado... ;-) Ainda bem.

Balada literária

12 de novembro de 2007

NoCu da professora

_____Aproveitando a senda de uma reflexão que tem sido feita no blog Liberal Libertário Libertino sobre NoCu* (norma culta), resolvi dividir algo com vocês.

_____Entre os diversos trabalhos que tenho feito neste ano, um deles é em uma escola de aulas particulares. Grande parte da renda da escola vem, obviamente, de alunos desesperados com alguma prova. Além desse serviço, clássico em aulas particulares, existe um outro chamado “acompanhamento escolar”. O acompanhamento escolar é bastante interessante. Professores de algumas disciplinas específicas acompanham o que o aluno está aprendendo na escola e tiram dúvidas, reforçam o conteúdo, trabalham coisas diferentes, etc..

_____Um dos meus alunos de acompanhamento escolar (que acompanho desde fevereiro) vem de um colégio público e é parte de um trabalho social que a escola de aulas particulares em que eu trabalho faz. Antes de conhecer o aluno, a mãe conversou com os professores e falou da enorme dificuldade que o garoto tinha, principalmente em escrever qualquer coisa (imaginem, então, a distância de que ele estava da NoCu). Quando conheci o aluno logo descobri um dos motivos para que ele tivesse dificuldade de escrever: apesar do garoto estar na 8ª série (ou nono ano, como preferirem), ele nunca havia lido um livro. E, vale ressaltar, ele nunca havia lido um livro, pois a escola nunca havia pedido.** Eu sei que não é apenas pela ausência de leituras que o aluno tinha dificuldades para se expressar por escrito, porém eu não esperava descobrir que os professores são diretamente um dos motivos para a dificuldade do aluno.

_____Semana passada o aluno trouxe um texto intitulado “A crise de 1929/1930”, que havia sido dado pela professora de História. O texto, como é possível ver no fac-símile abaixo, foi feito em uma máquina de escrever – provavelmente faz uns 20 anos que a professora tira fotocópias desse mesmo texto para dar aos seus pobres alunos. Mas, ser batido à máquina não é o problema (por mais que sirva como indício de que a professora, provavelmente, não prepara uma aula sobre o tema há uns 20 anos). O problema é que o texto é péssimo, mal articulado, um lixo completo (cliquem na figura abaixo para ler), não ajudaria ninguém a aprender nada sobre a República das Oligarquias*** (o assunto do texto, mesmo o título não deixando isso nem um pouco claro).

Como não-educar um aluno

_____Dêem uma olhada no texto: muitas das palavras que deveriam ter acento não estão acentuadas, existem outros erros grosseiros de ortografia e, pior de tudo, as frases são mal construídas, algumas ininteligíveis. Ler o texto sem conhecer o assunto faz com que qualquer um fique com dúvidas sobre o que se está falando. Vou reproduzir o penúltimo parágrafo:

Após essa união das colunas a marcha segue para o interior, ficou conhecida como culuna PRESTES, era o de combater as tropas do governo e os jagunços licais e seus coronéis, além de incentivar uma revolta popular contra o governo. Isto não aconteceu e a coluna ficou debelitada e teve que se retirar para a Bolivia em 1927. (sic)

_____Caso você não saiba o que foi a Coluna Prestes, pode apostar que o parágrafo acima não vai ajudar você em muita coisa. Mas, nem é essa a minha reclamação. Por favor, alguém pode me informar se a frase “Após essa união das colunas a marcha segue para o interior, ficou conhecida como culuna PRESTES, era o de combater as tropas do governo e os jagunços licais e seus coronéis, além de incentivar uma revolta popular contra o governo.” faz algum sentido? Atenção para o trecho “Após essa união das colunas a marcha segue para o interior, ficou conhecida como culuna PRESTES, era o de combater as tropas do governo”. A ignorante da professora colocou três informações históricas no texto da maneira mais mal articulada do mundo, sem conectá-las de maneira alguma. Será que ela não percebe que o que ela escreveu não faz o menor sentido?

_____Esse não é o único exemplo que pode ser retirado do texto, mas já é o bastante. Imaginem se com professores que não incentivam a leitura e mandam textos tão absurdamente mal feitos algum aluno pode aprender a escrever. Não estou aqui para fazer uma defesa dos bons textos, da boa escrita ou mesmo da NoCu, mas sim do direito dos alunos que querem aprender, para que eles tenham um mínimo de chance para tanto. Com professores assim, isso é bem difícil.

P.S.: Caso alguém queira saber, apesar do péssimo trabalho que faz a escola pública em que o meu aluno estuda, ele começou a progredir e, vale dizer, progredir bastante.

__________

* Agradeçam ao Dr. Plausível pelo belo apelido dado à norma culta.

** Antes que alguém diga que o meu aluno mentiu, eu pude acompanhar os estudos dele durante todo o ano de 2007 e, realmente, nenhum livro foi pedido pelos seus professores do colégio.

*** 1894-1930.

10 de novembro de 2007

Vai pro saco!

_____Dois amigos estão conversando em uma mesa de bar, até que um deles pergunta:

_____– Se estivessem trancados em uma sala um assassino, um estuprador e o Maluf e você tivesse um revolver com apenas duas balas, em quem você atiraria?

_____Prontamente, o outro responde:

_____– Eu atiraria duas vezes no Maluf, para garantir que ele iria morrer.

_____Já ouvi diversas versões da piada acima e sempre as achei bastante divertidas. Porém, mesmo gostando da anedota, não almejo sair atirando em ninguém (mesmo se for o Maluf). Por mais que eu tenha demonstrado meus sinceros desejos de que algumas pessoas que fazem coisas erradas sofram, não posso aceitar que alguém seja torturado e, obviamente, não aprovo que se tire a vida de outro ser humano.

_____Na onda da moda lançada pelo filme Tropa de elite, do José Padilha, surgiram um monte de brincadeiras – de bonequinho do Capitão Nascimento, até um blog “dele”. Entre as brincadeiras, apareceu um “meme” sobre uma das torturas praticadas pelo Capitão Nascimento e seus comandados do BOPE: o saco. A brincadeira do “meme” é mais ou menos a seguinte: conhecendo a tortura do saco (se não conhece, clique neste link e veja um trecho do filme no You Tube), escolha quem você mandaria para “o saco”.

_____O Enio Luiz Vedovello, do blog Reflexões e perda de tempo, gentilmente me convidou para participar da brincadeira. Só lamento informar que, após a introdução que fiz, dizendo que sou contra tortura e o assassinato, não posso escolher ninguém para ir para o saco. Mesmo tendo gostado do filme e adorado as personagens, não tenho dúvida que o Capitão Nacimento é um bandido. Porém, vou ter que admitir, tenho muita vontade de ameaçar com “o saco” pessoas como a da foto abaixo:

Bem estacionado II

_____Lembram quando, na semana passada, eu reclamei dos motoristas que desrespeitam o espaço público e estacionam em cima da calçada, atrapalhando os pedestres. Cheguei a postar, inclusive, uma foto que tirei, próximo de um lugar em que trabalho, na qual um motorista havia estacionado em cima da calçada em um local em que é permitido estacionar e tinha vagas. Pois bem, se algum leitor atento percebeu, a foto acima foi tirada no mesmo lugar, com uma semana de diferença (e vale lembrar: em um lugar em que é permitido estacionar e que, na hora, tinha vagas).

_____Não quero que ninguém seja torturado, muito menos morto. Entretanto, talvez seja um modo bem didático e eficiente para fazer com que as pessoas parem de desrespeitar os outros estacionando por sobre as calçadas se passarem a ameaçá-las (apenas ameaçá-las) com a tortura do saco.

P.S.: Como de praxe em um “meme”, devo convidar outras pessoas para participarem da brincadeira. Convido, então, a Tassi (pedagoga que percebeu que era a personagem de um conto que escrevi), o sempre sagaz Daniel Lopes e o Patetico (principalmente porque sei que, se ele participar de algo assim, o companheiro de blog dele vai ficar revoltado – o que só torna a brincadeira mais divertida).