28 de fevereiro de 2007

Se as pedras falassem...

_____Aproveitando a deixa, uma manifestante do PETA (ONG que se dedica a lutar pelos direitos dos animais) apareceu nua, como protesto, em um desfile de moda da grife italiana Valentino (?) – famosa por utilizar peles de animais indiscriminadamente em suas coleções. Moças na platéia do desfile gritaram impropérios para a manifestante.

_____Alguém quer saber em que coleção eu acho que a suástica também cairia bem?

_____

Postagem relacionada: SPFW.

Imagem: François Guillot/AFP.

26 de fevereiro de 2007

A democratização do Ibirapuera

_____Começa hoje, 26/II/07, a cobrança de zona azul para se estacionar no Parque do Ibirapuera. A justificativa oficial da prefeitura é a seguinte:

Com vistas à democratização do uso das vagas no parque Ibirapuera e atendendo ao Plano Diretor do Parque Ibirapuera, a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente solicitou à Secretaria Municipal de Transportes a criação da Zona Azul no parque. O preço a ser cobrado será de R$ 1,80 por duas horas, equivalente à metade do valor de uma zona azul comum. (...) A multa para infração será de R$ 53,20. (...) A instalação da Zona Azul é o início da política de mobilidade e acessibilidade que está sendo definida pela Comissão de Circulação e Tráfego do Conselho Gestor do Parque Ibirapuera, formada por representantes do poder público e da sociedade civil.

047ZonaAzulnoIbirapuera

P.S.: Eu queria muito saber em que ponto cobrar para se ficar em um local público se enquadra com democratização. Democratização censitária; só para quem pode pagar?

P.P.S.: Será que o preço abusivo de R$ 30,00 para ver a exposição Leonardo da Vinci – a exibição de um gênio e R$ 30,00 para ver Corpo Humano: real e fascinante (com um desconto pequeno para quem comprar as duas juntas), que serão inauguradas no dia 1º/III/07, na Oca (portão 3 do Parque do Ibirapuera), também fazem parte do programa de “democratização” do governo?

P.P.P.S.: Impressionante que a prefeitura de São Paulo sempre entende os problemas do cidadão.

22 de fevereiro de 2007

Assista mais televisão

_____Nelson Rodrigues disse que “Toda unanimidade é burra.”. Pobre infeliz. A frase dele é repetida por todo P.I.M.B.A. do mundo. Praticamente virou uma unanimidade. Mas, não é do Nelson Rodrigues que vim falar; vim falar sobre uma unanimidade.
_____É absurdamente comum falarem como a televisão é ruim, que a programação não presta e afins. Entretanto o problema real não é a televisão, mas o mau hábito de como assisti-la. As pessoas sentam em frente ao aparelho televisivo e assistem o que aparecer na frente (ou o que parecer melhor com uma rápida mexida de controle-remoto). Não se escolhe o programa, escolhe-se o horário. Aí, é óbvio que a televisão ou sua programação vai parecer ruim.
_____O contrário acontece com o cinema. A maioria das pessoas que já vi reclamar de que “não está passando nada de bom no cinema” é, exatamente, quem nunca sai de casa para ir ver um filme. As pessoas que freqüentam o cinema gostam da programação por escolherem o que irão assistir. A chance de sair satisfeito da sala é bem maior.
_____Aproveito toda essa introdução para poder indicar o site Ad free TV. Local em que você pode escolher o que assistir, totalmente de graça: séries, documentários, desenhos... Procure o que você acha que vale a pena e aproveite. Tudo em inglês.
_____Entretanto, se a última frase incomodou você, se inglês e grego é a mesma porcaria, então eu dou uma outra indicação. Assista alguns curtas. Pouca gente tem esse costume e é algo que ninguém deveria perder, existem coisas ótimas para se ver. E não estou falando de ir ao cinema (se bem que perder o “Curta Petrobras às Seis”, de graça em várias salas de cinema aqui em Sampa é um pecado). Minha indicação é o site Porta Curtas em que é possível assistir um monte de curtas. Se você não conhece, não sabe o que perde.
_____Procure algo para assistir, então, e aproveite uma boa programação televisiva.

P.S.: Se você estiver querendo mesmo é ler, indico o livro A televisão levada a sério, de Arlindo Machado.

18 de fevereiro de 2007

Ajude um cinéfilo

_____Você gosta de cinema? Não aprecia apenas os últimos lançamentos? Ainda tem fitas VHS em casa? Acha que poderia fazer uma boa ação a mais? Ótimo! É a sua oportunidade. Luiz Biajoni está pedindo alguns filmes para ajudar um conhecido seu, o sr. Durante Gullo, um velhinho de mais de 70 anos, morador de Limeira.

_____Os filmes são o original Gunga Din (1939), de George Stevens, e Aeroporto 77 (1977), de Jerry Jameson. Quem tiver algum dos VHS ou tiver como fazer uma cópia, o próprio Biajoni se prontificou a arcar com as despesas de postagens e afins.

_____Acredito que qualquer um que goste de filmes como eu sabe o quanto deve valer para o sr. Durante Gullo (re)ver essas obras. E, com certeza, é um prazer imenso imaginar que mais uma pessoa ficará feliz no mundo por causa da sétima arte. Ajude.

_____

12 de fevereiro de 2007

Bárbaros!

Quem? Os godos ou os romanos?


_____Nem preciso perder meu tempo dizendo que achei um absurdo o caso do garoto João Hélio Fernandes, de 6 anos, que foi morto após criminosos terem roubado o carro de sua mãe e arrastá-lo por 7 quilômetros. Entretanto, sou obrigado a lembrar: todo esse escarcéu só está acontecendo porque a família do menino tinha um pouco de poder aquisitivo. Se os pais de João Hélio fossem uns pés rapados, a imprensa não teria feito nem um décimo dos comentários que fez e todos que estão tristes e revoltados não teriam lido a notinha de 5 linhas sobre o incidente que talvez tivesse saído em dois ou três jornais.

_____Antes que alguém me odeie, acho que vale bastante a pena dar uma olhada, com atenção, na letra da música “Classe média”, de Max Gonzaga, e refletir bastante sobre como encarar um fato que realmente é triste. Atenção, principalmente, para a parte que grifei.

Classe Média (Max Gonzaga – 2004)

Sou classe média

papagaio de todo telejornal

eu acredito

na imparcialidade da revista semanal


sou classe média

compro roupa e gasolina no cartão

odeio coletivos e

vou de carro que comprei a prestação


só pago impostos

estou sempre no limite do meu cheque especial

eu viajo pouco, no máximo um

pacote CVC tri-anual


mas eu “tô nem aí”

se o traficante é quem manda na favela

eu não “tô nem aqui”

se morre gente ou tem enchente em Itaquera

eu quero é que se exploda a periferia toda


mas fico indignado com Estado

quando sou incomodado

pelo pedinte esfomeado

que me estende a mão


o pára-brisa ensaboado

é camelô, biju com bala

e as peripécias do artista

malabarista do farol


Mas se o assalto é em “Moema”

o assassinato é no “Jardins”

e a filha do executivo

é estuprada até o fim


aí a mídia manifesta

a sua opinião regressa

de implantar pena de morte,

ou reduzir a Idade penal


e eu que sou bem informado

concordo e faço passeata

enquanto aumento a audiência

e a tiragem do jornal


porque eu não “tô nem aí”

se o traficante é quem manda na favela

eu não “tô nem aqui”

se morre gente ou tem enchente em Itaquera

eu quero é que se exploda a periferia toda


toda tragédia só me importa

quando bate em minha porta


porque é mais fácil condenar

quem já cumpre pena de vida

P.S.: Para quem gostou, é possível fazer o download da música em mp3 ou assistir ao vídeo de “Classe média” cantada ao vivo. Diga-se de passagem, o disco todo (com uns sambas ótimos) está disponível no site de Max Gonzaga.

11 de fevereiro de 2007

O buraco é mais em cima (parte IV)

_____A primeira vez que usei como título de postagem “O buraco é mais em cima” eu estava me referindo à incompetência do governo estadual em relação ao acidente nas obras da Linha 4 - Amarela do metrô. Entretanto, acabo mudando o foco, pois, pouco depois, o nada inteligente prefeito paulistano Gilberto Kassab aparece na televisão fazendo piada com a tragédia e eu associo, em minha nova postagem, a burrada do prefeito com o fato dele ter feito a piada enquanto andava de transporte público (estando em um lugar atípico para alguém da elite, o prefeito se sentiu perdido e fez uma bobagem).
_____Alguns dias depois, Kassab estava em um posto de saúde público e acabou dando um escândalo e agredindo um idoso. Utilizei o ocorrido para “comprovar” meu argumento de que o palhaço havia feito isso por estar em um ambiente que não era o dele e, então, um tanto deslocado, acabou por fazer bobagem.
_____Tudo isso fez com que eu me lembrasse de um trecho de uma estória do Asterix, Asterix e o adivinho. Como sempre, René Goscinny tinha umas sacadas ótimas. Para não estragar a história para quem quiser ler, vou apenas explicar o trecho. Panoramix, o druida da Aldeia, faz uma poção extremamente fedorenta para mostrar outro mal que acometeu os romanos, aí... bem, confira e diga se não encaixa direitinho com os últimos acontecimentos.

Clique aqui para ver em tamanho maior ou aqui para ver as falas com mais detalhes.

P.S.: Para falar a verdade, atitudes impetuosas, feitas sem pensar acabam me lembrando de outro governante que o Brasil teve.

Acho que eu preferia o D. Pedro I mesmo...

6 de fevereiro de 2007

O buraco é mais em cima (parte III)

_____Como eu disse na última postagem, quando as pessoas não estão acostumadas com um local, com uma situação, não é difícil dar uma gafe. O problema é quando o infeliz é capaz de dar vários “deslizes” seguidos.
_____O descontrolado do prefeito Gilberto Kassab estava em um posto de saúde público. Obviamente, ele está acostumado a ser tratado em hospitais particulares (pena que nunca foi tratado em um hospital psiquiátrico). Resultado, desacostumado com a situação de estar em um posto de saúde público, novamente o babaca do Kassab fez o que não deveria e acabou agredindo um idoso (que reclamava, entre outras coisas, da inútil lei Cidade Limpa do prefeito; lei que visa eliminar a poluição visual da cidade e – junto com ela – um monte de empregos). Olhem o vídeo:

P.S.: Será que o problema é que ele está desacostumado a ter um cargo importante e é por isso que faz tanta bobagem?
P.P.S.: Depois de sair empurrando o idoso eu gostaria muito de saber qual a melhor fala do prefeito: (a) “... o espírito democrático desta [minha] gestão.”, (b) “Eu não agredi ninguém fisicamente. (...) Não houve nenhuma agressão.” ou (c) “O que eu pedi é que ele se retirasse.”.

1 de fevereiro de 2007

O buraco é mais em cima (parte II)

_____Ai, ai... ter dinheiro é foda. Você vive bem, tem carro que sempre funciona, tanque cheio, motorista, viaja de avião e, é bom ressaltar, nunca entra em um transporte público. Entretanto, se calha de entrar, não dá outra, acaba dando vexame.
_____Eu que não tenho muita grana (e acho que as pessoas deveriam utilizar o transporte privado com mais parcimônia) sou figura carimbada em ônibus e metrôs. Sendo assim, já cansei de ver alguns homens de terno e gravata tentando entrar pela porta de trás dos ônibus (aqui em São Paulo) – sinal claro de que não usam coletivos há uns bons anos. Ou, então, acharem que é só pagar o cobrador e passar pela roleta, sem esperar que o cobrador valide o pagamento com o cartão.
_____É engraçado ver as pessoas dando esses pequenos vexames nos transportes públicos. Mas, é compreensível. Estão desacostumadas, um tanto perdidas, mal sabem como agir. Uma gafe em uma situação atípica não é algo tão absurdo. Só que torna-se absurdo quando o infeliz a fazer a bobagem é o prefeito.
_____Sou a favor que todos tenham o direito de dizer o que quiserem, brincar quando querem... Mesmo assim, não acho nem um pouco apropriado contar uma piada sobre incêndios para a viúva do morto em uma cerimônia de cremação.
_____Bem... Dê uma olhada nos comentários um tanto fora de hora do perdido prefeito Gilberto Kassab ao passear de transporte público (o famigerado Fura-fila, atual Expresso Tiradentes) e tire suas próprias conclusões.


Será que foi o excesso de propagandas da cidade que desconcentrou o gênio aí?

_____

Texto relacionado: O buraco é mais em cima (parte I).