26 de junho de 2007

Perco o amigo...

Primeira Página da Folha de S.Paulo
_____Hoje de manhã, quase na hora de ir para o trabalho, enquanto esperava minha irmã (vamos juntos para o ponto de ônibus), peguei o primeiro caderno do jornal e comecei a passar o olho. Logo na capa vi anunciada crônica diária do Carlos Heitor Cony, que, normalmente, escreve na segunda página do mesmo caderno.

_____Como de costume, a crônica de Cony é ótima. Muito bem escrita, pensada e argumentada, com referências que pouquíssimos escritores vivos são capazes de fazer. A crônica está aqui, mas para conferir tem de ser assinante. Entretanto, o que vai me interessar é a chamada de capa que pode ser encontrada na figura que está no início desta postagem, o fac-símile da capa (olhe um pouco abaixo de onde seria a dobra do jornal).

_____Na capa da Folha de São Paulo, a chamada para a crônica era a seguinte: “Presença física de Lula ajudaria a resolver crise aérea”. Tudo bem, nem foi o título que o Cony escolheu; simplesmente resumia, grosso modo, a matéria. Entretanto, fiquei morrendo de vontade de contar uma piada. Então, aí vai: Não sei se a presença física de Lula ajudaria a resolver a crise aérea, mas admito que ficaria muito mais difícil para relaxar e gozar com ele lá.

_____Pronto. Matei a vontade.

22 de junho de 2007

Meus importantes leitores

_____Eu gosto dos meus leitores. Os poucos que já me escreveram, dizendo o que acharam de alguma postagem, pedindo conselhos, fazendo perguntas sobre cinema, História, teatro ou mesmo perguntas pessoais, acabaram, em sua maioria, deixando-me bastante contente com o ato de escrever. Porém, esses dias, descobri que tenho algum leitor bastante importante na cidade de São Paulo. Não, não sei quem é, mas que eu devo ter eu devo.

_____Lembram do artigo que escrevi reclamando da falta de respeito pelos pedestres? Recebi alguns e-mails com muitos elogios por causa dele. Até um dos meus blogs preferido citou ele em uma postagem. Acho que só não foi tão elogiado quanto um artigo que escrevi sobre quadrinhos e religião. Pois bem, escrevi, faz pouco mais de 20 dias, sobre a falta da faixa de pedestres em algumas ruas que haviam sido recapeadas há alguns meses. Questionei que absurdo era esse de ter pressa para reasfaltar uma rua, mas não demonstrar o mínimo de interesse em pintar a faixa para os pedestres.

_____Vou repetir, reclamei há pouco mais de vinte dias sobre a falta de faixas de pedestres que assolavam algumas ruas há meses. No artigo citei as ruas Pamplona e Ribeirão Preto.

_____Qual não foi minha surpresa, então, ao passar pelo encontro da Pamplona com a Ribeirão Preto, nesta semana, e, depois de meses, encontrar a faixa de pedestres pintadinha. Maravilhoso. Realmente, alguém importante deve ler o meu blog. Meses sem faixa e, menos de um mês depois da minha reclamação, já resolveram o problema. Olhem, se a torcida do Corinthians quiser, eu posso escrever aqui pedindo novas contratações para o time.

Asfalto novo, problema velho (II)

Antes do meu artigo.


Pamplona x Ribeirão Preto

Depois do meu artigo.

18 de junho de 2007

Vinte problemas para se resolver

... um de cada vez.

Múltiplo-unitário

_____Escrevi um artigo em abril no qual eu reclamava dos novos bilhetes “múltiplos-unitários” do metrô paulistano, o atual “múltiplo de 20”. Reclamei do fato de cada viagem, agora, estar separada por bilhete (não mais como o antigo múltiplo de 10, em que, com um bilhete, você poderia fazer 10 viagens). O usuário é obrigado a comprar de uma só vez vinte bilhetinhos, cada um valendo uma viagem, para conseguir um pequeno desconto. Chamei o absurdo de involução.

_____Entretanto, na semana passada, o desserviço prestado pelo governo estadual me incomodou ainda mais (e, portanto, imagino quantos já foram afetados pela incompetência alheia). Além de ter de aturar uma greve no metrô na quinta e uma pane na Linha Azul na sexta (e, portanto, um completo caos na cidade de São Paulo por dois dias), o lote de bilhetes que eu comprei na semana anterior veio bichado.

_____Os dez primeiros bilhetes do lote de vinte que eu usei nessa semana caótica, falharam. Foram raras as vezes, na minha longa história de usuário do metrô, que meus bilhetes apresentaram algum defeito. Como cuido direito deles (faço o recomendado: não dobro, não amasso, não aproximo de imãs, etc.) os defeitos quase nunca surgiram. Quando algum defeito apareceu, um funcionário do metrô viu meu bilhete múltiplo (sempre comprei múltiplos de 10), o analisou e trocou pelas viagens equivalentes. Só que no “novo formato”, os bilhetes vêm separados um a um. Por mais que eu choramingasse os funcionários do metrô não me deixaram trocar todos de uma vez e, cada vez que eu ia passar pela catraca, eu tinha de esperar o bilhete travar para um funcionário permitir que eu trocasse o bilhete por um novo. Até nos dias em que o metrô estava apinhado de gente pelos problemas de quinta e sexta.

_____Ainda bem que comprei uma bicicleta.

15 de junho de 2007

Atualização (in)direta

____ O Luddista, autor do blog :. apocalipse motorizado, escreveu um artigo intitulado “O pedestre que se dane” falando sobre o desrespeito demonstrado pelo governo aos cidadãos paulistanos ao recapear uma rua e “esquecer” de pintar a faixa de pedestres. É o mesmo tema que eu havia trabalhado no meu artigo “Dê passagem ao rei”, só que no :. apocalipse motorizado ele foi tratado de maneira muito mais completa – tão completa que acabou até citando links muito interessantes, a Abraspe (Associação Brasileira de Pedestres) e o meu artigo, é óbvio. ;-) Como de costume, o artigo do Luddista é muito bem escrito e com muitas informações interessantes. Não deixem de ler.

12 de junho de 2007

Noite quente...

Fondue de chocolate
____ Fez tanto frio em São Paulo nas últimas semanas que eu até aproveitei para brincar com o fato dos estudantes estarem acampados na reitoria da USP – muitos do lado de fora e, portanto, passando frio. O frio fez com que eu, em vários dias, fosse dar aula de cachecol para proteger minha garganta. Tomei mais sopa nas últimas semanas do que no resto do ano todo. Minha mochila ficou mais rechonchuda por quase um mês (eu sempre saia de casa com um colete a mais na mala).
____ O dia dos namorados, então, estava para chegar. Aproveitando o frio, pensei que minha namorada iria adorar um jantar especial. Comprei um fondue de chocolate (comprei o que tinha instruções mais detalhadas no verso. Sou um horror na cozinha). Para mergulhar no fondue uvas, morangos, waferes (se você nunca experimentou wafer com fondue de chocolate, não sabe o que está perdendo) e, para terminar o fondue em grande estilo, cerejas. Tudo pronto. Separadinho. Só faltava esperar a noite de terça-feira.
____ Vou dormir, bem enrolado no meu edredon, imaginando que minha namorada vai adorar o jantar-presente. Acordo cedo para trabalhar. Quando estou indo pegar o elevador, meu pai fala:
____ – Filho, deixa esse casaco aí. O homem do tempo disse que a temperatura vai chegar a 27 graus.
____ Poxa... 27 ºC. Bem no dia dos namorados. No dia do meu fondue de chocolate...
____ Olha, não sei quanto ao jantar... espero que a temperatura esfrie até lá. Entretanto, afirmo, eu vou dormir abraçadinho com a minha gatinha nem que eu tenha de ligar o ventilador!

10 de junho de 2007

Estragando o filme alheio

_____A graça de ir ao cinema não está só em assistir um filme com uma antecedência maior ou ver toda a história em uma tela grande. Todo o ambiente é que faz a graça de ir ao cinema. Sim, o ambiente. Não estou falando da “graça de sair de casa”, mas de toda a montagem que prepara o filme para ser apreciado da melhor forma possível. A tela é grande – ocupa, se possível, todo o campo de visão –; as cadeiras (confortáveis, de preferência), voltadas diretamente para a tela – procurando impedir distrações em outros cantos da sala (tal qual o ambiente escuro) –; o som, alto (um aparelhamento sonoro que ainda dê a impressão de que algumas coisas estão acontecendo de um lado e não do outro, melhor ainda); não existe interrupções (os comerciais passam antes do filme); a reunião de pessoas que permite uma interação maior (quando eu falo de interação, estou falando que existe muito mais graça em uma comédia assistida por muita gente, por exemplo. O riso público contagia e faz com que as pessoas se divirtam mais com o filme. Não estou falando de algum imbecil falando durante a exibição). É a mesma coisa de se dançar “sozinho” em uma danceteria (para quem gosta desse tipo de coisa). Muita da graça de se dançar está ligada com aquele ambiente. A música é alta, o local, escuro e esfumaçado e todos estão fazendo movimentos parecidos. Se não fosse por isso, todo mundo ficava em casa, a dançar (algo que muita gente não faz por achar ridículo). O ambiente da danceteria que torna todo o dançar muito mais divertido. Mesma coisa com um motel.

_____É exatamente por saber como a experiência de se ir ao cinema pode ser tão fantástica por causa do ambiente é que as pessoas que atrapalham a sessão alheia me parecem tão desprezíveis. Excetuando raríssimas exceções, fazer barulho durante o filme é extremamente mal-educado. Deixar tocar um celular, atender o celular, conversar com a pessoa ao lado, fazer comentários altos são atitudes, no mínimo, dignas de castigo corporal. O cinema é um local público (mesmo sendo um cinema privado, antes que algum engraçadinho aproveite a deixa) e, portanto, muitos dos que estão lá querem, simplesmente, aproveitar tudo que a sala de cinema tem a oferecer. O que a SALA DE CINEMA tem a oferecer. O celular de uma pessoa está, oficialmente, fora do ambiente, não deve ser utilizado, não faz parte da sala de cinema. Não é a toa que pedem para desligar celulares no começo da sessão.

_____Comida e bebida no cinema, entretanto, não costuma ser algo que me incomoda. Eu achava até um certo exagero do pessoal do Cinemark proibindo a entrada com latas e garrafas. Sempre imaginei que o motivo fosse a segurança. “Será que a direção do Cinemark tem receio que algum louco na sala que resolva tacar uma latinha em alguém?” – pensava eu, ingenuamente. Até a última virada de sexta para sábado.

*****

_____Na última sexta-feira, eu e minha namorada fomos ao HSBC Belas Artes para o maravilhoso “Noitão”. O Noitão é um evento organizado pelo Belas Artes em que você paga um ingresso e, na madrugada da sexta para o sábado, assiste a três filmes (grosso modo, um da meia-noite às 2h, outro das 2h às 4h e o último das 4h às 6h), com direito a sorteio de brindes entre as sessões, algumas amostras-grátis variadas e um lanchinho de café da manhã para quem ficar até o fim. Chamado de os “Melhores do Noitão”, o evento desse mês comemorava os três anos de brincadeira cinéfila no Belas Artes. Além de um filme inédito e outro surpresa, nas outras salas seriam exibidos alguns dos melhores filmes que passaram nos Noitões anteriores.

_____Fui dessa vez querendo ver como primeiro filme o Casa vazia, de Kim Ki-duk, que eu já tinha visto em um Noitão anterior. O filme é lindo. Entretanto, como em outros filmes do Kim Ki-duk, o filme trabalha com os silêncios. O herói do filme, por exemplo, passa a história toda sem dizer nenhuma palavra. Um formato atípico de filme, com uma história muito bem contada. Imperdível. Fica, inclusive, como dica para se ver no dia dos namorados.

_____O problema é que no HSBC Belas Artes é permitido entrar com latas de refrigerante nas salas e, como eu disse, o Casa vazia é um filme que trabalha com silêncios. Estava, então, a sala inteira vidrada no filme, em silêncio e, em uma cena particularmente tensa (e silenciosa) do filme, alguém abre uma latinha que ressoou pela sala toda: TTTTSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS...

_____Poxa vida. Muito do clima se desfez. Até acredito que o dono da latinha não fez por mal, mas não era o momento (nem o filme) certo para se fazer barulho. É o mesmo que alguém bater na porta do quarto durante uma transa. Estraga muito o clima daquele momento. Agora eu sei o motivo para algumas salas proibirem as latas. Espero não descobrir o porquê das garrafas.

P.S.: Aproveitando que o assunto é barulho nas salas de cinema, o Cri Crítico, colunista fictício do Estadão, escreveu o seguinte no último guia de final de semana:

Deu na ‘New York’

Avaliação de cinemas

A edição de maio da revista ‘New York’ trouxe uma avaliação das salas de cinema da cidade (...). O que me chamou a atenção na reportagem, porém, foi o texto dedicado à etiqueta na sala de cinema. Concordei com quase todas as indicações. Mas acho que foram muito bonzinhos na questão de “falar durante o filme”, abrindo uma exceção para o “comentário brilhante e breve em um filme idiota”. Ok, até eu preciso me controlar para não zoar de algumas cenas estúpidas. Só que a piada precisa ser realmente genial para justificar a interferência. E acho que a maioria das pessoas não tem autocrítica suficiente para discernir isto.

7 de junho de 2007

Verdades sobre a ignorância

_____Ontem, o Marco Aurélio, do Jesus, me chicoteia!, escreveu um post em que ironizava a completa falta de vergonha na cara que os publicitários tem nos dias de hoje na hora de fazer uma campanha publicitária. Ele reclamava que, segundo entrevista dos próprios publicitários da Volkswagen, a campanha “Verdades sobre o Gol” era inspirada no (ou, segundo o Marco Aurélio, uma cópia deslavada do) site Chuck Norris Facts (site que ficou bem famoso brincando com a idéia de que Chuck Norris é completamente onipotente).

_____Nas palavras do Marco Aurélio, “Acho que a profissão de publicitário nunca foi tão fácil quanto hoje: basta esperar aparecer uma febre na internet. Aí cria-se uma campanha inspirada no hype e com apoio de um site cujo conteúdo é totalmente produzido pelos visitantes. Trabalhão, hein?”. O problema está, exatamente, na falta de dedicação dos publicitários na campanha. Deixar a coisa completamente solta pode fazer com que a “brincadeira publicitária” acabe se tornando uma piada.

_____Dei uma rápida olhada no site da campanha após ler a postagem do Jesus, me chicoteia! e cliquei nas “Top 10”, para poder ver as 10 principais propagandas ou algo assim. Então, cruzo com a oitava colocada a “Verdade Nº 4070 sobre o Gol”. E qual é a verdade? “Se Dom Pedro tivesse vindo de Gol descobrir o Brasil, ele teria sido descoberto antes dos dinossauros!!!”.

_____Maravilhoso! Quase cai da cadeira de tanto dar risada. O pessoal do marketing da Volkswagen deixou tudo tão solto nessa campanha publicitária que, uma das melhores “Verdades sobre o Gol” fala que quem descobriu o Brasil foi Dom Pedro.

_____Eu acho que poderiam terminar a campanha agora dizendo que uma das verdades sobre o Gol é que você pode usá-lo para ir à escola estudar. Pedro Álvares Cabral agradece.

P.S.: O sempre genial Allan Sieber aproveita para ilustrar muito bem esta postagem com uma charge recentemente publicada:

Allan Sieber - Publicitário

6 de junho de 2007

Dá para não pensar?

_____Mesmo escrevendo um blog e permitindo comentários, nem sempre imaginamos o que se passa na cabeça de nossos leitores. Principalmente se ninguém comenta algo que você escreveu, é bem fácil pensar que ninguém tenha gostado do seu texto ou, pior, que ninguém tenha lido (principalmente se é um texto mais longo). Foi, então, com grata surpresa e satisfação que descobri que J. Noronha, do blog O fim da várzea, não só é leitor, como também é fã (e, vale dizer, lê os longos textos que às vezes escrevo sobre filmes e peças. Nas palavras dele: “recomendo as resenhas de filmes e peças de teatro, é o blog que eu faria se escrevesse sobre o assunto”). Noronha indicou o Incautos do ontem como um dos cinco blogs que o fazem pensar, no meme chamado Thinking Blogger Award. Quem quiser saber mais sobre o assunto, o sempre bem informado e didático Alexandre Inagaki escreveu sobre o meme de maneira bastante completa.

*****

Thinking Blogger Award

_____Para falar a verdade, não há leitura que eu consuma de maneira passiva – como quem fica, quase que babando, a assistir os comerciais da televisão, durante o intervalo de algum filme. Se a leitura não vale a pena, não leio (nunca olho as cartas que recebo do banco. Elas se amontoam e depois são jogadas fora. Algum dia ainda vou ter problemas...). Invariavelmente alguma reflexão acaba por ser feita em meio a boas leituras. Os meus blogs prediletos eu sempre deixo indicados ao lado, nas minhas “Leituras de cabeceira”. Quando descubro um blog novo (não leio muitos blogs), acompanho por algum tempo, se acho que vale a pena, viro leitor fiel e deixo indicado, como um presente para os leitores; se não prestam, deixo de ler.

_____Segundo as “regras” do Thinking Blogger Award, tenho de escolher cinco que me fazem pensar. Escolhi cinco que me divertem, mas que, boas leituras que são, cada um ao seu modo, acabam me obrigando a repensar opiniões que tenho, notícias que li, livros que gostei, meu cotidiano e afins. Para um leitor do blog, nenhum deles é novidade. Normalmente, cito-os sempre que algo de relevante a um assunto que eu estava a falar é dito ou mesmo quando fico por demais impressionado com algum texto.

_____Os blogs são os seguintes:

a) Liberal Libertário Libertino, por Alex Castro. De longe o meu blog preferido. Escritor talentosíssimo, o Alex já foi assunto aqui do Blog por diversas vezes; deixo, portanto, que ele mesmo descreva o LLL: “Um blog sobre rebeldia, contemplação e sacanagem, regado a muita literatura e humor. Nosso assunto são as várias prisões que acorrentam o homem, como ambição, verdade e medo.”.

b) Ao Mirante, Nelson!, por Nelson Moraes. Tendo sempre a literatura como um norte, eu não poderia deixar de indicar o Almirante Nelson. Às vezes falando do que ninguém mais se lembra de falar, outras, do que todos estão falando. Entretanto, sempre com uma abordagem literária e fora do comum. Um leitor desatento, passaria pelo blog achando que só leu bobagens. Creio que o autor confirmaria. Não acredite nele.

c) :. apocalipse motorizado, por Luddista. Talvez o único blog realmente monotemático que eu leio, o :. apocalipse motorizado reflete sobre a vida contemporânea, a nossa sociedade capitalista, dominada pela cultura do automóvel. Com grandes elogios às bicicletas (sem ser xiita como grande parte dos blogs que trata sobre o assunto), Luddista fala sempre sobre o mesmo tema, trazendo reflexões sempre muito bem embasadas e inéditas. A leitura do blog foi um grande passo para que meu dia-a-dia começasse a mudar.

d) Jesus, me chicoteia!, por Marco Aurélio Gois dos Santos. Importante debate da humanidade, nada como poder refletir sobre religião depois de ter passado pelas mãos (no bom sentido...) de Marco Aurélio. Seu talento literário, sua formação atípica, suas visões de mundo (um bom tanto de vezes direitistas, é verdade) e a Bíblia recontada fazem da leitura de Jesus, me chicoteia! parada obrigatória para aqueles que se interessam (ou não...) reflexivamente por religião.

e) Ranzinza, por

Thinking Blogger Award, entretanto sou obrigado a acrescentar que o Allan Sieber Talk to Himself Show, o Cocadaboa, o Contraditorium, o Pensar Enlouquece e o Surra de pao mole também deveriam estar citados para tentar fazer uma lista de blogs que me fazem pensar mais próxima de ser completa.

4 de junho de 2007

Fotos das minhas partes íntimas

_____Mesmo sabendo que, obviamente, este Blog não é um diário virtual, é bem fácil descobrir um pouco sobre o autor simplesmente freqüentando o Incautos do ontem. Descobre-se seus gostos, os blogs que ele freqüenta, os livros que gosta de ler, filmes, peças e exposições que cruzaram seu caminho, etc., etc.. Agora, vale dizer, é possível ver, inclusive, uma foto do sr. Ulisses Adirt, o Autor. É sério, ela foi publicada aqui; é só clicar e conferir.

_____Decepcionado, caro leitor? Para quem não clicou ou quiser uma explicação, pode deixar que eu explico. A foto é do meu cotovelo. Vai... já é alguma coisa. Pelo menos publicaram alguma coisa. Mais um ano de blog e eu divulgo uma foto da minha mão.

_____Piadas bobas a parte, vou, realmente, explicar. A foto do meu cotovelo foi publicada para manter ativa uma brincadeira muito saudável. Um dos blogs que mais gosto de freqüentar é o LLL (o Liberal Libertário Libertino), do Alex Castro. Ótimo escritor que é, o Alex reflete de maneira deliciosa e atípica sobre o cotidiano, tendo, normalmente, a literatura como base (por causa dele, já fiz aqui uma elogiada análise do conto “Mariana”, de Machado de Assis). O LLL é mantido a mais de quatro anos e atualizado quase que diariamente. Entretanto, o Alex Castro, agora, viajou para Cuba (e prometeu voltar com um livro de crônicas diárias escrito sobre a viagem – teoricamente o Radical Rebelde Revolucionário) e não sabia se teria como manter o blog atualizado enquanto estivesse lá. Tentando cuidar dos seus leitores, então, ele deixou alguns amigos a tomar conta dos seus domínios. Como não era difícil de se esperar, os amigos estão sacaneando o Alex sem parar.

_____Entre as sacanagens, Rafael Galvão tem escrito no próprio blog e no LLL fantásticos relatos (ficcionais) sobre a viagem do Alex. Além dele, a maravilhosa Lulu, do Diário da Lulu, tem mantido algumas postagens constantes no LLL que não deixam, em momento algum, a bola do blog (e das sacanagens) cair. E é exatamente entre as sacanagens da Lulu que meu cotovelo entra (acho que essa última frase não ficou muito boa, mas deixa assim).

_____O Alex é pedólatra (ou, podólatra, se preferirem). Em outras palavras, ele tem tesão por pés. Sendo assim, quem acompanha o blog do rapaz freqüentemente se depara com fotos de pés femininos que ele tirou ou que alguma leitora mandou para ele. A Lulu, contentíssima em “tomar conta” do blog do Alex, resolveu publicar cotovelos. Eu resolvi, então, melhorar a brincadeira e mandei a foto do meu cotovelo. Já que é para sacanear o Alex, vamos fazê-lo direito: que publiquem cotovelos masculinos. A Lulu acatou e lá está a foto da minha “parte íntima”.

_____Bem... quem sabe assim, não educamos o gosto do Alex e melhoramos ainda mais o talento dele como escritor. O Machado adorava braços... ;-)

P.S.: Para que nenhuma leitora fique triste por só ter visto aquela pequena foto, vai aqui outro ângulo do meu fotogênico cotovelo.

Cotovelo do Autor

1 de junho de 2007

Dê passagem ao rei

Assim como os antigos sacrificavam colheitas, gado e até os filhos a ídolos e ícones aos quais seus sacerdotes atribuíam poderes imensos e uma profundidade insondável, a humanidade da era industrial sacrifica tempo, espaço, riquezas naturais e, às vezes, as próprias vidas a essas máquinas às quais os publicitários atribuem virtudes igualmente mágicas. Até as guerras empalidecem ante as estatísticas do trânsito, sem que isso inspire tanto horror quanto seria de esperar. Trata-se de sacrifícios humanos socialmente aceitos. (Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa, “O totem do capital”. in.: Carta Capital. Abril, 2007)

Asfalto novo, problema velho (I)

Asfalto novo, problema velho (II)

_____As fotos acima foram tiradas de um pequeno trecho da Rua Pamplona, perto da casa da minha namorada. Viram só? Que rua linda, não? Que asfalto mais novinho! É impressionante. Eu vi a reforma da rua, vou contar a vocês:

_____A rua até que estava boa, mas, mesmo assim, certo dia, veio a prefeitura e raspou todo o asfalto antigo. Retirou mesmo; esburacou a rua toda. Mas, a rua não ficou esburacada por muito tempo, a rapidez para se concertar a rua foi digna de nota. Em menos de uma semana, normalmente trabalhando de madrugada para não atrapalhar o trânsito, a rua foi toda recapeada, o asfalto foi refeito e ficou tudo lisinho, como é possível perceber nas fotos acima.

_____Isso foi há alguns meses.

_____Entretanto, há um grande problema aí. Não sei se alguém percebeu, no trecho do qual eu tirei as fotos existe mais uma rua. É a Alameda Ribeirão Preto.

Rua Pamplona x Alameda Ribeirão Preto

_____O problema? Alguém, por acaso viu a faixa de pedestres nas fotos do começo do artigo? Exato! Para se arrumar o asfalto, permitir a passagem de carros a pressa foi enorme. Entretanto, na hora de evitar acidentes, pensar nos pedestres a coisa muda. Os carros são a prioridade para o governo e aqueles que não têm um automóvel que sofram.

Asfalto novo, problema velho (III)

Asfalto novo, problema velho (IV)

_____Aproveito e cito um pequeno trecho do artigo “Carro: símbolo de poder, arma de violência”, de Denir Mendes Miranda, publicado no Correio Brasiliense (clique aqui para ler o artigo na íntegra – em PDF).

_____O Boletim Anual de Acidentes de Trânsito no DF, divulgado recentemente pelo Detran, mostra que 59% dos mortos em acidentes de trânsito nas vias urbanas são pedestres (40%) e ciclistas (19%). Nas rodovias, o percentual é um pouco menor, mas continua próximo a 50%.

_____Esses números comprovam que, na guerra do trânsito, as freqüentes vítimas são as que cruzam vias e ruas ou pedalam por elas, pessoas que se arriscam a invadir os espaços destinados aos automóveis. Fiscalização deficiente e impunidade, quase sempre apontadas como causa dessa tragédia, são apenas sintomas.

(...)

_____É necessário mudar a estrutura de poder que há por trás da cultura do automóvel. Carros particulares representam apenas 30% dos deslocamentos de trânsito nas cidades. Para acabar com a violência outorgada, precisamos descortinar uma mudança comportamental profunda, que equilibre as forças dentro do trânsito.
_____É preciso tomar o espaço urbano usurpado pelos automóveis e devolver esse espaço aos pedestres e ciclistas, de modo a tratar todos como iguais, motorizados ou não.

P.S.: Acho bom inclusive lembrar que as fotos são de ruas da Bela Vista, bairro de elite, no centro da capital paulista. Sabe qual é a situação dos pedestres nos bairros de periferia?

P.P.S.: Os artigos citados foram encontrados no maravilhoso blog :. apocalipse motorizado que trata, exatamente, dos problemas do mundo contemporâneo que louva os automóveis. Recomendo, fortemente, a leitura.