_____O Incautos do ontem foi citado hoje, no blog Goitacá, em um projeto muito interessante chamado “Mundo de cidades”. Organizado pela Lucia Malla, o “Mundo de cidades” reuniu vários textos bacanas, escritos durante o mês de fevereiro em blogs de várias partes do mundo, comentando sobre alguma cidade. Eu adorei diversos relatos (meus preferidos foram o texto da Luisa sobre o Mosteiro de Alcobaça e o mau humor do Noronha descrevendo o lugar em que ele mora) e recomendo que meus leitores dêem uma passada por lá.
29 de fevereiro de 2008
28 de fevereiro de 2008
Spoiler do filme Na Natureza Selvagem
_____Mas, nem é, exatamente, por causa do filme que eu resolvi escrever, é por causa da sinopse que colocaram no cartaz do filme lá no IG Cine.
_____Logo depois que vi o filme, parei ao lado do cartaz para dar uma olhada. Fiquei impressionado, parece que o cara que escreveu a sinopse ao lado do cartaz não viu o filme. Pelo menos não viu até o final.
_____Tirei uma foto da sinopse, mas, como não ficou nítida, dei uma olhada no Google para ver se encontrava aquele mesmo texto. Fiquei bobo. Não só encontrei o texto, como, também, descobri que um cara (que não viu o filme até o final) o escreveu e um monte de gente copiou (principalmente sites “especializados” em cinema). Podem conferir.
_____O texto é o seguinte: Na Natureza Selvagem “Após concluir seu curso na Emory University, o brilhante aluno e atleta Christopher McCandless (Emile Hirsch) abre mão de tudo o que tem e de sua carreira promissora. O jovem doa todas as suas economias – cerca de US$ 24 mil – para caridade, coloca uma mochila nas costas e parte para o Alasca a fim de viver uma verdadeira aventura. Ao longo do caminho, Christopher se depara com uma série de personagens que irão moldar sua vida para sempre.”.
_____É uma sinopse informativa fraca, com apenas algumas imperfeições. Pelo menos até a última frase. Como assim “Ao longo do caminho, Christopher se depara com uma série de personagens que irão moldar sua vida para sempre.”. O infeliz que escreveu o texto não viu o filme até o final para saber o cara morre poucos anos depois que resolveu “viver uma verdadeira aventura”? E o pessoal que trabalha no IG Cine (local que só tem uma sala com UM filme passando) também não viu o filme para saber disso e não colocar a sinopse lá? E o bando de sites que copiou o texto também não se tocou? Que horror. Essa gente deveria ter vergonha.
26 de fevereiro de 2008
Bagunçando o metrô
_____O metrô paulistano é um transporte maravilhoso. Se o metrô for uma das possibilidades de transporte quando vou para algum lugar, ele é a minha escolha mais do que certa. É um transporte rápido, limpo, bem cuidado, organizado, confortável. Cheio de ótimas características.
_____Entretanto, em determinadas horas, andar de metrô não é muito gostoso. Um desses momentos é por volta das 18 horas. O número de pessoas no metrô no final da tarde passa a ser imenso, dois ou mais corpos passam a ocupar, ao mesmo tempo, o mesmo lugar no espaço e tentar entrar ou sair de um vagão torna-se algo desumano (talvez menos desumano do que andar de carro pela cidade entre as 17 e as 19 horas, mas, ainda assim, desumano).
_____Terça passada um maluco resolveu se matar e se jogou nos trilhos por volta das 17h40min. Que cara chato. Quer se matar? Vai fundo! Mas, tem de ser no metrô? Perto das 18 horas? Dá para imaginar o caos absurdamente maior que o normal que o infeliz proporcionou? Será que o sonho do cara era incomodar as pessoas e, como ele não era bem sucedido, apelou?
_____No fim das contas, o suicida chato foi socorrido e, apesar dos ferimentos, sobreviveu. Só que a maluquice dele atrapalhou bastante a vida de muita gente. Se perguntarem a minha opinião, eu conheço um ótimo livro para indicarem para ele ler na cama do hospital durante a recuperação.
24 de fevereiro de 2008
Meu próximo swing*
_____Assistam o vídeo abaixo e me digam se vocês gostaram.
_____Por mais divertida que seja essa animação da Disney (parte do longa Make Mine Music), não estou a perguntar sobre o desenho. Quero saber se vocês gostaram da música.
_____Por quê? Pois, “All the Cats Join In”, de Benny Goodman, será a música utilizada na próxima coreografia de swing que, provavelmente, participarei. Quem sabe não será o próximo vídeo de dança, com a minha participação, que eu mostro para vocês aqui? Está ficando bem legal até agora.
P.S.: Hum... Para falar a verdade, já mostrei aqui outro “vídeo de dança” em que eu participo. Só que nesse, fui apenas figurante.
__________
* Título escolhido especialmente para homenagear todos os meus leitores pervertidos que ficaram deixando comentários sobre outro tipo de swing na última vez que falei sobre dança. ;-)
21 de fevereiro de 2008
Inauguração, oficina e show
_____Para quem está em Sampa e se interessou pela minha postagem do dia 15 (em que eu falo um pouco sobre minha ajuda para empedrar alguns mosaicos na fachada do Museu Histórico do Instituto Butantan), saiba que será nesse sábado, dia 23 de fevereiro, a partir das 11 horas, que acontecerá a inauguração dos mosaicos – que receberam o nome de Fragmentos & Sentimentos.
_____Além da inauguração, quem for poderá aproveitar para conhecer o museu e, a partir do meio-dia, ir para uma oficina sobre mosaicos, ministrada pela Cláudia Sperp, a artista responsável pelos mosaicos (creio que quem precisava ter feito essa oficina deveria ter sido eu, antes de ir para o Butantan, na quinta passada, fazer bagunça e cortar os dedos). Para terminar, às 14 horas vai acontecer um show do Tom Zé.
_____Tudo de graça. Para mais informações, é só entrar no site do Instituto.
19 de fevereiro de 2008
Flerte
17 de fevereiro de 2008
Mudanças de horário
_____Que dia lindo!
_____Tenho um amigo que adora o horário de verão porque ganha uma hora a mais de luz por dia. Eu, pessoalmente, adoro a mudança do horário normal para o de verão, tanto quanto adoro a mudança do horário de verão para o horário normal (o caso de hoje).
_____É maravilhoso! De um dia para o outro, as imagens do meu dia-a-dia mudam. Eu acordo no domingo (já que o horário muda de sábado para domingo) em uma hora completamente diferente. E, segunda-feira, quando eu for trabalhar cedo, todo o cenário do mundo será diferente do que era na semana passada. Quando eu for trabalhar na academia de dança à noite, verei um céu que não via. É como se um pintor tivesse pintado com cores diferentes o fundo de um quadro que eu vejo todo dia.
_____A mudança de horários é fantástica!
P.S.: Aproveitando a deixa: para quem não sabe, estudei História na USP, no período noturno. O prédio do Departamento de História é super estranho e, por um capricho arquitetônico do autor do prédio, não tem a parede do fundo, só a da frente. O que há de mais fantástico é que o fundo do prédio é voltado para oeste e, portanto, durante toda a minha graduação eu, estudante do noturno, pude ver o sol se por. Todos os dias. Quando mudava de horário, então, eu via o sol em outro ponto. Todo mundo deveria estudar em um lugar assim.
16 de fevereiro de 2008
Faça seus quase-clientes abrirem contas em outros bancos
_____Ontem fui para a Nossa Caixa, na Cidade Universitária, fechar minha conta. Ingenuamente eu acreditei que, como as aulas ainda não começaram na USP, a agência estaria vazia. OK, verdade seja dita, a agência não estava cheia, peguei a senha de número 27 e achei, portanto, que logo seria atendido. Cerca de duas horas depois, todas as minhas ilusões infantis já estavam desfeitas, eu já havia concluído meu Romance d'A Pedra do Reino e as cadeiras que pareciam confortáveis no início da peregrinação, já não pareciam tão boas.
_____“Ah, deixa de ser pentelho,” poderá dizer um leitor incauto, “você estava indo lá fechar a conta e ainda queria ser atendido rapidamente?”. O problema não está em fechar a conta. O fato é que os atendentes que fecham contas são os mesmo que as abrem (pelo menos era o que dizia a placa). Até me atenderem, não sabiam se eu queria fechar ou abrir uma conta.
_____Sinceramente, se eu fosse abrir uma conta em um banco e esperasse duas horas para ser atendido, eu levantaria o rabo da cadeira e iria abrir conta em outro banco.
_____De qualquer modo, saí feliz da agência. Um dos motivos é que ainda restava um pouco de dinheiro na conta e eu saí com a carteira cheia (sensação que eu não sentia fazia um tempo). O outro é que a moça que me atendeu ao fim do martírio era uma visão do Paraíso. A moça era tão bonita que, se ela dissesse com jeitinho que ao invés de fechar a conta, eu deveria fazer um seguro de vida, neste momento ser morto pela minha namorada, que lê esta crônica por cima dos meus ombros, seria mais lucrativo... Pelo menos para a minha família.
15 de fevereiro de 2008
Trabalho manual
_____Sabem qual foi minha principal atividade de ontem? Passei a tarde toda dando uma ajuda literalmente concreta à artista Cláudia Sperb na montagem de mosaicos. Eu não tenho o menor talento para esse tipo de trabalho manual, mas, já que precisavam de ajuda, foi um prazer fazer esse serviço (tirando o fato de que ferrei as minhas mãos e que estou com dor nos dedos até para digitar). Vejam como ficou um dos mosaicos que ajudei um pouco a empedrar:
_____Os mosaicos fazem parte de um conjunto de trabalhos de artistas gaúchos sobre animais de interesse médico e mitológico que farão parte da fachada do Museu Histórico do Instituto Butantan. A inauguração da praça devidamente calcetada será no dia 23/II, dada do 107º aniversário do Butantan. Alguns dos outros mosaicos podem ser apreciados neste link.
P.S.: Aproveitando que eu falei de uma artista, achei que valeria a pena indicar duas outras mulheres que trabalham com outro tipo arte: a literatura. Uma delas é a minha querida e doce Lulu, que mudou o endereço do seu blog. A outra é a minha amiga Isabela, que lançou neste mês um blog chamado Rotativa Alternativa, com textos muito interessantes e divertidos.
14 de fevereiro de 2008
Aproveitando as rebarbas
_____Neste mês de fevereiro, vou apenas ficar morrendo de vontade de participar de dois eventos. Mas, pelo menos vou poder aproveitar algumas rebarbas desses eventos.
_____Um deles é o Campus Party. Mesmo não ficando longe da minha casa, não pude me inscrever no evento. No fim das contas consegui aparecer lá no prédio da Bienal, no Ibirapuera, mas só pude transitar na parte aberta ao público não inscrito. Claro que tiveram coisas interessantes. Foi gostoso entrar no planetário itinerante, jogar xadrez no “boteco” local, conversar com outros blogueiros, fingir que pedia informações para as lindas modelos e dar risada das piadinhas do stand do Linux. Porém, não vou poder ver as muitas palestras e eventos interessantes destinadas apenas aos inscritos. O jeito vai ser acompanhar o que alguns blogueiros bacanas estão a contar.
_____O outro evento que não poderei participar é o I Rio Swing Fest. Para quem já lê o blog há algum tempo, sabe que swing é o estilo de dança que mais gosto de dançar. Porém, os deu$e$ e a distância entre a minha casa e o Rio de Janeiro não permitiram que eu fosse. Vou ter que aproveitar os vídeos sobre o congresso que vão disponibilizar na internet e importunar os meus amigos que forem para o Rio.
_____Ainda bem que é bem fácil aproveitar as sobras desses tipos de eventos.
12 de fevereiro de 2008
Truque para lecionar
_____Por mais que eu lecione há 10 anos, nunca havia coincidido o dia de uma aula minha com o dia do meu aniversário. Empolgado com esse fato, anunciei que era meu aniversário em toda sala em que entrei. Fiquei impressionado com o resultado. Pode ser que o interesse da classe se deu pelo meu modo atípico de lecionar e por ainda serem os primeiros dias de aula, mas tive a impressão de que eles estavam interessados, principalmente as salas com alunos mais novinhos, em ver aquele professor que estava dando aula no dia do seu aniversário.
_____Queira ou não, adoro as reações atípicas dos alunos.
10 de fevereiro de 2008
Um dos meus motivos para escrever e seus perigos
_____Por mais piegas que pareça, um dos motivos para que eu goste tanto de lecionar é, exatamente, saber que influencio bastante a vida das pessoas (espero eu, que de maneira positiva). Por mais que esse seja apenas um dos motivos, é um motivo bem importante para mim. Quando escrevo, esse objetivo também existe.
_____Não planejo, de maneira alguma, ditar regras para a vida de ninguém. Porém, é bem bacana imaginar que, por causa de um texto meu alguém acabou sendo mais educado no cinema, escolheu um livro melhor para ler, foi ver uma exposição, ajudou alguém, sentiu-se melhor, divertiu-se com a namorada ou, até mesmo, imaginar que uma postagem minha fez uma faixa de pedestre ser pintada. A Carol Costa, por exemplo, fez um texto bem divertido sobre doação de sangue e aposto que ficaria muito feliz se soubesse que alguém se sentiu estimulado a doar por causa dela.
_____Claro que sempre é bom tomar cuidado. Quando falei (na postagem do dia 31/I) sobre o bom público no cinema, lembrei que é muito gostoso ter muita gente no cinema em uma comédia, que o filme fica muito mais engraçado, mas que é horrível quando alguém “participa” da maneira que não deve, atendendo um celular, por exemplo. Para terminar a postagem, coloquei um vídeo divertido mostrando David Duchovny, no seriado Californication, sentando a mão em um cara que mal educadamente atendia o celular no cinema.
_____A mensagem principal da postagem era “Aproveitem o filme com outras pessoas, é bem mais divertido. Mas, por favor, não incomode o programa alheio.”. Porém, como bem lembrou meu bom amigo Alex, o que o David Duchovny fez também é absurdamente ruim. Atrapalhou mais o filme do que dez pessoas atendendo o celular ao mesmo tempo. Ver o vídeo pode ter sido válido para a reflexão e bem divertido, porém, é sempre bom lembrar, a atitude dele não deve ser imitada de maneira nenhuma.
_____É o caso do clássico Uma modesta proposta para prevenir que, na Irlanda, as crianças dos pobres sejam um fardo para os pais ou para o país, e para as tornar benéficas para a República, de Jonathan Swift. Grosso modo, a proposta de Swift para melhorar a vida na Irlanda é utilizar alguns bebês de famílias pobres como alimento. Horrível? Não. Quem ler com atenção o texto dele irá perceber que, na verdade, Swift está fazendo uma dura crítica à sociedade e como ela tratava os seus membros menos favorecidos financeiramente. Como ficção e crítica política, o texto de Jonathan Swift é ótimo. Porém, obviamente, ele não deve ser aplicado no mundo real. Assim como o vídeo do David Duchovny: é engraçado como ficção, interessante para se refletir, mas é algo horrendo na realidade.
_____Para mim, escrever é muito gostoso. Saber que fiz alguém refletir sobre algo, melhor ainda. Porém, ciente de que muitas vezes escrevo de forma agressiva, é sempre bom tomar cuidado para não passar a mensagem errada. Não quero ninguém se matando ou cozinhando bebês por causa um texto meu, porém é sempre maravilhoso imaginar que alguém parou para pensar por causa de um texto meu.
8 de fevereiro de 2008
Selva de pedra
_____Olhem o que eu encontrei em plena Avenida Paulista:
_____Depois os paulistanos reclamam que fazem piadas com a cidade. ;-)
7 de fevereiro de 2008
Eles existem!
_____Hoje é uma data para ser lembrada na História. Marquem: dia 6 de fevereiro de 2008, uma quarta-feira de cinzas. Por mais absurdo que pareça, acreditem: os pedestres existem e, teoricamente, o governo até sabe disso! Sério, a partir de hoje os pedestres não terão mais de correr entre os carros ou aguardar longos minutos para atravessar a Avenida Paulista de uma só vez. Em alguns semáforos os pedestres agora têm 30 segundos para atravessar a Paulista, o dobro dos absurdamente ínfimos 15 segundos que tinham para atravessar oito pistas e um canteiro central.
_____2008 promete. Quem sabe este ano os motoristas de carro não descobrem que a segurança dos pedestres é que deve ser a prioridade?
6 de fevereiro de 2008
Super Terça-Feira
_____Quem se interessa por política internacional tem inúmeros motivos para se baldar com os ótimos textos que Idelber Avelar, do blog O Biscoito Fino e a Massa, tem feito sobre as eleições norte-americanas nos últimos tempos. Hoje eu estava louco para chegar em casa e acompanhar as postagens em tempo real que ele prometeu para hoje, a “Super Terça” das prévias. Cheguei agora e as postagens estão indo de vento em popa. Vou jantar com a minha namorada e vamos ficar nos divertindo atualizando periodicamente o Biscoito para acompanhar o trabalho dele. Recomendo que quem esteja online não perca a chance de acompanhar ao vivo as atualizações.
P.S.: Para quem não conhecia o trabalho dele, aconselho uma séria olhada nos textos de janeiro para aproveitar mais postagens do Idelber sobre as eleições norte-americanas.
3 de fevereiro de 2008
Piada interna?
_____Eu estava no cinema quando vi pela primeira vez o trailer de Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet, o novo filme de Tim Burton. Dêem uma olhada:
_____Assim que o trailer terminou, dei uma gostosa gargalhada e, no silêncio que se seguiu antes do início do próximo trailer, pude notar que ninguém mais riu.
_____Será que ninguém prestou atenção à última fala da personagem de Johnny Depp? “Finalmente meu braço está completo novamente!”. Tudo bem, eu entendi: o cara é um barbeiro maníaco com uma habilidade fora do comum com navalhas e ele sente que o braço está completo por estar segurando uma navalha. Só que não acaba aí.
_____Digam-me, só eu entendi a piada ou eu sou um maluco completo por achar que o Tim Burton estava fazendo referência a outro filme dele?
2 de fevereiro de 2008
Como se livrar de um seqüestro por telefone
_____Poucas das crônicas que escrevo são pura ficção. A maioria delas são casos que realmente aconteceram, para os quais eu, no máximo, altero alguma parte da realidade para o bom andamento da história. O caso que vou relatar hoje, por mais absurdo que pareça, é completamente verdadeiro.
*****
_____Minha avó estava em casa quando o telefone tocou. Ela atendeu, a ligação era a cobrar. Um desconhecido, do outro lado da linha, chamando-a de senhora, disse para ela esperar um pouco, pois o filho dela (meu pai) queria falar com ela. Minha avó, que sempre acha que alguma desgraça aconteceu, já começou a ficar preocupada.
_____“Por que será que não foi meu filho que ligou?”; “Por que ele pediu para alguém ligar?”; “Por que ele ligou a cobrar?”; “Será que aconteceu algum acidente?”. Foi com essa carreira de pensamentos positivos que outra voz apareceu no telefone, meio chorosa: “Mãe, mãe, você precisa me ajudar. Eu fui seqüestrado e não tenho dinheiro. Eles vão me matar, mãe. Você tem de depositar um dinheiro na conta que o moço vai passar para a senhora.”.
_____Assim que minha avó começou a fazer perguntas, o homem desconhecido que havia ligado pegou o telefone. Disse para minha avó se acalmar. Eles haviam seqüestrado o filho dela, mas, assim que ela depositasse o dinheiro na conta que ele passaria, eles iriam libertá-lo.
_____Pronto, minha avó começou a chorar. Ela chorou, berrou, praguejou, rezou, sem parar em nenhum instante. “Não façam isso, eu sou apenas uma senhora de 82 anos.”; “Meu filho é trabalhador, larga ele!”; “Isso é pecado, você sabia?”; “Deus vai castigar você.”; “Por favor, solta o meu filho.”; “Olha, isso não se faz.”; “Oh, Senhor, ajude meu filho. Pai nosso, que estais no céu...”; “Buáááá!”. Sem um só momento de intervalo, ela intercalava aquele misto de choros, ameaças divinas, orações, súplicas e lições de moral. O pobre seqüestrador não conseguia nem falar.
_____Após vários minutos de escândalo da minha avó, o seqüestrador gritou do outro lado da linha: “Você é uma louca! Não dá para negociar com uma pessoa nervosa desse jeito.”. E, então, desligou.
_____Depois de chorar mais um pouco, minha avó ligou em casa. Meu pai estava lá, sem nenhum problema. A ligação era apenas uma tentativa de golpe.
_____Chorando, minha avó contou toda a história. Disse que achou mesmo a voz do cara que falou com ela parecida com a do meu pai, que não sabia como agir e essas coisas que as pessoas falam quando passam por situações como essa. Meu pai disse que a conhece bem e que, mesmo que fosse seqüestrado, ela seria a última pessoa para quem ele pediria para os bandidos ligarem. Eu, pessoalmente, achei interessante o método dela para se livrar de seqüestros por telefone. Será que funciona, também, para se livrar das ligações de telemarketing?
P.S.: Resolvi contar essa pequena tragédia familiar após rir um tanto com uma crônica escrita pelo Marconi Leal.