30 de março de 2008

Banner do blog

_____Recebi duas versões de banners de topo para o Incautos do ontem. Adorei ambas. Elas são as seguintes:

Incautos2

Incautos1

_____Como não consigo me decidir, tenho de aprender como fazer para elas ficarem se alternando cada vez que uma nova pessoa entra...

_____De qualquer modo, comentem o que vocês acharam.

28 de março de 2008

Algo planejado para a noite de hoje?

_____Nesta sexta-feira um evento um tanto inusitado vai acontecer. Uma sessão de cinema a céu aberto, às 21 horas, no topo do Edifício New England (Avenida Angélica, 2346), em Higienópolis.*

_____O “Cinema nas alturas” (Black Label Unseen) vai passar o inédito Encurralados, de Pierce Barker. Os mais engraçadinhos já disseram que o título Encurralados é perfeito para uma sala de cinema sem paredes. Eu, pessoalmente, creio que o filme que deveria ser transmitido no topo do edifício é a estréia Jumper, de Doug Liman.

_____Piadas à parte, mesmo anunciando o evento aqui, não vou participar. Primeiro porque estarei trabalhando. Segundo, por achar o preço de 35 reais para uma sessão de cinema absurdamente salgado. Se eu quiser ver um filme sem paredes em volta, é só esperar a próxima Mostra de Cinema de São Paulo, que sempre organiza sessões gratuitas no vão do Masp.

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_____Aproveitando, quem estiver a fim de um programa divertido para hoje à noite sem gastar nada, saiba que é dia da tradicional e divertida bicicletada paulistana.

Bicicletada

_____Eu, como já disse, estarei trabalhando. Quem quiser aproveitar um baile de salsa, sinta-se convidado.

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* Uma nova sessão do “Cinema nas alturas” (Roof Top Cinema) vai acontecer amanhã, sábado (29/III/08), também às 21h.

Não exagere na piada

_____A não ser que eu viva me enganando, creio que sou uma pessoa bem humorada. Adoro comentários sarcásticos e boas tiradas de humor. Acho, inclusive, muito interessantes e divertidas algumas brincadeiras feitas com obras de arte.

Dalipods

_____Não foi à toa, portanto, que quando cruzei com a paródia acima da Persistência da memória, de Salvador Dali, após dar risada, saí em busca de brincadeiras parecidas feitas com iPods e obras de arte. Acho que essa com O Grito, de Edvard Munch, foi bem sucedida:

ipod scream

_____Porém, é sempre bom tomar cuidado para não exagerar na piada. Ou alguém tem alguma dúvida que passaram um pouco do ponto com a mais famosa pintura de Leonardo da Vinci?

Mona Lisa as Ipod


P.S.: Diga-se de passagem, para fazer propaganda de iPod (ou idolatrá-lo, sei lá), nem é necessária uma obra de arte consagrada. Uma boa referência pop pode muito bem dar conta do recado:

Ralph Wiggum iPod

P.P.S.: Para quem gostou da brincadeira, existem outras figuras bacanas aqui. A minha preferida (não citada nesta postagem) com iPods como tema principal está neste link.

25 de março de 2008

Postagem sem título

_____Sou péssimo escolhendo títulos! Não importa se tenho uma idéia simples, se faço uma pesquisa, se escrevo um texto longo ou um texto-piada. Quando termino, fico um tempão pensando que nome eu dou para a criança. Minha namorada que sempre me salva. Quando ela não está por perto, sempre acho que escolhi um título meia boca.

_____Está decidido: quando eu tiver filhos, ela escolhe o nome.*

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* Vai que eu faço como o Pedro Abelardo que deu o nome de Astrolábio para o seu próprio filho...

23 de março de 2008

Trabalho manual (parte II): obra concluída

_____Lembram do mosaico da Praça Vital Brasil que eu ajudei a empedrar? Fui até citado no “Mundo de cidades” do blog Goitacá. Só que, mesmo tendo trabalhado no mosaico, eu ainda não havia visto o resultado.

_____Neste final de semana, no meio da chuva, passei no Instituto Butantan com a minha namorada só para ver como ficou o mosaico depois de pronto. Uma graça (ainda mais, molhado). Dêem uma conferida:

Mosaico 1
Mosaico 2
Mosaico 3

21 de março de 2008

As águas de março e o camelô

_____Quem é paulistano já deve ter percebido que as águas de março estão realmente fechando o verão. Está chovendo bastante nas últimas semanas.

_____Como nem todos são tão ricos como eu (que tenho dois helicópteros na garagem), as pessoas têm de arrumar algum jeito de sobreviver nesse nosso pobre país capitalista. Alguns vendedores ambulantes, mal começa a cair algumas gotas do céu, surgem por geração espontânea pela cidade vendendo guarda-chuvas.

_____Um lugar infalível para encontrá-los é na saída das estações de metrô. Você está lá, andando de metrô, debaixo da terra, sem saber o que acontece na superfície e, quando sai da estação, acaba sendo surpreendido pela água. Sabendo disso, em toda porta de estação do metrô em momentos de chuva surgem, pelo menos, uns dois mascates oferecendo guarda-chuvas.

_____Eu e minha namorada entramos no metrô com o dia claro e seco e, quando fomos sair na nossa estação de destino, as águas de março estavam nos esperando do lado de fora. Um simpático camelô nos ofereceu um guarda-chuva.

_____– Querem um?

_____Recusei enquanto tirava uma sombrinha vermelha da minha mochila.

_____– O seu é pequeno, comprem mais um. Assim cada um pode usar um guarda-chuva. – Insistiu o rapaz.

_____Sorrindo, respondi:

_____– Não precisa, é melhor um guarda-chuva só. Assim posso ficar abraçando ela.

_____Depois de sorrir também, o vendedor respondeu:

_____– Se quiser, tenho um guarda-chuva infantil. É bem pequeno e você vai poder abraçá-la mais ainda.

_____Ando duro e não comprei, mas admito que o cara tem talento para vendas.

19 de março de 2008

Cartaz do curso de História da peregrinação

_____Vocês lembram do meu texto sobre Compostela e um dos motivos para a santidade do local (e, portanto, para a afluência de peregrinos para lá) que publiquei aqui no blog? Eu disse que era parte de uma propaganda de um curso de História da peregrinação que fui convidado a organizar, lembram? Pois bem, faz algumas semanas, enviaram-me o cartaz de propaganda do curso com o meu texto, todo diagramado. Ficou bem bacana, dêem uma olhada:
Cartaz do curso

Clique aqui para ver o cartaz em tamanho maior ou aqui para ler apenas o texto.


17 de março de 2008

Dê férias para os seus pés sem precisar de chinelo

Tênis Split Sole DK 70 - Só dança

_____No final do ano passado eu ganhei de presente da academia de dança em que trabalho, um par de tênis próprio para dançarinos. Vocês não imaginam como é maravilhoso usá-los nos pés, até agora eles só perderam para mãos femininas fazendo massagem.

_____Desde que me conheço por gente, assim que eu entrava na minha casa, invariavelmente, eu jogava longe os meus tênis. Deixar os pés livres sempre foi algo que muito me agradou, os calçados faziam com que eu me sentisse tolhido. Hoje, quando estou com meu tênis de dançarino, não tenho essa ânsia louca por jogar meus calçados na foto da minha chefe atrás da porta assim que eu entro em casa (até arrumei uma utilidade para os meus dardos).

_____Os tênis de dança são confortáveis, macios e permitem uma mobilidade impressionante para os pés. Quem olhar com atenção as ilustrações que eu coloquei, vai perceber que a sola é dividida em duas, o que permite que você mexa os seus pés quase com tanta liberdade quanto você teria descalço (só não dá para chacoalhar os dedinhos). Para um dançarino, o tênis é ótimo porque a sola da frente é mais lisa, facilitando os giros; a sola do calcanhar, por outro lado, ajuda a estancar os movimentos (além de conter o clássico amortecedor).

Tênis - Capezio

_____Para quem não é dançarino o calçado também serve muito bem. Além de absurdamente confortáveis – com uma flexibilidade que não costuma ser comum nos tênis normais –, eles podem ser usados como qualquer outro tênis (atualmente só uso eles no meu dia-a-dia). Os meus são pretos, mas vocês encontram nas cores branco, azul royal, vermelho, pink e “hot pink” (para quem quer que todo mundo perceba o seu tênis novo).

_____Para quem gostou da dica, tenho um aviso: ao comprar o tênis, não saia todo pimpão andando por aí sem um pequeno test drive. As solas separadas que dão tanto conforto pegam os menos cautelosos de surpresa nas escadas. Eu me estatelei de bunda no chão no primeiro dia, mas foi só subir a escada com calma duas vezes que eu logo fiquei craque e nunca mais caí (tá bom que já vi umas três vezes algumas pessoas que estavam na minha frente caírem quando eu me desequilibrei, mas deve ser coincidência).

P.S.: Este artigo não é patrocinado (tanto que coloquei duas marcas diferentes nas imagens), só o escrevi porque eu acredito que meus leitores vão gostar muito de usar um calçado como esse (dançarinos ou não). É realmente uma delícia, experimentem.

P.P.S.: Esta postagem com esse tema atípico faz parte da “Blogagem inédita” organizada pelo Edney Souza.

16 de março de 2008

Nova cabeleireira

_____Semana passada eu deixei minha namorada cortar meu cabelo. Por mais que fosse a primeira vez dela como cabeleireira masculinha (e eu tivesse um leve medo de perder a orelha), deixei. Não só foi uma gracinha vê-la tomando todo o cuidado para fazer tudo com capricho, como, também, foi ótimo economizar o dinheiro para uma ida ao cinema.

_____O corte ficou bom. Não fiquei com nenhuma falha estranha no cabelo (ou todo mundo que me encontra disfarça direito). O único problema é que convivo com a minha nova cabeleireira. Faz uma semana que a louca da minha namorada fica achando algum ponto no meu cabelo para fazer um “pequeno retoque” e não pára de me seguir com aquela maldita tesoura.

14 de março de 2008

Bichos escrotos

Botão depredado
_____Alguém é capaz de me dizer o motivo para um infeliz ser escroto a ponto de depredar o botão dos raros sinais de sinal de pedestre que existem em São Paulo? O pior é que esse da foto acima até que está pouco depredado, o comum é que os botões estejam em um estado bem mais lastimável.

_____E pensar que o anormal que faz isso é pedestre! Ai, ai... não se fazem mais pedestres como antigamente. ;-)

P.S.: Aproveite e dê uma comparada com Salzburgo, na Áustria.

Escreveu, não leu...

_____É óbvio que ninguém é obrigado a ler o que eu escrevo. Porém, depois de algum tempo de blog, eu acabei me acostumando a ter leitores e fico muito feliz com isso. Muitos eu nem sei que existem, mas os que já se manifestaram, foram lidos com todo o carinho (quer eu tenha ou não gostado do comentário). Existem aqueles que sempre falam algo, uns que comentam por aqui só de vez em quando e outros, ainda, preferem se comunicar comigo por e-mail.

_____É bem gostoso me relacionar de alguma forma com quem me lê (ainda mais porque, que eu saiba, não tenho leitores psicopatas), mesmo que seja apenas com um sorriso meu deste lado da tela. Porém, acostumado com os comentários, acabei ficando mal-acostumado.

_____No último domingo publiquei um texto que me deu um imenso trabalho sobre o Romance d’A Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta, de Ariano Suassuna. Por melhor que seja o livro, ele é imenso e tem algumas partes um pouco entediantes. Lê-lo já deu trabalho. Arrumar o que escrever sobre ele, mais ainda (principalmente porque tive de fazer um bom tanto de leituras extras). Foram uns dois meses preparando tudo.

_____O problema é que ninguém falou nada sobre o texto e, como eu disse, fiquei mal-acostumado. Dá uma séria impressão que meus leitores não gostaram. Ou, pior ainda, que não leram.

_____Muitas das minhas postagens-piadas, com algum cometariozinho jocoso sobre algum acontecimento, que praticamente não me deram trabalho algum, fizeram um sucesso absurdamente maior. Não estou pedindo comentários para a postagem sobre o Romance d’A Pedra do Reino, só aproveito para perguntar: meus textos mais acadêmicos também agradam vocês? Eu nem imagino como conseguiam viver aqueles escritores dos séculos anteriores, sem nunca saber o que pensavam seus leitores.

11 de março de 2008

Sempre que chove...

A água e a sala de aula
_____Estão vendo a foto desse lugar com água empoçada? Se vocês olharem com mais atenção, vão descobrir que é uma sala de aula. Horrível, né? Triste, não?

_____Tudo bem, já vi salas piores, mas isso não é justificativa para nada. E não faz com que essa cena deixe ser triste.

P.S.: Sim, os extintores do canto estão vencidos.

9 de março de 2008

Raízes medievais do Romance d'A Pedra do Reino

_____Li o Romance d’A Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta, de Ariano Suassuna, pensando em participar do clube de leituras do blog O Biscoito Fino e a Massa, de Idelber Avelar, no dia 18 de fevereiro. Porém, por mais que eu tivesse gostado da obra, não achei que eu tivesse algo de muito interessante para falar e, portanto, limitei-me a ler e a acompanhar o debate. No meio das discussões que aconteceram no Biscoito, entretanto, acabei fazendo novas reflexões e percebi alguns elementos interessantes que não haviam entrado no meu rol inicial de idéias durante a minha leitura do livro. Fiz umas leituras extras e hoje, mesmo estando mais atrasado do que padre que aparece em velório para batizar o morto, aproveito para publicar, aqui, algumas das minhas reflexões sobre a obra.

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Romance d'A Pedra do Reino

_____Em uma tentativa de pontuar mudanças e se afirmar no tempo, os pensadores da Idade Moderna (1453-1789) rejeitaram o período anterior, a Idade Média (476-1453), e acabaram por construir uma imagem fortemente negativa da época. Não é à toa que, até hoje, a mais famosa alcunha para o período medieval é “Idade das Trevas”. O século XIX, por sua vez, retomou a medievália de maneira romântica, pintou o período como uma época áurea, admirável, com valores que, há muito, não existiam.

_____Por mais que muitas vezes seja difícil saber se o que está sendo falado no Romance d’A Pedra do Reino é sério, é bem fácil perceber que Suassuna segue a tradição do século XIX de louvar a Idade Média. Essa visão de um período medieval resplandecente é, sem dúvida, consciente na maior parte do livro. Tanto que existem referências e mais referências sobre Carlos Magno e seus pares de França, comparações com cavaleiros da Idade Média, doutrinas milenaristas, louvor à “nobreza”, rejeição ao que não é “aristocrático”, etc..

_____O que pretendo demonstrar com este pequeno texto é que muitos dos elementos que figuram no Romance d’A Pedra do Reino têm raízes medievais muito arraigadas no imaginário coletivo brasileiro e não poderiam, mesmo se Suassuna quisesse, deixar de aparecer na obra.

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_____Região bastante pobre do território, com fortes traços arcaizantes, o nordeste brasileiro (inclusive o “Brasil verdadeiro” de Suassuna – que se localiza entre a Paraíba, Pernambuco e Alagoas), guardou, com muita força, características medievais que, aos poucos, iam desaparecendo no mundo industrializado. O sucesso das cantigas de cordel e das histórias medievais, principalmente no sertão, não são mera coincidência.

_____Como bem fala Hilário Franco Júnior, no seu livro Cocanha: a história de um país imaginário, “A literatura de cordel preserva valores abandonados pela sociedade global, procedendo assim ‘a um processo de crítica a esta sociedade, mesmo sem o pretender conscientemente’(PIRES FERREIRA, p. 13). Tal arcaísmo gira em torno de dois grandes eixos, o do valente e o do santo, cangaceiros e líderes messiânicos, pois como Eric Hobsbawm notou, banditismo e milenarismo historicamente caminham juntos.” (p. 221). Assim como a literatura medieval associava cavaleiros e clérigos, o cordel nordestino associa cangaceiros e homens santos. O livro de Suassuna, simulacro de um grande cordel, não foge dessa tradição.

_____A louca e constante justificação de Quaderna, personagem-narrador do Romance, pouco foge de um grande louvor à valentia cavaleiresca e ao messianismo. Também é o caso da superstição, muito presente nas personagens da obra. O nordeste brasileiro é, ainda hoje, muito supersticioso e o era mais ainda na primeira metade do século XX – tal qual era absurdamente supersticiosa a Idade Média européia.

_____Quando os leitores e alunos do Idelber falam que a obra é reacionária, que Quaderna procura instaurar um reino e não acabar com a desigualdade, isso nada mais é do que parte de uma tradição medieval que valoriza a nobreza em detrimento do povo. O povo nada mais faz do que ter sua função de povo (plantar, servir e permitir a boa vida da aristocracia que os “protege”).

_____Medieval também é a reducionista visão de popular que tem Suassuna. Popular parece ser apenas aquilo que tem uma forte tradição local, um constante fugir do outro, não relacionar-se com os de fora, um viver enfeudado. Diga-se de passagem, o nordeste brasileiro da primeira metade do século XX tinha relações exíguas com o resto do país, na região o poder central era fraco. Esse poder central pífio, característico do feudalismo, acabou sendo uma das bases da sociedade coronelista nordestina.

_____É exatamente um poder central fraco que permite a existência, só para exemplificar, dos vários impérios e das pretensões de Quaderna no Romance d’A Pedra do Reino. Esses reinos acabavam por existir graças ao fraco controle de um poder central. Diga-se de passagem, o Quarto Império, herdeiro direto do Terceiro Império, o do massacre, por exemplo, acabou pela força de senhores locais, não do governo. Fazendeiros armados (uma elite forte e armada com seus jagunços) nada mais são do que uma subversão dos senhores feudais, da nobreza medieval – nobreza que, vale lembrar, lutava, que era guerreira por excelência.

_____Para terminar, é bom tomar cuidado ao analisar a obra e procurar nela (ou na época em que se passa o romance ou no momento em que ele foi escrito) raízes medievais, pois certas simplificações de análise podem facilmente terminar na boca do leitor. Por exemplo, o machismo da obra, também tão criticado pelos comentaristas do Biscoito, não é necessariamente uma característica medieval. Ele pode ter sido forte na Idade Média, mas ele é quase atemporal se a história da humanidade for vista com cuidado.

_____Vale ressaltar que criticar o machismo da obra é um pouco problemático. A ação principal acaba acontecendo na década de 1930, no nordeste brasileiro, local e época absurdamente machistas. O machismo de Quaderna nada mais é do que algo de verossímil na personagem. Esse machismo é característica de um homem nordestino da primeira metade do século XX. Fazer uma personagem desse local e época não sendo machista seria motivo para mil outras análises, talvez para outro romance. Assim como muitas das características medievais do Romance d’A Pedra do Reino são verossímeis para o nordeste brasileiro, por mais tresloucado que pareça o romance algumas vezes. Se essas características não existissem na obra é que mais ainda teria para se estranhar.

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_____Para ajudar os leitores interessados no que foi citado, darei as referências bibliográficas:

- FRANCO JR., H.. Cocanha, a história de um país imaginário. São Paulo,Companhia das Letras, 1998.

- HOBSBAWM, E.. Bandidos. Rio, Forence, 1975.

- PIRES FERREIRA, J.. Cavalaria em cordel. São Paulo, Hucitec, 1979.

_____Meu Romance d’A Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta é de 2007, da José Olympio Editora.

_____Além dessas obras, foi essencial para este texto um ensaio de Hilário Franco Júnior chamado “Raízes Medievais do Brasil”, publicado em 1998 pela Universidade Federal do Pará.

8 de março de 2008

Futuro banner

_____Desde que inaugurei este blog, eu penso em colocar um banner de apresentação no topo. Só que a minha falta de talento para desenhar e meu parco conhecimento de informática me impediram de concretizar minha vontade até hoje e, portanto, o cabeçalho do Incautos sempre foi formado só de letras cruas e algumas corezinhas.

_____Há poucos dias fui presenteado com uma proposta ótima. Um ilustrador bem reconhecido e para lá de talentoso disse que poderia fazer o meu banner, que eu só precisava dizer para ele o que fazer que ele resolveria o meu problema. Aí que eu caí na realidade...

_____Como é difícil resolver isso! Não consigo pensar em nenhum tipo de ilustração bacana que eu possa usar para explicar um pouco o título e/ou resumir meus trabalhos aqui no blog.

_____Bem, queridos leitores, vocês acabaram de ser convidados a opinar. Enviem algumas sugestões. Podem sugerir nos comentários ou, para os tímidos, mandar um e-mail.

P.S.: Querem saber mais detalhes sobre quem vai fazer meu banner? É segredo. Só depois de pronto que eu vou contar tudo para vocês.

P.P.S.: Como extra, ficam aqui três exemplos de banners de topo que eu adoro.

6 de março de 2008

Voyeur

_____Poxa vida! Eu moro em São Paulo, uma cidade divertida, cheia de coisas para fazer, com uma vida cultural maravilhosa... Mas, convenhamos, não é um paraíso tropical com praias e afins. Não fico vendo meninas de biquíni andando na rua todos os dias. Tinha de ser bem embaixo da minha janela que uma vizinha gostosa resolveu tomar sol de fio dental e com a parte de cima do biquíni desamarrada? Não foi possível me concentrar direito até o pôr-do-sol...

P.S.: Perdoem-me, queridos leitores, mas minha máquina não tem zoom. Se alguém quiser ajudar a infra-estrutura deste blog, eu aceito presentes.

P.P.S.: Para quem tem a mesma sorte que eu, creio que este link pode interessar bastante.

P.P.P.S.: Este blog ainda vai me deixar solteiro...

4 de março de 2008

Risco de acidentes (parte II)

_____Nos comentários da minha última postagem – “Risco de acidentes” –, o leitor Luis lembrou que, mais do que proibir as pessoas de circularem por algum lugar, deveriam é proibir os carros que, no fim das contas, são uma parte importante para o “risco de acidentes”. Como a postagem surgiu por causa de uma placa que avisava do risco de acidentes, ressaltando que os “Veículos [são] somente conduzidos pelos manobristas”, acabei me lembrando de um trecho do livro On the Road, de Jack Kerouac.

_____Logo no início do livro, o autor-narrador nos conta como conheceu seu amigo Dean e o quanto aquele “vagabundo iluminado” foi influente em sua juventude. Em certo ponto, ele descreve um dos empregos de Dean em um estacionamento: “... ele trabalhou como um cão naquele estacionamento. O mais fantástico garagista do mundo, capaz de dar marcha à ré a sessenta por hora num corredor exíguo e estreito, parar rente à parede, saltar do carro, correr entre os pára-choques, pular para dentro de outro, manobrá-lo a oitenta por hora em um espaço minúsculo, bater a porta com tanta força que o carro ainda balança enquanto ele sai voando em direção à cabina de controle como um atleta na pista, alcança um novo tíquete para um recém-chegado e, enquanto o motorista ainda está saindo do carro, pula literalmente sobre ele, liga o motor com a porta entreaberta e sai cantando os pneus em direção ao lugar disponível mais próximo, manobra outra vez, trava bruscamente, salta fora, inicia nova corrida entre os pára-choques, trabalhando assim oito horas por noite sem parar, no rush dos fins de tarde ou nas horas de pique na saída dos teatros, vestindo calças velhas sujas de graxa, uma jaqueta rota furada de pele e sapatos gastos com a sola descosturada.” (p. 26).

_____O efeito literário pode até ser interessante e o livro de Kerouac ter grandes qualidades, mas é importante não esquecer o quanto os carros podem ser perigosos. Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa, em um ótimo artigo escrito para a revista Carta Capital que já citei outras vezes por aqui, lembra que “Até as guerras empalidecem ante as estatísticas do trânsito, sem que isso inspire tanto horror quanto seria de esperar. Trata-se de sacrifícios humanos socialmente aceitos.”.

_____Imaginar que são os pedestres que devem se preocupar com os carros e não os motoristas que devem se preocupar com os pedestres é uma inversão de valores absurda. Mesmo não parecendo, os carros não deixam de ser armas de mais de uma tonelada nas mãos de pessoas que podem ser completamente inconseqüentes. Pessoas que podem correr influenciadas por propagandas, literatura ou pelos costumes contemporâneos que convenceram parte da população de que são os motoristas que devem ser respeitados, que a cidade e as ruas são dos carros.

_____Como bem lembrou um ciclista em uma das bicicletadas mensais que acontecem aqui em Sampa, “Carro mata – use com cuidado”.

Carro mata

2 de março de 2008

Risco de acidentes

_____Perto de um dos lugares em que trabalho, eu encontrei a seguinte placa na porta de um estacionamento:

Risco de acidentes

_____Como assim, “Risco de acidentes – Veículos somente conduzidos pelos manobristas”? Os manobristas do local são tão ruins assim? Melhor contratar outros manobristas, vocês não acham?