30 de julho de 2008

Paradoxo profissional

_____Semana passada eu estava saindo de uma peça de teatro, indo em direção ao metrô, quando encontrei uma atriz conhecida minha. Após os cumprimentos básicos, perguntei o que ela fazia por ali.

_____– Eu moro naquele prédio.

_____– Sério!? Que legal, acabei de ir àquele teatro. Ali. – respondi apontando para o edifício do lado.

_____– Nunca fui lá. Ah, mas deixa eu falar uma coisa para você: em setembro vou trabalhar em outra peça.

_____Anotei o nome da peça, prometi que iria e a conversa continuou. Quando fomos nos despedir, aproveitei para convidá-la para irmos juntos ao teatro antes da peça dela estrear. Qual não foi minha surpresa quando ela respondeu sem nem um pouco de rubor nas faces:

_____– Vamos sair para fazer outra coisa. Acho um saco assistir peças de teatro.

_____Será que só eu acho um disparate uma coisa dessas? O fato é que a minha vontade de assistir a peça dela diminuiu consideravelmente.

29 de julho de 2008

Acidente de trabalho

Árbitra Lia Mara Lourenço atingida por um dardo
_____A pobre moça da foto aí de cima é a árbitra de atletismo Lia Mara Lourenço. Em 2006, durante o aquecimento de uma competição, ela teve o pé perfurado por um dardo. Por pior que tenha sido a situação, o chefe da equipe de árbitros afirmou que o acidente ocorreu por causa da falta de atenção da própria juíza. Mesmo assim, pode apostar que o atleta que a atingiu não se sentiu melhor por causa disso.

_____Faz uns dias, durante um treino de dança, acabei machucando minha parceira. Ela vai ficar quarenta dias com o pé imobilizado, sem poder dançar. Com certeza ela já deve ter cansado de falar que o acidente ocorreu, também, pela falta de atenção dela e eu, sem me cansar de envergonhadamente me desculpar, não me sinto nem um pouco consolado com isso.

Pé machucado da Fê


P.S.: Vantagens da vida de escritor: se algum dia minha parceira ler esta postagem, eu imagino que ela vai se sentir melhor (pelo menos ao dar uma olhada no pé da árbitra da primeira foto). ;-)


26 de julho de 2008

Carentes ou sádicos?

_____– Então, como vai sua família?

_____– ElesSS vãHHo beÊmN.

_____– E a sua irmã? Ela está gostando do emprego novo?

_____– TáHH sSSSiNm...

_____– Que bacana. Mas, por que ela saiu mesmo do outro trabalho?

_____Ontem eu fui ao dentista. Como de costume, assim que eu sentei na cadeira e abri minha boca para ele olhar, começou o bombardeio de perguntas. Parece que nunca falta assunto para os dentistas. Nem assunto, nem objetos para eles cutucarem a sua língua ou abrir mais a sua boca. E o pior é que, do mesmo modo que os médicos entendem de letras incompreensíveis, os dentistas parecem compreender os grunhidos que os pacientes soltam como respostas, pois sempre parece haver uma continuação para conversa.

_____Será que todos os dentistas são carentes e precisam conversar ou eles fazem isso só por causa do sadismo clássico da profissão?

*****

Atualização: O Léo e o Luis, leitores freqüentes e queridos deste blog, deixaram duas interessantes indicações para complementar esta postagem nos comentários. Divirtam-se conferindo.

24 de julho de 2008

Bons tempos

_____Mesmo sabendo que isso pode soar anacrônico, morro de dó das pessoas de outras épocas. Coitados dos infelizes da Antigüidade que não puderam experimentar o strogonoff (prato inventado, provavelmente, no final da Idade Média), dos pobrezinhos que viviam sem chuveiro de água quente e dos sofredores que viveram em épocas em que o uso da escova de dente não era difundido.

_____Lendo dia desses Helena, do Machado de Assis, fiquei com mais dó ainda ao ser lembrado de como eram as relações entre homens e mulheres por parte da sociedade no século XIX. Na estória, Estácio namorava a bela Eugênia e, no quinto capítulo, tenta pedi-la em casamento. O jovem casal se vê só no jardim em um determinado momento e acabam colhendo uma flor.

_____“Estácio colocou a flor na botoeira.

_____– Vai cair! disse Eugênia. Quer que pregue um alfinete?

_____Estácio não teve tempo de responder, porque a filha de Camargo, tirando um alfinete do cinto, prendeu o pé da flor, gastando muito mais tempo do que o exigia a operação. A moça não era míope; todavia aproximou de tal modo a cabeça ao peito do mancebo, que este teve ímpetos de lhe beijar os cabelos, e seria a primeira vez que seus lábios lhe tocassem.”.

_____Por Clio, pobres diabos. O infeliz cortejava a moça fazia um tempão e só no dia que ele decidiu pedi-la em casamento que os lábios dele quase tocaram ela? Quase tocaram os cabelos! Credo. Não invejo nem um pouquinho as pessoas das outras épocas.


22 de julho de 2008

Super Fraco

_____Estar doente é um porre. Eu me sinto fraco, qualquer coisa me cansa e eu não consigo fazer direito nem as coisas que gosto.

_____Creio que o Calvin sabe muito bem como eu me sinto:

Calvin - Hancock

P.S.: Esta piadinha foi devidamente patrocinada pela Sony Pictures. ;-)


20 de julho de 2008

Castigo divino

Hipnos e Tânatos carregam o corpo de Sarpédon

_____Os deuses pedem sacrifícios a todos os mortais. Se não respeitamos esses sacrifícios, os deuses nos castigam. Hipnos, o deus do sono, pede que eu sacrifique a ele algo que é muito precioso para mim: o meu tempo. Hipnos quer que eu utilize muitas horas da minha vida para dormir.

_____O problema é que eu o desrespeitei. Não sacrifiquei a Hipnos todo o tempo que ele gostaria. Como castigo pela minha falta de horas dormindo nas últimas semanas, ele tomou minha saúde.

_____Estou doente já faz uns dias, com uma imensa dor de garganta. Comer é necessário caso eu queira apaziguar a fúria do deus. O castigo dele, vale dizer, é bastante cruel, pois não só eu tenho de comer apesar da dor de garganta, como, também, acabo não sentindo o gosto de nada.

_____Fiz a burrada de contar para minha namorada o estado atual do meu paladar. Ela, então, disse: “Já que você não sente o gosto de nada, acho que é um bom momento para fazer você comer as saladas que você tanto despreza.”.

_____Tenho certeza que Hipnos está rindo até agora.

18 de julho de 2008

Como trazer a pessoa amada em um semestre

_____O mundo acadêmico é muito engraçado. Dando uma olhada nas matérias que serão oferecidas no segundo semestre para ver se alguma se adéqua aos meus horários, descobri, no Instituto de Psicologia, a disciplina “Psicologia Experimental – Relacionamento amoroso: teoria e pesquisa”.

_____Claro, nada contra alguém se especializar no tema (parece bem mais interessante do que um médico que decide se especializar em proctologia). Deve ser ótimo para se ter no currículo. Só fica a curiosidade de como será ministrado um curso desse tipo.

_____Pedir algum pré-requisito poderia excluir um bom tanto de alunos, entretanto prometer alguma aula prática seria fantástico para lotar as salas. A parte de pesquisa, então, deve ser interessantíssima (só não deve ser tão legal assim discutir a relação). Queira ou não, o programa do curso começa bem, o primeiro tópico é sobre a “Escolha de um parceiro amoroso.”. Levando em consideração o número muito superior de mulheres na Psicologia, parece bem promissor.

_____Só há um pequeno ponto do programa que eu acredito que valeria à pena deixar mais claro: a avaliação. Ainda estou muito curioso para saber o que o professor responsável pelo curso quis dizer ao colocar “provas práticas” como critério avaliativo.

16 de julho de 2008

Como estou dirigindo?

Net - Faixa 1
_____Oras, a resposta é simples. Você está dirigindo como quase todos os motoristas por aqui: está dirigindo de maneira que desrespeita os pedestres.
Net - Faixa 2
_____Será que dirigir assim leva a algum castigo? Duvido...

15 de julho de 2008

Exposição para ler Machado de Assis

_____Amanhã, terça-feira, será aberta ao público a exposição “Machado de Assis, mas este capítulo não é sério”, a nova exposição temporária do Museu da Língua Portuguesa. Graças a um caso que tenho com uma moça que trabalha no Museu aos meus contatos, consegui ver a mostra na abertura para convidados e aproveito para indicá-la para os meus leitores.
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Machado de Assis

_____Brincalhona desde o seu nome, a exposição é toda dividida em capítulos. Mas, atenção, apressado leitor, não comece o passeio sem antes pegar o impresso-guia. O livreto provoca os passos do público a cada nova divisória da exposição. Aconselho uma rápida leitura de cada capítulo do guia antes de adentrar a secção correspondente – não consultá-lo é garantia de que se irá perder um interessante contraponto, uma boa curiosidade (como, por exemplo, um palavrão publicado indevidamente em uma obra do recatado Machado).
_____A exposição toda parece montada com o ideal de atrair novos leitores e não deixa de usar os mais diversos recursos para isso. O “Capítulo XXX: Irreal Gabinete de Leitura” é um ótimo exemplo: brincando o tempo todo com claros e escuros, leituras, sons e imagens em vários pontos da sala, só peca por carecer de melhores interpretes para alguns textos. Talvez conhecer Raquel Kogan, autora da obra “Reler” (exposta atualmente no Itaú Cultural), que fez um ótimo trabalho com contatos atípicos com a leitura, enriquecesse esse tipo de experiência.
_____A seleção dos textos, mesmo atentando quase que somente aos maiores clássicos machadianos, é ótima e bem distribuída. Até nos banheiros, parte integrante das mostras temporárias do Museu da Língua, podem ser encontradas leituras condizentes (perto da porta do banheiro feminino, por exemplo, o publico pode se deliciar com o provocativo “Uns braços).

Uns braços
_____A exposição não é destinada a quem tem pressa. A graça é ir para ficar com vontade de ler Machado de Assis; e ler mesmo. Não só no impresso-guia o leitor ganha um conto para levar para casa, como, também, no final da exposição, centenas de livros estão disponíveis para que o público possa sentar e se deliciar com as obras do Mulato Sabido.
_____Como costumam ser os trabalhos do Museu da Língua, vale muito à pena visitar. Para quem for, deixo o adágio de Brás Cubas que, debochadamente, os guias da exposição expõem em suas camisetas: “A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus.”.

12 de julho de 2008

No lugar errado?

_____Tudo bem, não vejo problema nenhum em você andar por aí expondo publicamente qual é a sua escola de samba preferida. Porém, pouco acima do seu traseiro talvez não seja bem o local mais apropriado para você deixar escrito “Vai-Vai”, né?
Vai-Vai

_____Seguindo essa linha, diga-se de passagem, quem quer explorar comercialmente as piadas batidas, sempre há a possibilidade de vender cuecas da Mangueira.

P.S.: Sim, o cara era gigantesco. Essa foi, literalmente, uma piada de alto risco.

10 de julho de 2008

Ônibus educado

Veículo novo
_____Manhã de terça-feira. Ventava muito em um ponto de ônibus da Consolação.

_____Apesar da linda cor verde que fulgura nos meus olhos, eles não enxergam nada bem. Resultado: demoro muito para conseguir ler o que os letreiros dos ônibus estão dizendo. Naquela manhã, ventava muito e o ponto estava, por alguma coincidência cósmica, vazio. Levando em consideração que eu não enxergo muito bem, isso não é uma boa coisa (pois ninguém pede para o meu ônibus parar, dando tempo para que eu possa ler o itinerário).

_____Depois de uns bons 15 minutos de espera, começa a vir um ônibus com a cor da linha que eu pego. Quando ele chega perto o bastante para que eu possa ler, o que está escrito é, simplesmente, “Veículo novo” e o ônibus passa reto. Inferno de propaganda do governo querendo contar que renovou um pouquinho a deficiente frota paulistana.

_____Não fiquei bravo, pois o próximo ônibus que vinha também era da cor que me interessava. Forcei tanto os olhos para poder enxergar que, se eu fosse o Hiro$, teria parado o tempo. Porém, meu esforço não serviu de nada. Tive o azar de conseguir ler, apenas, “Veículo novo” mais uma vez.

Hiro Nakamura parando o tempo

_____Uns dez minutos me separaram do próximo ônibus com a cor correta. Esse, entretanto, quando chegou perto o bastante para que eu pudesse vê-lo foi mais educado: não disse “Veículo novo” e, sim, “Bom dia” no letreiro. Para a minha sorte, o ponto já estava um pouco mais cheio e alguém pediu para o ônibus parar um pouquinho à frente. Corri, li na plaquinha o itinerário do ônibus e, feliz por ter encontrado o veículo certo, embarquei. Pelo menos, depois dessa espera toda, o dia realmente foi bom.

P.S.: Mesmo sabendo que minha historinha teve um final bonitinho, certas mensagens dispensáveis não deveriam figurar em um espaço tão limitado e de leitura rápida como o letreiro de um ônibus. Muito menos a propaganda de um governo que proíbe certas propagandas pela cidade.

P.P.S.: Sobre o mesmo assunto, creio que os Urbanistas/SP têm um bom texto à disposição. Podem conferir.

9 de julho de 2008

A infância do Padre dos Balões

_____Quem se interessa pelo padre Adelir de Carli, o Padre dos Balões, e não quer apenas ficar acompanhando notícias sobre o que talvez sejam os seus restos mortais, agora tem um trunfo. Um filme de 1956, sobre a infância do religioso, acaba de ser restaurado e está em cartaz em algumas salas do país. Quem se interessou é só procurar O balão vermelho, de Albert Lamorisse.

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P.S.: Mesmo sendo apenas um chiste, não é possível acompanhar o interessante filme de Lamorisse sem se lembrar do Padre Voador. De qualquer modo, brincadeiras à parte, não deixem de ver.

6 de julho de 2008

As novas salas do Unibanco e os arquitetos de cinema que não catam ninguém

_____Há uns meses eu publiquei por aqui uma análise das piores salas de cinema da região da Paulista. Um dos complexos duramente criticados por mim foi o Multiplex Bristol, do Shopping Center 3. Reclamei da fala de respeito dos funcionários, da má conservação das salas, da limpeza deficiente; porém, fiz um elogio importante: o Bristol é o único cinema da Paulista com poltronas love seats (as cadeiras de cinema que têm braços removíveis para que os casais, namorados, amasiados, amantes, pegadores, safados e afins possam ficar mais à vontade).

_____Qualquer um que já tenha ido ao cinema acompanhado de um pretendente que seja, sabe o quanto o braço da poltrona entre os dois, tal qual um irmãozinho chato, pode atrapalhar.

_____O Cine Bombril, por exemplo, é um cinema bastante gostoso se você vai sozinho. As poltronas são maravilhosas: macias, bem grandes, com um ótimo espaço entre as fileiras. Os braços das cadeiras do Cine Bombril são enormes. Estando sozinho no cinema, fica ótimo para se ver qualquer filme, mesmo em uma sessão lotada (só com muito esforço o chato da cadeira do lado vai conseguir esbarrar no seu cotovelo durante o filme). Duas pessoas podem pousar o braço, tranqüilamente, nos encostos. No entanto, se você quiser abraçar sua paquera durante o filme, você só vai conseguir ficando com dor nas costas. Como os braços são muito grandes e não podem ser levantados, só é possível abraçar alguém ficando mais torto do que o Quasimodo$.

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Espaço Unibanco Pompéia

_____Os novos cinemas do Shopping Bourbon pertencem ao pessoal do Unibanco. Isso, é bom deixar claro, é algo extremamente positivo já que são eles, também, os responsáveis pelas ótimas salas do Shopping Frei Caneca.

_____As salas do Unibanco Arteplex, do Frei Caneca, são limpas e organizadas, preservam a mesma qualidade desde a sua inauguração. Além disso, eles sempre organizam ótimas promoções (toda semana acontece o Clube do Professor e a Sessão Popular, por exemplo) e são um dos poucos complexos de cinema de São Paulo a exibir tanto cinema-pipoca, quanto filmes cults.

_____Pelo visto, o Espaço Unibanco Pompéia, do Shopping Bourbon, vai pelo mesmo bom caminho (só ainda não organizaram nenhuma promoção): as dez salas são limpas, confortáveis e bem estruturadas, o cinema é organizado e a programação se divide bem entre filmes alternativos e hollywoodianos. Além disso, para o segundo semestre, está prometida a inauguração da primeira sala IMAX do país.

_____O novo cinema do Shopping Bourbon só tem um defeito* grave: apenas uma sala tem cadeiras love seats.

_____Alguém pode me explicar porque fazem um cinema novinho, todo bonitinho e organizado e só colocam uma sala com poltronas de braços removíveis? Qual o problema dessa gente? Nunca pegaram ninguém no cinema? Eles não namoram? Clio que me perdoe, estou começando a achar que o problema é que têm muito arquiteto de sala de cinema que não cata ninguém.

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* Nem vou citar o preço como defeito de algum cinema, já que esse problema se tornou uma constante nos cinemas paulistanos.

4 de julho de 2008

Convite para um swing

_____Cada vez que eu venho aqui falar de swing (minha dança preferida), um monte dos leitores pervertidos bem-humorados aparece para tirar sarro. Pois bem, para resolver essa questão, hoje eu venho aqui para convidá-los para um baile de swing: neste sábado, dia 5/VII, às 22h. Na primeira meia-hora, será dada uma aula gratuita para quem quer aprender a fazer dançar swing. Não é necessário trazer parceiros. ;-)

Flyer: Festa de Swing

_____Para tirar qualquer dúvida sobre o que irá acontecer no baile, deixo aqui um videozinho para ilustrar a brincadeira.

P.S.: Eu vou adorar se alguns swingueiros desavisados aparecerem.

3 de julho de 2008

Agridoce

_____Ouvir uma música que você associa a uma pessoa que você ama estando longe dela é, ao mesmo tempo, gostoso e dolorido. Ai, ai...