31 de dezembro de 2008

Perpetuando o machismo

_____A leitora Ro Costa pediu para que eu escrevesse sobre o eterno chavão “Os homens são todos iguais X Não dá para entender as mulheres”. O texto pode ter saído um tantinho polêmico, mas, mesmo assim, creio que abordei um ponto interessante. Confiram abaixo.


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_____Você, bela e doce leitora, acha mesmo que todos os homens são iguais? Todos? Nenhum se salva?
_____Claro que condenar a todos é um clássico clichê utilizado em momentos de ódio. Mas, mocinha, tenha cuidado. Lembre-se de que isso é um recurso lingüístico que, se usado à exaustão, fica cada vez mais forte – como bem ensinou Goebbels. A repetição em excesso, com o passar do tempo, dá aos defeitos que os “Homens Iguais” cultivam (e que tanto incomodam as mulheres) um ar de “característica genética do Y”. Todos, até mesmo os homens, passam a acreditar que certas atitudes são próprias do gênero masculino da espécie. Veja o caso da tão alarmada “inexistência” do racismo no Brasil: de tanto repetirem a idéia, as pessoas realmente crêem nela.
_____Lembre-se de que a maioria das atitudes típicas dos “Homens Iguais” é cultural, uma simples herança histórica. Continuar falando delas como algo característico dos homens é quase que aceitar a sua existência e, ainda, perpetuá-la. Saiba aceitar os “Homens Diferentes” e rejeite os outros. Mas, rejeite mesmo. Nenhum dos homens que passarão a andar com você, aposto, vão ser iguais a todos os outros.
_____Agora, você, leitor, que pensa que “Não dá para entender as mulheres”: relaxe. Não dá mesmo.

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P.S.: Caso alguma leitora precise de incentivo, tenho dois lembretes bem divertidos do poder de persuasão de vocês.
P.P.S.: Deixando todos os comentários jocosos à parte, creio que o Drummond tem pontos muito bons para acrescentar à reflexão no seu poema “Igual-desigual”.
P.P.P.S.: Obrigado a todos os leitores freqüentes (ou não) do blog pela audiência em 2008. Eu me diverti muito escrevendo para vocês. Um feliz 2009. Espero encontrá-los por aqui no ano que vem.

29 de dezembro de 2008

O pai dos argumentos estúpidos

_____Existe argumento mais tosco, pífio e teoricamente invencível do que “Tanta gente passando fome no mundo e você se preocupando com isso?”? É um argumento típico de quem, sem ter o que dizer, quer desmoralizar um assunto. Pode ser usado em quase qualquer situação para colocar um ponto final em uma discussão.
_____– Ele terminou comigo, minha vida é tão triste.
_____– Ah, se toca. Tanta gente passando fome e você chorando por causa do fim de um namoro!
_____– O carrasco do meu chefe está me perseguindo. É um inferno viver assim.
_____– Porra. Um monte de gente sem ter o que comer e você preocupado com isso?
_____– Será que Capitu traiu Bentinho?
_____– Tantas pessoas passan...
_____OK. Você já pegou o espírito da coisa.
_____É claro que a fome do mundo é um problema importante, todos devem estar atentos a ele e em busca de sua solução. Porém, o assunto fome não impede que se pense em outra coisa, não pode ser um tema paralisante e inconteste. Não pode, nem deve servir de argumento implacável para que as outras questões que assolam a raça humana sejam esquecidas.
_____Em setembro escrevi a crônica “O trágico fim dos livros de bolso”, um texto meiguinho falando do mini-drama que é, para mim, quando um livro de bolso está no fim. Sempre leio os livros de bolso fora de casa e, portanto, quando eles acabam, muitas vezes fico sem ter o que ler. O objetivo do texto era, apenas, dividir meus pensamentos de uma forma gostosa, externar um sentimento.
_____O texto, principalmente por causa do Y! Posts, acabou tendo muitos leitores. Além dos clássicos comentários interessantes, apareceram alguns ogros atacando a mim e ao assunto: “Caramba! isso eh de dar inveja! Q problemao, hein? E tem tanta gente q gostaria de ler, nem q fosse um gibi, esse cara fica em crise porque acaba a historinha!!!!Tem q procurar o q fazer…”; “Cara você é viado? Se não for parece, porque existe coisa mais importante na vida para se preocupar do que uma merda de um livro de bolso !!!”.
_____Entendeu o ponto? É óbvio que existem inúmeras nódoas que incomodam a Humanidade, claro que as pessoas devem se importar com os massacres cometidos por Israel, com a desigualdade social, com a ecologia, com a fome no mundo. Porém, isso é motivo para não ler um livro? Não ver um filme? Não fazer amor? Não conversar com os amigos? Não trocar idéias e pensamentos? Ah, não fode. Citar a existência dos outros problemas no mundo em uma conversa sobre outro assunto não é um argumento, é uma fuga, é retórica vazia. É a representação máxima da sabedoria dos medíocres.
_____“Tanta gente sem ter o que comer e você reclamando disso?” é a base das desculpas para que ninguém se responsabilize por nada. Tive um amigo fotógrafo que trabalhou com o pessoal do Greenpeace em uma campanha para ajudar as baleias. Ele dizia que a maioria das pessoas que o criticavam falavam coisas como “Um monte de criança precisando de ajuda e você aqui tentando salvar as baleias.”.
_____“Os políticos roubam tanto. Por que bem eu que iria ser honesto e trabalhar?”. “Olha só! Um monte de bandidos soltos por aí e esse policial tá aqui multando os carros.”. Políticos que não trabalham não isentam ninguém de fazer o próprio serviço. A existência de criminosos impunes não justifica uma infração. A existência da fome no mundo não é desculpa para ninguém deixar de fazer algo, seja ler, conversar, tirar férias, dormir ou ajudar os animais.
_____Agora, se você acha que tudo o que eu disse é bobagem, que é necessário tentar resolver o problema da fome do mundo 100% do tempo, diga-me: por que você está aqui, lendo um blog agora ao invés de correr atrás da solução? Caso você tenha alguma resposta satisfatória para me questionar e resolver o problema da fome, saiba que eu também estou fazendo a minha parte. Ou você acha que Literatura não vai ser importante para a Humanidade sem fome que vai passar a existir por causa da sua genial solução? Se acha que a Literatura não tem importância, saiba que você não é inteligente o bastante para acabar com a fome no mundo.
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P.S.: Como complemento, creio que vale dar uma olhada nos textos “Nós e nossas pequenas sinas…”, do Pedro Jansen, e “Nada a declarar”, do Alexandre Inagaki (com o ótimo curta homônimo de Gustavo Acioli).
P.P.S.: Falando de ajudar a Humanidade, você já viu a “campanha do John Lennon” para doar laptops para as crianças do mundo?




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Nota: Texto escrito atendendo ao pedido da leitora Van.


27 de dezembro de 2008

Terminando o ano com o pé esquerdo

_____A vida é assim mesmo. Ando de bicicleta, pulo de um lado para o outro quando estou ensinando História, danço... e é em uma livraria que eu caio e machuco o pé.



_____Em plenas férias.


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P.S.: Como extra, vejam só o que virou o meu pé engessado:



25 de dezembro de 2008

Humor negro natalino

_____Para divertir vocês, meus queridos leitores, resolvi publicar hoje as melhores piadinhas natalinas que encontrei neste ano.



_____Primeiro, uma encontrada no próprio Ops!, no blog do Milton Ribeiro:


_____A segunda, do artista Pierre Borgeault, foi encontrada no blog do talentosíssimo ator Otávio Martins. Mesmo caindo na clássica crítica ao capitalismo, ficou bem bacana:



_____A próxima eu encontrei em um blog lusitano, o Chichas (hoje, o mesmo blog publicou outra figura bacana):



_____Voltando para o nosso continente, o cartunista argenteino Liniers publicou uma charge bonitinha para os atrasados:



_____Finalmente, para fechar com chave de ouro, a doce Clara Gomes produziu esse divertido vídeo:


httpv://www.youtube.com/watch?v=84nvQsadKPU


_____Deram risada com alguma das brincadeiras? Espero que sim. O objetivo era, simplesmente, fazer vocês sorrirem um pouco mais no dia de hoje. Feliz natal para todos.

24 de dezembro de 2008

Como anunciar

_____Andar de metrô nos últimos meses do ano costuma ser um tipo de tortura para quem, como eu, gosta de Educação. Como a lei “Cidade Limpa” (que, ridiculamente, proíbe propagandas por tudo que é canto de Sampa) não impede anúncios dentro das estações e trens, por todos os lados é possível ver, nesta época, anúncios de faculdades particulares.
_____Sempre gostei de anúncios. Acho publicidade uma carreira interessante; considero divertidos programas como o Na hora do intervalo. Gosto de ver os resultados de concursos como “melhores comerciais do ano” – são tão válidos quanto os do Festival do Minuto. Porém, as propagandas de universidades que superlotam os vagões do metrô geralmente não são nada boas. São um saco de se ver. De tão ruins, parece até que os infelizes que produziram aqueles anúncios foram formados pelas próprias centros universitários que anunciam.
_____Como não poderia deixar de ser, as universidades que mais fazem propagandas são as piores. Sua qualidade nunca atrairia nenhum aluno e, portanto, elas precisam espalhar aos quatro ventos sua miserável existência para serem lembrados pelos vestibulandos, os futuros coitados que nelas estudarão. Todas são a melhor em alguma prova do governo, com tantos cursos com conceitos “A +” do MEC, a única com cinco estrelas em algum guia estudantil ou qualquer bobagem do tipo. Baboseira vazia, mas que atrai uma penca de acéfalos e ignorantes. Quem sabe mesmo um tanto sobre Educação, no máximo, olha com tristeza para esse embuste.
_____Por isso mesmo que eu admiro extraordinariamente os humoristas da Cia. Barbixas de Humor. Em 2007, eles foram contratados para produzir alguns anúncios de uma faculdade particular. Graças ao talento dos Barbixas, os anúncios ficaram ótimos. Olhem um exemplo:






_____Terem um cheque depositado na conta, entretanto, não fez com que os humoristas assinassem embaixo sobre a qualidade dos cursos da faculdade que os contratou. Os vídeos produzidos estão disponíveis na página da Companhia no You Tube, mas, com ressalvas: “Vídeos publicitários produzidos para a Faculdade Cantareira. Mas pode ficar tranquilo... foram escritos, dirigidos e encenados pelos Barbixas.”. É lindo e honesto. Apesar do fato de quem eles têm a desculpa de que trabalham com humor, a atitude dos Barbixas foi muito corajosa.
_____Os anúncios feitos pela Companhia, como eu disse, são muito bons. O resultado, é que, apesar da piadinha depreciativa, neste ano ele foram contratados, novamente, pela mesma faculdade para produzir as propagandas. Confiram um dos reclames:






_____Quem foi que disse que honestidade – aliada a um trabalho bem feito – (às vezes) não compensa?


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P.S.: Existem outras propagandas e vídeos sensacionais do grupo na página deles no You Tube.
P.P.S.: Escrevi outro texto sobre os Barbixas que foi elogiado até pelo grupo. O nome é muito singelo: “Jesus Cristo, George W. Bush e eu”.
P.P.P.S.: Não, o texto não foi patrocinado. Mas, se alguém quiser depositar algo na minha conta, é só entrar em contato.

22 de dezembro de 2008

Todos os caminhos levam a este incauto autor



_____“Puxa vida, Ulisses. Meus pobres dedinhos estão doendo.”, reclamou-me, fazendo biquinho, uma bela leitora dias atrás. “O endereço do seu blog é muito grande e meus delicados dedinhos doem para digitar http://www.incautosdoontem.opensadorselvagem.org.”.
_____Como sempre tento agradar a todos os meus leitores (principalmente as leitoras bonitas que fazem biquinho para mim), virei para os meus confrades do Ops! e ordenei que eles tomassem alguma atitude. Receosos que meu caráter violento fosse próximo ao de Chuck Norris, o pessoal deste interessante portal que tão gentilmente me abriga (e que tão pacientemente atura as minhas piadas), correu para diminuir o endereço do blog. Agora, o Incautos do Ontem pode ser acessado, também, pelo endereço incautosdoontem.opsblog.org.
_____Sim, vocês leram direito. O Incautos agora pode ser acessado também pelo endereço dos blogs do Ops!. “Também” porque, na realidade, todos os caminhos levam aos meus textos. Se vocês acessarem o primeiro endereço do blog, http://incautosdoontem.blogspot.com, vocês cairão aqui. Se resolverem digitar http://incautosdoontem.notlong.com, também vão aparecer por essas bandas. Ao colocar no navegador http://incautosdoontem.opensadorselvagem.org invariavelmente aparecerão por aqui. E, finalmente, ao entrar pelo novo endereço oficial do blog, http://incautosdoontem.opsblog.org, novamente a divina providência os transportará para cá. Não há como fugir.
_____Alguns estudiosos estão a discutir se a própria obra de Shakespeare também não leva diretamente às minhas linhas. Quanto a um tal de Homero, um incompreensível Joyce e o Alcorão, não resta dúvidas, todos são caminhos para os textos do Sr. Ulisses Adirt. Inclusive não é difícil encontrar pela própria web outros escritos meus. Podem ter certeza que até Neil Armstrong pôde comprovar que não há como fugir desses gloriosos arroubos literários (ele descobriu isso em uma longa viagem que fez umas décadas atrás).
_____Portanto, leitores, podem relaxar: o endereço do blog não mudou. Simplesmente mais uma estrada até o Incautos foi aberta. Só falta, agora, conseguir convencer os romanos para onde é que, realmente, todos os caminhos levam.

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P.S.: Espero que tenham gostado do novo layout do blog. A reforma é para melhor atendê-los. Diga-se de passagem, vocês já sabem, se não gostarem de algo, é só escrever.
P.P.S.: Aproveitando a deixa, vale lembrar: foi para saber mais sobre vocês, para melhorar tudo para vocês, que o Ops! organizou essa pesquisa. Quem ainda não respondeu, aproveite. Só fica no ar até o dia 10 de janeiro.

20 de dezembro de 2008

Educadores?

_____Todo ano a cena se repete.
_____Em meados de dezembro vou para alguma das escolas em que trabalho para o Conselho Final. O objetivo da reunião é ver quais alunos foram aprovados e decidir, entre aqueles que não passaram na Recuperação Final, quais irão para a série seguinte. Antes mesmo do trabalho começar já é possível ouvir comentários como “Só vim trabalhar hoje. Já estou de férias antecipadas faz uns 15 dias. Você acha que eu iria perder parte das minhas férias de final de ano deixando alguém de recuperação?” ou “Ah! É hoje que o bicho pega.” seguidos de risinhos sem graça.
_____Depois que o Conselho oficialmente começa dá para perceber, de longe, quais professores deixaram (ou não) alunos de recuperação e os motivos. São basicamente dois grupos: os que acreditam no próprio trabalho e na importância dele e aqueles que dão aula por qualquer outro motivo. Nos dois grupos existem professores que aprovam e que reprovam alunos.
_____Entre os lentes que acreditam na Educação, os que passam os alunos o fazem por filosofia. Eles realmente acreditam que a reprovação vai prejudicar os educandos e, portanto, distribuem notas altas o ano todo. Não concordo com esse modo de ver a cátedra, mas respeito. Os mestres que não aprovam quem não conseguiu aprender algo, também crêem verdadeiramente que aquela atitude vai auxiliar os estudantes. É bonito ver o embate entre dois pontos de vista tão antagônicos com um mesmo ideal: Ensinar.
_____Em compensação, dar uma olhada nos professores que não acreditam na própria profissão causa, no mínimo, asco. Quem reprova o faz por vingança ou maldade – “Ela é uma burra, tem que reprovar.”; “Aquele moleque ficou bagunçando em todas as minhas aulas, nunca prestou atenção. Dei essa nota para ferrar o idiota. Agora ele vai ver quem manda.”. Quem aprova o faz por preguiça ou incompetência – “Eu sou prático, eles não querem aprender mesmo. Por que eu vou me dar ao trabalho de correr atrás?”; “Passei mesmo. Ia ficar corrigindo provas até hoje? Haja saco!”.
_____A política educacional vigente, vale dizer, dificulta a reprovação que nem uma crente virgem dificulta o coito. Essa excrescência educacional conhecida como “Aprovação Automática” acrescenta ao repertório dos professores a desculpa de que ninguém vai ficar retido na mesma série, não importa se os alunos tenham adquirido algum conhecimento ou não. “A Secretaria da Educação e as Delegacias de Ensino não deixam reprovar. Então vamos aprovar logo para evitar a fadiga.”.
_____Para os professores que não vêem sentido no próprio trabalho e, portanto, aprovam todos por pura preguiça ou incompetência, sempre tenho vontade de perguntar:
_____– No primeiro dia de aula você já anuncia para os alunos que é um vagabundo?
_____Ou:
_____– Quando as notas saem, você fala para os alunos: “Viram como eu sou bom? Todos vocês aprenderam.”?
_____Para os que reprovam por maldade, digo um simples:
_____– Você não se sente mal fazendo isso?
_____Certo ano, de mau humor, eu cheguei a fazer as três perguntas em uma mesma reunião. Irritado, um professor retrucou:
_____– E você acha que todos os alunos que passaram com você aprenderam mesmo?
_____Juro para vocês que o meu “Tenho certeza.” foi sincero.

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Nota: Texto escrito atendendo aos pedidos da leitora Danda.

18 de dezembro de 2008

Penélope, Capitu, Circe, Cordélia, Juliette

_____Acho uma graça ficar trocando flertes com nomes de personagens da Literatura. Podem me chamar de brega o quanto vocês quiserem.


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P.S.: Só para avisar, escolher as personagens certas ajuda bastante na obtenção de resultados positivos.

16 de dezembro de 2008

Para proteger e servir

_____Por mais absurdo que pareça, algumas pessoas me criticaram quando reclamei do disparate que é uma ronda escolar dar um tremendo mau exemplo estacionando na calçada de uma escola. A maioria das críticas dizia que os policiais não poderiam atrapalhar o trânsito. Sempre quis saber quando foi que uma pessoa que pensa assim chegou à conclusão de que o trânsito tem mais “direitos” que os pedestres.*
_____Entre os argumentos toscos que escutei, estava o clássico “Dá para os pedestres passarem pelo canto.”. Claro que a resposta mais lógica seria “Sim, assim como daria para os carros passarem pela outra faixa, caso os policiais tivessem colocado o carro na rua – o lugar certo.”.
_____Ao invés de perder meu tempo repetindo, novamente, essa última resposta da próxima vez que eu ficar com vontade de falar sobre o assunto, creio que será bem mais interessante mostrar essa foto que eu tirei no mês passado:


_____Agora me digam, carrofundamentalistas do mundo: por onde eu devo passar? Disputar a rua com os carros em alta velocidade foi a única opção.


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_____No dia da foto, nenhum bandido colocou minha vida em risco. Porém, no dia da foto, um grupo de policiais mal-acostumados com os privilégios que os motoristas de automóveis têm, colocaram a minha vida e a de outros cidadãos (pedestres) em risco.



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* É tão bizarro. Os usuários de automóveis são cerca de 30% da população. Por que diabos eles deveriam ter prioridade sobre os outros 70%?

13 de dezembro de 2008

Contrastes

_____Hoje, acontece o baile de fim de ano da academia de dança em que trabalho. Quem quiser aparecer, anote: começa às 21h e rola madrugada à dentro, no Clube Ipê (R. Ipê, 103 – Ibirapuera). Custa R$ 35. Todos os leitores, como de costume, estão convidados.
_____Às 22h, vai ser apresentado um espetáculo de dança, com o tema Contrastes. Diversas coreografias de dança ligadas ao tema serão apresentadas. Uma das graças do show é, exatamente, procurar entender como cada uma delas trabalhou com a idéia de contraste. Mesmo não sendo fã de palco, estarei participando da coreografia de samba de gafieira e da de swing. Já sabem o que me desejar, certo?

12 de dezembro de 2008

“Para vocês”: Resultado

_____Na sexta passada eu resolvi presentear os meus leitores permitindo que eles escolhessem um tema para um texto que eu escreverei até o fim do ano. A idéia, pelo visto, não foi muito bem recebida. Não falo isso pelo número reduzido de sugestões (apenas duas, nos comentários), mas, sim, pela bordoada que levei de um leitor.
_____Por e-mail, um leitor que nunca havia aparecido disse, entre outras coisas, o seguinte: “q bloguero vagabundo vc eh, mano. queh q os leitores q tenham trabalho d acha o q vc vai escrever. vai se fodeh”.
_____Não estou ofendido nem nada do gênero. Achei o cara grosso, claro, mas, se eu ligasse para grosseria, não seria pedestre em São Paulo. Resolvi falar sobre isso com vocês para me explicar melhor. Meu objetivo ao deixar os meus leitores escolherem sobre o que eu irei escrever era, simplesmente, para que vocês escolhessem um assunto que lhes agradasse. Se vocês freqüentam a casa, é porque gostam dos meus textos. Só quis presenteá-los com uma postagem minha sobre um tema que agrade vocês. Desculpe-me se incomodei alguém com o pedido.
_____Voltando à parte divertida, as duas sugestões que recebi foram as seguintes:
a) A leitora Van sugeriu que eu escrevesse sobre alimentação;
b) A Ro Costa, do blog Metamorfosear, disse que gostaria que eu falasse sobre o tema “Os homens são todos iguais X Não dá para entender as mulheres.”.
_____Como foram apenas duas sugestões e não, digamos, umas 5000, posso me virar bem. Vou escrever um texto para cada uma das sugestões até o fim do ano. Aguardem.

10 de dezembro de 2008

O maravilhoso mundo do Ops!

_____Em agosto deste ano fui convidado pelo admirável Rafael Reinehr para participar do portal O Pensador Selvagem. Fiquei feliz com o convite, mas, admito, um pouco ressabiado. Eu já conhecia o Ops! por acompanhar os escritos do Biajoni, admirar o Milton Ribeiro e adorar os textos do Fausto Wolff Marconi Leal. Mesmo assim, meu contato com o site se limitava a ler os blogs desses autores.
_____Por conta do convite, perguntei para alguns amigos blogueiros o que eles achavam da mudança. Como só ouvi elogios ao Ops! (e como, também, recebi uma multimilionária oferta de remuneração caso eu aceitasse me mudar para o portal)*, aceitei. Vocês nem imaginam o quanto estou contente por ter aceitado. Tudo por aqui é bem melhor do que eu havia imaginado. O portal é, literalmente, uma reunião dos mais diversos tipos de seres humanos, com liberdade total para agirem como bem entenderem.
_____Por aqui é possível ler – tanto no portal quanto nos blogs – sobre Matemática, sexo, quadrinhos, Geografia, culinária, música clássica, tecnologia, política, artes plásticas, ecologia, esportes, dança, Literatura, ver Literatura de altíssima qualidade sendo feita, enfim: as ofertas que o site oferece são tantas e tão ricas que, no mínimo, há uma completa garantia de um bom programa para quem gosta de ler e estiver a fim de se aventurar por aqui. Sem contar os projetos interessantes que sempre estão ululando em cada canto, a abertura que todos – leitores e escritores – podem gozar, a constante busca de talentos e uma vontade perene de melhorar. Queria ter conhecido tudo isso antes.
_____Aproveitando que hoje o Ops! completa um ano de existência, resolvi falar tudo isso para os meus leitores, para que vocês possam adentrar nesse universo maravilhoso que eu demorei tanto para conhecer de verdade. Sério, aproveitem mesmo. Juro que não estou falando isso só porque, no próximo dia 15, um novo cheque cai na minha conta.

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P.S.: O Ops!, vale dizer, aproveitou o aniversário para presentear os leitores. Quem quiser receber uma cesta de natal diretamente da Alemanha, é só clicar aqui e participar da promoção.
P.P.S.: Para aqueles que estiverem a fim de ajudar tanto o Ops! quanto este blogueiro a conhecer melhor quem freqüenta minha saudosa casa, respondam esta rápida pesquisa. É mais rápido do que fazer um miojo.

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* Não entrarei em detalhes para não causar inveja nos meus colegas dO Pensador Selvagem.

7 de dezembro de 2008

Amai, rapazes!

_____A Globo lançou um viral intitulado Mil Casmurros. É uma idéia bonitinha: eles dividiram o Dom Casmurro em mil pedacinhos (literalmente) e liberaram para que qualquer internalta grave em vídeo a sua participação. O projeto parece estar indo de vento em popa – até o momento mais de 70% do livro já foi gravado. Como bem falou o Biajoni, quem disse que não existe viral legal?
_____Para atrair mais atenção para o projeto, eles também convidaram algumas celebridades. Tem famosos para tudo que é gosto: de Gabriel, o Pensador, a Moacyr Scliar, de Fernanda Lima a Patrícia Pillar, de Ferreira Gullar a Elke Maravilha. E, entre as celebridades, como não podia deixar de ser, está lá, no honrado trecho 591, este grande blogueiro (com o nome verdadeiro e o pseudônimo de escritor misturados).
_____Aproveitando, é bom dizer que vale mesmo a pena ir dar uma olhada na minha participação. Escolhi um trecho lindo. Não sei até agora porque diabos ninguém o escolheu antes. Eu leio a parte final (e meiga) do capítulo LXXXVI, o “Amai, rapazes!”.


Tudo arredei da vista, em poucos segundos; bastou-me pensar na outra casa, e mais na vida e na cara fresca e lépida de Capitu... Amai, rapazes! e, principalmente, amai moças lindas e graciosas; elas dão remédio ao mal, aroma ao infecto, trocam a morte pela vida... Amai, rapazes!



_____Aproveito o ensejo para dedicar minha participação a uma linda mocinha que amo desmesuradamente.


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P.S.: Minha bela e amada namorada faz uma pequena participação no meu vídeo. Creio que serve como colírio para quem for ver a minha cara feia.
P.P.S.: Também vale a pena dar uma visitada no blog do Mil Casmurros. Não só eles selecionam os vídeos mais interessantes, como, também, a leitura dos textos é divertida.

5 de dezembro de 2008

Para vocês

_____Meus leitores são lindos.
_____No dia 8 de novembro, publiquei um texto falando que gostaria de conhecer uma revista britânica chamada The Big Issue. Vários leitores, pelos comentários e por e-mail, logo se prontificaram a me arrumar um exemplar. Acabei por aceitar a generosa oferta da leitora Anna e, na semana passada, recebi pelo correio uma edição da revista.



_____Agradeço a todos que tão gentilmente me ofereceram ajuda. É ótimo ser mimado.
_____Para mimar vocês em retribuição, queridos leitores, resolvi presenteá-los. Como acredito que vocês aparecem por aqui por gostarem dos meus textos (ou será que aparecem por causa dos meus lindos olhos verdes?), vou presenteá-los dando a vocês a chance de escolher um tema para que eu escreva.
_____Coloquem nos comentários ou mandem para o meu e-mail os temas sobre os quais vocês gostariam que eu escrevesse. Daqui uma semana, coloco os assuntos sugeridos em votação e, então, escrevo sobre o mais votado até o fim do ano. Gostaram da idéia?

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P.S.: Querem saber o motivo pelo qual eu não vou me propor a escrever sobre todos os assuntos que vocês sugerirem? Simples: porque eu sou incauto, não louco. Sei que tenho centenas de leitores (quanta gente com bom gosto, né?); se cada um sugerir um tema, eu não serei capaz de concluir a tarefa de escrevê-los antes do fim do ano.
P.P.S.: Sabem o Liniers, aquele cartunista argentino sobre o qual eu falei outro dia? O biruta resolveu desenhar, à mão, a capa de cada um dos volumes do seu livro Macanudo # 6. Coitado. Deve estar arrependido de sua brilhante idéia até agora.

3 de dezembro de 2008

Geni e o Zepelim

_____Reunião pedagógica, conselho de final de ano:
_____– Abram os diários da nona série do Ensino Fundamental. O Abílio ficou com alguém? – Perguntou a coordenadora.
_____Não havia ficado. Aluno aplicado, interessado, xodó da maioria dos professores. Passou direto.
_____– Próximo, deixe-me ver: Geni. A Geni, número 2. Passou com alguém?
_____Aluna pouco interessada, passa a maior parte das aulas se maquilando com o celular espelhado. Havia ficado em quase todas as matérias.
_____– Nossa, gente! – Exclamou a coordenadora. – Mas, só é permitido ficar para recuperação final em quatro matérias. Assim ela vai reprovar direto.
_____Começa um longo momento em que metade dos professores fala, quase que um atropelando o outro, no quanto ela é desinteressada, que não merece mesmo passar, etc.. “Ela só fica se maquilando, nunca prestou atenção em nada do que eu falei.”. “Ela só tirou nota nessa última prova minha porque o Mauro deve ter passado cola. Ele fica toda hora olhando para ela.”. “Se a nota fosse pela quantidade de alunos com quem a Geni ficou, pode apostar que ela teria passado no primeiro bimestre.”. “Nunca fez nenhuma lição. Eu bem que avisei.”. “Eu soube que ela também beijou uma aluna, do segundo.”. “Sério?”. “Ai, gente. Ela tem problemas em casa. Os pais não dão atenção.”. “Ela tem problemas aqui! Você não soube que ela foi uma das meninas pegas com maconha no banheiro.”. “É uma inútil mesmo. Ainda bem que vai reprovar.”. “Além de tudo, ela não respeita ninguém. Narizinho empinado.”.
_____Depois de um tempo de dispersão, a coordenadora diz que precisa falar uma coisa importante. A ordem demora um pouco para ser restabelecida, alguns professores estão terminando de apedrejar a menina.
_____– Olha, gente, tenho que dizer uma coisa. O nono ano era a menor sala do colégio. No ano que vem, o dono da escola vai utilizar a sala deles para tentar abrir uma turma de pré vestibular. A escola vai ficar só com as turmas de Ensino Médio. Sendo assim, se reprovarmos a Geni, nós vamos perder um aluno. Vocês sabem que a escola não está bem das pernas; não podemos nos dar esse luxo.
_____Sem muita delonga, os professores começaram a rever suas notas e, ao final de alguns minutos, decidem que a Geni só ficaria de recuperação final de três matérias. E que o conselho, se necessário, aprovaria ela, caso a nota de recuperação fosse baixa.
_____Nojo.