29 de maio de 2009

Segurança internacional

_____São Paulo virou um lugar muito perigoso para se morar e você é tão duro que mal pode comprar uma porta? Não se preocupe, a Guarda Britânica está aí para ajudar você.


26 de maio de 2009

Frankie95

_____Para quem gosta de swing (estou falando de dança, seus pervertidos!), o dia 27 de abril deste ano foi bastante triste. Aos 94 anos, Frankie Manning faleceu.
_____Frankie foi um dos nomes mais importantes do swing lindy hop. Trabalhando profissionalmente com dança desde 1935, ele continuou extremamente ativo, não apenas dançando como, também, produzindo até a sua morte. Fez parte de lendários grupos de dança, participou de diversos filmes, ensinou, fez coreografias. Sua influência entre os dançarinos é imensa. Algumas sequências de movimentos montadas por ele são comumente reproduzidas por todo o mundo.
_____Se alguém duvida da influência dele, saibam que, para comemorar seu aniversário, entre os dias 21 e 25 deste mês, ocorreu um festival em sua homenagem (marcado enquanto ele estava vivo). Hoje, dia dos seus 95 anos, lindy hoppers de todos os cantos do planeta festejam a vida de Manning dançando. Procurem por “Frankie95” ou “Frankie 95” no You Tube para vocês entenderem a repercussão.
_____O resultado é que a tristeza do dia 27 de abril é esquecida hoje para que se dance. Para quem gosta de swing, dia 26 de maio é dia de alegria.

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P.S.: Para quem já conhecia Frankie Manning, os vídeos são manjados. Mesmo assim, posto eles por aqui para quem não conhece.
_____Manning aos 92:






_____E, o mais famoso de todos, no filme Hellzapoppin, de Henry Codman Potter, Frankie Manning aos 27 anos (ele é o dançarino que sola com a parceira entre 1’43” e 2’10”):








P.P.S.: Se alguém estiver interessado em conhecer mais, ele, junto com Cynthia R. Millman, lançou uma autobiografia chamada Frankie Manning: Ambassador of Lindy Hop. Nunca li, mas tenho vontade (e aceito presentes).

22 de maio de 2009

Nova personagem (parte 2 de 3)


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_____Agradeço, novamente, a todos os leitores que contribuíram com sugestões para a tradução da expressão “Eat some paste!. Acabei por optar por “Vai comer cola!” tanto por se aproximar bastante do original como, também, pelo fato de que, como é uma expressão comum à personagem, com o tempo ela não soará mais estranha aos ouvidos dos leitores.


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P.S.: Para quem não conhece, Doonesbury é uma ótima tirinha norte-americana. Excessivamente crítica, a política está sempre em foco. Por exemplo, BD, uma das personagens, causou as mais absurdas reações na imprensa ao perder uma perna durante a Guerra do Iraque. Quem não conhece, corra, pois vale bastante a pena.



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- Nova personagem (parte 1).
- Nova personagem (parte 2). Esta postagem.
- Nova personagem (parte 3).

19 de maio de 2009

Culpado por ser inocente

_____Querendo ajudar, ao mesmo tempo, os meus alunos, um bom autor (o Alex Castro) e uma editora independente (Os Viralata, do Branco Leone), adotei o livro LLL – Crônicas com uma de minhas salas. O texto e as reflexões do Alex, como sempre, são ótimas e o resultado está sendo melhor que eu esperava: mesmo pedindo, por enquanto, para que lessem apenas algumas das crônicas, quase a totalidade da turma, em menos de um mês, leu a obra inteira.
_____Como o livro é de uma editora independente, não existem tantas opções para adquiri-lo – a forma mais comum de obtê-lo é por encomenda (a editora envia o livro pelo correio para a casa do comprador). Para facilitar para os meus alunos e tentar angariar (para eles) um desconto, negociei com o autor e com o responsável pelos Viralata. Consegui o desconto, avisei para os alunos, peguei o dinheiro deles e fui até a casa do Branco pegar os livros.
_____Sabendo bem como são os textos do Alex, eu já fiquei preparado para algumas polêmicas ou, até, pequenas rusgas com a direção do colégio e/ou os pais dos alunos. Certas reações, entretanto, acabaram por me desagradar mais ainda. Além de aguentar o que eu já esperava, ainda tive de ouvir perguntas como “Quanto você está ganhando com a venda do livro?” ou, pior, gente que viu desonestidade intrínseca ao meu ato e já veio atacando – “Você deveria se sentir mal de pegar o dinheiro dos estudantes para você.”. Alguns conhecidos, mais condescendentes e preocupados comigo, disseram “Não faça isso. Ir comprar o livro para os alunos só vai trazer desconfiança para o seu lado.”.
_____Pára tudo! Meu trabalho como professor de História é ensinar, não? Cacete. Isso é exatamente o que eu estou fazendo: consegui fazer com que uma sala toda lesse - de boa vontade - o livro solicitado e estou utilizando a obra para diversas reflexões históricas interessantes. Não é exatamente com isso que as pessoas deveriam estar preocupadas?
_____Quando negociei o preço do livro, corri atrás do autor, fiquei andando com dinheiro alheio e fui buscar o livro na editora (e, depois, carreguei a caixa de livros no metrô para entregá-los para os alunos na escola), eu só perdi meu tempo (e dinheiro), arrumei trabalho extra e me cansei. Como pode alguém pensar que eu estava buscando algum lucro pessoal? As pessoas são loucas? Eu sou professor por escolha própria; gosto de ser professor. Se eu almejasse ser rico, faria outra coisa da vida.
_____Simplesmente me esforcei para fazer meu trabalho direito (o que, pelo visto, tenho conseguido). Não entendo de onde vem toda essa desconfiança. Todo mundo é desonesto e vê desonestidade em tudo? Só eu que não? Mas, pensando bem, não tenho mesmo motivo para me espantar. Em um mundo em que um delegado competente e correto como o Protógenes só se ferra ao fazer seu trabalho, é óbvio que um professor que tenta mesmo ensinar vai se dar mal.

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P.S.: Aproveito para agradecer ao Branco que, alem de ter sido extremamente atencioso e profissional, acabou por me receber muito bem em sua residência.

15 de maio de 2009

A luz divina

_____Quando li pela primeira vez A Divina Comédia, um conjunto de interessantes sensações me assolaram. O livro conta como Dante, pecador, no meio de sua vida, é levado para o Inferno e Purgatório – para entender o que sofreria caso não seguisse, a partir de então, o caminho correto – e, em seguida, para o Paraíso – para saber o que perderia. Apesar da dificuldade da leitura da obra, tanto o Inferno quanto o Purgatório me divertiram muito. Foi interessantíssimo acompanhar os diversos castigos a que os pecadores do mundo estariam sujeitos. O Paraíso, entretanto, acabou me decepcionando.
_____Quando Dante ascende à Morada dos Corretos tudo fica muito chato. Não há mais nenhum castigo interessante para o leitor sádico se deliciar e, para piorar tudo, as principais figuras que qualquer um esperaria encontrar por lá, mal podem ser vistas. Vejam como o poeta descreve a aparição de Jesus Cristo:


eu vi, sobre um milheiro de luzernas,
um Sol que juntamente as acendia,
como o da terra às amplidões supernas;


e tanto em tudo em torno refulgia
aquele intenso e súbito esplendor,
que meu olhar sustê-lo não podia.
” (Canto XXIII, v. 28-33)


_____Com Deus, acontece a mesma coisa.




um ponto vi de luz tão fulgurante
que a minha vista se toldou, perdida,
à irradiação do foco deslumbrante.


Decerto a estrela aqui mais reduzida
seria como a lua, comparada
à flama intensa e fina ali surgida.
” (Canto XXVIII, v. 16-21)


_____Luz muito intensa? Como assim? Só isso? Para mim foi uma decepção completa; quase joguei o livro longe.
_____Mais tarde, ao tornar-me historiador, descobri, fascinado, que, entre os homens da Baixa Idade Média, esse modo de ver as figuras divinas era bastante comum. A descrição de Dante foi apenas condizente com o seu período.
_____Com uma visão de mundo completamente teocentrista, os medievais acreditavam que não seriam capazes de conceber toda a glória divina. Desenhar a figura de Deus era, portanto, quase impossível. Talvez uma das poucas manifestações divinas que os pobres mortais conseguiam entender era a luz.



_____Os vitrais das catedrais medievais, por exemplo, devem ser explicados não apenas pelo conhecimento arquitetônico do período, mas, também, pelo fervor religioso. Permitir que a luz entrasse em uma igreja era trazer o próprio Deus para o local. Não foi à toa que muitas catedrais foram construídas com a maior parte do edifício na linha leste-oeste, permitindo que a luz do sol entrasse e iluminasse pontos importantes (como o altar) em momentos chave.
_____Ofuscante, não?

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P.S.: Este texto é minha singela participação na Blogagem Coletiva sobre “Luz” organizada pelo pessoal do ScienceBlogs Brasil. Normalmente não gosto muito de blogagens coletivas, mas o trabalho do pessoal do SBB costuma ser muito bom e, portanto, achei que valeria à pena participar.
P.P.S.: As citações da Divina Comédia foram retiradas da tradução de Cristiano Martins, edição da editora Villa Rica/Itatiaia (de longe, a melhor edição da Divina Comédia em língua portuguesa).
P.P.P.S.: Mesmo achando muito interessante saber sobre como alguns medievais enxergavam Deus, ainda prefiro a versão de Kevin Smith.

12 de maio de 2009

Interlúdio tradutório (parte II): Repercussões

_____Spammers são uns sem vergonhas inúteis que, indiscriminadamente, mandam e-mails para uma lista de pessoas que eles nem se deram o trabalho de, por um segundo, descobrir quem são. Tanto que um clássico entre os spams que eu recebo está o “Como enlouquecer uma mulher” – um disparate completo, é obvio que todas as mulheres que saem comigo são, sem a menor sombra de dúvidas, completamente birutas.
_____Mesmo assim, às vezes algum sortudo acerta (não precisam se desesperar, queridas fãs, não estou falando do “Enlarge your penis”). Ontem, dia seguinte à minha postagem sobre a dificuldade de se traduzir uma expressão, chega ao meu e-mail um spam com o título “SOLUÇÕES EM TRADUÇÕES E INTERPRETAÇÕES”. Como não confio em spammers (nem mesmo nos sortudos), deletei o infeliz.
_____De qualquer modo, fica a pergunta: será que eu tenho algum leitor spammer?

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P.S.: Aproveitando a deixa, queridos leitores, saibam que vocês são lindos. As opiniões e sugestões de vocês sobre meu imbróglio tradutório têm sido ótimas. Continuem sugerindo.

10 de maio de 2009

Interlúdio tradutório - Eat some paste

_____“Eu acho que vi um gatinho.”, “Não é a mamãe.”, “Hello? Hello? Anybody home? Huh? Think, McFly. Think!”, “Eu sou o melhor naquilo que faço.”, “Meu nome é Bond. James Bond.”, “Oh vida. Oh azar.” são frases que fariam qualquer fã lembrar, na hora, de Piu-Piu, Baby, Biff Tannen, Wolverine, 007 e Hardy. São conjuntos de palavras que se consagraram e que viraram, de alguma forma, parte inseparável de seus protagonistas.
_____Steven, a personagem de Doug Allen que ando traduzindo aqui no blog, tem como seu chavão a expressão “Eat some paste.”. Não foi à toa que o grande Allan Sieber, quando convidado para falar do Doug Allen aqui no blog, terminou seu texto com essas palavras. O meu problema é que a frase pegou este projeto de tradutor no contrapé.



_____A tradução literal da expressão “Eat some paste.” é “Vai comer cola.”; a mensagem final, um simples “Cale a boca.”. A idéia é que a outra pessoa coma cola e, por causa disso, fique com a boca grudada e não consiga mais falar. Por mais que eu quebre a cabeça, não consigo encontrar nenhuma frase em português que me agrade o bastante para traduzir isso.
_____“Cale-se.”, “Cala a boca.” ou “Fica quieto.” são muito simples, a graça acaba se perdendo. “Vai chupar prego.” ou “Vai lamber sabão.” não são costumeiramente usados para mandar alguém se calar.
_____Pesquisando, descobri uma expressão nórdica que poderia encaixar bem: “Mantenha os dentes unidos.”*. Ao manter os dentes unidos, obviamente a pessoa não conseguiria falar. Entretanto, a expressão não é usual por aqui e, assim, não passaria diretamente a mensagem que me interessa. Inventar uma expressão, como “Vai chupar limão.” (pois a pessoa ficaria com a boca amarrada e não poderia falar) ou usar a tradução literal – “Vai comer cola.” – também causariam a perda da espontaneidade da mensagem.
_____Minhas melhores idéias até agora foram “Fecha o bico.” e “Passa o zíper na boca.”. O que vocês acham? Qual preferem? Alguma outra idéia?
_____Aguardo sugestões antes de publicar a próxima tirinha.

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* Devoradores de mortos, adaptação e notas de Michael Crichton. p. 112.

7 de maio de 2009

Hora extra por amor

_____Eu, que gosto muito dos meus trabalhos, fico sempre contente ao encontrar pessoas que também parecem gostar dos próprios trabalhos e, exatamente por isso, acabam trabalhando bem.
_____Ontem à noite, voltando a pé para casa depois do serviço (depois das 23h), cruzei com um casal de palhaços que também devia estar saindo do próprio trabalho. Passou, então, uma família segurando uma criança. O menino, maravilhado, olhou os dois artistas que poderiam muito bem ter ignorado e seguido seus caminhos. No entanto, eles pararam e foram brincar com o garoto. Até tirei uma foto (eu sei que está péssima. Relevem, eram onze e tanto da noite e, obviamente, a iluminação da rua não era nenhuma maravilha).


_____É claro que eles estavam cansados. Não deveriam estar querendo nada além de voltar para a casa quentinha deles. Mesmo assim, eles pararam e divertiram um pouco o garoto. Louvável. É óbvio que gostam do que fazem.


_____Outro bom exemplo disso eu vi na Virada Cultural (que aconteceu aqui em Sampa, no último fim de semana).


_____O Jogando no Quintal é um espetáculo de improviso feito por palhaços. É muito bom, divertidíssimo e, por isso mesmo, lotado em toda apresentação. Os ingressos dos shows muitas vezes esgotam semanas antes. Deem uma olhada como três palhaços improvisaram o tema cabelo.


[youtube http://www.youtube.com/watch?v=aFPs-IiFvVE&hl=pt-br&fs=1]



_____Na programação da Virada, eles estavam marcados, gratuitamente, para fechar as atividades do Centro da Cultura Judaica como atração das 18h. Sabendo disso e do sucesso deles, eu e minha namorada chegamos às 15h para pegar o ingresso e já encontramos uma bela fila.
_____Como chegamos cedo, conseguimos entrar e assistir. Às 20h, o espetáculo terminou. Minha namorada estranhou e disse: “O que aconteceu? Não estava escrito que seriam 3 horas de programa?”. Também estranhei, mas, feliz que estava com a divertida peça, saí alegre.
_____Para nossa surpresa, do lado de fora, uma enorme fila estava esperando na porta. Perguntei para uma das pessoas da fila o que eles estavam esperando para ver. Uma moça sorridente segurando a filha disse que iriam ver o Jogando no Quintal.
_____Aí entendi porque o espetáculo terminou mais cedo. Eles diminuíram uma hora do espetáculo que eu assisti para fazer uma nova apresentação para as pessoas da fila que não conseguiram lugar. Tudo isso, lembrando, de graça.



_____Claro que eles estavam cansados, tinham acabado de fazer um super show. Claro que os funcionários do Centro da Cultura Judaica também deveriam estar querendo ir para casa. Mesmo assim, todos fizeram um esforço a mais para atender as pessoas que não iriam conseguir ver o espetáculo por falta de lugares. Merecem, todos, enormes congratulações.
_____Igualzinho repartição pública, né?

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P.S.: Premiando os palhaços que ontem eu vi trabalhando bem até fora da hora do próprio serviço, eu peguei o telefone de contato deles. Quem, aqui de São Paulo, quiser contratar o serviço para alguma festa infantil, velório do chefe ou algo do tipo, é só ligar para 78941810.

3 de maio de 2009

Vigiados e parodiados


_____Durante o hype do Watchmen, acabei cruzando com várias paródias das personagens e fui guardando-as no meu arquivo. Depois de ver o filme, entretanto, fique tão desgostoso que deixei as imagens na gaveta. Agora que o gosto amargo saiu um pouco da boca, aproveito para publicar as  mais interessantes paródias que encontrei.






_____Concluo com o clássico das paródias: os Simpsons*.





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P.S.: Para quem gosta da brincadeira, existem mais duas interessantes seleções aqui e aqui.
P.P.S.: Aproveitando o assunto, creio que vale indicar um texto que publiquei no ano passado falando de paródias com obras de arte e iPods.

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* Só a primeira pertence mesmo à turma do Sr. Matt Groening.