30 de junho de 2009

Relacionamento perigoso

_____Casal dividindo um milkshake perto do banco em que eu estava sentado lendo.
_____Ele: Droga, amor, por que você tem de morder todo canudinho que nós dividimos?
_____Ela: Ah... desculpa. É que é tão gostoso chupar mordendo.

28 de junho de 2009

140 caracteres?

_____Por mais vontade que eu tenha, não é toda semana que aparece uma modelo na minha frente me convidando para participar da Festa do Chantili. Por outro lado, já faz uns três meses que toda semana alguém me pede para participar do Twitter e seus congêneres.
_____Não fico incomodado, muito pelo contrário. Fico feliz. Significa que meus leitores apreciam o que escrevo e queriam ter mais oportunidades de ouvir o que penso. Já entendi qual a graça do Twitter, mas não achei que vale tanto à pena assim. (1) Eu gosto de escrever e argumentar direito. 140 caracteres não me satisfazem. (2) Tenho tantas idéias, textos e projetos, o Twitter comeria mais ainda o meu tempo. Deixo a moda rolar, observando de longe.
_____Mesmo assim, acompanho alguns autores que me agradam. O @AlexLLL, meu blogueiro preferido, autor do fantástico Liberal, Libertário, Libertino, é um dos poucos que acompanho desde o começo. Claro que todos os autores que figuram nos meus “Blogs de cabeceira” e twittam, em algum momento, eu já cheguei a “seguir” pelo meu leitor de feeds.
_____Porém, até esses autores que eu adoro não conseguiram mostrar um mundo tão maravilhoso assim no Twitter para que eu arrumasse uma morada por lá. Raramente acho lá algo realmente imperdível. E, pior, quando acho, a twittada ocupa mais de 140 caracteres:


1. luddista: Aqui paraciclos são instalados pela Sec. do Verde. Em NY, pelo Depto. de Trânsito. Entendeu a diferença entre "política" e "iniciativa"?
2. luddista: Em São Paulo, estruturas municipais para amarrar as bicicletas (um "U" amarelo) ficam essencialmente nos parques e geralmente vazias.
3. luddista: Nova Iorque tem 6100 paraciclos instalados pela prefeitura. Nenhum fica dentro do Central Park. ( http://tinyurl.com/mngdbv )


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_____A autoria dessas twittadas (publicadas em sequência no dia 28 de maio), que, se trabalhadas, poderiam servir para um artigo fabuloso, são do autor do blog apocalipse motorizado. Leiam. Os textos de lá são melhores que as interessantes chamadinhas que o Luddista posta no Twitter.


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P.S.: Coloquei, no primeiro parágrafo, um link para um texto do Mestre Ina explicando o que é o Twitter. Aproveito para dizer, então – e espero que o Inagaki não se incomode com isso –, que a conta dele no Meme do Yahoo! (em que o Ina quase só publica figuras) é bem mais interessante que o Twitter mantido por ele.

25 de junho de 2009

O Curta-Metragem de Michael Jackson

_____Micheal Jackson morreu.
_____Vou poupá-los de todos os mil comentários sobre o seu talento e as suas insanidades que vocês vão cansar de ouvir. Mesmo assim, não posso deixar de falar de um trabalho que o Michael fez  e que ninguém deveria deixar de ver: o videoclipe de “Thriller”. Lançado em 1982, “Thriller”, mais do que um simples clipe, é um curta-metragem. Assistam, portanto, a versão completa com seus mais de 13 minutos.


_____Merecia, de longe, ser o vídeo mais visto do mês no You Tube.

22 de junho de 2009

Deixai toda esperança, vós que entrastes.



_____Imaginem uma peça no Eva Herz, o teatro da Livraria Cultura. Na porta do teatro ficam expostos os livros que foram usados no texto do espetáculo. Imaginem uma peça com trechos de Fernando Pessoa, Shakespeare, Dante, Vinicius de Moraes, Cervantes e diversos outros nomes clássicos.
_____Imaginaram? Sabem do que se trata? De uma interminável reunião de clichês! Mais de uma hora com um ator citando clássicos como se a mera presença daqueles textos tornasse a peça boa. Mais de uma hora com um público dando risadinhas de cumplicidade ao se sentirem inteligentes e cultos por reconhecerem alguma obra.
_____Aposto que o inferno das pessoas minimamente cultas deve ser assim.

18 de junho de 2009

O arcaico pensamento dos museus

_____Muitas palavras do mundo tem significados lindos escondidos no próprio nome. Museu é um ótimo exemplo. Seu significado primevo é, simplesmente, “Templo das Musas”. As musas gregas eram as divindades protetoras das artes e das ciências, elas que inspiravam as criações, que auxiliavam nos estudos. A ideia combina perfeitamente com os próprios museus – pelo menos na teoria.
_____Um local que valoriza o estudo, que inspira o aprendizado, deveria fazer de tudo para auxiliar estudantes e curiosos que pretendem adquirir mais conhecimento. Se não fosse assim, um museu não teria porque ser conhecido como a Casa das Musas.
_____É claro que certos padrões de normas são necessários para a manutenção do museu. Entendo que flashes fotográficos diminuem a vida de certos objetos, eu estudei um pouco do assunto na faculdade. Manter o silêncio ajuda algumas pessoas a apreciar melhor o que existe no local. Seguranças e faixas para impedir que seres maleducados toquem nos objetos são compreensíveis. Mesmo assim, uma grande atenção deve ser tomada para que as medidas de proteção para o bom andamento do museu não atrapalhem seu objetivo primordial.
_____Proibir fotos sem flash, por exemplo, até hoje me parece algo estranho. Uma foto simples faz tanto mal para um objeto antigo quanto um olhar. Mesmo sendo absurdo, é algo que os frequentadores de museus já se acostumaram. Outro dia, entretanto, fiquei boquiaberto ao entrar no Museu de Arte Sacra de São Paulo e descobrir que, lá, os blocos de anotações são proibidos.
_____Por que diabos uma instituição que procura fazer com que seu público aprenda algo proíbe a entrada de bloquinhos de anotações? Eles têm receio que as malévolas páginas do bloco se soltem e ataquem as desprotegidas antiguidades? Existe algum perigo concreto quando os frequentadores anotam – Oh, Céus! – informações sobre as obras?
_____A direção do Museu deveria acordar. Não é porque eles tomam conta de um museu que eles deveriam ter um pensamento retrógrado.

14 de junho de 2009

Hello, I’m a…



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_____Para quem não entendeu a piadinha, aqui vão alguns vídeos e explicações que podem deixar tudo mais claro.
1) Desde 2006, a Apple vem produzido uma série de propagandas em que um rapaz novinho, com a maior cara de descolado, apresenta-se como Mac e um tiozinho, de terno e com a maior cara de perdido, como PC. O mote da propaganda é que o PC sempre acaba um tanto atarantado com seus próprios defeitos ou com as qualidades do Mac. É uma série de propagandas bem gostosinha de assistir. Selecionei algumas legendadas logo abaixo, mas vocês podem conhecer muitas outras no canal da Apple no YouTube.

















2) Também querendo fazer graça, a Dell, recentemente, lançou uma propaganda utilizando... Ah... Chega. Só vou explicar a piada até aqui. Vejam o vídeo e vocês devem entender a brincadeirinha que fiz acima.






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_____Explicar a piada parece tão PC, não?


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P.S.: Se gostaram de piadinhas com o tema, o Tim Buckley, do Ctrl+Alt+Del, fez uma interessante, olhando para o outro lado.

11 de junho de 2009

Nova personagem (parte 3 de 3)


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_____Aproveito a publicação desta tirinha (que deixa claro o gosto estranho do Steven) para perguntar algo aos leitores.
_____Quando da publicação da tirinha anterior, o Marcus Nunes, o talentoso blogueiro do A Grande Abobora, expressou sua desaprovação às tirinhas do Steven que eu tenho traduzido por aqui. Antes que alguém o ataque, saibam que considero muito importante qualquer comentário decente vindo de um leitor, seja o comentário positivo ou negativo. Acrescento, também, que não é só porque vocês têm bom gosto e apreciam os meus textos, que devem, automaticamente, aprovar tudo o que eu publico aqui. Se o Marcus resolveu se expor para criticar, é porque frequenta o blog, gosta do que produzo por aqui e quer deixar claro que, para ele, ler o Allen não está sendo algo tão interessante assim.
_____Por isso mesmo que eu queria saber a opinião dos outros leitores. E quero que vocês falem sinceramente.
_____Comecei a publicar o Doug Allen por vários motivos. Apreciar bastante o trabalho dele; porque acho interessante trazer para o português algo que dificilmente seria traduzido (mesmo sabendo que o Allen já foi publicado na New Yorker, ele ainda é underground o bastante para que nenhuma editora ou jornal o ajude a dar as caras por aqui); para apresentar algo novo para os meus leitores; e por imaginar que o exercício de tradução renderia reflexões interessantes para mim e para vocês.
_____Sendo assim, digam o que vocês estão achando. Como tenho gostado de traduzir, não pretendo parar. Porém, se ninguém gosta do Allen além de mim, posso, muito bem, passar a publicar só o que eu achar imperdível dele e não todo o material que tenho (em ordem razoavelmente cronológica). Posso, muito bem, passar a dar mais atenção a outra tradução. Existe algum outro cartunista que publique em inglês - e que não tenha sido traduzido para o português - que vocês gostariam que eu trouxesse para cá? Sei de ótimas opções, mas isso depende de vocês. Continuo dando atenção ao Doug Allen ou é melhor trabalhar com outra coisa? Sejam sinceros.

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- Nova personagem (parte 1).
- Nova personagem (parte 2).
- Nova personagem (parte 3). Esta postagem.

9 de junho de 2009

Leitor processa escritora Leticia Wierzchowski

Nota: Para entender bem esta paródia, aconselho a leitura do meu texto de estréia no Editorial do Ops! (mais incauto do que os textos aqui do blog) e suas indicações.


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_____Em uma atitude inédita, o leitor Milton Ribeiro está processando a escritora Leticia Wierzchowski. Tudo aconteceu porque o Sr. Ribeiro leu A Casa das Sete Mulheres e mais um artigo que a autora publicou no jornal Zero Hora e, agora, quer seu dinheiro e tempo gastos de volta.
_____“Isso é um desrespeito. Uma autora tão ruim assim não pode ficar impune. Imagine: eu li as mais de 500 páginas do romance e ainda um artigo que ela publicou no jornal. Um absurdo completo, uma inconcebível perda de tempo. Quero o dinheiro que paguei comprando o livro e o jornal do dia e ainda quero um ressarcimento pelo meu tempo perdido. E ela que se dê por satisfeita por eu não passar para ela, também, a conta do meu analista.”, falou, com os cabelos cada vez mais brancos, o pobre leitor.
_____Leticia Wierzchowski não estava quando foi procurada por nossa reportagem. A assessoria de imprensa da escritora limitou-se a dizer que Leticia está tomando aulas de gramática e não tem deixado de entregar nenhuma lição aos seus professores. A estimativa é que os textos dela consigam chegar a ter a qualidade dos escritos de Paulo Coelho nos próximos 5 anos. “Para atingir a qualidade de uma Clarice Lispector, ela teria mesmo é de nascer novamente. Três vezes!”, afirmou, taxativo, o diretor da escolinha de aulas particulares que a autora anda frequentando.
_____Milton diz que está confiante de que obterá um bom resultado com o seu processo e manda dizer para Leticia que a vingança vem de alazão negro.

5 de junho de 2009

Paraíso com prazo de validade

_____Não é necessário me conhecer muito para saber que gosto de trabalhar. Trabalho com todo o prazer do mundo e sou apaixonado por minhas profissões. Não é à toa que, durante o meu tempo livre, faço exatamente o que faria no serviço: danço, falo de História, leio, escrevo, vejo filmes, vou ao teatro. Se eu conseguisse mais horas no meu dia, seria para “trabalhar”.
_____Sei que nesse momento algum chato deve estar querendo falar “Ah, mas se meu trabalho fosse dançar, ver filmes ou qualquer outra dessas coisas eu também gostaria de trabalhar.”. Sinceramente, do fundo do meu coração, tenho vontade de mandar pessoas assim para o inferno. Eu escolhi minhas profissões e trabalho com isso porque gosto. Quem não gosta da própria profissão, que mude de trabalho e vá ser feliz.
_____Mesmo assim, é importante dizer: de todos os meus trabalhos, o que mais gosto é o mais clássico, o mais “normal” de todos: lecionar. Ensinar História é a minha paixão e uma das coisas da vida que mais me faz feliz. Mesmo assim, depois de mais uma década de carreira, algo faltava.
_____Eu já havia lecionado para todos os tipos de públicos, de militares reacionários a adolescentes rebeldes, de criancinhas a pessoas da terceira idade, de gente formada querendo se especializar a extraterrestres querendo abduzir moças loiras e desimpedidas. Já trabalhei em cursinhos, supletivos, faculdades, colégios. Dei aula para sexto ano do ensino fundamental (na época era 5ª série), último ano de faculdade, ano único de supletivo. Ensino público e privado. Já havia experimentado de tudo.
_____Tudo, menos uma escola boa de verdade.

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_____Aqui vale um adendo. Escolhi a palavra “escola” de propósito.
_____Como eu disse, já lecionei em diversos locais, para diversos públicos. Mesmo assim, sei bem qual a minha preferência: gosto de ensinar para adolescentes. Por isso disse que o que me faltava era experimentar uma escola boa de verdade. No entanto, vale dizer, isso não quer dizer de maneira alguma que as faculdades e supletivos em que eu dei aula eram bons.

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_____Claro que eu já lecionei em escolas aceitáveis (apenas escolas mesmo; nunca lecionei em uma faculdade ou supletivo que prestasse). Elas tinham pontos positivos, mas pecavam em muitos quesitos. A verdade é que, tirando raríssimas exceções, nenhuma delas estava realmente interessada em ensinar. As exceções que conheci, mesmo bem intencionadas, encontravam o obstáculo da falta de dinheiro, de bons profissionais e/ou de organização.
_____Faz uns meses, entretanto, fui contratado por uma escola fantástica. Uma das melhores escolas de São Paulo. Um lugar que eu sempre sonhei em trabalhar. E, para meu completo pasmo, ela é melhor do que eu havia sonhado.  Se eu já era feliz com a minha profissão principal, sou, hoje, um cara mais feliz ainda. Nada mais falta.
_____Claro que a Escola não é perfeita; obviamente existem pontos em que ela poderia melhorar. Mesmo assim, o ensino é a sua prioridade e os resultados são extremamente positivos. A preocupação com os alunos é constante (nunca havia visto uma reunião pedagógica com um número maior de professores interessados em ajudar os alunos a aprender do que interessados em castigá-los), os investimentos, claramente destinados à melhoria do colégio e a liberdade e diversidade de opiniões, imensas. O corpor docente, ao contrário do comum nos colégios, pesquisa. Um paraíso pedagógico.
_____O único problema desse sonho é que o despertador vai tocar uma hora dessas. Fui contratado como professor substituto e, no final do ano que vem (o diretor deixou claro no dia da contratação), terei de deixar o colégio. Minha felicidade em trabalhar lá é incomensurável. O que vai acontecer quando eu não puder mais dar aula na Escola é que me assusta.

2 de junho de 2009

A carente

_____Fim de peça. Aplausos. Cortinas fecham. Pouco depois, voltam a abrir. Os atores aparecem no palco. Silêncio completo. Todos esperam que os artistas falem algo. A atriz principal olha para a platéia com uma cara estranha, dá um passo à frente e diz:
_____– Gente, mais aplausos, por favor.