30 de julho de 2009

Inventos e remendos

_____Para quem me conhece pouco, aqui vai um par de dicas: (1) se eu prometer cozinhar, não aceite meus convites para comer – minha comida é medonha; (2) se você gosta de colecionar bibelôs, cristais e afins, não me convide para conhecer sua casa – sou mais atrapalhado do que uma centopéia de patins. Passei minha vida destruindo objetos.
_____Durante minha infância, por sorte, pude conviver com uma avó que demonstrava imensa habilidade e imaginação para consertar com barbantes, colas e afins grande parte dos brinquedos (e vasos) que passaram pelas minhas mãos. Hoje, crescido, homem feito – e dez vezes mais aniquilador –, continuo destruindo coisas. O triste é que, agora, minhas demolições pessoais não são mais prontamente resolvidas.

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_____Hoje em dia nós vivemos bem próximos do Admirável Mundo Novo, de Huxley, em que a idéia de trocar um objeto velho ou quebrado é mais forte do que a de renová-lo ou consertá-lo. Ainda bem que existe gente como a minha avó. São atitudes como a dela que impedem que nosso mundo, já tão saturado de lixo, que tanto consome, fique ainda pior.



_____Ninguém que defenda seriamente a ecologia pode viver sem ser fortemente a favor de um consumo mais consciente, de uma vida com menos descarte. Penny Kemp e Derek Wall, importantes ativistas ecológicos britânicos, ensinam muito bem que quem quer ser mais “verde” só tem de se lembrar de alguns princípios simples: consumir menos, compartilhar mais e aproveitar a vida.



_____Indo exatamente nessa direção é que o grupo de designers holandeses Platform 21 lançou um manifesto defendendo a reforma de objetos ao invés do descarte. Inspirado por eles, o site Coolmeia - apoiado pelo Simplicíssimo e pelo portal que abriga este blog -, resolveu lançar um concurso chamado “A Mais Incrível Reforma”.



_____A Coolmeia irá premiar com divulgação e uma peça exclusiva do artista plástico Guga Alayon a pessoa que tiver feito a mais interessante reforma, conserto, gambiarra, melhora ou reparo a algum objeto. Para participar basta enviar, até o dia 14 de agosto 13 de setembro (data prorrogada), um e-mail para incrivelreforma@coolmeia.org com fotos e detalhes da mudança feita no objeto. Mais informações no site do concurso.



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_____Além das interessantes imagens que eu coloquei acima, tenho outro bom exemplo para inspirar os interessados. No ano passado, eu publiquei aqui no Incautos a foto de uma bolsa produzida apenas de saquinhos plásticos. Reflitam, lindos, e, se puderem, participem.

27 de julho de 2009

Curado

_____O Caco Galhardo é um cara muito bacana. Ele leu a postagem em que conto que sou estrábico e que, portanto, não vejo nada em 3D, acabou se compadecendo e me passou a solução:



_____Nada como viver em um mundo de pessoas atenciosas.


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P.S.: Já disse várias vezes que o Ops! é um lugar deveras interessante. Além de abrigar este blogueiro estrábico que não sabe o que é 3D (só sabe em piadas), ainda fornece morada para o daltônico Milton Ribeiro (sim, aquele mesmo que processou a escritora).

25 de julho de 2009

Universidade sincera

_____Nos últimos anos, surgiram pelo Brasil mais faculdades particulares de baixa qualidade do que casos de gripe suína no último mês. É um fenômeno triste para quem, como eu, gosta de Educação. Porém, tenho que admitir que, às vezes, essas faculdades me fazem sorrir. Ou melhor, elas conseguem me fazer gargalhar.
_____Os mal-intencionados que defendem esses centros universitários bizarros, lembram-se sempre do fato de que esses locais costumam ostentar prédios de altíssima qualidade e que as salas de aula contam com os melhores recursos tecnológicos para que os alunos aprendam. Na verdade, todo esse esmero, além de ser mera propaganda (nenhum aluno aprende mais se o professor utilizar um giz biônico e der uma aula de baixa qualidade), só serve para deixar claro o caráter comercial daquele negócio. No fim das contas, essas universidades acabam por parecer shopping centers.
_____Por mais que isso seja de conhecimento público, eu achava que essas universidades tentavam disfarçar. Uma viagem de metrô, entretanto, acabou desfazendo a minha ilusão. Quando eu estava saindo do vagão, cruzei com o seguinte cartaz:



_____Quase perdi a estação querendo descobrir se aquilo era verdade ou, simplesmente, uma piada muito engraçada. Parecia boato do Mr Manson. Cheguei em casa e fui conferir na internet. Queridos, eu juro para vocês, é sério. Você faz o vestibular e ganha um celular... HAHAHA! Será que os alunos que passam nas matérias ganham vales-compras? Quem se forma é presenteado com uma TV de Plasma?
_____Quando eu achei que iria parar de rir, olhei com mais atenção para a página da universidade.


_____Prestem atenção na parte inferior, à direita.




_____Desculpem-me. Eu até imagino que eles querem informar que a universidade tem uma filial na cidade de Salto. Mas, mesmo assim, um local que presenteia quem faz o vestibular com um celular não pode colocar na parte de baixo da página de abertura “Conheça a Faculdade Sant’Anna de Salto”.
_____Eu não cliquei para conferir se falava mesmo da cidade. Fiquei com medo de ficar menos inteligente ao acessar a home page deles por muito tempo. Mesmo assim, leitoras, por via das dúvidas, se alguma de vocês for conhecer a Faculdade Sant’Anna, use salto e se maquile direitinho.

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P.S.: Para quem quiser dar mais risadas, no fim do ano passado eu escrevi outro texto falando de propagandas de faculdades particulares: “Como anunciar”.

24 de julho de 2009

Sexo Anal com proteção

_____Minha irmã queria um livro de leitura fácil, que não fosse parado, que a mantivesse entretida. Emprestei para ela o meu exemplar do Sexo Anal, do Luiz Biajoni.
_____Ela está adorando e não quer mais parar de ler. O problema é que a capa e o nome são um grande incomodo para que ela possa tirar o livro de casa. Para resolver a questão ela encapou a obra com sulfite.




_____Coitadinha. O efeito saiu pela culatra. Como o livro está todo branco, em todo lugar que ela pára para* ler alguém vem falar com ela querendo saber que livro é aquele.


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P.S.: Aproveito para indicar um textinho antigo aqui do Incautos: “O inferno de se ler em público”.
P.P.S.: Albano Martins Ribeiro, vulgo Branco Leone, poupou seus leitores dos contratempos pelos quais passa minha irmã em seu fantástico Incompletos. Apesar da capa erótica


os leitores tem uma sobrecapa para tornar a obra comportada.




P.P.P.S.: As duas obras podem ser adquiridas no site dOs Viralata.


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* Alguém entendido em Reforma Ortográfica pode me solucionar o engodo? E, não, eu não quero mudar minha frase.

23 de julho de 2009

Harry Potter – Considerações sobre a ida ao filme na semana de estréia

_____Adoro cinema, mas não sou fã de ficar em filas. Isso não significa que prefiro sessões desertas; o riso é contagiante, é ótimo assistir comédias com outras pessoas rindo em volta. Mesmo assim, umas vinte pessoas na sala, de maneira que eu possa sentar sem ninguém à minha frente atrapalhando minha visão e nenhum chato disputando o braço da poltrona comigo, já me satisfazem. É exatamente por isso que, a não ser que eu seja convidado ou vá a trabalho, raramente vou às cheias estréias.
_____Na semana passada, por conta das minhas companhias, fui assistir a estréia de Harry Potter e o Enigma do Príncipe. Claro que ir para um cinema assistir o blockbuster das férias escolares em um shopping parece tão inteligente quanto ir para uma final de campeonato na Geral. Mesmo assim, eu estava bem acompanhado e, portanto, peguei o chapéu e o chicote e fui em frente.

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_____A primeira tentativa foi no próprio dia da (pré-)estréia, às 2 horas, na madrugada de terça para quarta. Tudo lotado até as 6 da manhã. Como as pessoas úteis do grupo tinham de trabalhar com o raiar do sol, adiamos a sessão.
_____No dia seguinte, em outro horário alternativo, conseguimos assistir ao filme. Nossa sorte é que mesmo não sendo mais o primeiro dia, foi possível encontrar fãs engraçados.

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_____Como o único estrábico que não consegue ver 3D no grupo era eu, resolvemos ir ao Espaço Unibanco Pompéia, do Shopping Bourbon – com lugares marcados e a sua famosa sala IMAX (especial para filmes em 3 dimensões). Uma hora e pouco antes da sessão, conseguimos comprar nossos assentos.
_____Nesse momento, minhas dúvidas quanto à veridicidade do telencéfalo altamente desenvolvido dos seres humanos novamente me assolaram. Por que diabos as pessoas, uma hora e meia antes de uma sessão com lugares marcados, ficam paradas em uma fila. Não faz o menor sentido. Pelo menos para mim, não.

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_____Quanto ao filme, não tenho muito o que comentar. É ruim e ponto. Agora, quanto à tão falada projeção 3D na sala IMAX, mesmo não enxergando, tenho algo a dizer. No filme do Harry Potter ela é só uma enganação para tomar dinheiro de fãs trouxas.
_____Entramos na sala, recebemos o óculos. O filme começou. O garoto do meu lado não parava de tentar pegar as coisas em 3D que teoricamente apareciam na frente dele (algo extremamente irritante para quem não vê nada em 3 dimensões). Depois de alguns minutos de projeção, aparece, na parte inferior da tela, umas imagens cortadas de óculos (tal qual uma placa de proibido estacionar) e acaba a brincadeira em três dimensões. O resto do filme foi normal, como qualquer outro filme.
_____Poxa, se era para ver de maneira diferente só por alguns minutos e depois passar os 97% restantes do filme vendo da maneira clássica era melhor ter cobrado o já abusivo preço normal dos ingressos. Ou será que as pessoas pagam para ficarem com caras de mosca usando aqueles óculos?


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_____Para fechar com chave de ouro a ida atípica ao cinema, provei que preciso mesmo de um tratamento psiquiátrico.
_____Na porta de saída da sala de exibição, um funcionário fica com uma cestona para que as pessoas depositem os óculos. O ignorante do blogueiro que vos escreve não sabia. Achei que era só um cara com um lixo (algo comum nas sessões normais) e, ao passar por ele, joguei um saco de pipocas dentro do cesto. Ao ouvir o grito do pobre rapaz e o som dos piruás se chocando contra os óculos que já estavam no cesto percebi o meu engano.

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_____Aproveitando a deixa, fica como extra dessas pequenas pílulas sobre o programa a indicação da singela resenha que eu escrevi quando inauguraram o cinema do Shopping Bourbon: “As novas salas do Unibanco e os arquitetos de cinema que não catam ninguém”.

21 de julho de 2009

Fina ironia

_____Gustavo Lilla, um dos mais inteligentes e competentes estudiosos de dança de salão (especialista em salsa), indicou o meu blog em seu Twitter.




acessem o blog do Ulisses: Incautos do Ontem. Genial, mais do q recomendado! | http://bit.ly/FIWkg |



_____Normalmente eu ficaria feliz, ira me sentir honrado e pronto. Entretanto, não posso deixar de perceber a fina ironia da twittada dele. O endereço que ele linkou (http://bit.ly/FIWkg) leva diretamente para o texto em que lasco o pau no Twitter.


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P.S.: Para quem gosta de música, não deixe de acompanhar o @GustavoLilla. Diariamente, para o deleite de quem o segue, ele disponibiliza o dowload da #salsa do dia. Seu gosto é impecável.

18 de julho de 2009

Aviso aos chorões

_____Atire a primeira pedra quem nunca ouviu aquela lenga-lenga chata de “Ninguém vai a exposições.”, “O teatro não tem público.”, “As apresentações das Orquestras de Gaitas de Fole estão sempre vazias.” e congêneres. Tudo bem, eu sei, a situação poderia estar melhor; todos esses gêneros de artes são subvalorizados. Mas, é importante dizer, grande parte dos eventos têm pouco público, não se pagam, simplesmente porque não são bons o bastante.
_____Antes que comece o apedrejamento a este incauto autor, faço um pedido aos leitores paulistanos: levantem o traseiro das cadeiras de vocês e apareçam no MASP amanhã.
_____Esse domingo, dia 19/VII, será o último dia da exposição prorrogada de Vik Muniz. As obras são interessantes, inteligentes, divertidas. Não é para menos que o local sempre está lotado. Neste momento, algum ignorante metido a espertinho poderia retrucar “Ah, grande coisa, está cheio porque é o MASP.” e eu teria de me segurar muito para não gargalhar na cara do p.i.m.b.a..



_____Qualquer frequentador fraquinho de exposições sabe que o Museu de Arte de São Paulo não é tão lotado assim. E, mesmo se fosse, quem seguir o meu conselho e for se divertir na VIK, pode subir até o primeiro andar do Museu, na exposição Terra em Transe, de Manuel Vilariño, e presenciar o vazio habitual.
_____Como pode, no mesmo museu, uma exposição estar lotada e a outra deserta? Simples: uma é boa, interessante para o público, diverte, faz as pessoas refletirem; a outra é uma droga.
_____Queridos artistas do mundo, antes de reclamar que ninguém foi ver sua peça, vernissage ou evento do tipo, lembre bem desse exemplo. OK?

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P.S.: Aproveitando o assunto, o talentoso cartunista Rodrigo Chaves falou algo parecido (de maneira mais simpática) depois de ir a um encontro de quadrinhistas e ouvir o mesmo tipo de chororô.


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Atualização (19/VII): Acabei de ver, o Arnaldo Branco publicou no Twitter uns comentários que encaixam perfeitamente com o tema do texto:




Um cara faz uma coletânea c/ amor e vem outro q é repórter pq não consegue publicar perguntando se o livro foi feito por pressão da editora.10:57 AM Jul 14th
Para esses, editoras são entidades argentárias do mal, já que não dão oportunidade para talentos como o dele. Not: vc é que é ruim, cara.10:59 AM Jul 14th

16 de julho de 2009

As moedas têm sempre a razão

_____Grande invenção humana, as moedas são multifuncionais. É possível brincar com elas, usá-las como dinheiro, tirá-las da orelha de crianças, organizar uma coleção, atirá-las em políticos e, se você for dono de uma caixa-forte, pode até nadar nelas. De todas as suas funções, a mais importante, indubitavelmente, é a de tomar de decisões. Qualquer dúvida entre duas alternativas pode ser facilmente solucionada com uma moeda – “Pego o caminho da esquerda ou o da direita?”, “Caso ou compro uma bicicleta?”, “A loira ou a morena?”, “Levo minha sogra ao médico ou ao veterinário?”. As moedas sempre dão respostas precisas para os seus questionamentos, não deixam margem para dúvidas.
_____Por experiência própria, posso dizer que leitores também são multifuncionais. É possível brincar com eles, usá-los para conseguir dinheiro, produzir crianças com as leitoras, colecioná-los e exibi-los para os escritores com menos leitores, usá-los contra políticos e, se você for o escritor mais sortudo do mundo, pode até encontrar uma leitora que resolva nadar nua com você. Entretanto, utilizá-los para tomar decisões é algo bem mais complicado.
_____Há pouco mais de um mês, perguntei para os meus leitores se eles apreciavam ou não as tirinhas do Doug Allen que tenho publicado por aqui e se eu deveria continuar da mesma forma. Recebi várias respostas ao vivo, nos comentários e por e-mail. Sabem qual o resultado? Um empate.
_____As moedas são bem mais simples.

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_____Brincadeiras literárias à parte, aqui vai a tradução de uma nova tirinha:




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_____Aproveitando o mote, noutro dia o Dahmer me apresentou o fantástico “Glennz” Jones brincando, também, com a excentricidade do guitarrista do The Who* em quebrar guitarras.



_____Glennz tem outras tiradas geniais que ele imprime em camisetas. Confiram para a diversão de vocês ou para comprar mesmo.



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* Eu sei que, na tirinha, está escrito Pete Townsend e não Pete Townshend. Muita gente escreve Townsend, inclusive o Doug Allen e, portanto, escolhi traduzir da mesma forma.

Update: Agradeço ao Marcus pelo lembrete do nome dos acordes.

11 de julho de 2009

I Festival Dança & Cia

_____É tão engraçado quando aparece algum ignorante querendo defender a Língua Portuguesa, querendo impedir que as pessoas usem termos estrangeiros e coisas do tipo. Será que o tonto não sabe nada de nada sobre línguas? Será que não sabe que as línguas surgem exatamente pelo contato com outras línguas, por corruptelas e afins? Será que o infeliz nunca soube nem ao menos que o Português veio do Latim?
_____Falei de língua, só para citar um exemplo. Diversas manifestações humanas – de músicas a pinturas, de armas a alimentos, de carícias a gostos – passaram pelo mesmo processo de mudanças, adaptações, natividades. É interessantíssimo acompanhar alguns desses caminhos.
_____Segunda-feira, aqui em Sampa, às 19h30min, vou abrir o I Festival Dança & Cia, com uma pequena palestra de uma hora sobre a História da Dança. Vou mostrar um desses percursos. Mostrarei como de manifestação religiosa, a Dança chegou a expressão popular e as mudanças que isso causou. Falarei dos seus intérpretes e públicos restritos de algumas épocas à extrema popularização de outras.
_____Será, pelas limitações de tempo, apenas uma exposição rápida. Mesmo assim, vai ser possível analisar mudanças culturais de diversos períodos e entender melhor as características das danças de hoje (principalmente nas Danças de Salão, minha especialidade).
_____Além da minha abertura, o Festival contará, também, com vários workshops interessantíssimos: passos aéreos, interpretação musical, composição coreográfica, charmes femininos, etc.. Deem uma olhada no site do evento para mais informações (tabela de horários e preços).

_____Que Terpsícore esteja com vocês.


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P.S.: Para os leitores que se interessaram mais pela introdução sobre o surgimento das línguas, recomendo um antigo artigo do Alex Castro.

7 de julho de 2009

Apóie o seu artista preferido

_____– Vai, Luiza, deixa de ser chata. Faz uma caricatura do João.
_____Toda educada, a desenhista recusava.
_____Depois do jantar, acompanhei Luiza até em casa. Como estávamos sós, perguntei:
_____– Lu, eu achei que você gostava de desenhar. Toda reunião sempre pedem para você fazer a caricatura de alguém, você faz e todo mundo dá risada. O que aconteceu?
_____– Sabe, Ulisses, é muito difícil viver de desenhar. Faz um mês que lancei o meu livro e, de todos da mesa, você foi o único que comprou. Quando perguntei quem havia comprado, só ouvi que estava muito caro ou que comprariam no futuro, que não dava naquela hora. Só desculpas. Se não querem pagar pelos meus desenhos, também não vou fazer de graça. Cansei deles. Imbecis.
_____Entendo perfeitamente a raiva de Luiza. Já é difícil viver de arte. Se quem (diz que) gosta não apóia, fica impossível. As pessoas que gostam de um artista, que gostam mesmo, devem prestigiá-lo. Como esperar que o seu músico preferido continue compondo se você não foi ao show, se não comprou o CD? O Conselheiro come...
_____Por isso mesmo, faço questão de apoiar os meus artistas preferidos. Mesmo sem dinheiro, sempre que posso, faço um esforço e compro seus livros, vou para suas peças. Comprei o livro de Luiza por considerá-la talentosa, para apoiá-la. Ela merece.

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_____Não escondo de ninguém que adoro o trabalho do Alex Castro. Tanto que, agora, ele resolveu transformar a obra Mulher de um Homem Só em um livro físico pela editora Os Viralata e, para custear a edição, pediu para os seus leitores comprarem o livro na pré-venda. Preciso dizer que, para apoiar esse trabalho que sei excelente, não só já comprei a obra como, também, utilizei meu espaço no Editorial do Ops! para anunciar a venda antecipada? Leiam o artigo e, principalmente, comprem o livro. Depois, podem voltar aqui e me agradecer.

5 de julho de 2009

Manual básico dos seres humanos: os marcos

_____Desde a morte de Michael Jackson, apareceram em todos os cantos dois grupos: os fãs e os incomodados. Os adoradores são um grupinho clássico que surge sempre que alguma pessoa bate as botas. É só alguém abotoar o paletó que os órfãos do morto se multiplicam feito gremlins molhados. A diferença nesse caso, é que a singular vida do Sr. Jackson fez com que a exposição post mortem fosse enorme.
_____O resultado é que as notícias sobre o Michael duraram o bastante para criar o grupo dos insatisfeitos e, mais ainda, fazer com que eles se manifestassem. Entre os argumentos utilizados por quem não está gostando da mega-exposição do falecimento, o que eu mais ouvi até agora é o seguinte: “O que mais me incomoda nessa historinha da morte do Michael Jackson é que ninguém mais lembrava que ele existia, ninguém mais gostava dele e, agora, só porque morreu, parece até que ele era mesmo o ‘Rei do pop’.”.
_____Eu até entendo que falar demais de algum assunto cansa. Mesmo assim, deixem-me lembrar aos impacientes de um detalhe: por mais interessante que seja um assunto, por mais que gostemos de algum tema, não é possível pensar nele o tempo todo. Simplesmente seria impossível refletir sobre qualquer coisa se ocupássemos nossa mente 100% do tempo com o que achamos importante. Seríamos um simulacro tosco de Funes.
_____Não é à toa que nossa cultura trabalha com datas comemorativas e outros truques mnemônicos. Isso ajuda a fazer com que possamos dedicar nossa atenção a determinados assuntos só em alguns momentos e possamos tocar nossa vida normalmente no resto do tempo. Por exemplo, hoje ninguém está falando sobre a Biblioteca Nacional. Porém, no ano que vem, ela completa 100 anos e, portanto, será um assunto para lá de abordado, principalmente em outubro, no Rio de Janeiro.
_____As mortes também servem avivar as lembranças. Por mais triste que seja o falecimento de alguém, queira ou não, vira um lembrete de que devemos celebrar a vida que a pessoa teve, o que ela realizou, etc.. Deixando o exemplo do Michael Jackson de lado, aposto uma mariola que, em 2010, vocês vão ouvir falar  muito do tão esquecido Botticelli. Por quê? Oras, não é todo ano que um pintor com aquele talento completa 500 anos de morte. Descanse em paz, Sandro.

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P.S.: Falando do Sr. Jackson, o Marconi Leal continua genial. Confiram.

2 de julho de 2009

Reestréia na estréia

_____Admiro bastante o trabalho do André Dahmer. Atualmente, inclusive, uso uma personagem produzida por ele na maioria dos locais virtuais em que, teoricamente, tenho de enfiar minha cara (com a simpática anuência do próprio). Eu já estava até planejando, em agosto, publicar aqui no Incautos um texto falando do lançamento paulistano do seu novo livro (ao qual pretendo ir), A Cabeça é a Ilha.
_____Porém, após o lançamento carioca, passei a admirar mais ainda o Dahmer e resolvi adiantar a propaganda do livro aqui no meu blog. O motivo? Simples: em plena festa de lançamento, ele fez uma piada fabulosa, com uma crítica política ímpar.
_____Em 1986, os preços eram tabelados e os consumidores denunciavam, com um bom apoio da mídia, os comerciantes que remarcassem o preço de qualquer produto. Os mais empolgados usavam, inclusive, um broche de “Fiscal do Sarney”.



_____Genialmente, o Dahmer aproveitou o novo escândalo em que o porco do nosso ex-presidente se meteu e, em pleno lançamento do A Cabeça é a Ilha, ressuscitou os broches. Vários dos presentes saíram do lançamento com um exemplar do livro na mão e um button no peito.
_____Reclamar de políticos é cúmulo do lugar comum, qualquer trouxa consegue. Contar piada é quase uma característica da raça humana (segundo Darwin, os humanos que não sabiam fazer graça não se reproduziam). Agora, fazer uma crítica política realmente engraçada, com uma piada inteligente e uma interessante referência histórica é só para caras extraordinários como o Dahmer.
_____Sucesso para o livro e para os atuais “Fiscais do Sarney”.

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P.S.: Para quem quiser saber, utilizo a personagem Ulisses como substituto para o meu belo rostinho, não por causa da estória dele, mas, sim, porque o Ulisses tem o azar de parecer muito comigo. Mentira, ele é mais bonitinho.