___Salas de professores são lugares asquerosos. Nelas se reúnem seres humanos que trabalham com ensino, mas que só pesquisam endereços de pizzaria pela internet; gente que queria estar em qualquer lugar, menos em uma escola.
___É mais fácil ouvir uma discussão sobre a existência de duendes em uma sala dos professores do que sobre ensino. Só se fala dos alunos para tecer críticas. Conhecimentos científicos, então, não são pauta nem dos ratos do local. Não é à toa que, nelas, costumo me sentir deslocado como um klingon em Star Wars.
___Minha experiência com plantões de dúvidas, entretanto, é completamente diferente. Nos plantões, professores de diversas disciplinas ficam em uma sala à espera de alunos que queiram tirar alguma dúvida. Por estarem confinados todos em um mesmo local, é bem comum que um ouça o que o outro está ensinando e que interesses surjam. A proximidade de estudiosos (pela graça de Clio, grande parte dos plantonistas costumam ser mesmo estudantes - estudantes universitários) também costuma ser bastante positiva na hora de se esclarecer as perguntas dos alunos: cada pergunta que a resposta é ignorada por um lente, logo os demais vão em auxílio tentando resolver a questão.
___Como a reunião costuma ser de professores de disciplinas diferentes, não parece haver grande competição, nem receio de confessar uma ignorância. Chega a ser lindo. Torna-se, como deveria ser qualquer canto de uma escola, um local de troca de conhecimento. Vou ver se um ano desses arrumo um trabalhinho extra em uma biblioteca para ver como a carruagem anda.
###
P.S.: Para não dizerem que sou intransigente, existe uma sala dos professores que eu adoro e frequento honradamente. Diariamente, ensinando de maneira divertida sobre música brasileira e jazz, Daniel Daibem comanda o maravilhoso programa Sala dos Professores, na rádio Eldorado FM (92,9, aqui em Sampa). Sou ouvinte fiel pelo rádio e pela internet.