___Dia desses, recebi um e-mail intitulado “Lulla censurou blog de Adriana Vandoni”. A mensagem começa com garrafais letras roxas:
O BLOG DE ADRIANA VANDONI ESTÁ CENSURADO POR ORDEM JUDICIAL!
Mulher de coragem que fala o que deve está sendo punida pelo governo Lula!
Veja abaixo o texto que foi censurado pelo governo Lula.
Publicado por Adriana Vandoni em 10 novembro, 2009, às 13h31
Abs. XXXXXXXXXX
___Abaixo, vinha o tal texto censurado, com uma diagramação maluca, com várias cores e tamanhos de letra.
“Já tivemos presidentes para todos os gostos, ditatorial, democrático, neo-liberal e até presidente bossa nova. Mas nunca tivemos um vendedor de ilusão como o atual. Também nunca tivemos uma propaganda à moda de Goebbels no Brasil como agora. O lema de Goebbels era ‘uma mentira repetida várias vezes, se tornará uma verdade’. O povo, no sentido coletivo, vive em um jardim de infância permanente.”. (O restante do texto pode ser lido aqui.)
___O e-mail, então, terminava com uma frase toda em maiúscula, em vermelho berrante: “COMO O BLOG FOI MORDAÇADO JUDICIALMENTE PELO GOVERNO, VAMOS DIVULGÁ-LO!”.
___Sem utilizar nenhuma outra cor ou tamanho de letra além das habituais, retruquei o e-mail para a longa lista das pessoas que o haviam encaminhado.
Meus queridos,
___Reenviar e-mails e acusar os outros é fácil. Pesquisar, acreditem, também é.
___Peguei esse e-mail-corrente intitulado “Lulla censurou blog de Adriana Vandoni” (sic), li e, antes de sair reenviando por aí como vocês fizeram, fui até o Google e digitei “Adriana Vandoni”. Resultado: descobri que o Prosa e Política, o blog dela, estava aberto e podia ser acessado sem problema algum. Nada de “BLOG... MORDAÇADO JUDICIALMENTE PELO GOVERNO” como conclamava o e-mail. Duvidam? Entrem, então, no blog. Fica nesse endereço: http://www.prosaepolitica.com.br.
___No banner de topo, entretanto, está anunciado que o blog realmente sofreu censura. Porém, só por ler o banner se descobre que a censura foi causada por conta de comentários feitos contra José Riva. O presidente Lula, para aqueles que têm preguiça até de procurar no Google, saibam, é do PT; o deputado estadual do Mato Grosso José Riva, do PP. Entendem? Só para ressaltar: Luis Inácio Lula da Silva e o porco censurador José Geraldo Riva são pessoas diferentes, com cargos diferentes e de partidos diferentes. OK?
___Mas, não paremos por aqui. O e-mail-corrente que atacava o Lula dizia que o texto censurado foi “Publicado por Adriana Vandoni em 10 novembro, 2009, às 13h31”. Já que eu estava no blog da moça, fui até os arquivos, exatamente no dia 10 de novembro de 2009 e... O texto falando mal do Lula estava lá, bonitinho, calminho, inteirinho sem nenhuma mordaça.
___Vale também acrescentar dois comentários. (1) O autor do texto na verdade não é a Adriana Vandoni e, sim, o jornalista Laurence Bittencourt Leite. Adriana e Laurence, assim como Bozo e Boris Casoy e como Lula e Riva, são pessoas diferentes. Ela é a dona do blog censurado; ele, autor do texto que não sofreu represália alguma e que, por acaso, foi publicado no blog de Adriana. (2) Se vocês copiarem umas linhas do texto “Lula, o ilusionista” (o texto que não foi censurado) no Google, vocês irão descobrir que muita gente republicou o texto por aí afirmando que ele foi censurado. Quanta gente que não pesquisa, né?
___Espero que tenham aprendido um pouco. Prestem atenção antes de ficar por aí espalhando um monte de mentiras. Ou vocês esperam, como Goebbels, que mentiras como essas virem verdade só porque foram repetidas um monte de vezes?
Beijos e abraços a todos.
M. Ulisses Adirt.
___Por algum misterioso motivo, nenhum dos spammers que me repassaram o e-mail-corrente denunciando a “censura” se manifestou. A vida é assim.
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___Para conferir todas as informações, escrevi também para a Adriana e para o Laurence perguntando pelo caso. Rapidamente e de maneira muito educada, ambos me responderam. Procurando desfazer a confusão mostrando que o artigo “Lula, o Ilusionista” não está censurado, Adriana Vandoni editou-o e republicou-o no último sábado (original, aqui).
___Obter as informações que tornavam o e-mail-corrente infundado não me custou nem cinco minutos. Para evitar acusações sem fundamento, vale dizer, parece um tempo muito bem gasto. Repetindo o mote inicial do meu e-mail, “Reenviar e-mails e acusar os outros é fácil. Pesquisar, acreditem, também é.”.