31 de dezembro de 2012

Ética

Texto dedicado a todos que, carinhosamente,
já brigaram comigo por alguma reclamação
ou denúncia que eu fiz.

___Steve conheceu Armando no primeiro ano da faculdade de Medicina. Durante a primeira prova, Steve – que muito havia estudado – viu Armando colando. Não o dedurou para o professor, pois não seria ético com o colega.

___No quinto ano, Steve viu Armando pagando para que outro aluno fizesse o trabalho de uma matéria qualquer. Steve não falou nada nem ao professor, nem à direção: uma denúncia iria ferir a Ética Estudantil.*

___Steve conseguiu se formar um ano antes de Armando; mesmo assim, encontraram-se na residência de pediatria. Dedicado, Steve sempre estava tentando aprender com os médicos mais velhos, passava muito tempo no hospital, mas parecia só encontrar Armando quando ia para a copa tomar um café. Até mesmo nos plantões, Armando parecia trabalhar pouco – e dormir muito. “Isso não é da minha conta. Não é ético ficar me metendo...”, pensava Steve.

Residência Médica, por Solon Maia

___Chegando ao fim da residência, os dois se separaram. Steve tornou-se um pediatra extremamente competente, casou e teve quatro filhos. Com o crescimento das crianças e das contas, Steve teve de pegar um plantão em um pronto-socorro e acabou reencontrando o colega de faculdade. Como trabalhavam bem próximos, Steve logo percebeu que Armando não atendia direito, que cometia erros grosseiros, dava até diagnósticos errados. Mesmo assim, nunca comentou nada com ninguém: seria antiético falar mal de um colega.

Doutor Tigrão é colega demais, por Solon Maia

___Certo dia, Clara, uma garotinha de 5 anos, morreu por um erro de Armando. Um erro que qualquer médico competente não teria cometido. A mãe de Clara acha a ética de Steve uma merda.

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P.S.: Eu sei que tem gente que acha errado quando me vê criticando algo ou alguém; sei que isso pode me fazer mal profissionalmente; sei que iriam gostar mais de mim e que eu me daria melhor calando a minha boca. Já diria o grande Emicida, “O jogo é sujo. Vai ganhar mais quem berrar menos.”. Só que, sério mesmo, para mim (e para a mãe de Clara) o preço de não falar nada é muito alto.

P.P.S.: As tirinhas que ilustram o texto são de Solon Maia, o cartunista e médico autor do blog Meus Nervos. Não concordo com muitas das opiniões políticas do Solon, mas o admiro muito por ter coragem de, abertamente, escancarar o que são médicos ruins.

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* Assim mesmo, com “es” maiúsculos.

26 de dezembro de 2012

Falta de talento para dançar

___Expressões idiomáticas podem, em muitos casos, facilitar a comunicação. Ao invés de se dizer muitas frases, explicar pormenorizadamente um assunto, é possível utilizar uma expressão popular para passar a ideia.


___Vale ressaltar: esse facilitar da comunicação, esse passar de uma ideia, pode, muito bem, servir para ofender.


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___Para se praticar dança de salão não é necessária muita coisa: um par, um pequeno espaço livre e música. No entanto, é claro que quanto mais facilitadores existirem, melhor. Bastante espaço no salão é melhor do que pouco; uma roupa confortável;* boa música. E, se o objetivo é dançar, o calçado também ajuda muito. Minha opção preferida, são tênis próprios para dança de salão.


___Esses tênis de dança são tão confortáveis que eu já escrevi sobre eles aqui no blog. E, vale dizer, nem é necessário amputar o dedinho para utilizá-los.


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___Como presente de natal para o filho dançarino, meus pais resolveram me presentear com um par de calçados de dança. Olhem que belos exemplares de tênis.


Tênis novos


___Agora, preste mais atenção à fotografia dos sapatos e tente se recordar dos primeiros parágrafos, quando falei rapidamente sobre expressões idiomáticas (que, vale lembrar, podem ser usadas para ofender).


___Não conseguiu juntar os pontos? Deixe-me ajudar você com outra fotografia dos tênis. Mais precisamente, da sola dos tênis.


Tênis novos - sola


___Compare, agora, as solas dos tênis novos, com a sola dos meus tênis de dança antigos.


Comparando as solas


___Percebeu? Ganhei um par de tênis com dois pés esquerdos!


___Para quem não sabe, dizer “Você tem dois pés esquerdos.” é uma clara crítica ao talento do dançarino, significa que a pessoa não tem capacidade de dançar. Deixo aqui registrado que considerei esse presente um insulto sem par e que não planejo me comunicar com os meus pais até o próximo natal.


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Nota: Caso alguém tenha dificuldade de entender, explico: obviamente eu não fiquei ofendido com o presente. Não acho que meus pais estão me agredindo. Simplesmente o pessoal da Marnet Danças (local em que minha mãe comprou o tênis) deve ter se enganado na hora de enviar o calçado e eu achei que valia a pena escrever uma crônica brincando com o fato.


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* São comuns, nos locais em que se pratica dança de salão, a contratação de dançarinos homens para dançar com as damas. Por conta de preconceitos sociais estúpidos, muitos desses locais obrigam os seus dançarinos a utilizar terno e gravata.


 

25 de dezembro de 2012

Eu amo Jesus e...

___Tendo em vista a temática da postagem de ontem, achei que valia a pena compartilhar com vocês uma doce canção do fantástico Tim Minchin, “I love Jesus”.


[embed width="500"]http://www.youtube.com/watch?v=ILa2BFKLJzA[/embed]


___Um feliz natal, cheio de sentimentos cristãos para todos.


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P.S.: Caso alguém ache que eu não fui claro o bastante nas minhas opiniões, deixo mais um vídeo do Tim Minchin, “Pope Song”.


[embed width="500"]http://www.youtube.com/watch?v=vWOss04KeGM[/embed]


P.P.S.: Se algum leitor ainda está animado com o tema, mas cansado de ouvir a voz no Tim Minchin, fiquem à vontade para ouvir a minha falando – como convidado no podcast Podfalar. (Clique aqui com o botão esquerdo para ouvir o programa ou, com o direito, aqui para fazer download.).


 

24 de dezembro de 2012

Pergunta aos homossexuais

Papa e o casamento gay, por Alpino


___Li, recentemente, na imprensa: “Papa sinaliza aliança entre religiões para combater casamento gay”. Depois de ler a notícia – e de me lembrar de mil casos de líderes de outras religiões agindo da mesma forma –, uma velha dúvida me acometeu: como um homossexual consegue ser católico, evangélico, judeu, muçulmano ou de qualquer outra corrente religiosa que abertamente o condena?


___Posso não compartilhar da mesma crença, mas entendo os motivos para um homossexual ser religioso, acreditar em alguma divindade, querer algum benefício depois de morrer. O que não faz o menor sentido para mim é alguém escolher seguir uma religião que claramente o condena, que fala do seu modo de vida como um pecado, que luta contra a sua existência e que lhe prevê um castigo eterno.


___Portanto, sério mesmo, alguém consegue me explicar como um homossexual consegue se assumir e ao mesmo tempo continuar professando, por exemplo, a fé católica?


___Se alguém conseguir sanar a minha dúvida, ficarei muito satisfeito. Quem sabe na próxima semana não consigo alguém que me esclareça por que diabos alguém –, seja heterossexual, homossexual ou amante de cabras, – lê a Veja.


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___Agradeço os comentários-resposta desde já e me desculpo de antemão se, de alguma forma, ofendi algum homossexual.


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P.S.: Aproveitando o post, fiquem com uma ótima tirinha do Jesus and Mo.


Twitter do papa


 

21 de dezembro de 2012

Competência médica

___Não costumo esconder minhas opiniões negativas sobre homeopatia. É um pouco difícil levar a sério um tipo de “medicina” que existe desde o século XVIII e não conseguiu nem produzir testes duplo-cegos decentes para mostrar a eficácia dos “medicamentos” comercializados. Exatamente por isso, faço de tudo para me manter longe dos “profissionais” que trabalham com esse tido de engodo.


___Finalmente, agora, depois dos 30, marquei uma consulta com o meu primeiro Clínico Geral. Como não conheço nenhum, escolhi o médico simplesmente pelos horários e pela distância.


___Ao entrar na sala de espera do consultório, já tive meu primeiro calafrio: quadros e símbolos utilizados pelo pessoal da medicina alternativa povoavam o local. A secretária perguntou se era a minha primeira consulta com o Dr. Samuel*; quando respondi positivamente, ela me entregou uma ficha para preencher.


MIB - Teste


___Sentei para escrever. Martelando um prego nas minhas esperanças, li no topo da ficha “Dr. Samuel Torquemada – Clínico Geral e Homeopata”. Apesar disso, parecia uma ficha normal: nome, idade, sexo, estado civil... Até mais ou menos a oitava pergunta: religião. Tentei imaginar justificativas – “Para um médico, isso deve ser importante. Se eu for Testemunha de Jeová, por exemplo, não vou poder receber sangue. Deve ser isso...”. Só que as perguntas bizarras não pararam por aí: hobby, cor preferida, signo. Sério mesmo que o Conselho Federal de Medicina (ou o Regional, não faz diferença) deixa alguém assim clinicar?


___De qualquer modo, eu já estava lá. Entreguei a ficha preenchida. A secretária levou para o médico e, algum tempo depois, fui chamado.


___Fui recebido de maneira cortês. O médico começou a preencher uma ficha própria, com o auxílio da que eu havia preenchido e me fazendo algumas perguntas realmente relevantes como “Toma algum medicamento?” e “Casos de doenças graves na família?”. Até que ele parou na leitura de uma das minhas respostas. Como um juiz saído da ficção de Albert Camus, o médico me perguntou: “O senhor não acredita em Deus?”.


___Impassível, respondi:


___– Não. E digo mais: minha cor preferida é o verde.


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* Nome fictício.

 

18 de dezembro de 2012

Postura

___Sempre ouvi de muita gente que um professor deve saber se portar em sala de aula. “Saber se portar”, para quem nunca ouviu a expressão, pode significar muitas coisas: comportar-se, ter atitudes socialmente dignas, não falar palavrões, não se sentar em cima da mesa, não fazer brincadeiras, falar bem de tudo e todos, ater-se apenas ao conteúdo direto, entrar em sala sempre bem trajado, apagar a lousa antes de sair, cumprir sempre bem os compromissos burocráticos, não usar Maldições Imperdoáveis no campus etc.. Em outras palavras ter postura é agir conforme as regras estabelecidas, nunca questioná-las e não incomodar ninguém.

___Eu discordo.

___E, vale dizer, não discordo simplesmente porque, em sala de aula, costumo ter atitudes como a da foto abaixo.

Mauricio Ulisses Trida em sala de aula

___Discordo porque, para mim, um professor que sabe se portar em sala de aula é alguém que ensina. Só isso. Se segue ou não as regras, se é doce ou azedo, se se veste bem ou mal, tudo isso não importa. Um professor tem de ensinar. Todo o resto é perfumaria.



13 de dezembro de 2012

Viajando

___Acho bacana que professores, às vezes, saiam de perguntas diretas sem muita reflexão fora do conteúdo em si e tentem aproximar suas matérias do cotidiano. O problema é que se essa aproximação não for bem feita, o exercício pode ficar meio ridículo.


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___A questão abaixo caiu em uma prova de vestibular deste final de ano.




___A carta e a foto, a seguir, foram enviadas por Cibele a seu primo Fernando que, como ela, também gosta muito de viajar.


Ruínas da cidade maia de Chichén Itzá
Carta da questão 40


___Fernando, lendo as dicas de sua prima, descobriu corretamente que esse país é
a) o Canadá.
b) o México.
c) a Bolívia.
d) o Egito.
e) o Peru.



___Como eu disse, tentar aproximar a matéria do cotidiano é louvável, mas é bom tomar cuidado para não beirar o ridículo. Ao ler essa questão, fiquei pensando como seria surreal cartas escritas assim.


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Oi, Fernando.


___Fiquei contente de ver que você adivinhou facilmente que eu estou no México. Vou ficar mais contente ainda se, na próxima carta, você disser que vai me ajudar a custear esta viagem. Por favor, só as duas últimas parcelas do meu pacote da CVC. Você vai ver, o valor nem é tão alto assim: o pacote ficou em R$ 4.944,24 e eu combinei de pagar em 8 vezes. Já sabe o quanto você vai pagar?


___Deixando esses assuntos chatos de lado, estou achando a culinária mexicana fantástica. Mesmo já tendo ido parar no hospital por duas vezes, estou comendo de tudo. O prato que eu mais gostei, até agora, é um que eu já conhecia: os burritos. Aqui, eles são muito mais saborosos. Meus preferidos são aqueles que abusam de um condimento que tem 18 moléculas de Carbono, 27 de Hidrogênio, 1 de Nitrogênio e 3 de Oxigênio. Reconheceu esse tempero?


___Para que eu não me alongue muito mais, termino com uma última perguntinha para você: minha última parada aqui no México será em Canutillo, no estado de Durango. Sabe quem passou os últimos anos de sua vida aqui? Se você precisar de ajuda para responder, talvez o pessoal da cidade de Columbus, nos Estados Unidos, possa ajudar você.


Saudades,


Cibele.


 

1 de dezembro de 2012

Dedos afiados

___Amiga nova, depois de ler alguns dos meus textos:
___– Nossa, Ulisses, você é tão doce no dia a dia. Nos seus textos você é sarcástico, encrenqueiro, grosso...


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___Possibilidades de resposta:
1) “Obrigado. São seus olhos.”
2) “É porque eu me expresso melhor escrevendo.”
3) “Você acha que eu pego pesado nos meus textos? Isso é só porque você ainda não me viu dando aula de História.”

28 de novembro de 2012

Ajudando...

___Eu e minha esposa estávamos em um ponto de ônibus cheio da Avenida Brigadeiro Luís Antônio. Nem imagino como, uma velhinha perdeu o equilíbrio e caiu em cima de um ônibus que estava parado e, em seguida, estatelou-se no asfalto, perto de uma das rodas traseiras. Sem nem pensar, corri até a senhora, segurei-lhe o braço e a puxei para a calçada. Só depois que ela já estava em segurança é que apareceram outras pessoas para me ajudar com ela.
___Momentos depois, comento com a minha esposa, um pouco consternado, que ninguém (nem ela) foi ajudar. “E se o ônibus passasse por cima da velhinha? Ninguém pensou nisso?”, falei, um pouco amargurado.
___– Amor – ela respondeu, ajudando a restaurar um pouco da minha fé na humanidade –, você reagiu tão rápido que, quando as pessoas viram o que estava acontecendo, já não era necessário correr até a velhinha.
___– É... Você tem razão.
___– Além disso, pouco depois de você, umas duas pessoas correram até o motorista do ônibus para impedi-lo de colocar o veículo em movimento.
___Gostei daquilo. Em momento algum, nem revendo os acontecimentos na minha cabeça, eu teria tido a ideia de correr para parar o motorista. Quando eu estava quase sorrindo pensando como essa ajuda foi importante, um homem alto à nossa frente me lembrou como a humanidade também pode mesmo ser uma droga.
___– Eu vi que aquilo ia acontecer. Deixam esses velhos andando por aí. Culpa do governo e da família que não cuidam como deveriam. Aposto que a velha caiu porque se entupiu de remédio em casa. Você não acha?
___Não respondi nada. Só abracei a minha esposa e fingi que eu não havia escutado.


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___Dois pequenos complementos à crônica. Primeiro, um par de quadrinhos em que a personagem Rorschach, de Alan Moore, conta sobre o caso de Kitty Genovese e a (não-)reação das pessoas.*


Rorschach conta sobre o caso de Kitty Genovese.
Rorschach conta sobre o caso de Kitty Genovese.


___Depois, uma doce crônica da Camila Pavanelli** – fingindo que vai falar sobre lavar louça.


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* Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons. Número 6.
** A escritora que eu disse que fala “de maneira gostosa sobre qualquer coisa”.

 

21 de novembro de 2012

Fábrica de sonhos*

___Faz alguns dias, o Fabio Ferreira, do Comida na rede, enviou-me uma tirinha triste.


stuff dreams are made of, de Asaf Hanuka


___A princípio, nem soube o que dizer. Mais tarde, lembrei-me da ótima abertura dos Simpsons feita pelo Banksy. Posto-a aqui como resposta.


[embed width="500"]http://www.youtube.com/watch?v=DX1iplQQJTo[/embed]
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P.S.: Aproveitando, a tirinha que o Fábio me enviou fez com que eu pudesse conhecer o interessantíssimo trabalho de Asaf Hanuka. Deixo outra imagem que também pode ajudar a pensar os efeitos do capitalismo.


Mural, de Asaf Hanuka


 

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* Texto escrito no meu iPad.

 

15 de novembro de 2012

Isso não é um vampiro de verdade!

___Hoje estreia a última parte da chamada “Saga Crepúsculo” e um dos efeitos é que inúmeros não-fãs começam a reclamar dos vampiros que brilham. De inúmeras críticas que poderiam ser feitas, sempre me espanta encontrar gente que reclama que “Esses carinhas brilhantes não são vampiros de verdade!”.


Vampiro de verdade não brilha
Vampiro de verdade não brilha
Vampiro de verdade não brilha


___Por conta disso, tentando colocar um ponto final nesse assunto, convidei para uma pequena entrevista três grandes autoridades em vampiros: Max Schreck, que interpretou Nosferatu em 1922; Anthony Stewart Head, que interpretava Rupert Giles, a pessoa que mais entendia de vampiros no seriado Buffy – a caça-vampiros; e Brad Pitt, que interpretou Louis de Pointe du Lac no filme Entrevista com o vampiro.


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Incautos do Ontem: Sejam bem vindos. Começo agradecendo o tempo que todos vocês cederam para esta entrevista.
Anthony Stewart Head: Fico feliz de poder trazer mais conhecimento para quem está interessado no assunto.
Max Schreck: Eu ficarei feliz quando você depositar na minha conta bancária o prometido pela entrevista.
Incautos do Ontem: Claro, claro... bem... Vamos direto para o assunto: o que vocês acham do fenômeno Crepúsculo?
Max Schreck: O que é isso?
Brad Pitt: Trata-se, caro Max, de uma propaganda da ideologia religiosa mórmon que Stephenie Meyer, a autora da série, resolveu espalhar com uma historinha de vampiro.
Max Schreck: Ah...
Anthony Stewart Head: Mesmo gostando de livros, eu só aguentei ler o primeiro. Não entendo o motivo para esse sucesso todo. Mas, também nunca entendi bem o sucesso da Buffy.
Brad Pitt: Pessoalmente, quase tudo o que eu tenho a dizer sobre o fenômeno já foi dito por um tal de Felipe Neto.
Incautos do Ontem: E sobre as reclamações frequentes de que “Vampiros que brilham não existem!”, qual a opinião de vocês sobre essa polêmica?
Anthony Stewart Head: É claro que os vampiros brilham. Olha o sucesso que o Crepúsculo e um monte de livros, séries, jogos e filmes sobre vampiros já fizeram.
Brad Pitt: Não há dúvidas que é divertido falar que, como o Edward Cullen brilha, voa e mora na floresta, ele é uma fadinha, não um vampiro. Só que, falando sério, quem diz que algum tipo de vampiro existe – sejam os que brilham, sejam os que queimam ao sol –, precisa muito de um tratamento. É sério mesmo que existe gente que defende que existe algum tipo de vampiro “correto”? Seria a mesma coisa que brigar para dizer que a cor correta de um ork é verde-abacate e não verde-vómito-de-bebê.
Max Schreck: Alguém que está levando a sério uma entrevista, dada em 2012, com um cara como eu, que morreu em 1936, deve acreditar em vampiros que brilham, que se queimam com água benta, que sabem o e-mail do Batman, que tomam sopa de AB negativo e assim por diante.
Incautos do Ontem: Comparando as versões cinemat...
Brad Pitt: Desculpe-me, senhor Ulisses, mas está quase amanhecendo e eu preciso ir. Sabe como é, né? Eu ganho a vida como ator bonitão e o sol pode acabar fazendo mal para a minha pele sensível...
Incautos do Ontem: Ah... claro, senhor Pitt. Obrigado pela sua participação... Opa... Cadê o Max Schreck?
Anthony Stewart Head: Eu sei que vai ser difícil de acreditar, mas eu acho que ele virou aquele morcego que acabou de sair voando pela janela.
Incautos do Ontem: Quê?!? Tá brincando comigo?
Anthony Stewart Head: Não estou não. Com o sol surgindo eu pod... O que é aquela coisa brilhando lá fora?


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P.S.: Aproveitando o assunto, deixo uma imagem extra.


Twilight Moms

11 de novembro de 2012

Jogue uma obra de arte no chão

___Acaba hoje a exposição Lygia Clark: uma retrospectiva, em cartaz no Itaú Cultural desde o dia 1º de setembro. Anunciá-la hoje neste blog seria sem sentido, já que muitos leitores não são de São Paulo e, mesmo os que são, provavelmente não vão ler esta postagem neste domingo (e muito menos ler e sair correndo para o museu).
___Mesmo assim, indico. O Itaú Cultural fez um bom trabalho não apenas na exposição física (na qual montou até obras inéditas, que até então só existiam nas anotações de Lygia Clark*), mas, também, na virtual. É possível acessar por este link um “museu virtual” e conhecer um pouco dos trabalhos da artista mineira.


Bicho de bolso, de Lygia Clark


___Nessa exposição virtual, o internauta poderá passear por trechos do Parque do Ibirapuera, conhecer algumas obras e ouvir explicações. “De que adianta ficar passeando virtualmente se grande parte das obras da Lygia são interativas?”, talvez algum fã da artista, revoltado, questione. Simples: mesmo não sendo o ideal, algumas obras, como as da série Bichos, podem ser “manuseadas” com o mouse. Quem gosta ou quer conhecer um pouco, é uma brincadeira legal; e, para quem odeia arte contemporânea, pode ser uma ótima oportunidade de pegar algumas obras e jogar no chão. É divertido.


Arte Moderna, por André Dahmer.
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Indicação de leitura:Queimar a arte para salvar a arte”, de Alex Castro.


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* Lygia Clark que morreu em 1988, vale lembrar.

5 de novembro de 2012

No meio do caminho tinha uma pedra

___Domingo, final da tarde, caminhando pela rua com a minha esposa. No meio do caminho havia um policial e algumas faixas impedindo a passagem. Como era a nossa rota para o metrô, chegamos perto para descobrir o que estava acontecendo. Uma senhora muito educada perguntou se precisávamos mesmo fazer aquele trajeto, pois não era bom andar por ali naquele momento: “Um desses casos com o PCC aconteceu pela região e só estão permitindo o acesso de quem realmente precisa utilizar estas ruas.”.
___Caminhamos para outra direção. Alguns quarteirões depois, vimos um grupo grande de torcedores de futebol, todos com camisas de cores parecidas, ocupando a calçada e parte da rua, na frente de um boteco. Pouco depois que os avistamos, algo de ruim deve ter acontecido no jogo, pois vários deles começaram a gritar, xingar e agir como se estivessem em um salão da nobreza inglesa do século XVIII. Receosa, minha esposa nos fez desviar a rota novamente.
___Quando chegamos ao metrô, ela perguntou:
___– Se não tivéssemos outra escolha, você preferiria passar pelo lugar com o problema do PCC ou pela torcida organizada?
___– Depende da cor da camisa que eu estivesse usando.


 

30 de outubro de 2012

E agora, Serra?

País rico é país onde mesmo quando tudo parece estar perdido, você tem oportunidade de trabalho


___O Izaías Almada, colunista do Escrevinhador, cantou bem a bola de que o poema “José”, do Carlos Drummond de Andrade, encaixa muito bem com a derrocada da carreira política de José Serra – que não consegue mais nem ganhar eleição para prefeito no seu curral eleitoral. A brincadeira me inspirou e eu resolvi formular uma paródia um pouquinho mais direta. Divirtam-se.


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José
E agora, José?
A eleição acabou,
o adversário ganhou,
o povo sumiu,
a vitória esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem palavra,
que entrega o governo pros outros,
você que desfaz versos,
que odeia protesto,
e agora, José?
#
Está sem poder,
está sem censura,
está sem alianças,
já não pode mentir,
já não pode roubar,
escarrar ainda pode,
a vitória esfriou,
o apoio não veio,
o indeciso não veio,
o voto não veio,
não veio o Executivo
e o governo acabou
e o poder fugiu
e sua carreira mofou,
e agora, José?
#
E agora, José?
Sua doce propaganda,
seu instante de furor,
sua cobiça e humildade,
seu passado,
seu dinheiro,
sua fantasia tucana,
sua incoerência,
seu amor – e agora?
#
Com o título na mão
quer entrar no Gabinete,
não existe Gabinete;
quer morrer no governo,
mas o governo migrou;
quer ir para Brasília,
Brasília não há mais.
José, e agora?
#
Se você brigasse,
se você chorasse,
se você tocasse
o jingle de campanha,
se você acordasse,
se você descansasse,
se você desistisse…
Mas você não desiste,
você é burro, José!
#
Sozinho nas eleições
qual Paulo-Salim-Maluf,
sem privataria,
sem voto o bastante
para se eleger,
sem chance no Executivo
que fuja pro Legislativo,
você acabou, José!
José, vamos parar?


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P.S.: Como extra, linko o áudio do Drummond lendo o “José” original, conseguido pelo pessoal do Memória Viva.
P.P.S.: Já que estou falando do Serra e de paródias, aproveitem para ver a ótima resposta do Mamuti 011 para a polêmica envolvendo o ex-candidato do PSDB e o rap.


[embed width="500"]http://www.youtube.com/watch?v=u34HRpBR6EE[/embed]


 

27 de outubro de 2012

Montagens

___Um dos motivos para que eu adore época de eleições é ter a chance de ver montagens legais e simples como essas aqui.


[embed width="500"]http://www.youtube.com/watch?v=p4R_CDDF6DM[/embed]


[embed width="500"]http://www.youtube.com/watch?v=8mUAXYbyO_8[/embed]


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P.S.: Para quem quiser, uma ótima coletânea do mesmo autor sobre como o Serra sabe ser “político” com os jornalistas.


[embed width="500"]http://www.youtube.com/watch?v=A5TMtnvophE[/embed]


P.P.S.: Eu sei que já critiquei o Haddad aqui no blog. No entanto, entre Serra e Haddad, eu não tenho a menor dúvida que quero o Serra e o PSDB (e os seus prefeitos colaterais) bem longe daqui.


 

22 de outubro de 2012

Dicas básicas para uma sessão de cinema ao ar livre

___Tento, todos os anos, ir à Mostra Internacional de Cinema. Um dos pontos que eu adoro no evento são as sessões ao ar livre realizadas no vão do Masp. Isso acabou me dando certa experiência e, portanto, deixo, abaixo, um pequeno apanhado de dicas para quem também quiser se aventurar nesse tipo de atividade.
1) Leve um casaco.
___Não importa qual a temperatura, você vai ficar parado por umas duas horas. Se o local for como o vão livre do Masp, saiba que vai ventar como se o Lobo Mau fosse o projecionista. Pode apostar que um casaco* vai lhe ajudar muito em um momento de necessidade. Caso você não passe frio, no mínimo vai ter um lugar mais confortável para sentar.
Extra: Casacos com capuz são mais desejáveis: assim você evita o vento no pescoço e no rosto.
2) Não chegue em cima da hora.
___Muitas dessas sessões ao ar livre não primam pela organização. Chegar em cima da hora pode significar não conseguir cadeiras ou ver o começo do filme na fila.
Extra: No caso do Masp, mesmo chegando tarde, é possível assistir nas laterais, fora do cercado “oficial”. Você verá o filme todo de pé, mas poderá ver o filme.
3) Leve uma boa companhia.
___Como dito no item anterior, essas sessões nem sempre são bem organizadas. Por vezes demoram bastante para começar. Uma boa companhia pode transformar uma espera monótona em um bom momento.
Extra: A boa companhia pode ser um livro.
4) Sente de costas para os focos de luz.
___Se houver algum foco de luz no local, procure ficar de costas. No caso do vão do Masp, sente nas cadeiras que permitirão a você olhar para a tela, sem que os faróis dos carros fiquem batendo na sua cara.
5) Sente no meio do caminho entre dois autofalantes.
___Ficar muito perto de um autofalante pode ser desconfortável, pois eles ficam muito altos nessas sessões abertas. Por vezes, também pode ser ruim pois bem aquele autofalante ao seu lado está falhando e você vai acabar não ouvindo nada. Sentar entre dois faz com que você não fique incomodado caso o som esteja muito alto e que consiga escutar caso um dos dois falhe.
6) Fique em casa.
___Se qualquer barulho estranho ao filme lhe incomoda; se você quer uma aparelhagem de última geração; se gostaria de uma equipe de lanterninhas bem treinados; se vai reclamar por não ter poltronas reclináveis; sério mesmo: fique em casa. Cinema ao ar livre funciona exatamente para se aproveitar uma experiência atípica de cinema. Se está procurando o tradicional, é melhor nem aparecer.


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P.S.: Para quem quiser ver a programação do vão livre do Masp da Mostra deste ano, é só clicar aqui.


[embed width="500"]http://www.youtube.com/watch?&v=tOlxUx8WfSQ[/embed]
Link para o vídeo.


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* Ou uma toalha.

19 de outubro de 2012

Polidez


Caros alunos,


Peço a licença de vocês para dizer que eu pretendo, até o fim da aula de hoje, estuprar todos os homens da sala e agredir fisicamente todas as mulheres que tentarem se opor. Em seguida, assassinarei metade dos estudantes do local. Procurando não abusar muito da paciência dos alunos que restarem, irei simplesmente vendê-los para traficantes de órgãos. E, agora, em homenagem a estes últimos minutos sem dor da vida de vocês, levanto esta taça de vinho. Obrigado pela atenção.



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___Fechei a porta da sala de aula com calma, esperei que os estudantes estivessem todos atentos e li o textinho acima. Talvez por conta do conteúdo do texto (ou quiçá porque eu não estivesse com uma taça de vinho na mão) os alunos ficaram me olhando como se não tivesse restado mais nem um pouquinho de sanidade em mim.
___Passado o choque inicial, lembrei-os que, na aula seguinte, Alex Castro, o autor do livro que os estudantes leram nas férias, viria à escola para um bate-papo. Lembrei que eles poderiam discordar do autor, questionar suas ideias e atitudes, rir do que ele dizia, mas que deveriam fazer isso de maneira educada. “Tal qual o texto esquisito (e ficcional) que eu li no início da aula, vocês podem falar as maiores barbaridades –, só que devem fazer isso de maneira polida.”.


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P.S.: Como complemento ao assunto, deixo duas publicações internéticas que eu gosto muito.


I – A primeira é um vídeo do Rafucko intitulado “Preconceituoso, sim. Mal-educado, nunca.”.


[embed width="500"]http://www.youtube.com/watch?v=3ouza8c_Kis[/embed]


II – Em segundo lugar eu linkaria o texto “Como discordar de um post”, do Alexandre Soares Silva. Originalmente, a postagem foi publicada, em 2004, no falecido Wunderblogs e, depois, republicada no também já morto Apostos. Hoje, o novo blog do Lord Ass conta apenas com os textos publicados de novembro de 2011 para cá. Sendo assim, tomo a liberdade de republicá-lo aqui para que fique mais fácil para os meus leitores o apreciarem. Segue abaixo.




Como discordar de um post


1) Diga olá.


Discordar não deve impedi-lo de sorrir, dizer olá, tirar o chapéu, acenar acanhado para as outras visitas ou afagar a cabeça do cachorro do autor do post. Muito menos de limpar o sapato no capacho.


 2) Encontre algo de bom para dizer.


Porque geralmente há. Aqui você deve agir como se quisesse avisar um amigo que ele fica ridículo usando costeletas. Comece dizendo que gostou do corte de cabelo, e dos sapatos. Pergunte se ele emagreceu. Só depois olhe para a costeleta, coce o queixo embaraçadamente e diga, com jeito, com jeito, “já isso aí, nunca gostei muito… Não sei, você não acha que envelhece as pessoas? Eu pensei em usar, mas não ia ficar bem em mim”, etc.


 3) Se não tem nada bom para dizer, considere a possibilidade de não dizer nada.


 4) Se não agüenta não dizer nada, nem tem nada de bom para dizer sobre um post que acha particularmente repulsivo, respire fundo, medite, se acalme. Tem certeza que o autor do post é um completo canalha, que merece a sua insolência, o seu sarcasmo e os seus insultos?


a) O autor não é um canalha, geralmente é bom – mas este post é infame e você tem que dizer algo a respeito, porque você é o tipo de pessoa que tem que falar sempre porque não tem absolutamente nenhum auto-controle. Além do mais, discordar veementemente de um amigo vai mostrar para todo mundo que você é uma pessoa independente, de opiniões firmes e cara zangadinha e blá blá blá.


Mas lembre, nada de insultos. O pior dos canalhas parece simpático se for insultado. E corte seus sarcasmos pela metade, ou (se conseguir; faz força) completamente. É possível discordar de modo polido, e de fato a discordância polida é a mais eficiente. Digo mais, do alto da minha sabedoria mundana, posta à prova e aprimorada ao longo de duas décadas ouvindo cretinos afirmarem a sem-gracice de Audrey Hepburn ou a canalhice intrínseca dos católicos: a melhor discordância é aquela que não apenas é polida, mas também agradável.


O modelo a ser seguido é o de uma visita. Imagine que você foi convidado para um jantar e o seu anfitrião disse um absurdo qualquer – que nenhum albino jamais fez contribuição alguma para a história da humanidade, ou que Frida Kahlo era ainda mais feia que as próprias pinturas que produzia. E por acaso você tem um tio que é albino, ou tem uma certa queda por mulheres com buço, e ficou irritado. Não importa, seja polido e agradável (minha paixão pela etiqueta me fez sucumbir ao uso do negrito). Mastigue calmamente a batata, tome um golinho de vinho, deixe o vinho descer, com calma, com calma, e diga afavelmente que não concorda. Sorrindo, se conseguir.


b) No caso do autor do post ser um canalha completo, asqueroso, você já errou ao ler o blog dele.


Se o xingar, você é quase tão gentinha como ele. Se o xingar anonimamente, você é exatamente tão gentinha como ele. Se não agüentar ficar calado (mas não agüentar nunca ficar calado é patológico), não precisa dizer olá, que canalhas não merecem nem olá; mas não insulte, e use uns poucos e bem escolhidos sarcasmos. O melhor mesmo seria fechar o blog, com cara de nojo, antes de comentar; e resistir à tentação de voltar lá para ler absurdos.


Se não conseguir resistir à tentação de voltar lá para ler absurdos, considere a possibilidade que o autor possa ser bom, ou você não gostaria tanto de se irritar com o que ele escreve.


Alguns detalhes finais


1) Evite o excesso de intimidade, sobretudo se é a primeira vez que comenta no blog. Isso vale tanto para as pessoas que discordam do post quanto para as que concordam com ele.


Imagine que você está na sua sala, conversando com suas visitas, quando entra alguém pela janela rindo e dizendo:


– Huahuahuahua Muito louca a sua casa, véi! Se der visite a minha também, faloowww…


(Not done, old boy. Simply not done.)


2) Evite os conselhos de vida.


A situação é típica; alguém está andando na rua, ouve uma conversa sobre economia vindo de uma janela aberta, se irrita, mete a cabeça pela janela e aconselha o dono da casa a transar mais “que isso passa, huahuahuahua”.


– Huahuahuahua tu é gordo cara não deve transar nunca né??? Pega umas mina que passa kkkkkkk falooowww….


Também evite aconselhar o autor do post a “dar a bunda que passa”, “ler menos e viver mais”, “ir conhecer esse Brasilzão de meu Deus”, etc.


15 de outubro de 2012

“Boas” condições de trabalho

___Em janeiro de 2007, José Serra assumiu o governo do estado de São Paulo. Em 2009, pouco mais de 2 anos depois, comecei a dar aulas em uma escola técnica estadual.*
___Agora, em 2012, Serra está disputando a eleição para a prefeitura de São Paulo e eu continuo na mesma escola técnica. Amplamente, o programa político do candidato anuncia que “Serra ampliou as Etecs e as Fatecs também.”. Só não anuncia que ampliou de maneira porca, com material de segunda (o que faz o chão quebrar com facilidade em menos de uma década) e com falta de professores.
___Hoje, “Dia dos Professores”, ouvi o programa de rádio do candidato do PSDB.** Como era de se esperar, aconteceu uma homenagem aos professores. Inclusive colocando Serra para dizer que “... eu vou valorizar muito o trabalho do ensino. Então, nós temos que investir nos professores. Eles precisam ter boas condições de trabalho, de remuneração e, ao mesmo tempo, de formação.”. Não vou nem perder meu tempo falando da remuneração péssima que o Serra pagava para mim e para os outros professores quando era governador (e que continua baixa até hoje). Seria chover no encharcado. Vou me focar no ponto “boas condições de trabalho”.
___Eu queria saber: o senhor candidato José Serra acha que entupir salas com 40 alunos (como acontece na Etec em que eu leciono) é dar boas condições de trabalho? Salas com goteiras contam como boas condições de trabalho? Pouca variedade de giz para escrever na lousa, ficar SEM GIZ BRANCO conta como “boas condições de trabalho”?
___Não tenho Twitter. Portanto, ficarei feliz se alguém quiser perguntar para o @joseserra_ se ele acha que um professor que dá aula em uma etec desde 2009 tem uma boa condição de trabalho ao ficar sem giz branco para usar no quadro-negro. Obrigado.


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Leituras extras:
- “Serra e a educação
- “ETESP: mentiras e verdades na melhor escola pública de São Paulo
- “Novilíngua – e a ausência de Sociologia e Filosofia


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* Uma Etec.
** Clique aqui e ouça o programa #20, caso você também queira ouvir mentiras.


7 de outubro de 2012

Herdando o nome

___Truquezinho básico de historiador para divertir alunos:
- Ao falar de Pompeu, conto que ele foi casado com a filha de Júlio César. Como costumavam chamá-la? Júlia.
- Mantendo o mesmo padrão de brincadeira-histórica, falo, pouco depois, sobre Marco Antônio se casando com a irmã do futuro imperador Otávio Augusto. Qual o nome da moça? Otávia.


Marco Antônio e Otávia, a Jovem - 39 a.C.


___Para a Antiguidade, tudo é bem fácil de entender: trata-se de uma sociedade patriarcal, que valorizava mais o nome da família que um nome individualizante. No mundo contemporâneo ainda é possível observar isso, principalmente em época de eleições. Olhando rapidamente os vereadores deste ano, é possível encontrar facilmente uns anônimos que só vivem por conta do passado alheio, como Eduardo Tuma e Mário Covas Neto.
___No entanto, o que realmente me deixa de queixo caído é ver que até parentes de políticos ridículos, que nunca nem chegaram perto de disputar uma eleição seriamente, também tentam embarcar nessa tática. Hoje, indo para a urna, descobri que o Levy Fidelix, além do “Aerotrem”, também lançou a própria filha, a Lívia Fidelix. Sério mesmo, acho que valia mais à pena ela tentar uma candidatura mais anônima, escondendo o nome da família.
___Também acho isso do Eduardo Tuma... Minha opinião não deve valer muita coisa.

6 de outubro de 2012

Vamos falar sobre São Paulo

___Infelizmente, as pesquisas de intenção de voto para a prefeitura de São Paulo apontam que o medonho Celso Russomanno está liderando. O caso é triste, já que Russomanno tem uma história pública quase tão suja quanto o seu padrinho político.* Mais triste ainda é o fato de que parece não surtir efeito nas intenções de voto demonstrar o quanto o candidato do PRB é sujo.
___Por isso mesmo, parece que Celso Russomanno adotou a prática de parar responder as críticas, parou de tentar defender sua indefensável história e resolveu falar apenas o que lhe convém. Vejam, por exemplo, essa vergonhosa entrevista em que Russomanno, ao invés de responder às perguntas feitas pelo jornalista César Tralli, dizia que queria “falar sobre São Paulo”.


[embed width="500"]http://www.youtube.com/watch?v=CW61P5z-8zs[/embed]


___Tomando o futuro prefeito (toc, toc, toc) como exemplo, tentei imaginar como seriam interessantes conversas entre outras personagens caso elas resolvessem seguir o exemplo de Russomanno.


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Marco Antônio: Brutus, vamos ser diretos: você assassinou Júlio César?
Brutus: Marco, Marco... vamos falar sobre Roma.


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Ludwig von Koopa: Não é possível, Browser! Você raptou novamente essa princesa Peach? Daqui a pouco aquele encanador maluco vai aparecer mais uma vez aqui matando as tartarugas, roubando nossas moedas e quebrando os tijolos flutuantes! Você já sabe que vai ser derrotado, para que continuar com isso?
Rei Bowser: Ludwig, Ludwig... vamos falar sobre o Reino dos Cogumelos.


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George Canning**: Então, caro Príncipe Regente, Portugal vai ou não dizer logo a Napoleão que não aceita esse ridículo Bloqueio Continental?
D. João: Calma, George, calma... vamos falar sobre uma pequena viagem para o Rio de Janeiro.


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Minerva McGonagall: Foi você que matou Dumbledore?
Severo Snape: Minerva, Minerva... vamos falar sobre Hogwarts.


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Galileu Galilei: ... ainda sustento, como absolutamente verdadeira e insofismável a opinião de Ptolomeu, ou seja, a estabilidade da Terra e a mobilidade do sol. (No entanto, a Terra se move.)
Papa Urbano VIII: Senhor Galilei, vamos falar sobre a sua casa...


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* OK. Tenho de pedir desculpas. Exagerei. Dizer que alguém tem uma história pública tão suja quanto o Maluf realmente é pegar pesado.
** Secretário de Negócios Estrangeiros da Grã-Bretanha em 1807.

27 de setembro de 2012

Não paro de pensar em você...

___Termino de dar a minha aula na academia de dança. Na saída, cumprimento rapidamente Luane, a professora da turma seguinte. No caminho de volta para casa, recebo a seguinte mensagem no celular:


Não paro de pensar em você...


___Fico boquiaberto. Nosso relacionamento nunca passou do profissional. Já dançamos várias músicas bem agarradinhos, mas sempre interpretei aquele entrelaçar de corpos como algo próprio da dança, um aproximar necessário para a boa execução dos passos. Mesmo me sentindo confuso, fiquei lisonjeado.
___Cheio de mim, sorrindo e cantarolando “I'm too sexy for my shirt”, recebo uma nova mensagem.


Não paro de pensar em você...


___Já me sentindo bem menos sexy, recebo outras mensagens explicando que o namorado da moça também chama Ulisses. Precavida, Luane ainda enviou umas mensagens extras, só para garantir que eu não usasse a confusão dela como motivo para o início de uma paquera.


Não paro de pensar em você...
Não paro de pensar em você...
Não paro de pensar em você...


___Namorado ciumento, que não gosta que ela dance e que luta jiu-jitsu? Acho que eu vou pedir para o meu chefe mudar o horário das minhas aulas.


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P.S.: Piadinha de fim de texto à parte, eu gostaria de entender por que uma professora de dança começa a namorar um idiota ciumento que briga quando ela sai para dançar?


21 de setembro de 2012

Elas não estão preparadas para publicar! Veja as “equipes jornalísticas” que pagam mico com “reportagens”

___Não é necessário ser o Pedro Cardoso para sentir nojo de sites de fofoca. Depois de olhar duas “reportagens” seguidas em antros desse tipo, fica difícil não sentir ânsia de vômito. É tanta inutilidade, textos mal escritos, chamadas vazias, nãotícias que fica complicado até justificar a existência desses negócios.* Por isso mesmo, por aqui, eles praticamente são não-assuntos.
___Infelizmente, também não costuma ser infrequente encontrar “reportagens” ofensivas, preconceituosas, misóginas produzidas por essa indústria da fofoca. A última que me caiu em mãos tem como título “Elas não estão preparadas para o Verão! Veja as famosas que pagam mico de biquíni”.


Eles não estão preparados para publicar! Veja as “equipes jornalísticas” que pagam mico com “reportagens”


___A reportagem é apenas um conjunto de fotos de mulheres famosas na praia, com comentários misóginos suscitados – teoricamente – por conta de celulites ou biquínis mal escolhidos. Como bem disse o pessoal do Feminismo na rede, “só 1% das mulheres se consideram bonitas. Isso é porque nem as famosas da elite são aceitas como são. Muitas mulheres deixam de ir a praias, piscinas, festas, e até ao médico por vergonha do próprio corpo.”.
___Pelo menos acho bacana que, mesmo sabendo que uma imprensa inútil vai fotografá-las e humilhá-las publicamente, as mulheres citadas na reportagem não tiveram vergonha, colocaram biquínis e foram aproveitar a praia. Eu só gostaria de saber se os “jornalistas” que produzem esse tipo de “conteúdo” têm coragem de mostrar para familiares e amigos o trabalho que eles fazem.


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P.S.: Sei que o pessoal do Feminismo na rede não se dá muito bem com o Rafinha Bastos, mesmo assim achei que seria válido citar o vídeo dele sobre “Como funcionam os sites de fofoca”.


[embed width="500"]http://www.youtube.com/watch?v=X6sAzVt6od4[/embed]


 

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* Não precisam se preocupar em me explicar, eu sei que o motivo principal da existência desses sites e revistas de fofoca é o lucro.

15 de setembro de 2012

Mago Merlin, o cristão

___Bons exemplos são ferramentas extremamente úteis para se conseguir resultados positivos em sala de aula. Infelizmente, nem sempre é fácil encontrá-los. Por vezes, quando preparo uma aula, lembro-me de uma cena de um filme, de uma música, de uma pintura que encaixariam perfeitamente com o assunto; infelizmente, quando vou procurá-las, nem sempre as encontro ou preciso de muitos dias de garimpo para achar.*


Desvendando o universo Arthuriano


___Tenho dado, na ETESP, um curso sobre Ciclo Arthuriano com outra professora. Em uma aula, quis mostrar para os alunos a existência de elementos cristãos e pagãos completamente interligados em muitas das narrativas.
___Peguei para ler e ver se era possível encontrar algo do tipo no A História do Mago Merlin, de Dorothea e Friedrich Schlegel. Elementos pagãos, seria algo simples: tratando-se de uma história sobre Merlin, feitiços, dragões, espadas encantadas, magia e outros elementos do tipo apareceriam fartamente. Mas, será que eu conseguiria encontrar algum elemento cristão fácil de identificar e de passar para os alunos?
___Sem que eu tivesse trabalho algum, logo na primeira página encontrei o que eu precisava. O livro começa assim:




_____O Maligno estava irado por Jesus Cristo ter descido ao inferno e libertado Adão e Eva, junto com todos os que com eles lá estavam. ‘Quem é esse homem’, perguntaram os demônios, cheios de temor, ‘que deita abaixo os portões do inferno, e a cujo poder não podemos resistir? Jamais pudemos crer que um ser humano, nascido de uma mulher, não nos pertencesse... e esse aí vem e destrói nosso reino. Como pôde ele ter nascido sem que nós o tenhamos maculado com o pecado, como acontece com todos os outros homens?’ A isso um outro respondeu: ‘Ele nasceu sem pecado, e não do sêmen de um homem, mas foi concebido pelo Espírito Santo no corpo de uma virgem, segundo a vontade de Deus. Por isso seria bom que também achássemos um meio de gerar, no corpo de uma mulher, um ser, feito à nossa imagem e semelhança, que aja segundo a nossa vontade e que saiba, como nós, de tudo o que aconteceu, acontece e é dito. Um tal homem nos seria de grande valia. Temos, pois, que nos empenhar em encontrar uma forma de recuperar o que o Redentor dos homens nos roubou.’



___Alguns dias, encontrar bons exemplos pode ser um grande desafio. Outras vezes, a Sorte sorri para um pobre professor.


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* Menção honrosa à professora Diana Luz Pessoa de Barros, com quem aprendi Semiótica na faculdade. Além de dar uma aula muito boa, a professora Diana tinha uma compilação gigantesca com os melhores exemplos para cada assunto que ela iria tratar em sala.

14 de setembro de 2012

Venda de carros em São Paulo

___Eu estava lendo um livro na sala dos professores quando outro professor solta um animado “Aha!”. Abaixo o livro e olho. Satisfeito por ter chamado minha atenção, ele sai da frente da tela do computador e me mostra a manchete “Venda de carros no estado de SP é maior que a de Minas, Paraná e Rio juntas”.


Venda de carros em SP


___Sem esconder todo o seu ufanismo regional, o professor diz: “É por isso que eu me orgulho de São Paulo.”.
___Esboço um semi-sorriso e digo: “É por isso que eu tenho pena de São Paulo.”.

8 de setembro de 2012

O candidato de Maomé

___Noite. Ônibus vazio. Apenas quatro pessoas: o motorista, o cobrador e dois passageiros, um na frente, outro perto da catraca.
___O passageiro mais próximo do condutor, animado para conversar, pergunta:
___– Ei, motorista, em quem você vai votar?
___– Ah, não sei bem. Como sou muito religioso, acho que vou votar naquele muçulmano que está bem nas pesquisas.


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P.S.: Alá que me perdoe, mas para quem ainda não se tocou, o motorista estava falando do arrogante, machista, corrupto Celso Russomanno. Triste, né?


Russomano Malufinho

3 de setembro de 2012

Compacto, menos nos lucros.

___Liçãozinha básica de vendas: diga o que o cliente quer ouvir. Se falando a bobagem do momento você conseguir lucrar mais ainda, perfeito.


Regra do marketing, por André Dahmer
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___Nos últimos anos, o discurso ecológico tem estado na moda. Verde para cá, sustentabilidade para lá, e as empresas, interessadas em vender cada vez mais, praticamente vomitam ervilhas. É tanta cara-de-pau que existem até carros “Eco”. Não vou me espantar se aparecer uma propaganda de uma serra-elétrica – movida a gasolina – que ajuda as árvores.


Surf Hype, por André Dahmer


___Meu último contato com a Onda Verde foi no papel higiênico (e o motivo disso não foi um jantar mal digerido).
___Estava a fazer compras no mercado quando vejo, além dos papéis higiênicos habituais, vários modelos em formato amassado. Ou melhor, usando a palavra que os marqueteiros escolheram: compacto. Por que o papel estava sendo vendido amassado? Claro, para ser ecologicamente correto.


Papel higiênico amassado


___A justificativa estava já estampada nos pacotes: “Permite uma economia média de 13% de material plástico [utilizado para embalar o papel].” e “Permite transportar, em média, 18% mais produtos no caminhão, reduzindo a emissão de gases do efeito estufa.”.


Papel higiênico amassado - justificativa


___Bonito, né? Menos poluição e mais economia de recursos naturais. E, é bom lembrar, uma economia de 13% de material plástico que as empresas de papel higiênico iriam gastar; melhor ainda, há, também, redução dos gastos com caminhões. Já no preço... Não há nenhuma porcentagem de diminuição.


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___Sala de reunião de uma empresa de papéis higiênicos.
___– Chefe, o que o senhor acha de amassarmos o papel higiênico? Assim, ocupando menos espaço, gastaremos menos dinheiro para embalá-lo e para transportá-lo.
___– Gosto da ideia, mas talvez os consumidores achem ruim de comprar papel higiênico amassado.
___Atento, o rapaz do marketing diz:
___– Calma. É tudo uma questão de discurso. Para começar, não podemos dizer que o papel higiênico estará amassado. Devemos dizer que estará... hum... menor. Não, não... Ah, COMPACTO!
___– Muito bom... – fala o chefe, com um tom de voz pensativo.
___Aproveitando a aprovação inicial, o rapaz do marketing continua.
___– E ainda podemos posar de ecologicamente corretos! Dizemos que estamos gastando menos transporte e menos plástico para salvar o planeta.


Sustentabilidade - Salvando o mundo, por André Dahmer


___Todo mundo aprova com a cabeça. Rabiscando em um papel, a moça da contabilidade diz:
___– Nossa! Se reduzirmos 10% do plástico, 10% do transporte e ainda vendermos mais com esse discurso de sustentabilidade, os lucros neste semestre serão astronômicos!
___Enquanto todos parecem animados, alguém meio anônimo, no canto da mesa de reuniões, toma a palavra e pergunta:
___– E vamos repassar parte desse lucro para os consumidores (reduzindo o preço) ou para os funcionários (aumentando o salário)?
___Todos na sala gargalham copiosamente.

31 de agosto de 2012

Ficção e realidade política

Nota: Eu sei que citei o Rafucko aqui no blog faz apenas uma semana, mas o cara é tão foda que vou citá-lo novamente.


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___Para quem não sabe, Eduardo Paes está tentando se reeleger prefeito do Rio de Janeiro. Para tanto, adotou como lema de campanha “Somos um Rio”.


Logo: Eduardo Paes


___Fazendo uma crítica pertinente e muito séria, o fabuloso Rafucko tem interpretado o prefeito e candidato Eduardo Pae$ na campanha “Somos um Rio, você é outro”. Deem uma olhada em dois dos vídeos:*


[embed width="500"]http://www.youtube.com/watch?v=OZdYonDU0vA[/embed]
[embed width="500"]http://www.youtube.com/watch?v=MJPCVKYqdus[/embed]


___Claro que o trabalho do Rafucko é uma ficção –, ainda que denunciando problemas reais. E, acrescento, mesmo gostando muito desse tipo de abordagem crítica, muitas vezes a não-ficção consegue ser tão absurda quanto.


Serra vai de helicóptero à zona leste e promete melhorar transporte
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P.S.: Caso alguém resolva comentar que o candidato (e ex-prefeito e ex-governador) José Serra é muito ocupado, que ele tem mesmo de andar de helicóptero, responderei que desocupado é o pedreiro que sai às 4h30min da manhã da Zona Leste, o professor que chega em casa às 23h45min e ainda tem de preparar aulas, a pasteleira que monta a barraca antes da condução começar a funcionar, a enfermeira que...
P.P.S.: Vi a notícia do Serra indo à Zona Leste de helicóptero no divertido Causos do Metrô de SP. Foi lá também que eu vi uma das melhores tirinhas recentes sobre a falta de vergonha na cara do PSDB quanto aos cuidados com o metrô de São Paulo (e todo o apoio que o prefeito Kassab dá a isso):


Geraldices - Metrô


 

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* E quem é de Sampa, aproveite para perceber como as críticas encaixam direitinho com os governos do PSDB e seus aliados – que permanecem no poder e, infelizmente, tentam continuar.

27 de agosto de 2012

Fascismo?

___Em 3 de abril de 1921, Jacques Mesnil* relatou no jornal L’Humanité como os fascistas abordavam a população agrícola que vivia próxima a foz do rio Pó, mais precisamente em La Polesine (região de interesse da elite rural local).




___[Os fascistas] Dão ordens assim que chegam nas casas: circulem em volta da casa! Eles são cem, armados de fuzis e revólveres. Eles chamam o chefe da liga camponesa e o intimam a descer dos caminhões. ‘Se você não descer, nós queimamos a sua casa, sua mulher e seus filhos.’ Ele descia. Assim que abria a porta do caminhão era submetido a terríveis torturas e muitas vezes o matavam, abandonando-o em um lugar ermo, embaixo de uma árvore no campo. Se ele não obedecesse e usasse uma arma para se defender, era imediatamente assassinado no meio da noite. Cem homens contra um.  



___Hoje, em São Paulo, tristemente, algo bem parecido acontece. A especulação imobiliária – para o governo e para uma parcela da população – acaba sendo mais importante do que a vida das pessoas. O exemplo mais famoso é caso de Pinheirinho.


Pinheirinho - Incêndio
Massacre do Pinheirinho, por Carlos Latuff
Pinheirinho - Fortes x Fracos
Remoções forcadas, por Latuff
Pinheirinho - Incêndio


___Infelizmente, Pinheirinho não é um caso isolado. Vide os inúmeros incêndios em favelas que têm acontecido ultimamente.** No entanto, mesmo que parecido, não é exatamente o mesmo quadro da Europa do início do século XX. Por isso mesmo, eu achava difícil definir o fenômeno. Achava, até que eu vi a ótima sacada do Gilberto Maringoni, candidato, neste ano, a vereador pelo PSOL.


Campanha quadro a quadro, por Maringoni - 50550


Clique na imagem para ampliar.


___Sem dúvida, o que acontece atualmente é um caso gravíssimo de fascismo "fofo".


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* Pseudônimo do jornalista belga Jean-Jacques Dwelshauvers.
** Pensei em colocar alguns links nas palavras “incêndios em favelas”, mas foram tantas opções recentes que eu achei melhor deixar apenas esta nota de rodapé e um conselho para que vocês mesmos pesquisem. Sério, são muitas opções. (De qualquer modo, caso seja necessário, deixo um print screen aqui.)

24 de agosto de 2012

Vlogueiros

___Outro dia elogiei o Clarion de Laffalot aqui no Incautos e vieram me perguntar o que eu via de bacana nele. Além do cavanhaque, é claro, gosto do Clarion por conta de vídeos como esse aqui:


[embed width="500"]http://www.youtube.com/watch?v=4WTgxO7E_qQ[/embed]
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P.S.: Além do Clarion, também adoro o maravilhoso Rafucko. Para quem ainda não o conhece, vale se inteirar do ótimo trabalho que ele tem feito na luta contra a homofobia. Mas, hoje, deixo um vídeo sobre outro tema, a eleição municipal do Rio de Janeiro, com o Rafucko mostrando porque a Regina Duarte vota em Eduardo Paes.


[embed width="500"]http://www.youtube.com/watch?v=GXCdaKLd8Cw[/embed]

21 de agosto de 2012

Orgulho...

___Depois de saber que eu falei sobre homossexualismo em meio a uma aula de História, o diretor de uma escola em que eu trabalhei me perguntou: “Para quê? Por que você resolveu falar sobre isso?”. Inicialmente, pensei em responder simplesmente “Por que não falar?” e encerrar o assunto. No entanto, didaticamente, respirei fundo e expliquei.


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___Há alguns meses, uma ex-aluna, estudante daquele mesmo colégio, mandou-me uma mensagem por uma dessas redes sociais. Queria mostrá-la para o meu ex-diretor.




Trida,
Nao sei se vc se lembra de mim, fui sua aluna no XXX.
De tds os professores que eu ja tive na vida, apenas tres me marcaram, e eu me lembro bem ate hoje!
E vc foi um deles!!!
Suas aulas me prendiam, e a sua pessoa me fascinava! Vc me ensinou, a nao ter vergonha do que sou, e a nao temer meus sonhos, mas segui-los com toda a minha coragem e acreditar neles por mais que ninguem acreditasse!
Sempre tive uma educacao sexual muito limitada, cheia de pudores mas vc me fez enxergar que aquilo que eu era, era normal, talvez nao aos olhos da sociedade, mas era normal pra mim, e era aquilo que eu era, a minha essencia!
Gracas a Deus encontei alguem que me entende, nao me julga, e nao tem problemas com aquilo que sou! Obrigada por me fazer acreditar que isso era possivel!!!!
Vc foi mais que um professor de historia!
Vc foi um professor que me ensinou a viver, e a acreditar em mim!!!
Obrigada!
Beijos da sua ex aluna
XXXXXX!



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Links recomendados:
- “Viva o Dia do Orgulho Heterossexual!”, por M. Ulisses Adirt.
- “‘Queria ser hétero, mas não consigo’”, por Alex Castro.
- Vídeos sobre a “Ditadura Gay”, do Rafucko.

17 de agosto de 2012

Lição de casa

Lição do Trida


___Pena que a minha aluna teve preguiça de fazer a lição. Pelo menos ela percebeu que não era uma tarefa braçal-automática, que era necessário pensar bastante para fazê-la. Fico um pouco satisfeito.