28 de novembro de 2007

Meu futuro?

_____Acho que nenhum leitor sabe, por isso informo: o meu quarto é bem pequeno. Creio que muitos leitores sabem, mesmo assim informo: adoro ler.

_____Sendo assim, tenho pouco espaço e muitos livros (alguns adquiridos na época em que eu ganhava melhor e comprava mais livros; outros que ganhei de presente; muitos, conseguidos de parentes que morreram ou queriam se livrar dos livros; diversos que juntei durante a infância e adolescência, quando compravam para mim). Resultado: os livros ficam amontoados de uma maneira que não me agrada. O pior de tudo é saber que eles são os objetos mais bem tratados do meu quarto. Outro dia eu expulsei do armário um monte de roupas que ocupavam uma prateleira porque um vizinho morreu e a filha dele resolveu jogar a pequena biblioteca dele no lixo (as roupas, hoje, estão amassadas com outras roupas). Dêem uma olhada numa foto de uma das extremidades do meu quarto:

Canto do quarto

_____Alguns leitores sabem que tenho lido A insustentável leveza do ser, de Milan Kundera, e tenho adorado. Estou me identificando com cada página e lendo cada vez com mais medo que o livro termine. Hoje li que Tereza, uma das personagens, entrou no apartamento de um amante pela primeira vez.

_____Todo o apartamento consistia numa só peça dividida em duas por uma cortina estendida a dois metros da porta para dar a ilusão de uma entrada; aí, havia uma mesa com um fogareiro, e uma geladeira pequena. Entretanto, ela viu diante de si o retângulo vertical da janela na extremidade de um cômodo estreito e comprido; de um lado, havia uma estante, do outro um divã e uma única poltrona.

_____“Minha casa é muito simples”, disse o engenheiro. “Espero que você não tenha se decepcionado.”

_____“Não, absolutamente”, disse Tereza, os olhos fixos na parede inteiramente coberta de estantes repletas de livros. O homem não tinha sequer uma mesa digna desse nome, mas tinha centenas de livros. (Quarta parte: “A alma e o corpo”. Capítulo 16)

_____Adoraria ter uma estante e poder catalogar meus livros de maneira descente, mas não po$$o fazer isso por agora. No entanto, do modo que sou desorganizado e só dou prioridade para certas coisas, não duvido que, em um futuro bem próximo, eu more em um lugar que não tenha “sequer uma mesa digna desse nome, mas [tenha] centenas de livros.”. Que bom.

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