A Mesopotâmia, como
frequentemente costuma ser explicada nas escolas, recebeu esse nome dos gregos
por ser uma terra entre rios: o Tigre e o Eufrates. E, é importante lembrar, não foi à toa que essa
civilização prosperou entre os dois rios, isso aconteceu porque o rio Tigre
e o Eufrates deixavam a terra fértil e facilitavam a agricultura.
O que entretanto
não costuma ser explicado nas escolas, é que os mesopotâmicos, assim como nós,
também falavam dos mais diversos temas, inclusive de pornografia. Veja um
exemplo lírico muito interessante disso com Inanna (também conhecida como
Ishtar), a deusa do amor, da fecundidade, do erotismo:
Inanna
– E quanto a mim, minha vulva, minha colina estremece.
Quem então me laborará?
A vulva que pertence a mim, a Rainha, minha gleba toda úmida,
Quem aqui passará o arado?
Coro – Ó
Dama Soberana, é o rei que te lavrará!
É Dumuzi, o Rei, que te lavrará!
Inanna
– E então! Lavra-me a vulva, o tu que eu escolhi!...*
Pessoalmente,
adoro o atípico desse tipo de documento histórico. Mais interessante do que o
tema pornográfico, é ver como a sociedade mesopotâmica era completamente ligada à
agricultura, utilizando imagens agrícolas para falar de sexo: “Quem aqui
passará o arado? / (...) Lavra-me a vulva, o tu que eu escolhi!”. Do mesmo jeito que
vai ser interessante para um historiador, daqui a séculos ou milênios, ver nossas
narrativas pornográfico-amorosas citando aplicativos e eletrônicos em geral.
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* Citado por BOTTÉRO, Jean. Tudo começou na Babilônia. Amor e Sexualidade
no Ocidente: Edição especial da revista L’Histoire/Seuil. Porto
Alegre: L&PM, 1992. p. 29.