23 de novembro de 2008

Culpa do título

_____Há algumas semanas, eu e minha namorada estávamos saindo da casa dela para irmos ao cinema. Quando estávamos quase escapando na porta, minha sogra surgiu e perguntou para onde estávamos indo.
_____– Estamos indo ao cinema assistir Mandela.
_____– Nossa, que legal! Posso ir junto? – respondeu minha sogra, para o meu espanto.
_____Minha sogra é uma pessoa que só costuma se interessar por bobagens assuntos acientíficos – coisas transcendentais, cura por cristais, chá do Santo Daime, telepatia, signos, medicina alternativa, ufologia e outros que tais. Fiquei impressionado ao vê-la interessada por um tema histórico-político (de modo que até fiquei animado com a idéia de tê-la como companhia).
_____Minha historinha teria terminado bem se minha sogra não tivesse saído puta da vida do cinema. Apesar da cara de brava, no caminho de volta para casa, arrisquei perguntar a opinião dela sobre o filme. Fuzilando-me com os olhos, ela respondeu:
_____– Achei uma droga. Se eu soubesse que era sobre isso, eu não teria nem vindo.
_____– Sobre o que você achou que era? – perguntei sinceramente intrigado.
_____– Oras, sobre a Mandala.

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P.S.: O título original do filme é Goodbye Bafana. Além de combinar bem melhor com a história (e ser bem mais meigo), ele abre muitas portas interpretativas para que o público possa viajar durante e depois da sessão. Os infelizes que traduziram o título quiseram colocar o nome de Nelson Mandela para atrair mais pessoas; foi uma pena, além de se perder um pouco da poética da obra, ainda me proporcionaram uma sogra de mau humor.
P.P.S.: Ainda sobre títulos de filmes mal traduzidos, creio que vale a indicação de um interessante texto do Inagaki.

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