___Em 2008, um textinho meigo que escrevi sobre livros de bolso acabou causando uma grande polêmica porque utilizei, algumas vezes, o estrangeirismo pocket books. Reclamaram que, como existe a expressão “livros de bolso”, usar a estrangeira era um pecado sem par, um desrespeito à língua e bobagens do tipo.
___Já falei em outra oportunidade que “defesa do Português” é uma idiotice e, de qualquer modo, esse não é o assunto de hoje. Cito o ocorrido porque, em meio à sanha nacionalista, uma simpática leitora resolveu fazer uma indicação literária:
“Leia Ryoki Inoue, além de ser um excelente autor é brasileiro o que nos orgulha muito, daí quando acabar suas páginas ficará com o patriotismo em alta.”.
___Isso foi em 2008. Até hoje eu ainda não li o tal do Ryoki Inoue. Admito, por melhores que tenham sido as intenções da comentarista que mo indicou, ficar “com o patriotismo em alta” não me dá vontade alguma de ler uma obra; muito pelo contrário.
___Não vejo vantagem em ficar louvando um país. É uma atitude, para qualquer um que pare um pouco e pense no assunto, absurdamente irracional. Imaginem o disparate que é não gostar de alguém porque a pessoa nasceu depois da fronteira tal. Vejam se é concebível ceder abrigo, ler ou dar para alguém simplesmente porque esse ser humano nasceu na mesma terra que você. Absurdo dos absurdos: pensem se vale a pena matar uma pessoa porque ela representa outra nação.
___Não vou amar um Estado só porque eu nasci nele. Se for um local que vale a pena por N motivos, eu posso até gostar muito dele e querer preservá-lo, mas não vou amar incondicionalmente o Brasil só porque ele é o país em que a minha mãe me pariu.
___O elogio que a comentarista fez sobre Ryoki Inoue acabou me afastando dele por muito tempo. Mesmo assim, pensei em conhecer uns autores novos nessas férias e fui procurar o nome que estava perdido nos comentários antes de ir à biblioteca. Assim que achei o nome do Ryoki, dei uma olhada na biografia do rapaz e descobri que ele está no Guinness Book por já ter publicado mais de 1000 livros.
___Fugi novamente do escritor. Ler alguém porque o cara é brasileiro ou para ficar com o nacionalismo em alta é horrível. Ler um autor que, em pouco mais de meio século, publicou umas mil e tantas obras também não parece algo tão bom assim. Dá uma enorme impressão que falta um grande cuidado com o que se escreve; não parece existir um grande respeito pelo leitor. Na minha terra, livro (bom) não surge com a mesma facilidade que gritos em boca de sogra.
Eu tenho muito orgulho por ter nascido perto de um McDonald’s. Quem é o senhor, seu Maurício Ulisses Adirt, para dizer que sou irracional?
ResponderExcluirQUEM É, eu pergunto.
Eis uma das coisas que eu sempre concordei. Nunca vi lógica nesse patriotismo exarcebado ou mesmo nos bairrismos e regionalismos. Eu acho que no futuro esse conceito de nacionalismo deve cair, eu acho que é mais um caso de generalização onde você põe os rótulos num individuo dependendo de onde ele tenha nascido.
ResponderExcluirEu, Sr Marcus, sou o cara que usa uma marca de jeans melhor que a sua. O que foi, vai encarar?
ResponderExcluirBrincadeiras à parte, ótimo texto o seu. Além disso, se quiser se divertir mais com o assunto, dá uma lida nas reflexões do Alex Castro (http://www.sobresites.com/alexcastro/prisoes/patriotismo0.htm). Sempre adoro o q ele escreve.
Concordo com o Ulisses. Enfim, idolatrar uma nação só porque é sua terra de origem é algo ilógico, principalmente em se tratando do Brasil. A cultura do Brasil é totalmente ridícula.
ResponderExcluirO Brasil tem carnaval: além de carnaval só causar baderna, só tem mulher pelada (isso aparentemente é bom, hehehehehe, mas a imagem que isso passa lá fora é ridiculo)
O Brasil tem capoeira: uma forma de luta horrivel. Qualquer carateca, judoca ou boxeador possui mais técnica do que um cara que faz capoeira
O Brasil tem futebol: futebol é coisa de idiota que faz com que os fanáticos gastem 1/3 de sua vida só se dedicando ao seu time. Além de que isso, claro, causa a maior baderna por causa das torcidas organizadas
O Brasil tem uma vasta literatura: literatura ridícula! Ler um livro literário brasileiro é mais chato que não sei o que. E olha que já li Auto da Barca do Inferno e Vidas Secas (e eu pensando que esses livros eram bons...)
O Brasil tem bossa nova: as musicas sao identicas umas das outras. Se vc ouviu uma bossa nova, então ouviu todas. As letras e as melodias sempre são identicas!!!!!
Enfim, se vc é nacionalista, pense duas vezes: vc ama esse nosso país pq ele é bom ou só pq vc nasceu nele?
Coincidentemente falei sobre o mesmo tema, na postagem de hoje. E usei - mais coincidentemente ainda - a mesma tira do Laerte.
ResponderExcluirEnfim, assim é a vida.
E que os patriotas mingüem, redundantemente aos poucos.
Abraço.
Panzerda, sou obrigado a fazer minhas as palavras que o Alex Castro escreveu aqui (http://www.sobresites.com/alexcastro/prisoes/patriotismo.htm).
ResponderExcluir"É muito ruim quando concordam com você pelas razões erradas. Muita gente veio me dizer que eu estava soterrado de razão porque ou 1) o Brasil é mesmo uma merda, ou 2) porque o Brasil tem muitos problemas, blá blá blá. Não é bem por aí. Não é nada por aí. Eu não amo (ou eu não quero deixar de amar o Brasil) porque ele tem defeitos. Isso implicaria em amar mais alguma outra nação que tivesse menos defeitos.". Leia o resto do texto (http://www.sobresites.com/alexcastro/prisoes/patriotismo.htm), só vai lhe fazer bem.
Ah, tb dele, para vc vale mto à pena ler este outro texto aqui: http://www.interney.net/blogs/lll/2009/05/22/gil_vicente_e_o_dream_team/
Salve, salve, idolatrada :)
ResponderExcluirÔ Ulisses,
ResponderExcluirQue barato é esse blog! Tô me sentindo em casa, ao lado dos amigos Salsa e Grijó.
E que legal saber que você é fã do Idelber!
E sobre a questão do patriotismo, do nacionalismo e outros ismos: a) ainda não li nada do Ryoki Inoue; b) pretendo continuar desse jeito; c) só quem nunca ouviu bossa nova pode dizer que as canções "são todas iguais"; d) um tiquinho de nacionalismo ou de bairrismo (passando ao largo da xenofobia, da intolerância e do preconceito) não fazem mal a ninguém; e) Chico Buarque, Nélson Rodrigues e Albert Camus certamente não acham que futebol é uma coisa de e para idiotas; f) Gil Vicente era português; g) até gostaria de ver o panzer (não era o tanque usado pelos nazistas?) desgovernado dizer na cara do Mestre Besouro ou do Mestre Pastinha que a capoeira é uma forma de luta horrivel; h) Cecília Meireles, Machado de Assis, Ferreira Gullar, Pedro Nava, Dyonélio Machado, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Vinícius de Moraes, João Cabral, Aluísio Azevedo, Clarice Lispector, Euclides da Cunha, Carlos Drummond de Andrade.... e ainda tem gente com coragem prá dizer que a literatura brasileira é ridícula - diga apenas que você não tem a mínima noção do que seja (repito: Gil Vicente, além de português, nasceu antes do descobrimento do Bbrasil).
Bom, vim apenas fazer uma visita e um convite: já que você curte jazz e já conhece o co-irmão jazzigo, dá uma passada no jazz + bossa:
www.ericocordeiro.blogspot.com
Abração :)
Érico, bom, ahuahauhauahuahuah, admito que fui um pouco agressivo mas estava num momento de explosão
ResponderExcluirvc discordou de mim mas falou isso de forma pacífica, nice!
mas mesmo assim eu nao mudo de opinião
:D
Olha, se não me engano, esse tal autor é publicado pela editora em que eu trabalho, o que já é um indicativo de que muita coisa não vale não, assim, sendo imparcial e metendo o pau mesmo, porque esse negócio de patriotismo e "vestir a camisa" de um lugar só porque você mora/trabalha/ganha a vida nele é coisa de quem não olha ao redor de si mesmo.
ResponderExcluir[...] Mais de um motivo para não ler um autor – Incautos do Ontem incautosdoontem.opsblog.org/2010/01/16/ – view page – cached O texto procurado encontra-se logo abaixo. Caso o seu gosto seja muito apurado e, portanto, o desejo de ler outros artigos do talentoso autor deste blog torne-se uma necessidade, conheça o restante do Incautos do Ontem clicando aqui. Para receber as novas postagens assim que elas forem publicadas, assine o RSS feed ou deixe o seu e-mail. Volte sempre. [...]
ResponderExcluiramar a pátria é diferente de odiar estrangeiros.
ResponderExcluirsensacional!
ResponderExcluirQuem disse o contrário?
ResponderExcluirDe qualquer modo, as duas atitudes podem estar interligadas.
Concordo completamente.
ResponderExcluirDesculpe, mas vou ter que discordar.
ResponderExcluirPegue uma pessoa qualquer do mundo, uma incógnita. Não é só porque essa pessoa nasceu depois da fronteira tal que ela é sua inimiga. OK, tem lógica.
Mas, no mundo de hoje, COM CERTEZA essa pessoa não pensa assim. Ela protegerá a terra dela, de todas as formas, de você. É o instinto de sobrevivência. Como disse o House uma vez:
"três primatas encontram um estranho com uma lança. Um foge, um luta, e o último convida ele pra um fondue. Qual você acha que não sobrevive para contar a história?".
Não quero dizer que abolir o patriotismo é errado, mas é utópico. Só daria certo se absolutamente todas as pessoas de todas as nações do mundo concordassem com isso. Se uma naçãozinha sequer fosse patriota, todas as outras teriam que ser. Caso contrário, o "patriota-único" dominaria o mundo.
:-) Neto, pode discordar sempre que quiser, sem se desculpar de modo algum.
ResponderExcluirQuanto ao seu modo de ver o mundo, entendo perfeitamente. A vantagem é que eu não sou o representante de toda a nação. Sou apenas um cara que não quer perder um monte de coisas legais só pq sou um viciado no meu país.
Ah... outra vantagem: não somos mais simples primatas. Não quero tomar a terra de ninguém. Sendo assim, existe uma boa chance de que o cara com a lança, hoje, acabe me recebendo bem. Comida e terra ele já tem... se eu só quiser ir lá conversar sobre cinema, por exemplo, pode ser que ele até divida um pouco do alimento pela companhia. :-)
Já dizia um professor meu lá pelos idos em que nossos gloriosos estados ainda chamavam-se sesmarias: "Papel aceita tudo, senão pr'a que papel higiênico?". Penso assim antes de ler qualquer coisa que alguém me recomende coisa pr'a ler... Como libertário - anarquista, sim, sempre! - patriotismo e ufanismo deixam-me nauseabundo... meu país é o mundo todo, minha terra natal é todo lugar! Ficar levantando a bola de qualquer coisa que esteja entre estas fronteiras mais artificiais do que suco de fast food? Imagino todo esse patritismo sendo defendido ferrenhamente em uma lanchonete (famosa), regado a um refrigerante (famoso)! RSRS
ResponderExcluirUm comentário: fico imaginando todos os que criticaram o estrangeirismo pocket book, falando marrom, abajur, carro, bola, futebol, gol, cheque, etc... entre outros estrangeirismos já muito adaptados ao nosso dia-a-dia... a lingua é dinâmica e vive em constante transformação, recebendo influências diversas a todo instante (lição ensinada por meu tio, mestre em Lingua Portuguesa).
Desafio qualquer um que critica estrangeirismos (e portanto também aos patriotas) a dizerem que não vão à uma Happy Hour... RSRSRS
Uma vez eu li uma frase que tem tudo a ver com o texto e os comentários. A frase era mais ou menos assim:
ResponderExcluirPátria é igual a pai e mãe. A gente não escolhe com quem vai nascer. A gente nasce com eles e fim de papo.
Links da semana - 7...
ResponderExcluirMais de um motivo para não ler um autor, do Incautos do Ontem. Ler um determinado autor, ou então consumir um determinado produto só porque é nacional e assim ficar...
Olá Ulisses,
ResponderExcluirNão sei quem é você, por isso não conheço sua história, nem sei se é brasileiro ou não, também nem quero saber depois de ter lido seus comentários. Mas gostaria de lhe dizer que é uma pena que você seja mais um que não consegue admirar e respeitar a sua nação. O Brasil está cheio de pessoas como você, é por isso que muitos não o respeitam.
E quanto ao comentário ao escritor Ryoki Inoue. Antes de critica-lo porque uma leitora se sentiu mais patriota ao ler uma obra dele, ou porque ele é o escritor que mais escreveu livros no mundo e por isso achar que ele é uma "bosta", tente ao menos ler uma obra dele e depois tire as suas conclusões. Então, ai sim, comente qualquer coisa.
É importante conhecer o que você critica para ter fundamento o que você defende, pois gosto não se discute, mas respeito é fundamental.
P.S. Já que gosta de críticas, aceite esse comentário.
Eu não disse que o Ryoli é ruim... Só disse q "um autor que, em pouco mais de meio século, publicou umas mil e tantas obras... não PARECE algo tão bom assim." Disse q escrever assim "Dá uma enorme impressão que falta um grande cuidado com o que se escreve; não parece existir um grande respeito pelo leitor.". Não disse q ele é uma bosta... Pq eu iria falar assim de alguém q eu não li?
ResponderExcluirQuanto a admirar e respeitar uma nação... Parece irrefletido gostar de um lugar só pq vc nasceu nele... mas, sei lá, isso sou eu.
P.S.: Pode sempre criticar à vontade, não modero comentários.