11 de abril de 2010

Preso ao próprio tempo

___Na manhã seguinte, Harlan pegou seu mapa em intrincadas configurações perfuradas à medida que emergiam do Computaplex. Utilizou um decodificador de bolso para traduzi-las em Intertemporal Padrão, em sua ansiedade para não cometer o menor deslize logo no início. Obviamente, já havia alcançado o estágio em que poderia ler as perfurações diretamente.
___O mapa lhe dizia quando e onde no mundo do Século 482 ele poderia ir ou não; o que poderia fazer ou não; o que deveria evitar a todo custo.

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___Os historiadores vivem ouvindo que “Dante e Verne estavam à frente das próprias épocas.”, “A genialidade de Vincent van Gogh não podia ser entendida no século XIX”, “Doutor Emmett Brown não vivia em seu tempo.” e coisas do tipo. Entretanto, as pessoas esquecem que essas pessoas viveram mesmo em suas épocas* e que, por mais geniais que fossem, não eram capazes de abandonar completamente a realidade em que viviam.
___O trecho que dá início ao texto, pertence ao livro O fim da Eternidade, de Isaac Asimov. Considerado um dos mestres da ficção científica, não faltam fãs a afirmar que Asimov já conhecia o futuro, que sabia mais de computadores do que nós, que os robôs serão como ele descreve. É muito bonitinho pensar desse modo e não sou eu que vou questionar. Mesmo assim, é o máximo ver a dificuldade que existe para se fugir da própria época.
___A personagem do trecho está no Século 482. Século! Beeeeem no futuro. Mesmo assim, o computador ainda fornece folhas perfuradas. As mesmas que os computadores da década de 50, quando a obra foi escrita, eram capazes “imprimir” e ler.
___Era difícil para um homem de 1950 imaginar algo que chegue perto da nossa atual realidade. De qualquer modo, é meigo dar uma olhada nas tentativas.

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* Só o Dr. Brown que não.

3 comentários:

  1. O Laerte... é verdade. Só que o Ulisses tb é de babar. Eu nunca teria me tocado disso que ele falou ao ler o livro.

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