22 de fevereiro de 2013

Gostar da profissão

___Minha esposa é uma veterinária em início de carreira.* Por conta disso, ela tem aturado toda a chatice clássica que acomete um novato, como os “disputadíssimos” plantões de natal e ano novo, os veteranos que não demonstram confiança, horários desumanos e coisas do tipo.


Residência Médica, por Solon Maia


___Como bem era de se esperar, de quando em vez esses percalços fazem com que a minha doce veterinária chegue em casa um pouco azeda. Com exceção de algumas agressões físicas a algum marido incauto, nada de grave acontece. No entanto, alguém desatento poderia achar que isso é sinal de alguém que não gosta do próprio trabalho.


___Eu vejo de outra forma.


___Mais de uma vez já a vi entrar em casa esbravejando e contar uma longa história sobre um dono de animal sendo grosso ou um colega de trabalho agindo de maneira errada. Mais de uma vez ela chegou com cara de choro, já pareceu querer jogar tudo para o alto. E, mesmo assim, sem nenhuma necessidade premente, mesmo nervosa, cansada, irritada, já a vi revisando os dados de um caso difícil, pegando um livro da área para estudar assuntos importantes para os seus diagnósticos.


___Estudar, revisar o próprio trabalho em casa, por livre e espontânea vontade, para mim parece um ótimo sinal de alguém que gosta do próprio trabalho. Sendo assim, também consigo concluir que eu não gosto nem um pouco de lavar a louça.


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*2012 foi o primeiro ano dela como formada.


 

2 comentários:

  1. Mesmo com o "azeda", entendi o texto, mt bem escrito e formulado, como um verdadeiro lisonjeio. Parabéns grande Veterinária!!!

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  2. Eu também acho muito estranho gente que consegue ser serena o tempo todo. Por mais que você goste de algo, sempre tem a parte dura ou o lado custoso. Talvez gostar verdadeiramente seja continuar apesar desses cansaços e sacrifícios.

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