1 de dezembro de 2014

Vestibular (a)poético

___Caso alguém apareça para atacar o modo como são feitos os vestibulares, saiba que eu concordo. Se vierem dizer que se trata de uma instituição segregacionista, também vou assinar embaixo. Podem, também, com a minha anuência, dizer que os vestibulares prejudicam a Educação, pois acabam obrigando-a a se adequar às provas.* Porém, isso não significa que não há nada de bom nos vestibulares. Muito menos que não podem existir questões bacanas. 
___Olhem, por exemplo, que questãozinha fofa estava na prova da Fuvest de ontem:

Examine a figura.



Os versos de Carlos Drummond de Andrade que mais adequadamente traduzem a principal mensagem da figura acima são:

a) Stop.
A vida parou
ou foi o automóvel?

b) As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

c) Um silvo breve. Atenção, siga.
Dois silvos breves: Pare.
Um silvo breve à noite: Acenda a lanterna.
Um silvo longo: Diminua a marcha.
Um silvo longo e breve: Motoristas a postos.
__(A este sinal todos os motoristas tomam lugar nos
__seus veículos para movimentá-los imediatamente.)

d) proibido passear sentimentos
ternos ou sopɐɹǝdsǝsǝp
nesse museu do pardo indiferente

e) Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.

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Nota: Caso alguém precise de ajuda, a resposta é D. 

__________
* Por exemplo, seria lindo um curso de História, para o Ensino Médio, focado todo em destrinchar a mitologia ameríndia ou a História do Vietnã; seria extremamente enriquecedor um curso de Literatura voltado apenas para o teatro grego. O problema é que os alunos desses cursos acabariam prejudicados nos vestibulares por terem de resolver questões sobre os assuntos tradicionais. 


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