A mais
famosa obra de João Cabral de Melo Neto é o livro Morte e Vida Severina.
Conhecê-la é uma experiência maravilhosa, mas não é nenhum desafio. O poema é
de fácil e gostosa leitura. Já foi recitado em inúmeras peças, já virou filme,
animação, récita em vagão de metrô. Recentemente, tive o privilégio de conhecer
outra obra de João Cabral que gostei tanto quanto: o Auto do Frade.
A obra toda
é linda, mas foi um trechinho que me ganhou. Em meio às explicações do porquê
da condenação do frade, um oficial diz que
“Padre existe é para rezar
pela alma, mas não contra a fome.”
O trecho já
era forte quando foi escrito, em 1984, e continua forte agora, no século XXI. Vivemos
em um momento histórico em que muitos cristãos criticavam um pontífice como o Papa
Francisco e criticam um padre, como o Júlio Lancellotti, exatamente por rezar
contra a fome.
É triste. Ainda bem que um pouco
de arte ajuda a vencer um pouco da tristeza e talvez até abrir alguns olhos. Se
bem que não é difícil encontrar alguém que vá dizer: “Literatura existe é para...”.
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