21 de agosto de 2007

Olhos atentos

_____Preocupado com a falta de dinheiro que de maneira quase que perene me assola, meu avô costuma procurar vagas para professores nos classificados dos jornais e me ligar para passar informações. Mais do que a necessidade de emprego, fico contente pela atenção e preocupação do meu avô para comigo.

_____No último domingo, meu avô me ligou, disse que tinha apenas um anúncio e recitou o endereço. Para minha surpresa, o local que procurava professores era em um boulevard ao lado do meu prédio (ao lado mesmo, é só sair do prédio e andar uns dez metros). Eu nunca imaginei que havia algo ligado com Educação naquele local, achei que lá só tinha uma vidraçaria, um cabeleireiro caríssimo, um centro de terapias orientais e coisas do tipo. Como trabalhar tão perto de casa pode ser, sem dúvida, bastante cômodo, mesmo achando estranho, por volta das 10 horas da manhã do dia seguinte fui para o boulevard.

_____Ao chegar em frente ao endereço anotado, descubro que se trata da vidraçaria. Ao perceber minha cara de perdido, um simpático funcionário que estava de serviço naquele momento, vira e pergunta se quero ajuda. Meio abobalhado, falo que estou lá por causa de um anúncio de emprego e o rapaz diz que vai chamar a responsável (quando ele disse que iria chamar alguém, fiquei com mais cara de bobo ainda).

_____Uma senhora com cara de saco-cheio chega e aponta um lugar para eu sentar, pede meu currículo e, depois de alguns segundos passando os olhos por ele pergunta “Você veio para a vaga de programador?”. Com a maior cara de nabo do mundo, pergunto: “Mas, a vaga não é para professor?”. Segurando o riso, a moça responde que não e eu tento explicar que meu avô que viu o anúncio e que ele deve ter se confundido (e ela com a maior cara de descrente). Saio da vidraçaria ouvindo a moça gargalhar atrás de mim.

_____Acho que eu deveria ser um netinho melhor e levar o meu avô que tanto se preocupa comigo ao oculista.

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