_____Quem é paulistano já deve ter percebido que as águas de março estão realmente fechando o verão. Está chovendo bastante nas últimas semanas.
_____Como nem todos são tão ricos como eu (que tenho dois helicópteros na garagem), as pessoas têm de arrumar algum jeito de sobreviver nesse nosso pobre país capitalista. Alguns vendedores ambulantes, mal começa a cair algumas gotas do céu, surgem por geração espontânea pela cidade vendendo guarda-chuvas.
_____Um lugar infalível para encontrá-los é na saída das estações de metrô. Você está lá, andando de metrô, debaixo da terra, sem saber o que acontece na superfície e, quando sai da estação, acaba sendo surpreendido pela água. Sabendo disso, em toda porta de estação do metrô em momentos de chuva surgem, pelo menos, uns dois mascates oferecendo guarda-chuvas.
_____Eu e minha namorada entramos no metrô com o dia claro e seco e, quando fomos sair na nossa estação de destino, as águas de março estavam nos esperando do lado de fora. Um simpático camelô nos ofereceu um guarda-chuva.
_____– Querem um?
_____Recusei enquanto tirava uma sombrinha vermelha da minha mochila.
_____– O seu é pequeno, comprem mais um. Assim cada um pode usar um guarda-chuva. – Insistiu o rapaz.
_____Sorrindo, respondi:
_____– Não precisa, é melhor um guarda-chuva só. Assim posso ficar abraçando ela.
_____Depois de sorrir também, o vendedor respondeu:
_____– Se quiser, tenho um guarda-chuva infantil. É bem pequeno e você vai poder abraçá-la mais ainda.
_____Ando duro e não comprei, mas admito que o cara tem talento para vendas.
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