2 de setembro de 2008

A Supervisora de Ensino e o Bicho-papão

_____Logo após as férias do meio do ano, a coordenadora pedagógica de um dos colégios em que eu trabalho começou a cobrar os diários dos professores. Mesmo sabendo que eu faço questão de entregar os meus diários logo para que não me importunem, acho os diários de classe de uma inutilidade ímpar. Eles só servem para assassinar árvores e dar dor-de-cabeça para os professores. Ninguém utiliza aquelas porcarias para nada útil; eles são apenas marcas de uma burocracia que só serve para “provar” trabalho gastando papel.
_____Como de costume, mesmo com as cobranças da coordenadora, grande parte dos professores não fez a menor questão de colocar os diários em dia. Certa manhã, então, ao entrar na sala dos professores, vi um teatrinho que eu já presenciei em várias versões, nas mais variadas escolas: a coordenadora estava meio descabelada, com um leve tom de desespero na voz contando que a Supervisora de Ensino havia passado na escola e pegado alguns diários não preenchidos. “A Supervisora saiu daqui fula! Ela bronqueou comigo e disse que volta na sexta para ver se eu arrumei esta confusão.”.
_____Receosos, naquela semana, os professores ficaram mais tempo no colégio colocando os diários em dia. Desde então, não se ouviu mais falar da Supervisora.
_____Vou contar um segredo para os professores que lêem este blog: supervisoras de ensino não existem. Elas são parte do folclore pedagógico e servem para assustar os professores. Sério. Elas são como o Bicho-papão, o Homem do Saco, o Lobo Mau ou qualquer uma dessas criaturas devaneadas que as mães inventam para fazer com que as crianças se comportem.
_____“Se você sair na rua, Mariazinha, o Homem do Saco vai pegar você, colocar em um saco cheio de crianças desobedientes e você nunca mais vai voltar.”. “O Bicho-papão come as crianças que não vão dormir antes das 21 horas, Joãozinho.”. “A Supervisora de Ensino pegou bem o seu diário de classe, professora Helena, e disse que vai voltar na sexta-feira para ver se você preencheu o que faltava.”.
_____Vocês acham que, do modo como as escolas estão, existe alguém realmente supervisionando? Isso é uma lenda. Uma lenda surgida para que as escolas consigam manter todas as suas inutilidades burrocráticas em destaque e os problemas reais (como professores mal preparados) sejam varridos para debaixo dos papéis.

8 comentários:

  1. Como assim, não existem? A mãe da namorada de um primo de um amigo meu é supervisora de escola. É o que reza a lenda!

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  2. Bom, adorei a "Burrocracia" e apoio o final do seu texto. Não posso dizer q concordo com td pq sou extremamente organizada e adoraria preencher diários para me localizar, etc.

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  3. Cara, e bota medo nisso!
    Não tem coisa que apavore mais professor do que diário incompleto e supervisora querendo vê-los...
    Meu pai, que também é professor e deu aulas durante 20 anos em uma escola sob a condição de não preenchê-los, certa feita se vendo obrigado, numa outra instituição, a fazê-los meteu lá: TENTATIVA de explicar o modernismo, TENTATIVA de discussão sobre regência verbal, TENTATIVA de etc, e por aí vai...
    Adorei a desmistificação das bruxas da SUPERVIDÃO, há muito tempo venho dizendo que há mais mulas-sem-cabeça no reino da educação que jamais sonhou a nossa vã pedagogia...

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  4. [...] Deem, também, uma lida no texto “A Supervisora de Ensino e o Bicho-papão” - um dos clássicos sobre Educação deste blog. [...]

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  5. Isso tudo é só um lenda bem antiga! rsrsrs assim eu acho!

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  6. Whatever our souls are made of, his and mine are the same.

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