17 de setembro de 2009

Pedir autógrafo: um gesto de carinho

_____Adoro livros. Mesmo assim, dado o risível valor do meu salário, não posso me dar ao luxo de aparecer com um exemplar novo por semana (nem por mês) na minha estante. Claro que compro um tanto de livros – faz parte das minhas profissões –, mas só compro o estritamente necessário.
_____Entre as minhas compras estão aqueles livros que não podem ser encontrados em bibliotecas e alguns que tenho de utilizar em aulas ou em minhas pesquisas – obras que terei de rabiscar. Compro também livros de autores vivos que quero apoiar e de conhecidos meus que considero talentosos.

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_____Lançamentos de livro são eventos estranhos. Dificilmente quem vai pode aproveitar a obra naquele local e, pior, provavelmente vai encontrar um monte de desconhecidos que valeria bem mais a pena não conhecer. Em uma análise rápida, posso afirmar que existem cinco motivos básicos para que as pessoas resolvam ir para um evento desses:
1) Aparecer para os outros, posando de intelectual.
2) Comprar a obra o mais rápido possível.
3) Comer de graça.
4) Fazer carinho no autor (coitado do infeliz, vai que ninguém aparece).
5) Descolar um autógrafo.
_____Já fui a lançamentos por quase todos esses motivos. Nos últimos anos, entretanto, o item 4 e o 5, para mim, não só tornaram-se os mais importantes como, também, acabaram por se misturar.

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_____Não vejo vantagem alguma em conseguir um livro autografado. Não importa a fama do assinante. Autógrafo só é válido de verdade em talão de cheque. Para carinhar alguns autores, entretanto, eu já pedi muitos autógrafos.
_____Quem já foi a lançamentos sabe: ninguém é obrigado a comprar o livro. Nunca vi autor, no dia, forçando a barra para isso acontecer. Os caras costumam ficar afogados no próprio ego, nas pessoas ou na própria felicidade que mal conseguem conversar direito com quem apareceu.
_____Ao pedir para que o autor assine o seu livro, o leitor-comprador está tendo trabalho, tem de enfrentar filas, desembolsar uma grana, ficar segurando aquele peso morto até a hora de sair do evento. Ao pedir o autógrafo, o leitor-comprador está se esforçando para agradar o escritor, o leitor-comprador está deixando claro que comprou a obra e deixa que o autor se expresse mais uma vez ao assinar o livro. No fim das contas, é apenas um mimo extra para o feliz papai que está comemorando o nascimento da cria naquele dia.

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P.S.: Existe um tipo um pouco diferente de lançamentos em que o autor lê alguns trechos da obra. Costuma ser uma graça. Pena que são tão raros aqui no Brasil.
P.P.S.: Em um dos últimos lançamentos que compareci, fiquei impressionado com o carinho que a Camila, minha vizinha de Ops!, demonstrou por mim. Aproveito o tema para agradecê-la publicamente.

2 comentários:

  1. Opa! Que surpresa boa e inesperada (pleonasmo rocks!) encontrar o meu nominho por aqui, compadre! Só foi uma pena você e a missus terem ido embora tão rapidinho aquele dia - teria sido legal a gente poder convesar mais. Ainda bem que sempre tem livro sendo lançado em São Paulo. :-) Beijos!

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  2. Ainda não fui a lançamentos de livros :-(
    Quanto a comprar livros o Milton tem algumas dicas: http://miltonribeiro.opsblog.org/2009/09/17/ensinando-a-roubar-livros/
    Beijão!

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