27 de fevereiro de 2010

Bons exemplos

___Por mais inteligentes que sejam os meus leitores, muito deles ainda não conseguem se livrar da horrível carrodependência que impera por aí. Em um país em que quase tudo que é mídia acaba espalhando o uso do carro como uma necessidade, é mesmo difícil pensar de outra forma. Por isso mesmo, alguns dos meus textos da categoria “Sem carro por escolha” já receberam comentários que me perguntavam se eu queria uma volta para o passado ou dizendo que não há outro jeito de se conviver com os carros.
___Pensando exatamente nesses leitores é que eu me sinto obrigado a indicar algumas séries do blog apocalipse motorizado. Luddista, seu autor, fez algumas viagens pelo mundo e relatou uma vida diferente, uma boa vida, em lugares em que as pessoas (não os carros), são a prioridade. Valem muito a pena os relatos sobre a Europa, Portland e Chile, sua mais recente viagem.

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___Só para selecionar alguns trechos imperdíveis, deem uma lida no texto “Portland não tem ciclovias”, no qual o Luddista conta sobre uma cidade que preferiu educar seus motoristas ao invés de segregar os ciclistas. Ou vejam como é “Um posto de gasolina em Santiago”. Ou, além do exemplo que segue abaixo, vocês podem ver algumas sequências de fotos impensadas para a realidade paulistana.








___Em Sampa, infelizmente, acontece o contrário. Ao invés de lembrar aos motoristas que eles devem zelar pelos pedestres, o poder público tenta expurgar da mente dos pedestres que eles têm a preferência e que a faixa é um local de sagrada proteção.



___Sei, é claro, que os pedestres não devem se jogar em cima dos carros. Só que, afirmo sem medo, muito mais importante é lembrar sempre para os motoristas que a preferência é das pessoas. Ou alguém quer mentir para mim e dizer que são comuns, em São Paulo, placas dizendo “Ao virar, respeite a preferência do pedestre” ou coisas do tipo?



___Lugares em que os seres humanos (não as máquinas) têm prioridade não são uma utopia. É possível viver muito bem assim e exemplos não faltam. Triste é saber que muitas pessoas não conseguem enxergar isso.

6 comentários:

  1. Confesso que sou uma dessas leitoras. Não sou das mais graves porque eu não dirijo, então faço o marido de motorista ou vou de ônibus e à pé mesmo. Morro de vontade de andar de bicicleta, mas tenho muito medo. Teria que necessariamente passar por BR para chegar em casa e é perigoso até pra motos, que dirá pra uma ciclista.

    Ok, eu sei que é uma desculpa. Mas ao mesmo tempo não é, não sei.

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  2. Tenho medo de dirigir e também tenho problema com bicicletas (nunca consegui ficar mais que cinco minutos em cima de uma porque sou tomada de uma cãibra lancinante). Mas infelizmente as cidades se tornaram grandes demais para os pedestres...

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  3. É uma desculpa completamente aceitável, Caminhante. É perigoso mesmo ser ciclista; dá medo de andar por certos lugares. E, mais bizarro ainda: é perigoso ser pedestre.

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  4. As vezes parece q as cidades ficaram "grandes demais" para o cuidado com o próximo...

    P.S.: Meu pai é de uma pequena cidade do interior que, hoje, é cheia de casos de atropelamentos... Como as pessoas conseguem ser assim? Nunca entendo.

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  5. Por aqui (Araranguá - SC), por incrível que pareça, os motoristas ainda param tranquilamente para esperar um pedestre atravessar a rua. Infelizmente, isso muda quando chegamos no verão, e a cidade passa a ser tomada por visitantes de outros locais que vem passar os meses de sol nas praias daqui...

    Eu, por enquanto, sou um ciclista ineficaz. Comprei uma ótima bicicleta, gosto de andar nela mas, ao mesmo tempo, entrei numa inércia sem explicação e a tenho deixada ancorada. Voltei a usar o carro quase sempre.

    Mas não desisti da magrela. É só questão de organizar um bocadinho mais meu dia...

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  6. A primeira coisa que me impressionou quando cheguei a Portugal pra fazer meu mestrado foi justamente isso. Pedestre aqui é bastante respeitado.

    Seja o carro que for, ou ônibus, taxi ou moto. Se vc pisa na faixa de pedestre, todo mundo para imediatamente. Não posso dizer o mesmo de Londres, que no entanto esbanja educação em outros milhares de aspectos.

    O curioso é que todas as vezes que tive problemas como pedestre, era um brasileiro que estava dirigindo. Aliás, todas as vezes que tive algum problema aqui em Portugal, foi com brasileiros.

    Isso, claro, não sou eu dizendo que "brasileiro é foda mesmo". Até pq não posso dizer que tive momentos maravilhosos com a maioria dos portugueses, que são um povinho bem fechado, especialmente em Lisboa.

    Mas divago, o que importa é que a conclusão a que cheguei é a mais obvia possível, mas que até eu vir pra cá não tinha visto exemplos evidentes. Somos um povo que infelizmente carece de educação.

    Abraços.

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