___Grosso modo, é possível definir zumbis como criaturas que, quando todos as acreditavam mortas, voltam à vida; os famigerados mortos-vivos. Gente bem humorada costuma até brincar com o fato chamando Jesus Cristo de “zumbi judeu”.
___Tirando o caso de Jesus, a volta de mortos à vida não costuma deixar as pessoas muito felizes. Muito pelo contrário.
___Pessoalmente, eu não iria apreciar muito um grupo de zumbis correndo atrás de mim. No entanto, na última semana, recebi a notícia de alguns mortos que voltaram (ou que parece que voltarão) à vida e, admito, fiquei muito feliz.
___Para começar, quem prestou atenção à barra lateral do blog já deve ter visto o banner do site Os Viralata anunciando sua ressurreição (só a brincadeira com o erro de concordância é que morreu). Albano Martins “Branco Leone” Ribeiro deixou de ser um divulgador de livros independentes e assumiu-se como editor (assumiu-se dentro do armário, já que fez questão de anunciar sua “editora” entre aspas).
___Junto com ele, dois outros mortos parecem que vão se reerguer: Almirante Nelson Moraes e Marconi “Fausto Wolff” Leal. Os dois são escritores de talento inquestionável, só que estavam afastados dos textos. O primeiro enterrou-se oficialmente; o segundo, desde que resolveu escrever para a televisão, passou a produzir textos tão raramente que eu até pensei que os escritos vinham do Além, entregues pelo vagaroso Caronte. No máximo, eles dão as caras no Twitter*.
___Ao entrar no site ressuscitado d’Os viralata, descobri que a carreira de escritor dos dois havia voltado à vida. Além dos livros do Branco Leone, está anunciado o futuro lançamento da obra Os macacos do Museu Britânico, de Nelson Moraes – com a organização de Marconi Leal.
___Como cereja de bolo desse maravilhoso “Thriller”, Idelber Avelar, dono de um dos blogs em português que mais faz falta (principalmente em ano de eleição), linkou no Google Reader um texto publicado na revista Fórum, juntamente com a frase “Parte do livro meu (no prelo) sobre a Palestina.”.
___Estou achando que é bom avisarem os coveiros lusitanos, pois, se bobear, o Saramago ainda levanta nesta semana.
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P.S.: Já que eu citei o texto do Idelber na Fórum, tenho de acrescentar: vale muito a leitura, principalmente para as pessoas que, quando alguém reclama do massacre de muçulmanos empreendido por Israel, retruca com um “Essa é uma briga milenar deles. Não tem o que se fazer.”. Seguem alguns trechos.
Briga milenar de religiões?
Há um senso comum sobre a ocupação da Palestina que a refere a uma suposta raiz religiosa do conflito e a um antagonismo “milenar” que oporia judeus e muçulmanos. De acordo com essa espécie de filosofia de botequim, o Islã e o Judaísmo “nunca se entenderam” e “estiveram sempre brigando”. (...)
Na história de perseguição cristã aos judeus na Europa, ao longo da Idade Média e nos albores do período moderno, os califados foram lugares de refúgio, no qual a coexistência entre a minoria judaica e a maioria muçulmana foi pacífica e colaborativa. Durante o domínio árabe de sete séculos sobre o sul da Península Ibérica e o norte da África, na região conhecida como Al-Andalus, judeus, muçulmanos e também cristãos coexistiram de forma pacífica, produzindo uma riquíssima cultura letrada. (...)
Ao longo dessa história, os árabes foram não só uma proteção aos judeus perseguidos pelo cristianismo, como também tradutores e continuadores do legado que o próprio pensamento ocidental identifica como sua origem, ou seja, a filosofia grega. (...)
Não há forma mais clássica de desentender a ocupação da Palestina que remetê-la a um suposto conflito milenar de religiões. Não é essa a raiz do problema e o estudo das fontes históricas o prova. Se há “duas religiões do livro” que não possuem um histórico de conflito entre si, estas são o Judaísmo e o Islã. Ao longo do período de expansão colonial, e mesmo antes dele, na Alta Idade Média, foi o Cristianismo que se ocupou de participar das empreitadas de conquista, colonização e saqueio.
___Texto completo aqui.
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* Levando em conta todos os blogueiros que deixaram de escrever textos de verdade em troca de atenção instantânea, torna-se difícil considerar o jogar de uns caracterezinhos no Twitter como trabalho de escritor (por melhores que sejam as frases que o Nelson e o Marconi soltam por lá).
Obrigado, Ulisses! Vou mandar o Viralata lamber seu pé à noite. Só não pense que é o Alex.
ResponderExcluirAbraço
nossa, vc começou nos zumbis e terminou nos califados.
ResponderExcluirque inveja. eu tento fazer isso no meu blog mas acaba ficando ruim. algo como o pc siqueira ainda mais sem graça. e escrito.
se saramago voltasse eu deixaria ele comer meu cerebro. não me faria falta e com certeza ele acharia um uso melhor pros meus miolos. :D
Oi, Historiador-Ulisses, como vai?, vim direto do blog das Flores onde tem o post sobre 'salsas & paraíso' (lembrado?) para ver se eras realmente espirituoso como pensei que fosses, ao iniciar a leitura pelo Cristo Zumbi tive certeza, hehe, e ainda é cult porque afinal de contas está hiper contemporâneo isso de Inri & de zumbis.
ResponderExcluirGostei muito do teu blog, bem apetitoso para o cérebro.
Gostaria muito de entender os conflitos no Oriente Médio, vi que tem um texto explicando IslãXJudaísmo, vou lê-lo.
* Como historiador que pensas sobre os EUA terem cansado de destruir o Iraque e agora estarem 'olhando' para o Irã?, achas que o Irã poderá vir a bombardear Israel?, qual o problema entre Irã e Israel?, obrigada e um abraço. sandra