7 de fevereiro de 2011

Não-resenha de Um Lugar Qualquer, de Sofia Coppola

___Uma das coisas que mais me agrada no trabalho de professor, são os horários quebrados. Existem dias em que ensino de manhã e não à tarde; em outros só leciono à noite; noutros, dou três aulinhas no início da manhã e mais duas no fim da tarde. No fim das contas, sempre tenho um tempinho livre aqui ou acolá para mil outras coisas.
___Hoje, entre o trabalho do início da tarde e o da noite, eu tinha umas quatro horas e pouco livres. Perfeito!, o tempo ideal para ir para algum dos cinemas perto da academia de dança. Peguei, todo contente, as programações.
___Cisne Negro, que eu estava a fim, começaria tarde e, portanto, terminaria só depois da hora em que eu deveria estar no trabalho. Três outros filmes, com horários ideais, eu já havia visto. Só tinha um que, para mim, era inédito e com o horário perfeito, um tal de Um Lugar Qualquer (Somewhere).
___Antes de sair para o cinema, fui atrás do trailer no You Tube. Depois de dois minutos, fechei a janela e fui ler um livro. Um Lugar Qualquer não era uma opção. Um Lugar Qualquer, descobri então, é o novo filme da Sofia Coppola.


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___Quem gosta da filha do Francis Ford Coppola que me perdoe – ou que vá frequentar um psiquiatra. Assisti dois filmes dela – Encontros e Desencontros (Lost in Translation) e Maria Antonieta (Marie Antoinette) – e, tenho de dizer, foram momentos intermináveis da minha vida. Eu não sei exatamente quantos dias cada filme tem, mas sou capaz de jurar que, individualmente, eles duraram mais do que toda a trilogia dO Poderoso Chefão com cenas extras.
___Os filmes da senhorita Coppola são muito chatos. As personagens sofrem por não-motivos, a ação é uma inação e a história... bem, o Michael Ende que me perdoe, mas os filmes da Sofia Coppola são a verdadeira História Sem Fim. Além disso, dadas as conversas vazias, os silêncios-sem-graça e as não-conversas, parece que a pobre Sofia nunca aprendeu a escrever diálogos. Silêncios, ok, ela aprendeu, mas não são interessantes como os dos filmes do Kim Ki-duk.


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___Caso alguém tenha assistido Um Lugar Qualquer, pode elogiar aí nos comentários. Mas, para que eu vá assistir, tem de dizer que o filme ficou melhor que a trilogia clássica do pai da moça.


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P.S.: Se alguém gostou do Encontros e Desencontros ou do Maria Antonieta, nem adianta vir defender que eu não revejo esses filmes, nem se me pagarem. Mentira, se pagar bem eu vejo.
P.P.S.: Sobre o Encontros e Desencontros, recomendo um texto que eu acabei de ler e outro que eu reli faz pouco. O filme, ressalto, eu indico que vocês fiquem longe.


6 comentários:

  1. "Encontros e Desencontros" é, de fato, tedioso.
    adoro os filmes da Sofia, mas, de todos, esse é de longe o pior, pra mim. e "Somewhere" é de um estilo parecido, mas com o toque de alegria da Elle Fanning. ainda assim, se passa num hotel, há pouquíssimos diálogos e muitos momentos de silêncio.
    se não gostou do com a Scarlett Johansson e nem do "Marie Antoinette", recomendo que não o veja. apesar de este último ser o meu filme favorito, reconheço que não é todo mundo que gosta de uma não-história.

    pra quebrar essa imagem ruim da sofia-do-coppola (trocadilho desnecessário, perdão), veja "As Virgens Suicidas", que é a adaptação de um livro (do qual eu também recomendo). Este, sim, tem começo, meio, fim, diálogos, mais de dois personagens, e a Kirsten Dunst.

    beijos!

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  2. Ouvi muita gente falando absurdamente bem desse filme a me fazer ter vontade de assistir. Mas, céus, como o filme é ruim, demorado, barato, sem pé nem cabeça e mal acabado. Como minha progenitora disse, pobre de tudo.

    Em compensação, não vi As Virgens Suicidas (do qual falam muito bem) e vi, e diga-se de passagem que amei, Marie Antoinette. Gostei muito dos arranjos todos, das luzes, do cenário, e da caracterização, principalmente. Mas é, não gosto da Coppola como atriz nem como diretora.


    Aliás, fico indignada com a quantidade de gente que gasta saliva falando que tantos filmes obviamente ruins são bons e cults. Isso só incita mais a onda de filmes-sem-pé-nem-cabeça e de diretores que deveriam ser proibidos de dirigir. Sem contar os roteiristas, produtores e todos os outros babacas que participam dessas coisas.

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  3. Muitas pessoas sofrem por não-motivos, por motivos não definidos e não nomeáveis. Muitas vidas são repletas de dias a fio de inação. Biquíni Cavadão, lembra, "sentado no meu quarto o tempo voa, lá fora a vida passa e eu aqui à toa". Eu compreendi as angústias das garotas de Sofia, tanto de Charlote quanto de Antonietta, mas talvez porque eu tenha uma vida parecida com as delas (só não moro em Versalhes... pena!) ou eu já tenha experimentado momentos específicos que se encaixam com os momentos das personagens. Minha resenha sobre o filme no Amálgama http://www.amalgama.blog.br/01/2011/encontros-e-desencontros/

    Bom, vou lá ler as resenhas que você indicou porque eu realmente achei o filme nada entediante e bem profundo, então quero ver o outro lado da moeda.

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  4. Gostei dos conselhos, Nicole. Talvez eu não fuja das Virgens Suicidas se tiver a chance de ver.

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  5. Meu problema, Ju, não é nem não entender o q passa com as personagens, é achar que narrar esses sofrimentos “por não-motivos, por motivos não definidos e não nomeáveis” não dão histórias interessantes de se contar e se ver. Vou ver se sigo o conselho do último parágrafo da sua resenha e experimento repetir a experiência para ver se acho outras coisas. Ainda assim, não vou com muita fé.

    Qto a identificação, mesmo gostando de você, não me identifico em nada com a Maria Antonieta e suas angústias. Eu me identifico mais com o sofrimento do povo que passava fome e levou a rainha para a guilhotina. ;-)

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  6. você já viu a montagem que fizeram para que "curtindo a vida adoidado" parecesse com um filme da coppola? é sensacional, porque os jovens sofrem por motivos desconhecidos, como nos filmes dela.

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