Metrô de
São Paulo. Pouco depois das 23 horas. Catraca da estação C.*.
Saindo do
trabalho, cansado, subo as escadas rolantes em direção às catracas. Nas
roletas, um homem, do lado de fora, conversa com um funcionário que estava do
lado de dentro.
– Por favor, onde eu posso
comprar a passagem?
– A bilheteria só funciona até as
22 horas. Agora, só ali no totem eletrônico.
– Mas, o totem só aceita cartão. Tô
só com o dinheiro da passagem. –, responde o homem, mostrando uma nota de 5
reais.
O funcionário faz a maior cara de
porra-amigo-só-tenho-eu-aqui-não-tem-como-resolver-o-seu-problema-que-é-que-eu-posso-fazer-se-estão-substituindo-trabalhadores-por-essas-máquinas-idiotas.
Ou simplesmente fui eu que imaginei que ele fez uma cara dizendo tudo isso. O
que aconteceu é que ficou um silêncio sem graça de alguns segundos, o metrô
começou a chegar, o homem fez uma cara de triste (essa eu tenho certeza) e o
funcionário disse:
– Pode guardar seu dinheiro.
E liberou a catraca para o moço.
__________
* O nome da estação foi suprimido para que um funcionário
que fez uma boa ação, dada a péssima situação, não recebesse punição.
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