7 de agosto de 2007

Meus casos com Brecht

Cia do latão

Companhia do Latão na montagem de O círculo de giz caucasiano.

_____Tenho gratas lembranças dos encontros que tive com Bertolt Brecht durante minha vida. Quando conheci o autor eu era bem menino e minha família era (e ainda é) bem direitista. Ler alguém que não pensava como as pessoas que me rodeavam foi um alívio. Além disso, no início de minha carreira como professor, eu lecionei em um cursinho para formação de militares e fui maluco a ponto de levar um grupo de alunos meus para ver uma peça do Brecht. Foi maravilhoso debater com jovens militares, revoltados com o que tinham visto no palco, e mostrar uma visão diferente de mundo para eles. Para completar, existe um famoso poema do Brecht – que adoro usar em meus cursos – que costuma causar um impacto interessantíssimo nos alunos (não é um texto de blog, mas, se alguém se interessar, posso postar aqui uma questão que gosto de fazer com o poema dele).

_____No sábado fui convidado para a reestréia da montagem da peça O círculo de giz caucasiano, feita pela fabulosa Companhia do Latão, e, pelo visto, meus bons contatos com Brecht prosseguem. Fiquei contente tanto pela entrada gratuita, quanto pela ótima montagem que acabei assistindo.

_____Se você é daqueles que choraminga que o teatro não é mais como "era", que as montagens não são mais as mesmas, essa é a sua chance: o modo como o texto é trabalhado no palco é excelente. Se você é daqueles que vai ao cinema, mas não ao teatro por achar que o teatro não é tão "completo", é a sua chance de ver uma peça realmente completa: música (como em todas as peças do Latão que eu assisti), ótima adaptação do texto, cenário atípico, interpretações muito boas, uma montagem para lá de respeitável. Se você só vai ao teatro para ver artistas famosos, vá ver a Cia do Latão, uma das companhias de teatro mais famosas do Brasil, e descubra a diferença entre esses famosos e os famosos televisivos. Se você só sai de casa para sacanagem, aproveite que tem nudez.

_____Entretanto, se você não pega um livro para ler porque acha que ele é muito grande (ou se você nunca pega livro nenhum – por que mesmo que você está lendo um blog?), não vá. A peça tem mais de três horas de duração, você não vai agüentar. Talvez não seja a hora de você ter um caso com Bertolt Brecht.

P.S.: A Companhia do Latão acabou de completar 10 anos e abriu uma sede própria na Vila Madalena, o Estúdio do Latão (rua Harmonia, 931, telefone 3814-1905). O círculo de giz caucasiano, contudo, está em cartaz no Tusp (rua Maria Antônia, 294, telefone 3255-7182) toda sexta, sábado (às 21h), e domingo (às 20h). Tudo em São Paulo.

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