24 de julho de 2008

Bons tempos

_____Mesmo sabendo que isso pode soar anacrônico, morro de dó das pessoas de outras épocas. Coitados dos infelizes da Antigüidade que não puderam experimentar o strogonoff (prato inventado, provavelmente, no final da Idade Média), dos pobrezinhos que viviam sem chuveiro de água quente e dos sofredores que viveram em épocas em que o uso da escova de dente não era difundido.

_____Lendo dia desses Helena, do Machado de Assis, fiquei com mais dó ainda ao ser lembrado de como eram as relações entre homens e mulheres por parte da sociedade no século XIX. Na estória, Estácio namorava a bela Eugênia e, no quinto capítulo, tenta pedi-la em casamento. O jovem casal se vê só no jardim em um determinado momento e acabam colhendo uma flor.

_____“Estácio colocou a flor na botoeira.

_____– Vai cair! disse Eugênia. Quer que pregue um alfinete?

_____Estácio não teve tempo de responder, porque a filha de Camargo, tirando um alfinete do cinto, prendeu o pé da flor, gastando muito mais tempo do que o exigia a operação. A moça não era míope; todavia aproximou de tal modo a cabeça ao peito do mancebo, que este teve ímpetos de lhe beijar os cabelos, e seria a primeira vez que seus lábios lhe tocassem.”.

_____Por Clio, pobres diabos. O infeliz cortejava a moça fazia um tempão e só no dia que ele decidiu pedi-la em casamento que os lábios dele quase tocaram ela? Quase tocaram os cabelos! Credo. Não invejo nem um pouquinho as pessoas das outras épocas.


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