15 de julho de 2008

Exposição para ler Machado de Assis

_____Amanhã, terça-feira, será aberta ao público a exposição “Machado de Assis, mas este capítulo não é sério”, a nova exposição temporária do Museu da Língua Portuguesa. Graças a um caso que tenho com uma moça que trabalha no Museu aos meus contatos, consegui ver a mostra na abertura para convidados e aproveito para indicá-la para os meus leitores.
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Machado de Assis

_____Brincalhona desde o seu nome, a exposição é toda dividida em capítulos. Mas, atenção, apressado leitor, não comece o passeio sem antes pegar o impresso-guia. O livreto provoca os passos do público a cada nova divisória da exposição. Aconselho uma rápida leitura de cada capítulo do guia antes de adentrar a secção correspondente – não consultá-lo é garantia de que se irá perder um interessante contraponto, uma boa curiosidade (como, por exemplo, um palavrão publicado indevidamente em uma obra do recatado Machado).
_____A exposição toda parece montada com o ideal de atrair novos leitores e não deixa de usar os mais diversos recursos para isso. O “Capítulo XXX: Irreal Gabinete de Leitura” é um ótimo exemplo: brincando o tempo todo com claros e escuros, leituras, sons e imagens em vários pontos da sala, só peca por carecer de melhores interpretes para alguns textos. Talvez conhecer Raquel Kogan, autora da obra “Reler” (exposta atualmente no Itaú Cultural), que fez um ótimo trabalho com contatos atípicos com a leitura, enriquecesse esse tipo de experiência.
_____A seleção dos textos, mesmo atentando quase que somente aos maiores clássicos machadianos, é ótima e bem distribuída. Até nos banheiros, parte integrante das mostras temporárias do Museu da Língua, podem ser encontradas leituras condizentes (perto da porta do banheiro feminino, por exemplo, o publico pode se deliciar com o provocativo “Uns braços).

Uns braços
_____A exposição não é destinada a quem tem pressa. A graça é ir para ficar com vontade de ler Machado de Assis; e ler mesmo. Não só no impresso-guia o leitor ganha um conto para levar para casa, como, também, no final da exposição, centenas de livros estão disponíveis para que o público possa sentar e se deliciar com as obras do Mulato Sabido.
_____Como costumam ser os trabalhos do Museu da Língua, vale muito à pena visitar. Para quem for, deixo o adágio de Brás Cubas que, debochadamente, os guias da exposição expõem em suas camisetas: “A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus.”.

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