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31 de janeiro de 2025

Tertuliana Lustosa e Xica Manicongo

 


“... Xica Manicongo

Travesti do início do Brasil colonial

Que retirada da sua vida no Congo

Foi confiscada de seu direito primordial”

 

            Ouvi falar de Tertuliana Lustosa pela primeira vez em meio à polêmica dela rebolando em umevento acadêmico. Foi, provavelmente, no mesmo ano de 2024 que eu soube da existência de Xica Manicongo. A diferença é que, enquanto Tertuliana vive, estuda e produz sua arte neste século XXI, Xica viveu no século XVI. É muito triste ver certas histórias apagadas.

Entretanto, achei interessantíssimo reencontrar as duas no cordel que Tertuliana Lustosa escreveu (trechos acima e abaixo), enquanto eu passeava pelo Masp.

 

“Hoje somos seguidoras de Xica

E fazemos a cada esquina nossa labuta

Não à toa usamos o cordel

Em memória ao nordeste e à sua luta”

4 de dezembro de 2023

Azul: montagem, regras e comentários históricos

 

        Explicações para jogar o board game Azul e alguns comentários históricos. Disponível no YouTube.

 


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Bibliografia, fontes e materiais utilizados:

- Fotos de Alhambra obtidas em https://pt.wikipedia.org/wiki/Alhambra.

- “JUDITE - Estaremos Fazendo o Cancelamento (Fabio Porchat)”. Anões em Chamas. Vídeo. 2012. Disponível em https://youtu.be/vEaNCoCXcdk?si=0BR7gtJ315PbhrT8.

- Mapa da expansão islâmica. 2011. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Map_of_expansion_of_Caliphate-pt.svg.

- “Palácio Nacional de Sintra”. Parques de Sintra. Vídeo. 2017. Disponível em https://youtu.be/zXaCJn1GQDw?si=o3SOqdhdEFJPc1ZD.

- “Palácio Nacional de Sintra • Sintra • Portugal | BeSisluxe Tours”. BeSisluxe. Vídeo. 2019. Disponível em https://youtu.be/7yG2ss1THOM?si=M9cVaFZwjm2VaIu5.

- CHEEL. “Blue dream”. Trilha sonora. 2020. Disponível em https://www.youtube.com/@dimanchechill/ e https://www.youtube.com/audiolibrary.

- DEMANT, Peter. O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto, 2003.

- HELLWALD, Federico de. La Tierra y el Hombre Descripción pintoresca de nuestro globo y de las diferentes razas que lo pueblan. Barcelona: Montaner y Simón, 1887.

- KIESLING, Michael. Azul. Jogo. São Paulo: Galápagos Jogos, 2018.

- TENGARRINHA, José. História de Portugal. Bauru/São Paulo/Portugal: Edusc/Unesp/Instituto Camões, 2000.

 

31 de outubro de 2023

Arte e a primeira vez*

 * NSFW, mas deveria ser.

            Você lembra onde viu a Mona Lisa pela primeira vez? Eu não lembro. Obviamente não foi no Louvre, porque nunca estive lá. Parece que eu sempre soube da existência da mais famosa pintura de Leonardo da Vinci, como se tivesse nascido sabendo. Mas, óbvio, não foi assim.

            Algumas obras de arte são tão comuns que parece que sempre estiveram dentro da minha cabeça. Provavelmente, todo mundo deve se sentir assim sobre algumas obras. Por isso mesmo, quando vejo uma obra que não conhecia e gosto, fico com uma sensação gostosa de saber exatamente quando e onde a vi pela primeira vez. Sei, por exemplo, exatamente o que estava acontecendo quando tive meu primeiro contato com A origem do mundo, pintura de 1866 de Gustave Courbet.



            Mais ou menos no auge do Facebook, algumas mães, felizes pelo bebê que acabara de nascer, postavam fotos amamentando. Com a desculpa de que queria evitar fotos pornográficas, a rede social censurava as imagens e bloqueava os perfis das mães. Alguns homens, em apoio a essas mulheres, publicaram fotos sem camisa e, obviamente, não sofreram nenhuma censura do Facebook. Até que um homem da minha rede (desculpe-me, não vou me lembrar quem foi) não postou uma foto, mas, sim uma pintura. A pintura de Gustave Courbet. Sem entender a ironia (seja da pintura, seja da postagem), a rede social censurou a pintura e bloqueou o rapaz –, que, na época, publicou um texto em um blog contando o caso.

            Sim, o Facebook censurou uma pintura do século XIX. De qualquer modo, foi assim que eu vi, pela primeira vez, A origem do mundo e descobri que se tratava de uma pintura muito famosa.

            Nesta semana, passeando pelo Sesc Avenida Paulista, entrei na exposição Tornar-se Orlan, da artista francesa Mireille Suzanne Francette Porte, mais conhecida como Orlan. Lá, escondida em um canto, tive o prazer de ver, pela primeira vez, a obra A origem da guerra (1989).


            Orlan fez uma releitura maravilhosa da obra de Gustave Courbet. A origem da guerra foi feita nos mesmos moldes dA origem do mundo, reproduzindo, inclusive o tamanho e a moldura. A obra de Orlan mantém a ironia presente na de Courbet, choca o público (efeito também causado por A origem do mundo) e acrescenta um elemento feminista (possivelmente ausente em Gustave Courbet).

            Fico feliz de ter conhecido ambas as obras e de ter o privilégio de lembrar exatamente como as conheci.

 

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P.S.: Em 2014, a artista Deborah de Robertis fez uma performance em frente ao quadro A origem do mundo chamada Espelho da Origem mostrando o mesmo que a pintura mostrava. Os seguranças esvaziaram a sala, procuraram ficar na frente da artista e ela acabou escoltada para fora do Museu de Orsay pela polícia. Aqui um texto legal sobre a obra e aqui um vídeo da performance



31 de janeiro de 2023

Guerra contra os indígenas

 

                Estamos passando por um raro momento em que a atenção da população está voltada para os problemas da população indígena. É um evento que acontece a cada cinco, seis anos. Às vezes mais tempo, mas essa atenção quase sempre vem ligada a tragédias. A atual é por conta da horrível situação dos yanomamis, efeito de tudo que foi feito durante o governo Bolsonaro.

                Não vou me estender na tragédia atual. O Normose e o Fantástico já fizeram um bom trabalho falando sobre o assunto. Só quero mostrar uma curiosidade de como o desrespeito aos povos originários é histórico e extremamente comum nos governos brasileiros.

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                Fui à exposição Xingu: Contatos, no Instituto Moreira Salles da Avenida Paulista. Recomendo. É gratuita e ficará aberta até 9/4/2023. A fotografia que mais me impactou foi uma com Getúlio Vargas, em 1954, na inauguração da Base do Cachimbo. Cercado por militares de alta patente devidamente uniformizados, o então presidente trava contato com os indígenas da região. A foto é inusitada pois Vargas coloca um cocar invertido na cabeça do indígena.



                A situação fica ainda mais emblemática do desrespeito aos povos originários e sua cultura porque Vargas e os militares estão rindo, achando a maior graça da situação. Do outro lado, os indígenas não parecem estar se divertindo tanto assim.

                Claro que eu estou aqui na torcida para que o novo governo Lula dê a atenção devida aos povos originários, mas essa foto do Vargas serve bem como lembrança de que o desrespeito aos indígenas é uma política constante nos governos brasileiros. Provavelmente muito pouco será feito.

Citando Ailton Krenak no primeiro episódio do documentário Guerras do Brasil.doc (Luiz Bolognesi, 2019), “Nós estamos em guerra. O seu mundo e o meu mundo estão em guerra. Os nossos mundos estão todos em guerra. A falsificação ideológica que sugere que nós temos paz é para a gente continuar mantendo a coisa funcionando.”.



26 de outubro de 2021

A mítica da fundação de São Paulo

            Vídeo-aula analisando as pinturas A fundação de São Paulo, de Oscar Pereira Silva e Antonio Parreiras, para falar do imaginário que os paulistas quiseram construir sobre a formação do Brasil.


 

 

Bibliografia, fontes e materiais utilizados:

- Retratos dos governadores-gerais: Tomé de Sousa: Jean-Baptiste Debret, 1822. Duarte da Costa: anônimo, c. 1970. Mem de Sá: Manoel Víctor Filho, 1969.

- GUERRA, Júlio. Monumento de Borba Gato. Escultura. 1957.

- KENNY, Aaron. Imperial Forces. Trilha sonora. 2020. https://www.youtube.com/audiolibrary.

- MEIRELLES, Victor. Primeira missa no Brasil. Pintura. 1860.

- MENDES, Sam. 1917. Trailer do filme. 2019.

- MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra de. Pintura Histórica: documento histórico? In: Museu Paulista – USP. Como explorar um museu histórico. São Paulo: Museu Paulista/USP, 1992. pp. 22-25.

- MONTEIRO, Michelli Cristine Scapol. Fundação de São Paulo: a origem da cidade representada por Oscar Pereira da Silva e Antônio Parreiras. VII Encontro de História da Arte. Campinas: Unicamp, 2011.

- MONTEIRO, Michelli Cristine Scapol. Fundação de São Paulo, de Oscar Pereira da Silva: trajetórias de uma imagem urbana. Mestrado. São Paulo: FAU-USP, 2012.

- PARREIRAS, Antonio. Fundação de São Paulo. Pintura. 1913.

- SCHLICKMANN, Gabriel. Foto jornalística do monumento de Borba Gato em chamas. 2021. https://g1.globo.com/sp/noticia/2021/07/24/estatua-de-borba-gato-e-incendiada-por-grupo-em-sao-paulo.ghtml.

- SILVA, Oscar Pereira. Fundação de São Paulo. Pintura. 1907.

9 de setembro de 2021

Perspectiva renascentista

             Vídeo-aula sobre a perspectiva matemática que passou a ser utilizada nas pinturas a partir do século XV.

 


Bibliografia, fontes e materiais utilizados:

- Retrato anônimo de Filippo Brunelleschi. Século XV.

- ALBERTI, Leon Battista. Autorretrato. Século XV.

- AUDIONAUTIX (http://audionautix.com/). Renaissance. Trilha sonora. 2015. https://www.youtube.com/audiolibrary.

- BERNINI, Gian Lorenzo. O Rapto de Proserpina. 1621-22.

- BURKE, Peter. O Renascimento Italiano. São Paulo: Nova Alexandria, 1999.

- DUCCIO di Buoninsegna. Anunciação da morte da Virgem. 1308-11.

-  GOMBRICH, Ernst. A História da Arte. São Paulo: LTC, 2000.

- HARRIS, Beth; ZUCKER, Steven. Linear Perspective: Brunelleschi's Experiment. 2011. https://www.khanacademy.org/humanities/renaissance-reformation/early-renaissance1/beginners-renaissance-florence/v/linear-perspective-brunelleschi-s-experiement.

- LEONARDO da Vinci. A Última Ceia. 1495-98.

- MINNESÄNGER. Codex Manesse (Große Heidelberger Liederhandschrift). Alemanha: Universitätsbibliothek Heidelberg. Original: c. 1300-40. Digitalizado: 2008.  https://digi.ub.uni-heidelberg.de/diglit/cpg848/.

- NEPI, Giovanna Scirè. Treasures of Venetian Painting. Veneza: Arsenale Editrice, 2006.

- PERUGINO, Pietro. Entrega das Chaves. 1481.

- SANZIO, Rafael. Escola de Atenas. 1509-10.

- SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo: Atual, 1994.

- TINTORETTO (nome artístico de Jacopo Robusti). A Última Ceia. 1592-94.

- TINTORETTO (nome artístico de Jacopo Robusti). Autorretrato. c. 1587-88.

- TINTORETTO (nome artístico de Jacopo Robusti). O roubo do cadáver de São Marcos. 1566.

11 de maio de 2021

Passeio virtual pelo Museu de Arte Islâmica do Cairo

             Uma visita guiada, em podcast, pelo Museu de Arte Islâmica do Cairo. Podcast no Anchor e no YouTube


- Tour virtual: https://mpembed.com/show/?m=GLcinPBnEet&mpu=497

            Abaixo, as imagens (e o tempo) dos pontos mais importantes do passeio:

 - Corão, 2'58":


- Final do corredor 5, 4'29":

- Mirabe, 5':


- Mesa, 6'08":


- Lâmpadas, 7'17":




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Bibliografia, fontes e materiais utilizados:

- Piada musical utilizando “Alto Sax: Friends Like Me Alan Menken Play Along”. Sax Channel. 2020. https://youtu.be/ufFXHYUP9gE.

- Link para a tour virtual no Museu de Arte Islâmica do Cairo:

https://mpembed.com/show/?m=GLcinPBnEet&mpu=497.

- Site do Museu de Arte Islâmica do Cairo: https://egymonuments.gov.eg/en/museums/museum-of-islamic-art.

- DEMANT, Peter. O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto, 2003.

- DUCHER, Gérard. Foto do Museu de Arte Islâmica do Cairo. Capa. 2017. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:GD-EG-Caire-Mus%C3%A9eIslam001.JPG.

- FIGUEIREDO, Filipe. “Oriente Médio | Nerdologia”. Vídeo. Disponível em https://youtu.be/yAwCFfO1Zv0​.

- KENNY, Aaron. “Desert Caravan”. Trilha sonora. 2018. Disponível em https://www.youtube.com/audiolibrary​.

- MAOMÉ. Alcorão. Portugal: Europa-América, 2002.

- Ministério do Turismo de Antiguidades do Egito. Portable Mihrab. 2020. https://youtu.be/I8jmMl7B-s0.

- PETERSON, Andrew. Dictionary of Islamic Architecture. Londres: Routledge, 1994.

 

22 de fevereiro de 2021

Rubens e Rômulo: mitos da fundação de Roma nas pinturas de Peter Paul Rubens

             Vídeo contando os mitos da fundação de Roma (com foco em Rômulo) utilizando algumas pinturas do artista barroco Peter Paul Rubens.

 


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Bibliografia, fontes e materiais utilizados:

- As pinturas de Peter Paul Rubens e outras imagens de obras de arte foram retiradas de https://pt.wikipedia.org/wiki/Peter_Paul_Rubens ou https://www.wikiart.org/pt/peter-paul-rubens.

- Mapa da jornada de Eneias, 2014. https://tanguay.info/learntracker/page/lectureNotesItems?idCode=aeneid.

- D’AVILA, Paulo Alario. Analise dos Princípios do Processo de Design da Pintura de Peter Paul Rubens: O Caso da Obra “O Rapto das Filhas de Leucipo”. Rio Grande do Sul: UNIRITTER, 2012.

- LANZA, Tiziana. Using geosciences and mythology to locate Prospero's island. Geoscience Communication. 4(1):111-127. 2021. Disponível em https://www.researchgate.net/publication/350126614_Using_geosciences_and_mythology_to_locate_Prospero%27s_island

- LÍVIO, Tito. História de Roma (AB URBE CONDITA). São Paulo: Paumape, 1989.

- MCGRATH, Elizabeth. Corpus Rubenianum Ludwig Burchard XIII: Subjects from History. 1997.

- PATRIKIOS, Patrick. Feels. Trilha sonora. 2020. https://www.youtube.com/audiolibrary.

- Rubenianum. s/d. https://www.rubenianum.be/en/page/corpus-rubenianum-ludwig-burchard-online.

- “Rubens: Too Much for Modern Audiences?”. Vídeo. 2020. https://youtu.be/dr5C7VCS_EE.

- SCOTT, Peter. Roma Antiga: A História Completa da República Romana, A Ascensão e Queda do Império Romano e O Império Bizantino. Editora Book Brothers, 2019.

26 de maio de 2020

Leitura (principalmente) do Canto V da Ilíada

Vídeo-aula lendo e analisando parte da Ilíada


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Bibliografia, fontes e materiais utilizados:
- Cena da luta entre Diomedes e Eneias. Detalhe de vaso grego, c. 490-480 A.E.C.. Atualmente no Museum of Fine Arts de Boston. Obtido em https://collections.mfa.org/objects/153649/mixing-bowl-calyx-krater-depicting-dueling-scenes-from-the
- Corpo de Heitor sendo levado para Tróia. Detalhe de um alto relevo de um sarcófago romano, c. 180-200 E.C.. Atualmente no Louvre. Obtido em https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Hector_brought_back_to_Troy.jpg
- Entrevista da então Secretária da Cultura Regina Duarte à CNN. 2020. Link: https://youtu.be/v9gLHrP7RNw
- AIDOO, Benjamin. Coffin Dance. Dança. Twitter do coreógrafo: https://twitter.com/nanaotafrija
- CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas. São Paulo: Abril Cultural, 1979. Lidos versos do Canto I, estrofes 1 e 4 (no início do vídeo) e 3 (no fim).
- CRISTAL, Martín. “La Ilíada en gráficos”. In.: El pez volador. Postagem de blog. 2010. Link: https://elpezvolador.wordpress.com/2010/06/08/la-iliada-en-graficos-indice/
- HOMERO. Ilíada. Edições utilizadas: (a) Tradução de Carlos Alberto Nunes. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996. (b) Tradução de Fernando C. de Araújo Gomes. São Paulo: Publifolha, 1998. (c) Tradução de Haroldo de Campos e Trajano Vieira (Apenas o Canto I). São Paulo: Nova Alexandria, 1994. (d) Tradução de Manoel Odorico Mendes. Digitalização do Vol. XXI dos Clássicos Jackson, 1950 (edição de 1874), eBooksBrasil, 2009. Link: http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/iliadap.html. (e) Tradução de Alexander Pope. Londres: impresso por W. Bowyer, para Bernard Lintott entre os Temple-Gates, 1715. Digitalizado por Wikisource. s/d. Link: https://en.wikisource.org/wiki/The_Iliad_of_Homer_(Pope). (f) Tradução de Samuel Butler. 1898. Digitalizado por The Project Gutenberg, 2010. Link: http://www.gutenberg.org/files/2199/2199-h/2199-h.htm
- PINHEIRO, Columbano Bordalo. Camões e as Tágides. Pintura. 1894.
- SHAW, Jason. Assasins. Música de fundo na maior parte do vídeo. Site do artista: http://audionautix.com/
- SHIMIZU, Kenichi; IWAAKI, Hitoshi et al.. Parasyte – The Maxim. Imagem de Mamoru Uda e Jaw. 2014. 
- TORRANO, Jaa. Mito e imagens míticas. São Paulo: Córrego, 2019.
- TRIDA, Mauricio U.. “Isto é um clássico”. In.: Incautos do Ontem. Podcast. Link: http://www.incautosdoontem.com/2020/05/isto-e-um-classico.html

12 de maio de 2020

Isto é um clássico

___Podcast sobre o que é clássico. Tentei postar no SoundCloud, mas ainda não consegui por conta dos direitos autorais do Beethoven (juro, é sério!). Se hora dessas aceitarem o podcast por lá, deve aparecer no Spotify e no iTunes (mas continuo sem entender como postar um podcast e, talvez, eu tenha errado). Também postei no Podbean (pra ver se não dá o mesmo problema com o Ludwig) e no YouTube. Vai o vídeo abaixo:


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Bibliografia, fontes e materiais utilizados:
- Efeitos sonoros retirados do filme De volta para o futuro (ZEMECKIS, Robert. Califórnia: Amblin Entertainment, 1985.)
- BEETHOVEN, Ludwig van. Sinfonia n.° 9 em ré menor. Op. 125. Música. Viena: 1824. 
- BERRY, ‎Chuck. “Johnny B. Goode”. Música. Álbum Chuck Berry is on Top. Chicago: Chess Records, 1960.
- BROWN, Mano e PRADO, Josemir. “Diário de um Detento”. Música. Racionais MC's. Álbum Sobrevivendo no Inferno. São Paulo: Cosa Nostra Fonográfica, 1997. 
- BROWN, Peter e RANS, Robert. “Material Girl”. Música. Madonna. Álbum Like a Virgin. Califórnia: Sire/Warner Bros, 1984. 
- BYRD, William. Sing Joyfully. Música. Cantada por Voces8. Link: https://youtu.be/e6JfcFhs9Y8.  
- CALVINO, Italo. Por que ler os clássicos. São Paulo: Cia das Letras, 1993. p. 11.
- HOUAISS, Antônio e VILLAR, Mauro de Salles. Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. 
- LAZARI, Gilson de. Clube da Música Autoral. Podcast. https://www.clubedamusicaautoral.com.br/

Atualizado em 12/2020: Postado, também no Anchor.

30 de abril de 2019

Mudando a perspectiva

Aviso: Texto com um pequeno spoiler de Game of Thrones

___As imagens com brincadeiras de perspectivas fascinam as pessoas pelo menos desde a época do Renascimento. Não é à toa que essa forma de se produzir imagens afeta a produção iconográfica até hoje, seja com pinturas, desenhos infantis ou jogos de videogames. E existem os mais interessantes caminhos para se brincar com isso. Quem sabe, em um dia de bom humor, eu não coloco um tapete assim no corredor do meu apartamento:


___Trabalhar com perspectivas pode servir para fazer uma imagem impressionante. 


___Ou dar uma indireta sobre o caminho que uma governante está seguindo. 
___Por vezes, uma pintura com um fundo simples e preto pode levar o observador a esquecer a ideia de perspectiva. Um exemplo disso é a Moça com o Brinco de Pérola, pintura de 1665, de Johannes Vermeer.


___No entanto, mesmo com o fundo preto, a perspectiva está lá. Não entre a moça e o fundo, mas no próprio rosto da moça com o brinco de pérola. Observe a imagem e veja de onde vem a luz. Perceba, então, que a perspectiva faz com que pareça que parte do rosto da moça está mais à frente, tanto que recebe luz. Por seu lado, a outra parte do rosto parece estar mais para trás, por isso mesmo aparece mais escura, pois a luz não a atinge. 

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___Grande parte disso veio à minha cabeça ao descer as escadas da estação Tiradentes do metrô paulistano. Lá está acontecendo, até dia 3 de junho, a exposição Gente de papel. Nela, estão expostas esculturas de papel machê da artista Madalena Marques. A minha preferida é exatamente a Moça com o Brinco de Pérola
___Quando se desce as escadas para a plataforma do metrô, na linha dos olhos, bem ao fundo, fica a Moça com o Brinco de Pérola recebendo a mesma luz do quadro, com o fundo preto e tudo. É uma experiência de perspectiva bem bacana. A obra fica ainda mais interessante quando se visita a exposição e se vê a escultura de perto. Madalena Marques pensou nessa questão da luz atingindo parte do rosto que eu falei alguns parágrafos acima. Só que, como se trata de uma escultura e não de uma pintura, é possível ver a parte não iluminada do rosto da Moça com o Brinco de Pérola. E acaba se ficando com uma sensação de estranhamento e deslumbramento. Recomendo.

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P.S.: Não é porque eu gostei da exposição que ela não merece uma crítica. Todo o cuidado para fazer um trabalho que lembrasse (e desvendasse) os detalhes do quadro original da Moça com o Lenço Azul na Cabeça Brinco de Pérola que eu elogiei, acabou não sendo o mesmo em todas as esculturas. A que mais me incomodou foi a escultura representando uma das personagens da pintura Samba, do Di Cavalcanti. A versão da exposição é bem mais moralista. 

Madalena Marques / Di Cavalcanti

Serviço:
Exposição: Gente de Papel
Artista: Madalena Marques
Curadoria: Ana Cláudia Cermaria e João Paulo Berto
Período: 7 de abril a 3 de junho de 2019
Local: Sala MAS/Metrô Tiradentes 
Estação Tiradentes do Metrô – São Paulo – SP
Horários: Terça-feira a domingo, das 9 às 17h
Ingresso: Grátis aos usuários do Metrô


19 de fevereiro de 2016

Escravinhos de estimação

Todos os animais são iguais,
mas alguns são mais iguais
que os outros
(George Orwell, A revolução dos bichos)

___A capa do número 97 do Le Monde Diplomatique Brasil, publicada em julho do ano passado, serviu como base para várias atividades com meus alunos. A capa, é essa: 

Paródia dO Jantar, de Jean-Baptiste Debret, feita pelo Le Monde Diplomatique Brasil

___Caso alguém não conheça, ela é uma paródia dO Jantar, de Jean-Baptiste Debret, desenhado na primeira metade do século XIX.

O Jantar, de Jean-Baptiste Debret

___A análise das imagens foi uma daquelas gratas surpresas de sala de aula, com todos os alunos interessados. Mais digno de nota ainda foi que, em todas as salas, sempre havia um grupo de alunos interessado no detalhe das crianças/dos cachorros, na parte inferior da imagem. 

Detalhe dO Jantar, de Jean-Baptiste Debret

Detalhe da paródia dO Jantar, de Jean-Baptiste Debret, feita pelo Le Monde Diplomatique Brasil

___Alguns alunos disseram que foi uma ótima comparação. Outros, mesmo gostando da imagem do Le Monde, acharam que foi um exagero. Alguns, por fim, ressaltaram que foi uma comparação de mau gosto. Como professor, adorei ver todas essas reações. 
___As reações, positivas ou negativas, foram muito interessantes porque os estudantes quase sempre consideravam o detalhe uma simples comparação, um paralelo entre o século XIX escravocrata e a elite do século XXI. O fato, entretanto, é que o detalhe é mais do que um simples paralelo. 
___Debret, no seu livro Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, afirma que as crianças cativas viviam, até os seis anos, em “igualdade familiar”*. Vale lembrar que era uma igualdade bem relativa, já que não eram vestidas como as crianças brancas e, na hora de dormir, as crianças escravas iam dormir com os outros escravos ou em algum canto qualquer da casa, não em uma cama própria. 
___Para não me pautar apenas no comentário do Debret, creio que vale dar voz a alguém com mais gabarito. No artigo “O cotidiano da criança livre no Brasil entre a Colônia e o Império”, Mary Del Priore afirma que “Os mimos em torno da criança pequena estendiam-se aos negrinhos escravos ou forros vistos por vários viajantes estrangeiros nos braços de suas senhoras ou engatinhando em suas camarinhas. Brincava-se com crianças pequenas como se brincava com animaizinhos de estimação.”** (grifos meus).
___Ter crianças cativas tratadas como animais de estimação é, obviamente, horrível. Mais medonho ainda é saber que, pouco depois dos seis anos, assim que a criança se mostrava capaz de executar tarefas, qualquer tipo de mimo dedicado a um bichinho de casa desaparecia. Restava apenas a exploração. 

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P.S.: Para quem se interessa pelo assunto, recomendo, também o  artigo “Crianças escravas, crianças dos escravos”, de José Roberto de Góes e Manolo Florentino.*** 


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* DEBRET, Jean-Baptiste, Viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/Edusp, 1978. p. 195.
** PRIORE, Mary Del, “O cotidiano da criança livre no Brasil entre a Colônia e o Império”. In.: PRIORE, Mary Del (org.), História das Crianças no Brasil. São Paulo: Editora Contexto, 2007. p. 96. 
*** GÓES, José R. e FLORENTINO, Manolo, “Crianças escravas, crianças dos escravos”. In.: PRIORE, Mary Del (org.), História das Crianças no Brasil. São Paulo: Editora Contexto, 2007. pp. 177-191.

8 de fevereiro de 2016

Virando as costas para a arte

___O Masp tem conclamado, aos sete ventos, que seu acervo está “em transformação”. Como adoro museus, fiz questão de conferir. Para resumir em apenas uma frase, a transformação é simplesmente um vale a pena ver de novo

Vale a pena ver de novo

___O acervo do Masp continua ótimo: um número grande de peças inestimáveis, de diversas épocas e escolas. A transformação, no entanto, só fez com que as obras voltassem a ser colocadas nos “cavaletes de cristal”* de Lina Bo Bardi, tal qual foram expostas de 1968 a 1996. Essa reprise é interessante, pois possibilitou que eu assistisse os episódios de Caminho das Índias que eu havia perdido faz com que as obras sejam expostas de uma maneira diferente do que é tradicional nos museus (e ainda permite que pessoas estranhas como eu se divirtam vendo como é o quadro por trás). 

Cavaletes de cristal, de Lina Bo Bardi (1970)
Obras expostas em 1970.

Cavaletes de cristal, de Lina Bo Bardi (2015)
Masp hoje. 

___Por outro lado, o caráter didático do museu acabou sendo prejudicado. O modo como as obras foram expostas nos últimos 20 anos, colocadas em paredes, não apenas dividia mais claramente períodos, escolas artísticas ou temas, como, também, comportava um número maior de textos explicativos. Por mais simples que fossem, esses textos de parede serviam para ensinar algo que o público em geral não vai aprender simplesmente olhando um quadro. 

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___Cheguei ao segundo andar do museu e comecei a apreciar as obras. Enquanto olhava um quadro, percebi, na obra ao lado, uma moça de costas, tirando um selfie. Pouco depois ela chegou ao meu lado, arrumou o ângulo para que pudesse tirar uma foto só com ela e o quadro que eu estava olhando, sem que eu aparecesse. Tirou a fotografia e passou para a obra seguinte. 

Selfie no museu - Angélica e Júnior

___Curioso, comecei a observar a moça. Ela ia de quadro em quadro, posicionava-se e tirava o selfie. Repetia o processo a cada obra, sem perder nenhuma. O mais impressionante é que ela praticamente nunca ficava de frente para as pinturas. Chegava, ficava de costas, esticava o braço, arrumava a câmera (de modo que aparecesse o rosto dela e a pintura) e fotografava. De quando em vez, parava e postava um conjunto de fotos em alguma rede social. (Antes que alguém pergunte, eu sei dessa informação porque sou um curioso indiscreto que fingi olhar uma pintura enquanto esticava o olho para ver o que a moça fazia no celular em um momento em que ela havia parado.)
___Espero – mesmo – que, ao chegar em casa, ela olhe pelo menos algumas fotos dos quadros com mais atenção. Caso contrário, o passeio dela pareceu, simplesmente, uma visita narcisista, que só serviu para mostrar para os amigos, nas redes sociais, que ela foi ao museu.
___Olhem, leitores, eu também fui. 

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P.S.: Achei que valeu a pena ver as mudanças no acervo do Masp, mas, vale sempre reclamar, cobrar R$ 25 reais de entrada é de cortar a orelha direita.** 
P.P.S.: A melhor resenha que eu li sobre o Acervo em transformação é da Juliana Cunha, para a Folha


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* Que, na verdade, não são exatamente de cristal
** Lembrando que o Masp é gratuito às terças-feiras, durante todo o dia, e quintas, das 17h às 20h. 

14 de maio de 2015

Irrequieta

Pintor: Moça, por favor, fique quieta.
Modelo: Desculpa...
Pintor: Tá aí. De novo. 
Modelo: Mas, eu não me mexi. 
Pintor: Você riu. 
Modelo: Desculpa. É que eu acho o senhor engraçado. 
Pintor: Não fiz graça nenhuma.
Modelo: A sua barba. Ela é engraçada. 
Pintor: Esqueça minha barba! Tente olhar para outra coisa. Nem olhe para mim.
Modelo: Tá bom. 
Pintor: Olhaí... Olha o que você fez! Errei o fundo. 
Modelo: A culpa não é minha. Eu não controlo o cenário.
Pintor: É culpa sua, sim. Você fica me desconcentrando. Cada vez que eu olho para você seu rosto está diferente. Tô corrigindo tanto que o quadro vai acabar borrado. 
Modelo: Ninguém vai ver muito esse quadro mesmo...
Pintor: Então fique quieta que eu termino rápido. 
Modelo: Sei, sei... 
Pintor: E pare de rir que eu não consigo acertar a sua boca. 

Mona Lisa (A Gioconda), de Leonardo da Vinci (1503-06)


12 de janeiro de 2015

A Ditadura da Mentira

___Atualmente, o Museu da Língua Portuguesa, em seu andar de exposições temporárias, abriga alguns dos trabalhos do 41º Salão Internacional de Humor de Piracicaba – ganhando o andar a brincadeira de que “Esta sala é uma piada”. Infelizmente, a sala também conta com uma piada de muito mau gosto. 
___Uma parede antes dos trabalhos do 41º Salão Internacional de Humor de Piracicaba, estão expostas algumas charges e tiras publicadas pelo jornal Folha de São Paulo criticando a Ditadura Civil Militar. Por mais geniais que sejam algumas daquelas obras, a seleção de imagens (quase todas do final da década de 1970 e do início da de 1980) procura passar a imagem de que a Folha foi um jornal que combateu a Ditadura.


___Infelizmente, o jornal paulista foi um notório apoiador do Regime Civil Militar. Vide, por exemplo, o escrotérrimo editorial “Presos Políticos?”, publicado pela Folha, em 30/VI/1972. Anos depois, quando da abertura política, quando a Ditadura já estava abrindo as pernas, a Folha de São Paulo mudou de lado, passou para o grupo de críticos ao Regime. Diga-se de passagem, não foi exatamente todo o jornal, só alguns membros dele – como, por exemplo, os cartunistas. 
___Então, hoje, querendo apagar (ou maquilar muito bem) o seu passado, a Folha patrocina uma exposição* tentando posar de democrata, de crítica à Ditadura. É um ato covarde. Para um jornal é principalmente um ato feio, porque é uma atitude desinformativa. Pelo menos honra o nome da exposição que originou a parede anti-Ditadura da Folha: “Este Jornal também é uma piada”. 

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* Não muito grande, vale dizer. Talvez tenha faltado material. ;-)

27 de dezembro de 2013

Arte: bater e correr

___Um dos problemas de dedicar várias salas de um museu para colocar obras de apenas um artista, é que são necessários muitos trabalhos para ocupar os espaços – e nem todo artista tem tantas obras tão boas assim. Alguns museus, no fim das contas, tem até de apelar para inúmeros rascunhos para ocupar os espaços. Uma das vantagens é que o público consegue conhecer uma boa parcela da obra do artista e pode até formular opiniões mais aprofundadas sobre seus trabalhos. 

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___A Pinacoteca do Estado de São Paulo dedicou, até o final de fevereiro, um espaço bem grande para as obras de Antonio Henrique Amaral. Eu, que nunca havia ouvido falar do trabalho do moço, fiquei bastante satisfeito de conhecê-lo.

Antonio Henrique Amaral: Consensus, 1967
Consensus, 1967 

___Cada sala da exposição marca uma época da carreira do artista, começando com o final da década de 1950 e indo mais ou menos até os dias de hoje. O interessante é que é possível perceber fortemente como o posicionamento político do autor era claro e duro nas primeiras obras (ou quando ele estava fora do Brasil)* e vai se tornando mais abstrato com o passar do tempo. Quanto mais abstrato, mais difícil de perceber a crítica – e mais seguro também.

Antonio Henrique Amaral: Campo de batalha G2, 1976
Campo de batalha G2, 1976

___Boa parte das obras ataca duramente a Ditadura Militar. Outras, por segurança ou por falta de capacidade minha para interpretar, são tão abstratas que foi bem difícil tirar algo delas. Como, por exemplo, as obras da década de 1980.

Antonio Henrique Amaral: Árvore, 1982
Árvore, 1982

___Acredito que nas últimas obras, mesmo sendo bem mais abstratas, é até possível perceber uma crítica à sociedade contemporânea, a hábitos de consumo e coisas afins. Mesmo assim, parecem trabalhos bem mais leves que aqueles que atacavam o Regime Militar. De qualquer modo, vale bem passear pelas salas para comparar as obras.

Antonio Henrique Amaral: Monitor, 1987
Monitor, 1987

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P.S.: Aproveitando o assunto, no Memorial da Resistência (na Estação Pinacoteca) está acontecendo uma exposição com uma cronologia maravilhosa sobre os Os Advogados da Resistência, falando sobre a atuação dos advogados e da “Justiça” nos períodos ditatoriais.  

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* De 1971 a 1981, Antonio Henrique Amaral morou em Nova Iorque. 


2 de setembro de 2013

Comprar X Adotar (adendo à fala alheia)

___No final do mês passado, o Clarion de Laffalot fez um vídeo explicando seus motivos para ter escolhido comprar ao invés de adotar sua cachorrinha. Segue o vídeo
___Não pretendo questionar o Clarion, muito menos dizer que ele fez uma escolha errada. Se ele está feliz com a cachorrinha que comprou e ainda a trata bem, não vejo nada de condenável. Mesmo assim, acho que vale a pena contar um pouco do meu caso para acrescentar um ponto adverso à argumentação do vídeo. 
___Um dos argumentos principais do Clarion para ter optado por comprar a Nicole foi porque assim ele pôde escolher exatamente a raça da cadelinha. Ao escolher determinada raça, previamente se sabe algumas das características que a cachorrinha teria e que ele desejava. Pois bem, eu e minha esposa também passamos por algo parecido: precisávamos que nossa segunda cachorrinha tivesse determinadas características e, por isso mesmo, decidimos adotá-la. 
___Explico: nós já tínhamos a Cleópatra VII, uma cachorrinha tão corajosa quanto o Scooby-Doo. A pobrezinha era extremamente submissa, tinha medo de tudo e vivia a se esconder pelos cantos. Se iriamos arrumar outra cachorra, ela não poderia ser agressiva, dominante, nem nada do tipo ou poderia acabar estorvando mais ainda a vida da pobre Cleópatra VII. 
___Para escolher a nova cachorrinha, fomos, em um domingo, até a Matilha Cultural. De terça a sábado a Matilha é um centro cultural bem interessante; aos domingos ela abre seu espaço para que a ONG Natureza em Forma leve animais para adoção. Como se trata de um prédio fechado e com um bom espaço, os animais ficam soltos. Essa liberdade permite que quem quer adotar possa ver um pouco como os cachorrinhos disponíveis são: quem fica latindo para quem entra, os que são brincalhões, aqueles que estão no canto dormindo, quais cachorros sabem jogar pôquer, etc.. 
A Friend in Need, de Cassius Marcellus Coolidge
___Foi assim, olhando com calma e perguntando para os atendentes da ONG, que nós conseguimos uma cachorrinha exatamente com as características que queríamos: a Isabel Allende. E, desde a chegada dela em casa, a Cleópatra VII tem melhorado muito. 
foto
Da esquerda para a direita: Cleópatra VII, Isabel Allende e a minha esposa.
___Portanto, digo que adotar – principalmente se for um cãozinho adulto* – pode também ser uma ótima forma de escolher exatamente o cachorrinho que se quer. É só ter paciência, ou, nas palavras do Clarion, “fazer o dever de casa”.
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P.S.: Quanto aos comentários do Clarion sobre adoção de crianças, aproveito para acrescentar: concordo com cada vírgula. 

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* A Isabel Allende tinha, quando adotamos, 1 ano e meio.