_____A maior parte dos colégios aqui de Sampa voltaram das férias de meio de ano nesta semana. O atraso no calendário escolar foi causado pelo medo (inclusive governamental) da gripe suína. Umas escolas adiaram as aulas, avisaram a todos os frequentadores e as férias foram prolongadas (com planos de reposição anunciados). Outros, entretanto, dispensaram os alunos durante esse pequeno alongar de recesso e colocaram em prática um costume execrável comum em certas empresas: obrigaram os funcionários a cumprir horário.
_____Os alunos não tinham de ir à escola, mesmo assim os professores deveriam estar na escola nos horários em que normalmente lecionariam. Em outras palavras, já que o patrão tem de pagar por àquelas horas, ele quer que os funcionários apareçam, mesmo que seja para esperar o Godot.
_____Para justificar a ida dos professores, para impedir que eles ficassem por lá conversando, jogando pôquer ou organizando um swing, o empresário patrão de uma das escolas em que trabalho proibiu qualquer atividade estranha ao colégio – incluindo pesquisar, ler e debater. Os funcionários tiveram, simplesmente, de ficar revisando o material didático da instituição.
_____Tudo bem, eu entendo que, com isso, a escola fica com um material um pouco melhor. Eu só não entendo porque é necessário obrigar os professores a cumprir o horário dentro da escola. Os lentes são adultos e, mais do que isso, são acadêmicos. Pesquisar, mesmo que fora de quaisquer muros, faz parte do trabalho deles. O material poderia ter sido bem melhor corrigido se, tal qual uma pesquisa para um artigo ou para uma aula, os professores o levassem para um local em que ficassem à vontade. Pura falta de visão acadêmica.
_____É horrível ver escolas com uma exagerada mentalidade de empresa. Conhecimento não precisa bater cartão antes de começar a trabalhar.
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P.S.: É válido acrescentar que episódios parecidos já aconteceram em diversas instituições de ensino em que trabalhei. Pensar a Educação apenas como um negócio parece cada vez mais comum.
Se educação não fosse um negócio, escola alguma cobraria
ResponderExcluir"... the things we have to do for money..."
ResponderExcluir(Freddy Mercury, Japão, 1984, circa)
Aloha!
Na verdade, Cin, meu doce, se você for pensar assim, TUDO é um negócio. Tem pessoas que cobram por sexo, por diversão, por comida, por arte, por amizade, por conversas. E, se tudo é um negócio, lembrar isso, pouca importância tem. Mesmo assim, é só um modo de ver.
ResponderExcluirSem contar, anjo, que eu não afirmei que a Educação não é um negócio. Eu disse que só vê-la dessa maneira, olhar exageradamente desse modo, esquecendo as particularidades da Educação acaba sendo uma atitude burra, prejudicial. OK?
Aloha Ulisses!
ResponderExcluirComplementando, alguém já mencionou que "A mentalidade burocrática é uma das poucas constantes no Universo."
Aloha!
Quando o fetichismo da mercadoria subsumiu até a educação, a barbárie se instalou definitivamente entre nós. O pior é ver que isso está tão inculcado, que o argumento mais absurdo - como dizer que educação é negócio -, torna-se o mais natural dos pensamentos. E a gnte ainda dá aulas...
ResponderExcluir"(...)ele quer que os funcionários apareçam, mesmo que seja para esperar o Godot."
ResponderExcluirHAHAHAH muito bom!