___São Paulo é um centro cultural. Só não consegue cultura por aqui quem não quer. São inúmeras as ofertas. Em praticamente qualquer lugar, dia e horário é possível encontrar alguma manifestação artística interessante pela cidade. Aqui, todos têm oportunidade.
___Mentira!
___Está certo, realmente Sampa é um centro cultural, realmente existe muita oferta. Mas, dizer que é possível encontrar manifestações artísticas para serem apreciadas pelo público por toda a cidade é ingenuidade. Oportunidade para se apreciar os mais diversos tipos de arte, meus queridos, sempre foi e continua sendo quase que apenas para a elite.
___Quem mora no Centro Expandido de São Paulo, se correr para dentro de um prédio aleatório para se esconder da chuva, periga de entrar em um museu. Até sem dinheiro é possível aproveitar muita coisa.
___Imagino que os ingênuos leitores da Veja e congêneres estejam prontos para argumentar que “Existem cinemas e teatros no Centro Expandido porque é aqui que está o dinheiro.”, que “Não dá para colocar museus na periferia. Aqueles nordestinos incultos que moram por lá nunca os frequentariam e, provavelmente, iriam depredar tudo. Sem contar o perigo que as pessoas de bem, como nós, passariam para ir a esses locais.” e que “A nossa região é de fácil acesso para todos.”.
___Faz parte. Nem duvido que as desculpas governamentais e de empresas que patrocinam centros culturais caminhem por essas estradas. Porém, é vergonhoso que uma exposição grande e que não precisa ficar confinada entre as quatro paredes de um museu acabe relegada apenas à parte mais rica da cidade. Essa é minha triste crítica à CowParade São Paulo 2010.
___Deem uma olhada no mapa de onde estão localizadas as vacas paulistanas.
___Para começar, a Zona Oeste, o Centro e o resto dos entornos da Paulista parecem a Índia. Existem tantas vacas por esses locais que, se as obras de arte dessem leite, o “Programa Leve Leite” ganharia outro significado.
___As vacas que se encontram mais afastadas, continuam em regiões nobres. A que se encontra na Zona Leste, por exemplo, está dentro do Shopping Anália Franco, um dos redutos “posso pagar” da região. Ironicamente (ou não), a vaca recebeu o título de Pujança.
___Então, frequentadores de museus e afins, antes de cantar aos sete ventos sobre as infinitas ofertas culturais de São Paulo, não esqueçam que tais ofertas não são para todos. E, principalmente, quando grande parte desta e das próximas gerações não se interessarem por eventos artísticos, pense bem antes de culpá-los.
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P.S.: Se houver algum leitor escroto o bastante para achar que os pobres são uns ruminantes estúpidos que têm mesmo de ficar longe da Arte, dê uma lida no lindo artigo “São Paulo, 456: uma longa história de exclusão”, do Leonardo Sakamoto, com uma atenção especial aos depoimentos de Simone Oliveira de Santos, de Paraisópolis, e das meninas do Movimento Sem-Teto do Centro.
Eu acredito que não é um fenômeno exclusivo de São Paulo. No que tange aos patrocinadores eu acho que eles realmente irão "fomentar" a cultura mais próximo de onde está o público alvo deles, ou seja, de quem eles podem tirar mais dinheiro.
ResponderExcluirO pior, Leonardo, é que um patrocinador querendo ficar onde seu público alvo está eu até que entendo um pouquinho. Mas, entre os patrocinadores da CP estão os Postos Ipiranga, as Havaianas, o Metro (jornal de distribuição gratuita), o Toddy... Todos consumidos na cidade toda. Não custava abrir um pouco a mente e distribuir as obras... Isso sem falar no patrocínio da prefeitura e do Ministério da Cultura.
ResponderExcluirMas tem um outro lado: se eu fosse um mendigo ou morador de rua, minha única tarefa do dia seria pegar (imagine que estou em Porto Alegre) a Zero Hora do dia e descobrir o lançamento, vernissage ou inauguração que estivessem acontecendo na cidade. Sempre tem boca livre à disposição em algum lugar, todos os dias! Pressionante!
ResponderExcluirAh! Onde é que eu coloco minha fotinho nesse avatar aí de cima?
ResponderExcluirÉ só adicionar o seu e-mail com uma foto em http://en.gravatar.com/
ResponderExcluirAgora, para ter a cara de uma personagem do André Dahmer e a permissão do autor para utilizá-la, é bem mais difícil.
Oi professor,gostei muito dessa postagem e acho que isso realmente acontece,se a arte fosse para todos mendigos iriam na pinacoteca assim como os gringos lá vão.
ResponderExcluirSaudade de suas aulas,Truco?
Até segunda!
Oi professor,gostei muito dessa postagem e acho que isso realmente acontece,se a arte fosse para todos mendigos iriam na pinacoteca assim como os gringos vão.
ResponderExcluirSaudade de suas aulas,Truco?
Até segunda!
ixi mandei duas vezes a mesma coisa xD
ResponderExcluirUm dos resultados tristes dessa nossa realidade elitista é que quem é pobre ou não se sente no direito de entrar num museu ou então entra numa biblioteca pública, senta, lê e é visto de cima a baixo... :(
ResponderExcluirE isso que aqui escrevi foram relatos =/
o mapa das vacas é perfeito. Se sobrepor o mapa das vacas com o mapa eleitoral da cidade, vai bater perfeitamente com os distritos em que os demotucanos ganharam com vantagem. Exemplo: http://blogdofavre.ig.com.br/wp-content/uploads/2008/09/mapa_eleicao.jpg
ResponderExcluirLembro de textos do Villaça em que ele destaca trechos de entrevistas feitas com o pessoal responsável pela famosa Exposição do Rodin na pinacoteca nos anos 90. Tratava-se de um dos locais mais bem acessíveis da cidade - do lado de ônibus, trem e metrô - mesmo assim os organizadores frisaram como foi difícil aprovar a exposição tão "fora" do circuito, em um local "pouco acessível" (para os carros blindados, obviamente).
A oferta de livros é imensa, e um só livro de um grande filósofo precisa de anos de lenta digestão. Não há, em absoluto, nenhum problema de acesso aqui.
ResponderExcluirMas quem hoje se importa com uma relação profunda, visceral com os livros, com a obra de arte, com a vida?
Quem se importaria em ir até o centro para pegar algo que suprisse uma necessidade interna, que saciasse um impulso forte?
A elite tem uma relação paupérrima, superficial, desinteressada com as artes e está ocupada em distribuí-la.
Que texto mal escrito!
ResponderExcluirE outra, por algum acaso sou leitor estúpido por ter opinião diferente da sua? Acho uma idiotice ficar nesse papinho de acesso a cultura, quando os moleques não sabem nem escrever! Se a galera quer é funk na periferia que seja, ou tu acha que a mesma arte que tu gosta alguém é obrigado a engolir!
Quanta afetação! Não acho que esta postagem mereça mais do que 3 linhas de comentários meus. O melhor é que as vacas fiquem em locais de mais fácil acesso a todos. Simples. Isso serve pra qualquer manifestação cultural.
ResponderExcluiro que estamos esquecendo nesse texto? que a palavra "Arte" em si é uma criação burguesa/elitista/etc, criada justamente para existir apartada de qualquer manifestação cultural advindo e/ou identificado com o que se conhece por "povo" ou "popular".
ResponderExcluirNão há nada como "Arte popular" porque a "arte com A maiúsculo" dos museus e da "história da arte".
quantas aspas, exclamação
Ter sido uma criação burguesa, elitista, etc., etc. não impede que o povo a tome como sua. Ou você compra esse discurso elitista e não considera pichação, música popular, danças e afins arte? :-)
ResponderExcluircasando filho de família rica com filho de família rica resultado?aumento de poder, e se houver um condomínio (favela) no meio que e vista pelos vidros escuros de seus patrimônios que isolam de vem quem realmente são como pessoas afastam-se,(assim compram a área toda e controem seus egos mais altos {enormes edificações a empurrar povos às margens dos córregos que buscam se proteger do vento e da noite ate que o fogo lhes pregue o começo de tudo outra ver} desenvolve desprezo pelo próximo desvalorizando a vida que e de mais sagrado e perdem o real objectivo de ser,ver,a complexa,(o)bela(o)palpável,contemplável de fato como uma árvore frutífera o humano a Arte. (afastem se pobres fedorentos Arte e para Elite).
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