3 de outubro de 2011

Se eu não puder dançar, não é a vida que eu escolhi

___Folheando um livro que estava nas mãos de uma amiga*, encontrei uma fala linda da Emma Goldman.




Nos bailes, eu era uma das mais alegres e cheias de energia. Uma noite, um primo de Sasha, um garoto jovem, me puxou de lado. Com uma expressão grave, como se fosse anunciar a morte de um companheiro querido, ele sussurrou que não convinha a uma agitadora ficar dançando. Com certeza não convinha com um tal abandono. Não era uma atitude digna para quem estava para se tornar uma força no movimento anarquista. Minha futilidade apenas mancharia a causa. Eu fiquei furiosa com a interferência sem pudor do garoto. Eu falei para ele cuidar da própria vida e disse que estava cansada de jogarem a causa toda hora na minha cara. Eu não acreditava que uma causa que defende um ideal tão lindo, o anarquismo, a liberdade e emancipação das convenções e do preconceito exigisse a negação da vida e da alegria. Eu enfatizei que nossa causa não poderia esperar que eu fosse uma freira e que o movimento não deveria se tornar um mosteiro. Se fosse isso, eu não o queria. Eu quero a liberdade, o direito à livre-expressão, o direito de todos às coisas bonitas e radiantes! Para mim, o anarquismo era aquilo e eu viveria o anarquismo a despeito de todo mundo – prisões, perseguição, tudo. Se eu não puder dançar, não é a minha revolução.



Emma Goldman


___Eu sei que Emma Goldman estava falando de como ela encarava o Anarquismo e a liberdade que esse deveria permitir a todos, em qualquer situação. Mesmo assim, não consigo ver um ponto sequer da minha vida cotidiana –, da sala de aula à pesquisa, do meu casamento a conversas com amigos, de escrever no blog a ler um livro no parque –, não consigo pensar em nenhuma constante do meu cotidiano em que isso não possa ser aplicado.


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___Quanto mais feministas eu conheço, quanto mais sei sobre Emma Goldman, Mary Wollstonecraft, Lucy Parsons, Simone de Beauvoir, mais me admiro o movimento feminista.


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* Baderna: Estamos vencendo! – Resistência global no Brasil, de Pablo Ortellado e André Ryoki.

2 comentários:

  1. podíamos bater um papo sobre esse livro, não?

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  2. Claro, anjo. Com o maior prazer. É só marcarmos.

    (pode até ser qdo o furão do Trida conseguir organizar o pôquer q ele prometeu... :-))

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