___Era uma vez, no cruzamento sem semáforo da Rua São Carlos do Pinhal e o encontro entre a Alameda Rio Claro e o calçadão conhecido como Alameda das Flores, três doces faixas de pedestre. Uma delas, na Rio Claro, auxiliava os pedestres a atravessassem a extremidade da rua.
___As outras duas, ficavam na São Carlos do Pinhal e ajudavam os pedestres que vinham da Alameda das Flores, ou de qualquer uma das calçadas da Rio Claro, a atravessarem a rua. Nenhuma das faixas recebia muita atenção dos motoristas – que só costumavam parar para os pedestres em dias com eclipses lunares de anos bissextos.
___Como se já não fosse bastante ruim para o ego das pobres faixas serem ignoradas a toda hora pelos motoristas, algum burocrata – que só deve andar de automóvel – achou que três era um número exagerado e decidiu eliminar uma delas. “Como eu considero os carros mais importantes que os pedestres, acho que vou eliminar um pouco mais do espaço de segurança daquelas pessoas chatas, hohoho...”.
___Como garantia de que os pedestres não usariam mais a faixa falecida e mal enterrada/apagada, acrescentaram grades no local em que antes existia o acesso à faixa. Aposto até que se fossem perguntar a opinião dos motoristas que ignoram as faixas, eles responderiam que “Seria bom colocarem grades em todas as calçadas do mundo para que esses pedestres parem de atrapalhar tanto.”.
___Talvez seja exatamente esse pensamento (de que é necessário fazer com que os pedestres atrapalhem menos os carros) que norteou o maluco que chegou à conclusão que as duas faixas restantes eram grandes demais. Faz algumas semanas, tanto a faixa da Rio Claro, quanto a sobrevivente da São Carlos do Pinhal foram diminuídas pela metade.
___Hoje, menores e ainda menosprezadas, as pobres faixas pensam quanto falta para que elas desapareçam completamente. Talvez em noites chuvosas elas até tenham pesadelos imaginando um carro do CET substituindo-as por grandes placas de “Proibido Pedestres”.
P.S.: Antes que algum doce leitor ache que é apenas nesse exemplo que as pobres faixas sofrem, aproveito para deixar mais um: no cruzamento da Rua Maria Figueiredo com a Alameda Santos, as antes 4 faixas agora são 3. Ou nem isso, já que, das três, duas estão em avançado processo de calvície carrocrata.
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