27 de abril de 2012

Citações e Ditaduras

___As tirinhas do André Dahmer são fabulosas. De quando em vez, entretanto, o grande espetáculo acaba sendo o comentário rápido que o Dahmer escolhe colocar acima das tirinhas. O último que muito me agradou foi o seguinte:


Sono, por André Dahmer


___Já que eu estou a citar o trabalho alheio – e a figura lamentável do Bolsonaro obviamente me lembra a Ditadura –, deixo mais algumas citações recentes sobre ditaduras.


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Ditadura da beleza
___A Lola, respondendo a uma leitora, disse:




___“Acho que há duas vertentes principais que respondem por que [nós mulheres] somos cobradas pela perfeição física. A mais óbvia é: pra consumir. Se a gente estivesse satisfeita com nossos cabelos, não gastaria um monte de dinheiro com cremes especiais, hidratação, pintura, cortes mil, chapinha, fivelinha, e sei lá o que mais se usa no cabelo. Fazer mulheres se sentirem feias dá muito dinheiro.
___“A outra vertente – que não necessariamente contraria a primeira – é que fazer com que as mulheres se preocupem unicamente com sua aparência nos distrai de pensar em coisas mais importantes, como, sei lá, mudar o mundo e ser igual a um outro gênero aí. Trata-se de uma forma de opressão extremamente eficiente.”.



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Ditadura carrocrata
___Voltando aos quadrinhos, deixo vocês com o Laerte.


Ditadura carrocrata, por Laerte Coutinho
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Ditadura do racismo
___Já que o assunto “cotas” foi muito discutido nos últimos tempos, o Alex reeditou um dos seus ótimos textos sobre raça.




“Dentre minhas realizações, quantas são exclusivamente por mérito meu e quantas são consequência direta da vida privilegiada que eu e meus antepassados levamos? Que tipo de dívida EU tenho com as pessoas que não tiveram tanta sorte?”.



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Ditadura heterossexual
___Dando mais um tapa na cara dos reacionários, o Fabiano empunhou o seguinte cartaz:


Meu cu é revolucionário, por Fabiano Camilo
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Ditadura Militar
___Por fim, uma citação sobre a Ditadura Militar brasileira. Defendendo a ideia completamente válida de se fazer uma correção semântica, Paulo Candido propõe que deixem de nomear a Lei 6683, de agosto de 1979, como “Lei da Anistia” e passem a chamá-la de “Lei da Tortura”.




___“A mudança de nome tem então uma função precisa, desfetichizar para as novas gerações o que realmente ocorreu. Um regime sanguinário com os dias contados decidiu realizar uma troca: ‘perdoou’ crimes que nunca existiram (pois não é crime resistir a facínoras que tomaram o poder pela força, derrubando um governo democraticamente eleito) em troca do esquecimento de seus crimes contra a humanidade. É preciso que se saiba que a ‘anistia’, se houve, não se voltou para o passado, mas para o futuro. Para hoje, mais exatamente.
___“O efeito também é didático: é preciso que todos aqueles que invocam orgulhosamente a ‘Lei da Anistia’ saibam que estão invocando a ‘Lei da Tortura’. E que a ‘Lei da Tortura’ serve para proteger gente que espancou prisioneiros até a morte, estupradores de mulheres grávidas, exemplos de coragem que aplicaram choques elétricos na vagina de garotas de 19 ou 20 anos, hérois militares que enfiaram cassetetes no ânus de rapazes amarrados.
___“Dessa foram ficará claro que todo aquele que invoca a Lei da Tortura como jurisprudência tem como objetivo inocentar os torturadores. Que todo aquele que fala em ‘reciprocidade’ está equiparando a resistência a um regime sanguinário e ilegítimo a criminosos da pior espécie. Que a defesa da Lei da Tortura é na verdade a defesa de crimes contra a humanidade praticados por duas décadas contra brasileiros que ousaram se opor a psicopatas com cargos públicos agindo sob as ordem de generais golpistas.”.



___E, para quem precisa de ajuda para entender como as coisas funcionam, deem uma olhada em uma linda foto de criminosos escondendo o rosto por conta dos seus crimes:


Dilma Rousseff e os criminosos

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