29 de dezembro de 2014

Cachorra anormal

___No meio do passeio matinal com as minhas cachorras, uma senhora pára para mexer com a Isabel Allende (minha cachorra sociável). Depois de alguns afagos, ela pergunta:
___– De que raça que ela é?
___É vira-lata. –, respondo. – As duas são. 
___– E quanto cobram por uma vira-lata nas lojas?
___– Não cobraram nada. Peguei ela em um centro de adoção, numa ong que acolhe animais de rua
___A mulher parou de acarinhar a Isabel Allende. Levantou, olhou nos meus olhos com uma expressão muito séria e disse:
___– Prefiro comprar os meus cachorros. Vai saber se esses cachorros que estão dando de graça por aí são normais. 

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P.S.: Caso alguém queira saber como eu descobri se a Isabel Allende era "normal" antes de adotá-la, recomendo este meu texto, do ano passado. 


2 comentários:

  1. Só vi o vídeo do Clarion através deste post...

    Vivemos numa sociedade em que os cães são tratados quase como produtos. Você pode adquirir um ou comprar. Portanto, o cara tem o direito de fazer como quiser. O mais importante é que ame o cachorro e cuide bem dele.

    Mas achei as justificativas risíveis.

    Como você mesmo apontou, com paciência você encontra um cachorro com esse perfil. Toda linha de discurso acho ruim. Você gastar dinheiro em um cachorro, com tantos precisando de adoção não entra na minha cabeça pra quem gosta de cachorro. Claro, ele pode ter uma visão diferente.

    A questão é que há cachorros precisando. E enquanto houver gente que pague, vai ter gente gerando mais cachorro pra vender. E há formas terríveis de se criar essa "produção".

    E essa inversão do Clarion, de que quem contesta a compra vê o cachorro como produto é surreal. Zero sentido.

    Comparar com filhos e adoção é implausível também. A decisão de ter um filho ou de adotar, implica em conflitos muito maiores. Você pode ter um cachorro por anos sem avisar familiares ou amigos. Filhos não. Só pra citar um caso.

    A comparação mais próxima da realidade - e acho ruim comparar crianças e cães, mas é um discurso dele - seria adotar crianças ou comprar crianças? Afinal, comprando você pode escolher uma que pareça com você, etc. e tal.

    Enfim, tô comentando aqui porque não deu pra deixar passar. Não vou lá pentelhar o cara um ano depois da polêmica.

    Mas essa é uma linha de argumento ruim. Há milhares de cães precisando de adoção aí fora. Se todo mundo adotar ao invés de comprar, teremos menos gente vendendo e mais cães felizes.

    Vida que segue.

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