31 de outubro de 2019

Impressões pessoais da (metade da) “Temporada 2019” da São Paulo Companhia de Dança

___Voltei do espetáculo da “Temporada 2019” da São Paulo Companhia de Dança bastante empolgado e, por isso mesmo, resolvi comentá-lo. 
___O espetáculo é dividido em dois programas: o “Programa 1”, que acabei de assistir, e fica em cartaz até dia 3 de novembro, e o “Programa 2”, que ficará em cartaz entre dos dias 7 e 10 de novembro. Por mais óbvia que seja a minha fala, é bom avisar: falarei apenas do primeiro programa. 

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___Dividido em três peças de qualidade completamente distintas, o “Programa 1” manteve uma seleção impecável de dançarinos. Com uma qualidade técnica fabulosa e movimentos absurdamente precisos, mesmo a peça mais fraca acabou sendo interessante de se assistir.  
___A última montagem, Vai, é de longe a mais pífia. Seu sentido é completamente dependente da sinopse e, mesmo com ela, apenas de maneira sofrível a mensagem é passada. Os dançarinos acabaram sendo, em mais de um ponto, completamente desperdiçados. Talvez a fama do Shamel Pitts tenha cegado a Companhia. 
___A segunda peça, Odisseia, peca pelo uso do nome, sem a grandeza da estória homérica. Apesar de um uso pobre dos elementos atípicos e do final prematuro, é bem representada, chamativa e, para dizer o mínimo, gostosa de assistir. Minha crítica talvez seja pesada pelo deslumbre que foi a primeira montagem: Ngali....  
___O “Programa 1” da temporada de 2019 começou com a montagem da Ngali..., coreografada por Jomar Mesquita, com a colaboração de Rodrigo Castro. No início da apresentação, torci o nariz pela falta de sincronia da introdução. No entanto, a má impressão inicial se desfez por conta de praticamente todos os detalhes que povoaram o restante do espetáculo. 
___Ngali... fala sobre relacionamentos de maneira tão clara, aberta, combinando tanto com as músicas, utilizando os dançarinos com tal esmero que, até o momento que algum deles não estava dançando, sua função como cenário acabava sendo essencial para a montagem. A mistura de dança contemporânea com a dança de salão desenhou as temáticas de relacionamentos com uma perfeição ímpar. Uma peça linda de se ver, interpretar, refletir. Provavelmente, a melhor montagem de dança que eu vi neste ano. 

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