Estamos
passando por um raro momento em que a atenção da população está voltada para os
problemas da população indígena. É um evento que acontece a cada cinco, seis
anos. Às vezes mais tempo, mas essa atenção quase sempre vem ligada a
tragédias. A atual é por conta da horrível situação dos yanomamis, efeito de
tudo que foi feito durante o governo Bolsonaro.
Não
vou me estender na tragédia atual. O Normose e o Fantástico já
fizeram um bom trabalho falando sobre o assunto. Só quero mostrar uma curiosidade
de como o desrespeito aos povos originários é histórico e extremamente comum nos governos
brasileiros.
###
Fui
à exposição Xingu: Contatos, no Instituto Moreira Salles da Avenida
Paulista. Recomendo. É gratuita e ficará aberta até 9/4/2023. A fotografia que
mais me impactou foi uma com Getúlio Vargas, em 1954, na inauguração da Base do Cachimbo. Cercado por militares de alta patente devidamente uniformizados, o
então presidente trava contato com os indígenas da região. A foto é inusitada
pois Vargas coloca um cocar invertido na cabeça do indígena.
A
situação fica ainda mais emblemática do desrespeito aos povos originários e sua
cultura porque Vargas e os militares estão rindo, achando a maior graça da
situação. Do outro lado, os indígenas não parecem estar se divertindo tanto assim.
Claro
que eu estou aqui na torcida para que o novo governo Lula dê a atenção devida aos
povos originários, mas essa foto do Vargas serve bem como lembrança de que o
desrespeito aos indígenas é uma política constante nos governos brasileiros.
Provavelmente muito pouco será feito.
Citando Ailton
Krenak no primeiro episódio do documentário Guerras do Brasil.doc (Luiz
Bolognesi, 2019), “Nós estamos em guerra. O seu mundo e o meu mundo estão em
guerra. Os nossos mundos estão todos em guerra. A falsificação ideológica que
sugere que nós temos paz é para a gente continuar mantendo a coisa funcionando.”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário