31 de janeiro de 2023

Guerra contra os indígenas

 

                Estamos passando por um raro momento em que a atenção da população está voltada para os problemas da população indígena. É um evento que acontece a cada cinco, seis anos. Às vezes mais tempo, mas essa atenção quase sempre vem ligada a tragédias. A atual é por conta da horrível situação dos yanomamis, efeito de tudo que foi feito durante o governo Bolsonaro.

                Não vou me estender na tragédia atual. O Normose e o Fantástico já fizeram um bom trabalho falando sobre o assunto. Só quero mostrar uma curiosidade de como o desrespeito aos povos originários é histórico e extremamente comum nos governos brasileiros.

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                Fui à exposição Xingu: Contatos, no Instituto Moreira Salles da Avenida Paulista. Recomendo. É gratuita e ficará aberta até 9/4/2023. A fotografia que mais me impactou foi uma com Getúlio Vargas, em 1954, na inauguração da Base do Cachimbo. Cercado por militares de alta patente devidamente uniformizados, o então presidente trava contato com os indígenas da região. A foto é inusitada pois Vargas coloca um cocar invertido na cabeça do indígena.



                A situação fica ainda mais emblemática do desrespeito aos povos originários e sua cultura porque Vargas e os militares estão rindo, achando a maior graça da situação. Do outro lado, os indígenas não parecem estar se divertindo tanto assim.

                Claro que eu estou aqui na torcida para que o novo governo Lula dê a atenção devida aos povos originários, mas essa foto do Vargas serve bem como lembrança de que o desrespeito aos indígenas é uma política constante nos governos brasileiros. Provavelmente muito pouco será feito.

Citando Ailton Krenak no primeiro episódio do documentário Guerras do Brasil.doc (Luiz Bolognesi, 2019), “Nós estamos em guerra. O seu mundo e o meu mundo estão em guerra. Os nossos mundos estão todos em guerra. A falsificação ideológica que sugere que nós temos paz é para a gente continuar mantendo a coisa funcionando.”.



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