* Alerta de spoiler do jogo Life is Strange e, aproveitando a nota, link para o local de seu blog em que a Laerte postou a tirinha.
Faz anos
que são feitas tentativas infrutíferas para se evitar o bullying nas escolas. Normalmente, quem mais presta atenção a essas
tentativas são as próprias pessoas que sofrem a iniquícia. Quem maltrata os
outros debocha quase que abertamente dessa busca por uma convivência mais doce.
Em meio a essa luta vã, tive, como professor, experiências positivas graças a
um jogo: Life is Strange.
Lançado em 2015, com um lindo visual e uma ótima trilha sonora, o jogo Life is Strange conta a estória de Max Caulfield, uma estudante de fotografia que descobre a habilidade de voltar no tempo. O jogador controla Max e as escolhas feitas afetam a continuidade da estória e a vida das personagens.
Como o jogo
é feito de maneira muito humana, com Max Caulfield refletindo em seu diário ou em seus pensamentos sobre suas atitudes, quem está jogando rapidamente vai se
identificando com a personagem e sentindo empatia por quem está ao redor de
Max. Seus erros e acertos, momentos de descaso ou de atenção afetam o jogo e são
constantemente referenciados. Não há dúvidas sobre como o que você faz acaba
atingindo não apenas você, mas quem está a sua volta. E isso é ainda mais
estimulado porque a estória é envolvente e surpreendente.
Faz quase
uma década que sempre que cito o Life is Strange em sala de aula, uma
legião de fãs aparece. O jogo é ótimo e os dramas da vida escolar-adolescente
de Max Caulfield muitas vezes são enfrentados pelos meus estudantes (com exceção
do poder de viajar no tempo... que eu saiba). O bullying e seus efeitos são
assuntos constantes no jogo. Se quem está jogando não toma atitudes diretas em
relação a isso, as repercussões no jogo são enormes.
Notando o
interesse dos estudantes por Life is Strange, costuma ser muito
interessante perguntar, principalmente para quem faz bullying, “O que aconteceu
com Kate Marsh na sua partida?”. Kate é a personagem mais afetada pela
iniquícia no jogo. “As coisas que você faz aqui na escola podem afetar alguém como a Kate foi afetada no jogo?”.
Já tive mais de um caso de estudante mudando as próprias atitudes depois de pensar um pouco sobre isso. Queira ou não, é o efeito que uma obra de arte (e um professor) pode(m) causar. Principalmente uma obra que conseguiu realmente interessar, encontrar eco entre os jovens.
Obrigado, “Super Max”. Minha heroína do cotidiano.
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P.S.: Utilizei uma imagem de propaganda do jogo para mostrar um pouco do gráfico (remasterizado) de Life is Strange. No entanto, ao procurar uma imagem da Kate Marsh, encontrei essa, feita pela artista Elaine Chung @pershuns, que ficou ótima. Então, preferi escolhe-la para ilustrar o texto.
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