A graça de
mostrar algo claramente e, ao mesmo tempo, não deixar que muitas pessoas
percebam por conta da sutiliza, é algo fascinante. Ano passado mostrei a estátua do Anhanguera que passou meses com a mão manchada de sangue, enquanto o
protesto menos sutil da queima da estátua do Borba Gato resultou em projetos de
restauro em menos de 24 horas.
A artista Nicoletta
Ceccoli é um ótimo exemplo dessa brincadeira de esconder-a-plena-vista. Vi a
obra Só um beijo (Just one kiss, 2019) e fiquei sorrindo,
bobamente, da delicadeza e do chiste.
Gostei
tanto que coloquei a imagem como papel de parede do meu computador. Então,
depois de muito cruzar com o desenho ao abrir e fechar programas, percebi algo
que eu não havia notado: o Só um beijo podia muito bem ser uma obra
falando sobre um relacionamento abusivo.
De uma
imagem linda e doce, passou a ser amarga e cruel. Tanto ela quanto o exemplo abaixo poderiam ser expostos em uma
escola infantil e as pessoas não iriam notar, assim como o posto policial não
percebia o protesto na estátua do Anhanguera a cinco metros de distância dali.
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