12 de abril de 2008

Chega...

_____Às vezes quem gosta de dançar precisa de um incentivo para ir a um salão. Provavelmente o Chega de Saudade, de Laís Bodanzky (novo filme nacional em cartaz nos cinemas), que fala sobre uma noite em uma casa de bailes, é uma ótima opção para animar um dançarino, certo? Errado!

_____Um dos motivos para que esse filme sobre “dança” não ser, de maneira alguma, uma boa opção para quem quer se animar para ir para um salão de baile é que o filme é absurdamente ruim. No máximo vai animar alguém a cortar os pulsos (se for a diretora do filme, ela conta com todo o meu apoio – pode até usar o dinheiro que gastei com o meu ingresso para comprar gilete). As imagens são pobres e muitas vezes caóticas, as personagens, bastante estereotipadas e as falas não têm nada de originais.

_____Só que não vou apenas criticar a baixa qualidade do filme. A qualidade da dança apresentada também é bastante baixa. As inúmeras danças que apareceram são tão parecidas com danças quanto o tango do Al Pacino, em Perfume de mulher, parece com um tango. Já sei, todos os seres humanos do mundo que não entendem patavina sobre tango acham aquela dança um ideal a ser atingido. Acreditem, aquele tango não é um ideal a ser atingido nem se você for cego.

_____Convenhamos, em Perfume de mulher, tudo bem. Entretanto, não dá para fazer o mesmo com Chega de saudade. É pedir muito que um filme que trata de um salão de baile e seus freqüentadores tivesse arrumado, no mínimo, alguns figurantes que soubessem dar uns passos? Quase todas as danças que são vistas no filme são variações bem pobres do “dois para lá, dois para cá”.

_____A diretora, para falar a verdade, até chegou a contratar alguém para coreografar as “danças” do filme. Um infeliz (que, pelo visto, entende de dança tanto quanto eu entendo de física quântica) chamado J.C. Violla. Diga-se de passagem, (não) dêem uma olhada no site do filme. Existe até uma categoria no site chamada “Aprenda a dançar com J.C. Violla” (sic), que vale mencioná-la pelo seu caráter humorístico. Eu gostaria inclusive de deixar registrada uma menção honrosa para as bobagens “ensinadas” na “aula” de samba de gafieira, com os dançarinos “dançando” fora do ritmo ditado pelo “professor” Violla.

_____Porém, algo há de ser dito: salões de bailes como o do filme existem. São tão deprimentes e preconceituosos quanto o do Chega de saudade e aconselho, sinceramente, que ninguém os freqüente. Quem vai paga caro, não tem a oportunidade de ver quase nenhuma dança de qualidade, tem uma enorme chance de ser barrado por causa dos trajes, vai conviver com diversas faltas de respeito e assim por diante.

_____O salão em que o Chega de saudade foi filmado é o do União Fraterna, na Lapa. Mas, existem muitos outros como ele aqui em São Paulo: o do Clube Homs, do Piratininga, o Cartola Club, etc.. Não vou linkar nenhum, porque gosto dos meus leitores e não quero que vocês sofram. Quem quiser sair para dançar ou para assistir boas danças, aconselho que freqüente bailes de academias de dança de salão ou locais em que as pessoas realmente são educadas e sabem como dançar. São boas opções paulistanas a Dançata, o Buena Vista, o The Clock, o Canto da Ema e um monte de outras casas especializadas ou não em algum ritmo.

_____Quem já viu o filme e acha que o dinheiro público destinado a ele foi bem gasto, obviamente tem todo o direito de discordar dos meus pesados comentários. Só não estranhe se alguém perguntar se você é ruim da cabeça ou doente do pé.



P.S.: Querem ver um relato de um baile como o do filme? Dêem uma passada no blog da Carol Costa. Adoro quando ela está a fim de fazer comentários ácidos (ainda mais comentários tão parecidos com os meus). Ainda saio com ela para dançar.


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