10 de abril de 2008

A culpa é da gravidade

Aviso aos passageiros

_____As pessoas são tão absurdamente estranhas...

_____Entrei no elevador de serviço do prédio em que moro junto com uma velhinha. Antes da porta fechar, seguraram o elevador e mais cinco pessoas entraram – duas a mais do que o elevador tem anunciado como seu limite. Coincidência ou não, quando o elevador foi fazer sua primeira parada, parou entre dois andares. Algumas pessoas dentro do elevador começaram a reclamar, outras se desesperaram.

_____Como sempre ando com um pocket book em mãos, aproveitei que não olhavam para minha cara e retomei a leitura que eu havia começado antes de pegar o elevador. Só que, como o elevador também não parou direito em nenhum dos próximos andares, o desespero das pessoas foi aumentando e acabei me vendo obrigado a interromper a leitura.

_____Falei que deveria ser o excesso de peso, pois estavam no elevador mais pessoas que o permitido. Um moço de barba estourou e começou a bradar bem alto que aquilo era bobagem, que a culpa era do síndico e daquela péssima empresa de manutenção de elevadores, que todos os funcionários do prédio eram uns incompetentes e eu tenho certeza que, se o elevador não tivesse voltado para o térreo pouco depois, ele iria culpar até a gravidade.

_____Chegando ao térreo, umas pessoas pareciam extremamente aliviadas, enquanto outras soltavam seus últimos xingamentos “aos péssimos elevadores do prédio”. Apressados, todos saíram do elevador “defeituoso” e foram para o elevador social. Sem me preocupar, continuei no de serviço (mesmo ouvindo a velhinha falar que eu iria ficar preso novamente). Apertei o meu andar e continuei lendo meu livro.

_____O meu elevador subiu perfeitamente. Entretanto, como ainda consegui ouvir o homem de barba berrar algum impropério antes que eu abrisse a porta do meu apartamento, não posso dizer o mesmo do outro elevador.

_____Nem imagino se o problema do outro elevador foi causado pelo excesso de peso/pessoas. Só sei que, se as pessoas fazem algo que um aviso proíbe, elas não têm nada o que reclamar se alguma coisa dá errado. São uns doentes hipócritas mesmo.

P.S.: Essa história me lembrou um texto interessante do Marco Aurélio. Vejam se o caso não encaixa bem.

P.P.S.: Para quem gosta de tirinhas, também tenho uma indicação bacana sobre o tema.

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