22 de setembro de 2009

Ulisses X Mequinho - Parte I

_____Dia desses, meus alunos caíram de dar risada quando contei que tenho amigos que já tentaram aprender a falar tanto élfico, quanto linguagem klingon.* Minha namorada, que está comigo faz quase quatro anos e já se acostumou com as minhas nerdices, não se espantou. No último final de semana, entretanto, ela se sentiu obrigada a dar o braço a torcer quanto à minha vida geek.
_____Estávamos sentados em frente ao computador escolhendo quais atividades da Virada Esportiva iríamos participar. Com mais de 24 horas de atividades esportivas gratuitas por toda São Paulo, ficamos completamente abertos a opções e novidades. Procuramos maratonas de dança de salão em um canto, pesquisamos sobre paredes de escalada em outro, pensamos em arvorismo e até em bocha. De repente, olho para uma das atividades da programação e praticamente surto: o Mequinho iria fazer, no domingo, uma simultânea no Parque Trianon.
_____Henrique Costa Mecking, o Mequinho, foi o maior jogador de xadrez que o Brasil já teve. Aos vinte anos tornou-se o primeiro Grande Mestre do país e, em 1978, chegou a ser o terceiro melhor jogador do mundo. Infelizmente, Mequinho teve uma doença rara chamada miastenia grave e quase morreu. Por conta disso, ficou afastado da carreira de enxadrista profissional por muito tempo; faz alguns anos, ele tem tentado voltar à ativa. Hoje, é o quinto colocado nacional no ranking da Federação Internacional de Xadrez.
_____Minha namorada estranhou o programa, mas (depois de um pouco de chantili) aceitou experimentar. Fomos ao Trianon e, para a minha sorte, vagou um lugar. Morto de nervoso, sentei entre os outros dezenove jogadores para enfrentar uma lenda viva do xadrez.

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Próxima postagem: A partida – com imagens e comentários.


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P.S.: Quem quiser dar uma olhada na Folha de São Paulo de ontem, publicaram uma foto do Mequinho na capa do caderno “Cotidiano”. Por coincidência, a foto foi tirada exatamente quando ele estava jogando comigo e eu apareço na imagem também.



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* Se eles aprenderam, eu nem imagino. Não conheço nenhuma palavra das duas línguas e não tenho como julgar. Como já vi em Convenções Trekkers muita gente fingindo que sabia falar klingon para tentar paquerar as garotas (?!?) do local, prefiro ficar reticente.

7 comentários:

  1. Quase posso adivinhar o resultado...
    Há braços!!

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  2. Jogar contra o Mequinho? Não sei se isso é o cúmulo da nerdice ou da coragem!!!

    Fiquei curiosa para ver a partida que vocês fizeram!

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  3. Minha maior façanha enxadrístia foi jogar uma simultânea contra o Suniê (conto como foi aqui: http://paginadecultura.blogspot.com/2008/03/kaku.html).

    A história do Mequinho no torneio de candidatos é muito interessante. Ele podia ter chegado a disputar o título mundial se não tropeçasse na própria língua.

    Realmente um monstro, chegou a realizações inimagináveis para um país sem nenhuma tradição enxadrística.

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  4. Duvido que alguém tenha sequer empatado.

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  5. Olá Ulisses

    è bacana ver o Mequinho por cima outra vez. Ele tbm é de Taubaté e morou - não sei mora ainda - muitos anos aqui, inclusive após a doença, e quem conhecia sua história sabe pelo o que ele passou.

    Seu retorno foi marcado com um projeto no qual Mequinho lecionava os ensinamentos do xadrez nas escolas municipais. Primeiro criando monitores e depois compartilhando o conhecimento. Infelizmente a administração, eleita em 2004 e releita ano passado, acabou com o projeto. Pena.

    abs a todos

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  6. [...] Ulisses X Mequinho – Parte II: A partida Sep 27th, 2009 by Ulisses Adirt. O texto procurado encontra-se logo abaixo. Caso o seu gosto seja muito apurado e, portanto, o desejo de ler outros artigos do talentoso autor deste blog torne-se uma necessidade, conheça o restante do Incautos do Ontem clicando aqui. Para receber as novas postagens assim que elas forem publicadas, assine o RSS feed ou deixe o seu e-mail. Volte sempre. #####Powered by WP Greet Box[Parte I – aqui] [...]

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