28 de outubro de 2010

Todos os alunos têm dificuldade?

___Dia desses, eu estava conversando com uma professora de tango, quando o assunto caiu nas aulas de dança que damos por aí. Falamos do tipo de música que escolhemos, sequências de passos, musicalidade, alunos. De alunos, comecei a falar de um aluno meu, velhinho, que tem problemas de audição e, portanto, dificuldade para aprender a dançar certas coisas.
___– Dificuldade em aprender?, perguntou ela sorrindo. Como todos?
___Sorri sem graça. Queria ter respondido “Na verdade, não, ele não tem dificuldade como todos. Principalmente porque a maioria dos meus alunos não tem dificuldade.”, mas, em um raro momento inspiração (inspirado principalmente pela beleza da moça), engoli a resposta em seco.
___A verdade é que o problema não é apenas da professora de tango. Trabalhei por quase uma década como bolsista de academia de dança de salão completando par (o número de mulheres na dança de salão é muito superior ao dos homens e, portanto, muitas academias arrumam dançarinos para completar os pares); sei bem como são raros os professores que conseguem ensinar os alunos a dançar e acham isso normal.
___A maior parte desses “professores que não ensinam” é composta por inúteis preguiçosos mesmo. Porém, existe uma pequena parcela de esforçados que não entende o que há de errado, não entendem por que não aprendem o que eles tentam ensinar.
___Para esse grupo, cunhei um pequeno ensaio sobre classificação de alunos de dança (brinco com ideias de reducionismo, quantificação, avaliação, metonímia) que pode servir como uma base para uma metodologia de ensino. O ensaio acabou sendo selecionado para ser apresentado no Simpósio Universitário da Semana da Cultura Latina, aqui em Sampa.
___Para os interessados (de preferência professores de dança esforçados), irei dar uma pequena palestra na segunda-feira, dia 01/XI, às 10h. Prometo que estarei pronto para esclarecer qualquer dúvida da platéia, principalmente de belas professoras de tango.


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P.S.: Inicialmente, para propagandear o evento, pensei em postar um trecho do ensaio aqui no blog (minha escrita acadêmica não é chata e inacessível). Entretanto, eu já tinha parte dessa historinha rascunhada e ela servia bem ao propósito. Espero que tenha sido uma boa troca.

2 comentários:

  1. Parabéns pela indicação, Ulisses!
    Isso mostra o quanto você se esforça para que todos seus alunos possam aproveitar as aulas e aprender a dançar.

    Abraço.

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  2. [...] um desses passinhos com calma.”, eu só posso diagnosticá-la como uma professora autista. ___Se todos os alunos têm dificuldade, é bom suspeitar do professor. Se o professor não percebe a dificuldade deles, nem tem do que suspeitar. [...]

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