___Escrever, dançar e coisas do tipo faz com que eu já tenha feito amizade com um número razoável de atores. Ser amigo de artistas significa muitas coisas: ser convidado para peças, conhecer os bastidores, conversar muito sobre textos e, principalmente, ouvir os atores reclamando que trabalhar com teatro não dá dinheiro, que ninguém paga nada para eles, que nunca surge trabalho, flap, flap, flap, blá, blá, blá...
___Tudo bem, eu concordo, não é uma profissão fácil. Manter-se financeiramente bem como ator não é tão simples como para médicos, advogados, blogueiros ou cafetões. Amante de teatro como sou, acho extremamente triste que não seja tão fácil assim para os atores viverem confortavelmente.
___Por isso mesmo, tento sempre apoiar bons trabalhos. Já indiquei mais de um aqui no blog, vivo recomendando peças para os meus alunos e, sempre que posso, estou em algum teatro assistindo como pagante. Inclusive, faz uns 3 meses, tive uma ideia interessante para animar uma das minhas aulas, aproximar os alunos do teatro e dar trabalho para um ator.
___Em uma das escolas em que eu leciono, estou trabalhando, desde o começo do semestre, com o Decameron, de Giovanni Boccaccio. Toda semana, os alunos leem pelo menos uma das cem novelas do livro e, juntos, fazemos uma análise histórica. Para proporcionar aos estudantes um dia diferente (e para ajudar quem trabalha com teatro), pensei em contratar um ator para apresentar um dos contos durante uma aula.
___A ideia básica era de uma apresentação curta (no mínimo 15, no máximo 30 minutos), com a interpretação de uma novela à escolha do artista, com total liberdade para a montagem. Entrei em contato, por e-mail, com cinco atores, para pedir orçamento. Dois nem me responderam, uma disse que estava ocupada. Os dois que sobraram ficaram debatendo comigo o que poderia ser feito.
___Fechei com um deles. Duas semanas antes do dia marcado para apresentação, o maldito me escreveu dizendo que havia sido convidado para gravar um comercial no dia combinado e não poderia mais se apresentar. Tentei o segundo ator. Marcamos tudo certinho, mas, no dia combinado, o infeliz não apareceu (apenas me mandou uma mensagem no celular dizendo que não poderia ir). Puto da vida, não entrei mais em contato. Procurei outros atores. Todos, cada um por uma razão, acabaram por não aceitar o trabalho.
___O último com quem entrei em contato disse que só teria disponível o dia 3 de dezembro, último dia de curso. Respondi que tudo bem, que seria legal fechar o curso com uma apresentação, e passei a negociar o preço. O ator disse que não sabia o quanto cobrar, para que eu fizesse uma oferta. Ofereci pela apresentação em uma aula, o que eu receberia por uma manhã completa de aulas. Ele retrucou que precisaria de cinco vezes mais. Incapaz de arcar com tanto, agradeci e dispensei os serviços do rapaz.
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___Tudo isso me chateia. É horrível ver tantos atores reclamando da falta de trabalho arrumando desculpas para não trabalhar. É extremamente incomodo um ator marcar uma apresentação e não aparecer. É chato ver que minha oferta do que eu recebo por uma manhã de trabalho não ser aceitável para que um ator aceite se apresentar por meia-hora.
___Neste momento, estou um tanto puto com os atores do mundo. Espero que todos quebrem suas pernas.
[...] This post was mentioned on Twitter by O pensador selvagem, O pensador selvagem. O pensador selvagem said: OPS! > Blog Incautos do Ontem: Malditos atores! http://bit.ly/fj6DIO [...]
ResponderExcluirEu tenho essa mesma impressão com pedreiros... Tenta reformar alguma coisa na sua casa...
ResponderExcluirUlisses, se quiser eu falo para eles quebrarem a perna :-) ... Vc sabe que quando eu falo kkkkk
ResponderExcluirARG ARG ARG!! Precisamos conversar sobre isso TRIIIIIIIDA!!! E agora, eu é que estou puta!!
ResponderExcluirDionísio vai me vingar!! aaaaah vai!!
ResponderExcluir[...] um gentleman Nov 27th, 2010 by Ulisses Adirt. Share___É tão interessante estar atento a algo. Como vocês bem sabem, ando com mancadas de atores à cabeça. Por isso mesmo, sorri em demasia para um trechinho literário que, talvez, em outro momento eu [...]
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