___Raramente produzo poemas; se muito, faço algumas paródias. Quando tenho alguma poesia na cabeça, vez por outra utilizo-a em alguma situação cotidiana.
___Na minha época de faculdade, uma matéria (e uma aluna da carteira do lado) acabou fazendo com que eu decorasse uma parte do “Poema em linha reta”, do Fernando Pessoa – brincando de Álvaro de Campos. Não sei de cor grande coisa, apenas alguns dos primeiros versos. É pouco, mas é o bastante para uma piada interna.
___Quando o tempo começa a esfriar, aquele frio que dificulta mais ainda o levantar da cama e quase impossibilita o entrar no chuveiro, recito frequentemente o comecinho da segunda estrofe:
“E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho”
___Só que, como bem choramingou Álvaro de Campos, ele não tem “par nisto tudo neste mundo.”. Não vou chegar em um poema (ou em uma postagem em prosa) e dizer que, no frio, eu corro do banho. Admito, vontade de não tomar banho eu tenho, mas as convenções sociais são mais fortes e eu ligo o chuveiro. Talvez sejam as convenções sociais, ou talvez eu não tenha é culhões para agir de outra forma.
___Se algum dia eu tiver um heterônimo, ele não vai se envergonhar de ficar sujo.
Ter um heterônimo sujo, bah... td bem, mas ter os culhões sujos, bah... tudo mal !!
ResponderExcluirBanho, momento muito bom. No Frio?? momento muito mau.
Obs.: nesse momento estou com os pés congelando.
Abraços Ulisses...
Ulisses, eu diria que aqui no Nordeste é impossível cogitar a possibilidade de ficar sem banho. É tipo aqueles filmes de guerra: sempre que você tiver oportunidade de tomar banho, você toma banho!
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